E depois da troika? Viver com o memorando. Fernando Faria de Oliveira. Caixa Geral de Depósitos

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Transcrição:

E depois da troika? Viver com o memorando. Fernando Faria de Oliveira Caixa Geral de Depósitos Centro de Congressos de Lisboa, 4 de Julho 2011

A comportamento do mercado em relação ao risco da dívida soberana começa a evidenciar sinais de preocupação no final de 2009 PEC 4 (13 Março) Fonte: Bloomberg, 25 de Maio 2011 2

Há oito meses atrás, a banca portuguesa era das mais sólidas! Notações de rating da dívida de longo prazo dos cinco maiores grupos bancários portugueses e da República Fonte: Banco de Portugal, Relatório de Estabilidade Financeira, Maio 2011 3

Endividamento dos Particulares e Encargos com os Juros (em percentagem do Rendimento Disponível) A descida das taxas de juros, e um acesso fácil a financiamentos, promoveu o aumento significativo do endividamento das famílias. Fonte: Banco de Portugal e Instituto Nacional de Estatística, Maio 2010 4

. importa retomar o esforço da década de sessenta! Taxa de Poupança das Famílias (em percentagem do Rendimento Disponível) Fonte: Banco de Portugal e EUROSTAT, Maio 2010 5

Indicadores de Endividamento e de Poupança Fonte: CGD, Nota Temática A Competitividade da Economia Portuguesa, Julho 2011 6

Background do Programa Proposto pela Troika Fonte: FMI, Portugal Request for a Three-Year Arrangement Under the Extended Fund Facility, Maio 2011 7

Background do Programa Proposto pela Troika Fonte: FMI, Portugal Request for a Three-Year Arrangement Under the Extended Fund Facility, Maio 2011 8

Programa de Estabilidade e Crescimento CONSOLIDAÇÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS Redução do défice orçamental para 3% em 2013; Estabilização do rácio de dívida pública a partir de 2013; Equilíbrio entre a tomada de medidas decididas para a recuperação da confiança dos mercados e os seus impactos ao nível do crescimento e do emprego. PROMOÇÃO DO CRESCIMENTO ECONÓMICO Aprofundamento das reformas estruturais, no sentido da promoção da competitividade, crescimento e emprego; Correcção dos desequilíbrios macroeconómicos, internos e externos. REFORÇO DO SECTOR FINANCEIRO Assegurar o financiamento à economia; Restaurar a confiança dos mercados e melhorar as condições de acesso a financiamento externo; Garantir um processo de desalavancagem gradual da economia. 9

Portugal: principais indicadores macroeconómicos 2009-16 Estima-se a retoma do crescimento económico (PIB) em 2013. Contudo, a partir de 2014 assiste-se a uma ligeira desaceleração desse ritmo. Também a partir de 2013 o Desemprego, o valor da Dívida Pública e da Posição liquida do Investimento Internacional tenderá a apresentar sinais de recuperação. 10

Principais medidas do Programa dirigidas ao Sector Financeiro (2) 11

Principais medidas do Programa dirigidas ao Sector Financeiro (2) 12

Principais indicadores, em %, valores em final de período O sector da banca tem perdido atractividade em relação aos outros sectores da actividade económica. Fonte: Banco de Portugal, Relatório de Estabilidade Financeira, Maio 2011 13

Portugal: principais indicadores macroeconómicos 2009-16 Fonte: FMI, Portugal Request for a Three-Year Arrangement Under the Extended Fund Facility, Maio 2011 14

Portugal: medidas de ajustamento fiscal, 2011-13 (%PIB) Fonte: FMI, Portugal Request for a Three-Year Arrangement Under the Extended Fund Facility, Maio 2011 15

Viver com o Memorando Portugal versus Grécia: diferenças e semelhanças Portugal vs. Grécia: Diferenças e semelhanças HISTÓRICO DE DÉFICES MENOS GRAVOSOS Saldo Orçamental - (% do PIB) 5.0% 0.0% -5.0% -10.0% -15.0% -20.0% -32.4% 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: Eurostat Fonte: Eurostat, Julho 2011 Alemanha Bélgica Itália Espanha Portugal Irlanda Grécia

Viver com o Memorando Portugal versus Grécia: rácio da dívida pública Portugal vs. Grécia: Diferenças e semelhanças RÁCIO DE DÍVIDA PÚBLICA CONSIDERAVELMENTE MAIS BAIXO Dívida Pública - (% do PIB) 160.0% 140.0% 120.0% 100.0% 80.0% 60.0% 40.0% 20.0% 0.0% 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: Eurostat Fonte: Eurostat, Julho 2011 Alemanha Bélgica Itália Espanha Portugal Irlanda Grécia

Viver com o Memorando Portugal versus Grécia: poupança interna Portugal vs. Grécia: Diferenças e semelhanças POUPANÇA INTERNA BAIXA, MAS AINDA ASSIM MUITO SUPERIOR Poupança Interna, em % do PIB 30.0% 25.0% 20.0% 15.0% 10.0% 5.0% 0.0% 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: AMECO Fonte: AMECO, Julho 2011 Alemanha Bélgica Itália Espanha Portugal Irlanda Grécia

Viver com o Memorando Portugal vs. Grécia: Diferenças e semelhanças DÉFICES DA BALANÇA CORRENTE SEMELHANTES EM MAGNITUDE E PERSISTÊNCIA Balança Corrente, em % do PIB 9.0% 6.0% 3.0% 0.0% -3.0% -6.0% -9.0% -12.0% -15.0% Portugal versus Grécia: défice balança corrente -18.0% 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: AMECO Alemanha Bélgica Itália Espanha Portugal Irlanda Grécia Fonte: AMECO, Julho 2011

Fernando Faria de Oliveira 4 de Julho de 2011