22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina II-082 - ESTUDOS DOS PARÂMETROS BACTERIOLÓGICOS COLIFORMES TOTAIS/FECAIS NO RIO TOCANTINS E SUA RELAÇÃO COM A QUALIDADE DA ÁGUA NO TRECHO COMPREENDIDO ENTRE OS MUNICÍPIOS DE CORONEL VALENTE A RETIRO (TO) Eliandra de Oliveira Barros(1) Graduanda em Engenharia Ambiental da Universidade do Tocantins. Bolsista convênio Furnas/Universidade do Tocantins Ricardo H.P.B. Peixoto Doutorando em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Paraíba, Engenheiro Químico pela Universidade Católica de Pernambuco. Professor Adjunto do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Tocantins. Cleverland Carvalho de Araújo. Graduando em Engenharia Ambiental da Universidade do Tocantins. Bolsista convênio Furnas/Universidade do Tocantins. Daniela Alves de Oliveira. Graduanda em Engenharia Ambiental da Universidade do Tocantins. Bolsista convênio Furnas/Universidade do Tocantins. (1)Endereço: 108 Sul Alameda 06 lote-42, CEP: 77000-000 Palmas-TO-Brasil. Telefone: 215-5183 ou 218-2919. E-mail: ricardop.b.@uol.com.br ou eliandrabarros@bol.com.br
RESUMO A água constitui um dos elementos fundamentais para a existência do homem, sendo um importante veículo de contaminação de inúmeras doenças, seja em decorrência de excretos humanos ou de outros animais, seja pela presença de substâncias químicas nocivas à saúde humana. O presente estudo bacteriológico realizado no rio Tocantins, buscou determinar se o corpo hídrico está sofrendo alguma influência de atividades antrópicas, assim como verificar se o mesmo enquadra como rio de classe II resolução 020/86 do CONAMA. Foram definidos três pontos de coleta de amostra de água, período de mar/2000 a mar/2002, com freqüência bimestral. Para definição dos pontos de coleta levado-se em consideração os núcleos urbanos existentes. Na avaliação do índice de poluição, do ponto de vista bacterio lógico, utilizou à técnica de tubos múltiplos (APHA, 1995). Os parâmetros bacteriológicos, coliformes totais apresentaram maior valor no período de chuva com 2400 NMP/100Ml e seu menor valor 540 NMP/100Ml na estação de seca; já em relação os coliformes fecais, tiveram valor máximo na estação chuvosa com 540NMP/100Ml e apresentando-se ausente na maioria do período de seca. Os parâmetros bacteriológicos, coliformes totais/fecais analisados, obtiveram valores inferiores aos limites máximos permissíveis, não constituindo risco de saúde pública para a população que utilizar dessas águas. Podendo o trecho estudado ser enquadrar na classe II da Resolução do CONAMA nº 020/86, que estabelece um limite para coliformes totais (CT) de 5000 NMP/100 ml e para coliformes fecais (CF) de 1000 NMP/100 ml. Portanto, é uma água que pode ser destinada ao abastecimento doméstico após tratamento convencional, e outros fins. PALAVRAS-CHAVE: Qualidade da água, bacteriologia, coliformes. INTRODUÇÃO A água constitui um dos elementos fundamentais para a existência do homem, sendo um importante veículo de contaminação de inúmeras doenças, seja em decorrência de excretos humanos ou de outros animais, seja pela presença de substâncias químicas nocivas à saúde humana. O aumento da população mundial e a constante intervenção do homem no meio ambiente, esta alterando a cada dia a capacidade das águas superficiais e subterrâneas com descargas poluidoras envolvendo cada vês mais os escassos recursos hídricos. As descargas de águas residuárias municipais contaminam os corpos aquáticos com organismos patogênicos e os transformam em veículos de transmissão e de enfermidades infecciosas (CEBALLOS, 2000). É, portanto, de fundamental importância o conhecimento do comportamento dos agentes transmissores de doenças em um corpo d água, lembrando que este fato não gera um impacto à biota do corpo hídrico em si, mas afeta alguns dos usos preponderantes a ele destinado, tais como abastecimento de água potável e balneabilidade. Sabe-se que a maioria
destes agentes tem no trato intestinal humano as condições ótimas para o seu crescimento e reprodução. Assim a proteção dos mananciais e invariavelmente o melhor método para assegurar a qualidade da água.(di BERNADO, 1999). A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros, que traduzem as suas principais características físicas, químicas e biológicas, sendo objeto de estudo deste trabalho o parâmetro biológico (bacteriológicos). O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), através da Resolução Nº 20 de 18 de Junho de 1986, estabelece a classificação para as águas doces, salobras e salinas do Território Nacional, em noves classes segundo os seus usos preponderantes. Este estudo teve como objetivo caracterizar a qualidade das água do Rio Tocantins do ponto de vista bacteriológico no trecho compreendido entre os municípios de Coronel Valente Retiro (TO), verificando se estas águas se enquadram dentro dos padrões bacteriológicos de qualidade da água estabelecidos pela Resolução do CONAMA nº 020/86 para águas de classe II, e também avaliar a influência que o clima (épocas seca e chuvosa) exerce na qualidade da água do trecho em estudo do rio Tocantins. MATERIAL E MÉTODOS O Estado do Tocantins, possuí aproximadamente 1,1 milhões de habitantes (0,7% do total do país) distribuídos em 139 municípios, que possuem uma área de 278.420.7 Km2. Tem como coordenadas geográficas: ao Norte 5º 10 06" S e 48º 21 00" W, ao Sul 13º 27 59"S e 47º 40 42"W e a Leste 10º 15 18" S e 45º 41"46" W e a Oeste 11º 27 31"S e 50º 44 33"W. A área estudada localiza-se bem próximo da divisa entre os Estado do Tocantins e Goiás. Foram definidos três pontos de coleta de amostra de água durante um período de dois anos, Mar/2000 a mar/2002. Segue abaixo a localização de cada ponto: Tabela 01- Pontos de coleta do rio Tocantins (TO). PONTOS POSIÇÃO Latitude Longitude LOCALIZAÇÃO I 13º 01 04" 48º 08 46"
Jusante do núcleo urbano Coronel Valente "Balsa" II 12º 44 37" 48º 13 59" Jusante do núcleo urbano São Salvador "Balsa" III 12º 36 38" 48º 16 20" Jusante do núcleo urbano Retiro A seguir é feita uma descrição detalhada das características atuais dos pontos de amostragem do rio Tocantins, baseada em observações de campo e levantamento bibliográfico: PONTO 1 (PT1): localizado na travessia da balsa de Coronel Valente a uma altitude de 258m. Este ponto caracteriza-se pelas proximidades com núcleos urbanos. Neste ponto ocorre solos do tipo Latossolo Vermelho Amarelo textura média, Concrecionário Laterítico e Latossolo vermelho Escuro textura média; ambos são bastantes sensíveis a erosão laminar. Este ponto apresenta uma profundidade entre 1,90 e 3,20m na cheia e de 0,70 a 0,90 na época seca. PONTO 2 (PT2): Localizado na travessia de balsa de São Salvador a uma altitude de 254 m. a principal característica deste ponto é este atravessa a área de drenagem do município de São Salvador do Tocantins. Os solos vermelhos, aparentemente férteis, estão presentes nesse ponto. Estes solos sob pastagem plantada resistem bem a erosão laminar. Este ponto é o de maior profundidade, de 4,80 e 5,30 m na cheia e de 1,70 a 5,0 m na época seca. PONTO 3 (PT3): Localizado a jusante do município de Retiro a uma altitude de 241 m. Apresenta latossolo Vermelho Amarelo, de texturas média e muito susceptíveis a erosão laminar. Apresenta uma profundidade entre 2,50 e 3,50 m na cheia e de 2,80 a 3,0 m na época da seca. Para a definição destes pontos levou-se, em consideração o seguinte critério: Proximidades de núcleos urbanos existentes; Na avaliação do índice de poluição, do ponto de vista bacteriológico, utilizou à técnica de tubos múltiplos (APHA, 1995).
RESULTADOS E DISCUSSÃO O processo de urbanização das cidades que se localizam ao entorno do trecho do rio em estudo, tem gerado grandes quantidades de concentração de material orgânico provenientes dos despejos de esgotos domésticos, drenagem de águas pluviais e de lixões localizados na beira do rio, porque as mesmas não contam com infraestrutura de saneamento básico. Essas características de falta de saneamento básico propiciam a ocorrência de organismos patogênicos poluindo a água, e sua análise indica quando uma água apresenta contaminação por fezes humana ou de animais e, por conseguinte, a sua potencialidade para transmitir doenças. Segundo SPERLING (1996), os organismos mais comumente utilizados com tal finalidade são as bactérias do grupo coliforme. As bactérias do grupo coliformes são: Coliformes totais (CT) e Coliformes fecais (CF). A seguir estão dispostas as variações desses parâmetros num período de 2 (dois) anos. Tabela 02: Variação dos parâmetros bacteriológicos no período de seca (mar/out) de mar/00 a mar/02. PONTOS Rio Tocantins - Coronel Valente Variação dos Resultados 590 a 2400 NMP/100 ml Ausente a 255 NMP/100 ml II Rio Tocantins São Salvador
540 a 2400 NMP/100 ml Ausente III Rio Tocantins Retiro 255 a 2400 NMP/100 ml Ausente Gráfico-1: resultados dos maiores valores de números mais prováveis de coliformes totais/fecais no período de seca (mar/out) 1 e seca (mar/out) 2 de mar/00 a mar/02. Tabela 02: Variação dos parâmetros bacteriológicos no período de chuva (out/mar) de mar/00 a mar/02. PONTOS Rio Tocantins - Coronel Valente Variação dos Resultados
890 a 2400 NMP/100 ml Ausente a 890 NMP/100 ml II Rio Tocantins São Salvador 540 a 2400 NMP/100 ml Ausente a 890 NMP/100 ml III Rio Tocantins Retiro Ausente a 2400 NMP/100 ml Ausente a 540 NMP/100 ml
Gráfico-2: Resultados dos maiores valores de números mais prováveis de coliformes totais/fecais no período de chuva (out/mar) 1 e chuva (out/mar) 2 de mar/00 a mar/02. É importante ressaltar que os parâmetros bacteriológicos no trecho do rio em estudo tiveram seu aumento no período chuvoso, devido ao carreamento de material sólido, líquido, micronutrientes e outros materiais particulados contaminados para o leito do rio, sendo que os valores obtidos no período de chuva (outubro/março), foram maior em relação ao período de seca (março/outubro). Assim os valores destes parâmetros foram inferiores aos limites máximos permissíveis, não constituindo risco de saúde pública para a população que se utiliza dessas águas. O trecho estudado enquadra-se na classe II da Resolução do CONAMA nº 020/86, que estabelece um limite para coliformes totais (CT) de 5000 NMP/100 ml e para coliformes fecais (CF) de 1000 NMP/100 ml. Portanto, é uma água que pode ser destinada ao abastecimento doméstico após tratamento convencional, a recreação de contato primário, proteção das comunidades aquáticas, irrigação e criação de peixes, hortaliças e frutos rentes ao solo. CONCLUSÃO /RECOMENDAÇÃO Os estudos deste trabalho permitiram tirar as seguintes conclusões: As águas do rio Tocantins, no trecho entre os municípios de coronel valente e Retiro (TO), apresentaram excelente qualidade bacteriológica enquadrando-se dentro dos padrões estabelecidos para águas de classe II Resolução do CONAMA nº 020/86. Visto a importância do rio Tocantins no contexto da política e gestão dos recursos hídricos nacionais, recomenda-se: Dar continuidade ao estudo de monitoramento deste trecho do rio, a fim de avaliar o efeito da Usina hidrelétrica de Serra da Mesa-GO na qualidade dessas águas; Estender o presente estudo de classificação das águas para outros trechos do rio Tocantins; Gerar um banco de dados da qualidade das águas do rio Tocantins na região sul, que contemple também vazão e precipitação pluviométrica; Implantar ações conjuntas entre os setores de saneamento básico, recursos hídricos e meio ambientes do Estado, visando medidas de proteção ambiental ao longo do trecho estudado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA) 1995. Standart Methods for the Examination of Water end Wastewater 19th Edition. Washington, D. C., 1155p. 2 - BRANCO, S. M. Hidrologia aplicada à engenharia sanitária. 2. ed. São Paulo, Companhia de tecnologia de saneamento Ambiental, 1986. 3 - CEBALLOS, B.S.O (1995). Utilização de indicadores microbiológicos na tipologia de ecossistemas aquáticos do trópico semi-árido. (Tese de Doutorado Instituto de Ciências Biomédicas II da Universidade de São Paulo). São Paulo, sp, 192p. 4 - CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução do CONAMA; 1984/91. 4a. ed. Brasília, IBAMA, 1992. 245p. 5 - PELCZAR, M. J. Microbiologia; São Paulo: Mc Graw-Hill do Brasil, vol. II 1981. 6 - VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgoto. Belo Horizonte, DESA/CNPq/ABES, 1996. 7 - RADAMBRASIL. Ministério das Minas e Energia. Secretária Geral. Folha SD. 22. Goiás; Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Vegetação e Uso Potencial da Terra. Rio de Janeiro, 1981. 640p.