Graduanda em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 2

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Transcrição:

Redirecionamento da execução fiscal em face dos sócios-gerentes da sociedade falida: uma análise jurisprudencial do ordenamento jurídico brasileiro e o posicionamento do STJ Jéssica Viegas Caldeira 1 1. Introdução A empresa é de vital importância para o desenvolvimento da sociedade na medida em que assegura aos indivíduos o crescimento econômico, a redução das desigualdades regionais e sociais, como também prevê a correlação entre a defesa do meio ambiente e a prosperidade da atividade econômica, ensejando, ainda, a proteção constitucional, verificada no Art. 170 da Constituição Federal 2 e na sua função social. Embora a Função Social da Empresa careça de objetivação quanto à sua aplicação, seus fundamentos sociais se correlacionam com a atividade econômica e com os preceitos constitucionais, preservando a viabilidade necessária da atividade de empresa. No entanto, quando a continuação desta atividade torna-se inviável em virtude de crise econômico-financeira, deve-se preservar a atividade econômica. Esta postura exige que a empresa passe pelo processo de falência, com fins a atingir seu posterior encerramento e a extinção das obrigações do falido, de modo que seja possível que o empresário volte a 1 Graduanda em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 2 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 1/5

exercer a atividade econômica, preservando sua função social. Neste âmbito, reside a relevância do encerramento da falência, uma vez que sujeita conseqüências ao livre exercício da atividade de empresa e responsabilização em caso de dolo. Destarte, são integrantes dessas conseqüências - como a extinção das obrigações do falido - as hipóteses de redirecionamento da execução fiscal e as hipóteses de responsabilidade dos sócios, isto é, a possibilidade de responsabilizar os sócios, redirecionando a eles a execução fiscal, uma vez comprovada a existência de dolo praticado no exercício da empresa. 2. Hipótese de redirecionamento da execução fiscal É competente ao juízo falimentar regular sobre a ocorrência de três situações: a desconsideração da personalidade jurídica da pessoa jurídica, a responsabilidade dos sócios e o redirecionamento da execução fiscal. Neste âmbito, resta compreender que deriva da desconsideração da personalidade jurídica a separação do patrimônio da pessoa jurídica do patrimônio das pessoas físicas, isto é, dos sócios. Isto permite a invasão no patrimônio pessoal dos sócios para a satisfação de débitos. Desta forma, a partir da desconsideração, incorre na hipótese da responsabilidade solidária dos sócios o caso de satisfação de débitos fiscais. Faz-se necessário para essa satisfação, o redirecionamento da execução fiscal aos sócios-gerentes, uma vez que visa atingir bens de terceiros que não foram legitimados como réus no processo judicial, podendo, por fim, satisfazer o débito 3. Em contrapartida às situações que levam ao inadimplemento das obrigações fiscais que poderiam levar ao redirecionamento, existe posicionamento de que apenas este ato, não causa determinada conseqüência, uma vez que deve ser baseada em atos praticados com excesso de poderes. Em virtude disso, no que tange à jurisprudência brasileira, em casos de inadimplemento da obrigação tributária, o ato em si mesmo não produz o redirecionamento da execução fiscal, conforme súmula de n. 430 3 COSTA, Aldo de Campos. Redirecionamento da execução fiscal em julgados do STJ. Disponível em: < http://www.conjur.com.br/2013-jul-18/toda-prova-redirecionamento-execucaofiscal-julgados-stj> 2/5

editada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) 4. Desta forma, quanto ao redirecionamento aos sócios, suas hipóteses de aplicação residem no art. 135, III, CTN. 5 O dispositivo determina que o redirecionamento se dará em caso de atos praticados com excessos de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. A primeira hipótese, aos atos praticados com excessos de poderes, se refere ao sócio ou administrador, que, uma vez responsável pela gestão da sociedade, pratica ato em nome da sociedade, que foge aos limites presentes no contrato social. Nesta situação, o ato age em oposição ou alheiamente ao escopo do contrato social, causando a obrigação tributária, cuja deve ser redirecionada 6. A segunda hipótese, a infração à lei, consiste na infração a todo dispositivo jurídico (sendo lei civil, lei tributária, entre outras atribuições) vinculada ao exercício da gestão administrativa, que não respeita o termo legal e enseja a obrigação tributária. A terceira hipótese, referente à infração ao contrato social ou aos estatutos, configura o desobediência à disposição expressa presente no contrato social (em caso de sociedade com fins lucrativos, excetuando-se a sociedade anônima) ou no estatuto (em caso de sociedade por ações e entidades sem fins lucrativos), que enseja a obrigação tributária. Também se enquadra como hipótese de redirecionamento aos sócios prevista no artigo 135, III, CTN, os casos de dissolução irregular da empresa, situação, inclusive, comumente alegada pelo Fisco como forma de embasar o redirecionamento de execução fiscal contra os sócios. Contudo, a dissolução irregular é, conforme a súmula de n.435 editada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) 7, interrupção da atividade empresarial no domicílio fiscal, em que não há a preocupação em realizar o ativo e liquidar o passivo para honrar as 4 Súmula 430: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente. 5 Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. 6 PRETTI, Josiane. Da responsabilidade prevista no artigo 135 do CTN, em se tratando de sócios e administradores. Disponível em: < http://phmp.com.br/artigos/da-responsabilidadeprevista-no-artigo-135-do-ctn-em-se-tratando-de-socios-e-administradores/> 7 Súmula 435: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente 3/5

obrigações, isto é, não se exerce o direito de liquidação da empresa, para posteriormente dissolvê-la e extingui-la no Registro Público de Empresas Mercantis. 8 Não obstante, a falência é uma faculdade de direito do empresário de requerimento (autofalência) ou de decretação da falência, cuja sociedade se encontra em situação de impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial. Portanto, não há a possibilidade de equiparar a falência como a faculdade do empresário impossibilitado de prosseguir a atividade empresarial com a dissolução irregular, em que existe a despreocupação com liquidar a empresa para satisfazer os débitos, sem comunicar a Junta Comercial, configurando abuso de direito. Nesse sentido é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA. REDIRECIONAMENTO. NÃO CABIMENTO. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO FISCAL. SÚMULA 7/STJ. INCIDÊNCIA. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que, encerrado o processo falimentar, sem a constatação de bens da sociedade empresarial suficientes à satisfação do crédito tributário, extingue-se a execução fiscal, cabendo o redirecionamento tão somente quando constatada uma das hipóteses dos arts. 134 e 135 do CTN. 2. Se o Tribunal de origem manifesta-se expressamente sobre o encerramento regular da sociedade e a impossibilidade de redirecionamento do feito executivo em face do sócio-gerente, rever tal entendimento demandaria simples reexame de prova, o que encontra, igualmente, óbice no enunciado da Súmula 7/STJ. 3, Agravo regimental não provido. (AgRg no Ag 1.396.937/RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe 13/5/14). TRIBUTÁRIO EXECUÇÃO FISCAL REDIRECIONAMENTO RESPONSABILIDADE DO SÓCIO-GERENTE ART. 135 DO CTN CDA PRESUNÇÃO JURIS TANTUM DE LIQUIDEZ E CERTEZA ÔNUS DA PROVA. 1. Depreende-se do artigo 135 do CTN que a responsabilidade fiscal dos sócios restringe-se à prática de atos que configurem abuso de poder ou infração de lei, contrato social ou estatutos da sociedade. 2. A Primeira Seção, no julgamento do EREsp 702.232/RS, de relatoria do Min. Castro Meira, assentou entendimento segundo o qual: 1) se a execução fiscal foi promovida apenas contra a pessoa jurídica e, posteriormente, foi redirecionada contra sócio-gerente cujo nome não consta da Certidão de Dívida Ativa, cabe ao Fisco comprovar que o sócio agiu com excesso de 8 FERREIRA, Rafael Belitzck. A dissolução irregular da sociedade empresária e a paralisação da empresa: controvérsias jurídicas. Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13635> 4/5

poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto, nos termos do art. 135 do CTN; 2) se a execução fiscal foi promovida contra a pessoa jurídica e o sócio-gerente, cabe a este o ônus probatório de demonstrar que não incorreu em nenhuma das hipóteses previstas no mencionado art. 135; e 3) se a execução foi ajuizada apenas contra a pessoa jurídica, mas o nome do sócio consta da CDA, o ônus da prova também compete ao sócio, em virtude da presunção juris tantum de liquidez e certeza da referida certidão. 3. Na hipótese dos autos, a Certidão de Dívida Ativa incluiu o sócio-gerente como co-responsável tributário, cabendo a ele os ônus de provar a ausência dos requisitos do art. 135 do CTN. Recurso especial provido" (REsp 969.382/PR, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 11/4/08). TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. SÓCIO- GERENTE. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. FALÊNCIA. EXIGUIDADE DE BENS. REDIRECIONAMENTO. 1. No STJ o entendimento é de que o simples inadimplemento da obrigação tributária não enseja a responsabilidade solidária do sócio-gerente, nos termos do art. 135, III, do CTN. 2. A falência não configura modo irregular de dissolução da sociedade pois, além de estar prevista legalmente, consiste numa faculdade estabelecida em favor do comerciante impossibilitado de honrar compromissos assumidos. 3. Em qualquer espécie de sociedade comercial, é o patrimônio social que responde sempre e integralmente pelas dívidas sociais. Com a quebra, a massa falida responde pelas obrigações a cargo da pessoa jurídica até o encerramento da falência, só estando autorizado o redirecionamento da Execução Fiscal caso fique demonstrada a prática pelo sócio de ato ou fato eivado de excesso de poderes ou de infração a lei, contrato social ou estatutos. 4. Agravo Regimental não provido. (AgRg no AREsp 128.924/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 03/9/12) 3. Conclusão Conforme a disposição expressa da aplicação do art. 135, III, CTN, resta-se objetivo esclarecer que o redirecionamento da execução fiscal aos sócios-gerentes será atendido apenas quando comprovada a existência de dolo (incorrendo na comprovação dos pressupostos de má-fé, fraude ou prejuízo a terceiros). Esta disposição esclarece um questionamento quanto à possibilidade do redirecionamento, uma vez que, muitas vezes, acionistas e sócios de sociedades falidas tendem a ser incluídos sem a comprovação de dolo, sugerindo uma deturpação desta aplicação. Portanto, incorrendo na existência de dolo e na comprovação deste fato é que se pode aplicar esta hipótese. 5/5