DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO POPULAÇÃO: Soberania Direitos e Deveres do Estado
Rosinete Cavalcante da costa Mestre em Direito: Relações Privadas e Constituição Profa. da Faculdade Batista de Vitória (Fabavi) Profa. da Faculdade Faceli Ex-Profa. da Faculdade Pitágoras, Facastelo e Finac Advogada e Consultora Jurídica Copyright 2010. Reprodução e distribuição autorizadas desde que mantido o copyright. É vedado o uso comercial sem prévia autorização por escrito da autora. 2
Plano de aula 1. Teoria dos direitos fundamentais 2. Classificação dos direitos 3. Deveres dos Estados 4. Restrições aos direitos fundamentais 3
1. Teoria dos Direitos Fundamentais dos Estados Concepção original (Wolff e Vattel, Séc. XVIII) Defendem que os Estados, à semelhança dos indivíduos, possuem direitos naturais, direitos inatos, pelo simples fato de existirem (Mello). Concepção moderna Entende os direitos fundamentais dos Estados como resultantes da personalidade internacional dos Estados. 4
1.1. Concepção original (Wolff e Vattel, Séc. XVIII) Decorrência da afirmação dos Estados ao Papado e ao Império. Essa teoria confere aos Estados, assim como aos indivíduos, direitos naturais. A existência dos Estados é suficiente para que lhes sejam atribuídos direitos. 5
1.2. Concepção moderna Decorrência da intensificação da participação dos países do Terceiro Mundo nas relações internacionais. Os direitos fundamentais dos Estados são reflexo de sua personalidade jurídica. 6
2. Classificação dos Direitos Declaração dos Direitos dos Povos (1795) Abade Grégoire Declaração do Instituto Americano de DI (1916) Instituto de Direito Internacional (1921) 7.ª Conferência Internacional Americana (1933) Carta da OEA (1948 Cap. IV) Comissão de DI da ONU Projeto de Declaração sobre os Direitos Fundamentais dos Estados (1949) 7
Declaração dos Direitos dos Povos (1795) direito à independência; direito à igualdade; direito de dominium sobre o território; utilização das coisas comuns etc. 8
Declaração do Instituto Americano de DI (1916) direito à vida; direito à igualdade etc. (aplicação de direitos conferidos aos indivíduos aos Estados). 9
Instituto de Direito Internacional (1921) direito à igualdade; direito à legítima defesa; direito ao reconhecimento como Estado. Deveres dos Estados: respeito aos tratados etc. 10
7.ª Conferência Internacional Americana (1933) inviolabilidade do território; existência do Estado não depende do seu reconhecimento; igualdade jurídica; direito à independência e conservação etc. 11
Carta da OEA (1948 Cap. IV) igualdade jurídica; existência política independente do reconhecimento; direito de proteger e desenvolver a sua existência; direito de exercer a jurisdição no seu território; direito ao desenvolvimento cultural, político e econômico; inviolabilidade do território; legítima território. 12
2.6. Comissão de DI da ONU Projeto de Declaração sobre os Direitos Fundamentais dos Estados (1949) direito à independência; direito de exercício da jurisdição no território nacional; direito de igualdade jurídica; direito de legítima defesa. 13
2.1. Direito à Liberdade ou à Independência (Soberania interna/autonomia e externa/independência) Significa que o Estado, dentro dos limites fixados pelo DI, é livre ou independente para realizar os atos que lhe aprouver sem necessitar do consentimento de qualquer outro Estado. 2.1.1. Elementos: exclusividade da competência; autonomia da independência; plenitude da competência. 14
2.2. Direito de Igualdade Princípio da Igualdade Jurídica Não é absoluta Carta da ONU Conselho de segurança Direito de veto pra os chamados cinco grandes (EUA, URSS, Grâ- Bretanha, França e China) Viola o princípio O voto dos cinco passa a ter maior peso do que o dos demais membros. O princípio da igualdade jurídica domina a vida internacional. Exceções: quando forem livremente estatuídas pelos Estados. 15
2.3. Direito de Exercício da Jurisdição sobre Todas as Pessoas e Coisas no Território Nacional As restrinções a jurisdição estatal são impostas pelo DI Imunidades de jurisdição dos Estados estrangeiros. 1989 STF Afirma que a competência para julgar causa trabalhista é da Justiça do Trabalho e não há imunidade de jurisdição trabalhista de Estado estrangeiro (embaixada). - Problema da execução: Bens da embaixada são impenhoráveis. 16
2.4. Direito de Defesa e Conservação 2.4.1 Direito à Legítima Defesa Pressupõe a existência de um prejuízo, bem como a violação de uma obrigação jurídica. Requisitos Ataque armado injusto e atual; A defesa não ultrapasse a agressão. Consagrada no art. 51 da carta da ONU e no art. 21 da Carta da OEA 17
Filme: O Resgate do Soldado Ryan http://www.youtube.com/watch?v=wiklefzj5p 5/31/2012 s www.mestremidia.com.br 18
2.4.1.1. Legítima defesa e represália Legítima Defesa Represália Reação ao uso ilícito da força Reação contra qualquer ato ilícito Ato de defesa Ato de punição e/ou obtenção de reparação É admitida a forma preventiva Admitida quando houver pedido de reparação não atendido 19
2.4.1.2. Legítima defesa coletiva: Agressão sofrida individualmente que atinja todos os demais Estados. É necessário que o Estado vítima do ataque dê o eu consentimento. Exceção ao uso da força armada. 20
2.4.1.3. Legítima defesa coletiva Guerra no afeganistão jornal da record 04/08/09parte 2 http://www.youtube.com/watch?v=zypthv-cuyq 21
2.4.1.4. Legítima defesa preventiva Legítima defesa que intercepta um ataque que vai ser realizado, vez que a agressão já está em curso. 22
2.4.1.4. Legítima defesa interceptiva Quando dois Estados abrem fogo quase instantaneamente. 23
2.5. Direito Internacional do Desenvolvimento Fundamento: igualdade jurídica x desigualdade econômica 24
3. Deveres dos Estados Dever de não intervenção; Carta da OEA Dever de respeitar os direitos dos demais Estados; Dever de cumprir os s tratados, que devem ser públicos; Deve de não se utilizar da força a não ser em caso de legítima defesa. 25
3. Deveres dos Estados Comissão de DI a) Dever de não intervenção; b) Dever de não permitir que no seu território se prepare uma revolta ou guerra civil em outro Estado; c) Dever de respeitar os direitos do homem; d) Dever de evitar que no seu território haja ameaça à paz e à ordem internaiconal; e) Dever de resolver os seus litígios por meios pacíficos; f) Dever de nãousar a força como ameaça à integridade de outro Estado e não utilizar a guerra como instrumento de política nacional; g) Dever de não auxiliar o Estado que violou o item anterior e contra o qual a ONU exerce ação de política internacional; h) Dever de não reconhecer a aquisição territorial ocorrida com a violação do item f; i) Dever de conduzir as suas relações internacionais com base no DI e no princípio de que a soberania estatal se encontra submetida ao DI. - Deveres morais como o de auxílio em caso de calamidade pública Terremoto no Haiti. 26
4. Restrições aos Direitos Fundamentais dos Estados Diz respeito a existência de certas pessoas ou coisas, ou mesmo um tercho do território do Estado em que ele não tem competência plena. Pode ocorrer: Por convenção: servidão, o condomínio, e a neutralidade permanente; Por costume internacional: início das imunidades dos agentes diplomático. 27
4. Restrições aos Direitos Fundamentais dos Estados 4.1. Imunidade de jurisdição a) Chefes de Estado; b) Ministro das Relações Exteriores; c) Agentes diplomáticos; d) Aeronaves públicas; e) Tropas estrangeiras; f) Funcionários internacionais, etc. 28
4. Restrições aos Direitos Fundamentais dos Estados 4.2. Regime de capitulações: Julgamento de estrangeiro de acordo com as leis de seu país de origem. Os cônsules compatriotas do estrangeiros agiam como juízes. Portugal e Inglaterra O tratado de 1810 estabelecia que os britânicos no Brasil gozariam de extraterritorialidade. 29
4.3. Servidão: Exercício de competência de Estado estrangeiro em território nacional e consentimento do Estado em não exercer sua jurisdição/competência plena sobre seu território. Obs.: a servidão é permanente e só ocorre mediante a assinatura de tratado. 30
4.3.1. Tipos de servidão: a) Positivas e negativas: Positiva direito da França pescar na Terra Nova (Tratado de Utrecht, 1713); Negativa Proibição da França de fortificar Dunquerque (Tratado de Utrech, 1713). b) Militares e econômicas (conforme o objeto); c) Particulares (entre dois Estados) e gerais (mais de dois Estados). 31
4.3.2. Elementos da servidão: a) Que as partes contratantes sejam Estados; b) Que seja um direito permanente (permite distinguir as servidões de simples obrigações convencionais); c) Que seja um direito real o territorial. 32
4.3.2. Extinção de servidão: a) Renúncia do beneficiário; b) Teoria rebus sic stantibus; c) Guerra entre dominante e serviente; d) Termo extintivo (quando houver prazo previamente determinado). 33
4.4. Garantias internacionais: Visam assegurar a execução de um tratado (fenômeno convencional). França teve diversas regiões ocupadas pela Alemanha como garantias de execução do Tratado de Francoforte, 1871. 34
4.5. Condomínio: Regime de um território que se encontra submetido à competência de mais de um Estado. Arquipélago das Novas Hébridas, sob a França e Inglaterra, pelas Convenções de 1906 e 1914, e que alcançou a independência em 1980 sob o nome de Vanuatu; O Anglo-egípcio no Sudão (1898-1956; Ilhas virgens, no caribe, em 1988, estavam sob o domínio dos EUA e Grã-Bretanha. 35
4.6. Concessões: Áreas de uma cidade destinadas à moradia de estrangeiros. 4.6.1. Classificação a) Estrangeiras: que poderiam pertencer à administração de um único Estado (nacionais), ou serem de diversos Estados (internacinais); b) Sino-estrangeiras: que eram aquelas submetidas à administração chinesa e estrangeira (Escarra, Rousseau). Terminou definitivamente com a 2ª Guerra Mundial. 36
4.7. Arrendamento de território É a cessão de competências que um Estado faz sobre um trecho do seu território a outro Estado. Território arrendado continua a fazer parte do território nacional. 37
4.7.1. Formas de arrendamento de território: a) Diplomática: Bósnia-Herzegovina, arrendada à Àustria-Hungria pelo Tratado de Berlim 1878; b) Colonial: África, final do século XIX, alguns territórios foram arrendados a Inglaterra e à Alemanha por 50 anos; c) Econômico: China Kiao-Tcheu foi arrendado à alemanha por 99 anos em 1898; d) Estratégico: Forma mais moderna Consiste na cessão de bases militares (EUA possuem bases nas Filipinas, na Grã-Bretanha); Hong Kong dado pela China à Inglaterra no século XIX, devolvido em 1997. 38
4.8. Neutralidade permanente Tem por finalidade normalmente a proibição para o Estado de tomar medidas militares, sendo aplicado geralmente a regiões fronteiras. Aplicadas temporariamente a porções específicas do território de um Estado. 39
4.8. Neutralidade permanente Em 1815, no congresso de Viena, foi neutralizada permanentemente a Suíça, que já era neutra de fato desde a Paz de Vestfália. Em 1815, também a Cracóvia passou a ter o estatuto da neutralidade permanente, que perdurou até 1846. 1831 Conferência de Londres a Bélgica passou a ser neutra permanentemente condição para reconhecimento da independência. Em 1867, o mesmo estatuto foi aplicado ao Luxemburgo. Neutralidades desaparecidas com a 1ª Guerra Mundial. Acordo de Latrão neutralidade permanente do Vaticando. 1955 a Áustria declarou-se por, lei constituiconal, neutra permanentemente. 40
4.8. Neutralidade permanente 4.8.1. Características: a) aplicada a Estados; b) Estabelecida convencionalmente; c) permanente. 4.8.2. Formas: a) Reconhecida: a Áustria, o Vaticano. b) reconhecida e garantida: a Suíça, pelas grandes potências da época. 41
Referências: ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, Geraldo Eulálio Nascimento. do. Manual de Direito Internacional Público. Saraiva: São Paulo, 2002. MELLO, Celso Duvivier de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público. Renovar: 2005. REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público: Curso elementar. Saraiva: São Paulo, 2006. 42
A todos obrigada por terem assistido a aula sobre Pessoas Internacionais: Estado População Soberania Direitos e Deveres do Estado, da Disciplina de Direito Internacional Público e Privado. 43
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