COMISSÃO DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ PARANÁ: AÇÕES NO ANO DE 2009 Robsmeire Calvo Melo Zurita 1 ; Alessandra Massi Puziol Alves 2 Neide Barboza Lopes 3 INTRODUÇÃO: No Brasil ainda se convive com o sistema asilar de atendimento ao portador de transtorno mental apesar da influência dos princípios da reforma psiquiátrica. O Ministério da Saúde (MS) altera o orçamento a saúde mental deixando de investir somente em hospitais psiquiátricos, devido com a progressiva redução de leitos, e garante o incremento das ações territoriais e comunitárias de saúde mental, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos, ambulatórios, atenção básica e outros. Ilustra o fato que em 1997 a rede extra-hospitalar era composta por 176 CAPS e recebia 6% dos recursos, enquanto a rede hospitalar, com 71 mil leitos, ficava com o restante dos 94%. Em 2004, os 516 CAPS implantados receberam 20% dos recursos comparados aos 80% destinados a 55 mil leitos psiquiátricos no Brasil. Delgado, 2006 relata que no Brasil eram 952 CAPS e no mês de dezembro do mesmo ano atingiu a 1000 serviços, quase 30.000 profissionais trabalham nesta rede, 600 mil usuários são atendidos e milhares de Equipes da Saúde da Família (PSF) se vincularam aos serviços extra-hospitalares. A Comissão de Desinstitucionalização, instituída em 2008, tem por objetivo o acompanhamento e providências para a desospitalização de pacientes com histórico de internação superior a um ano. 1 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Gerência de Auditoria Controle e Avaliação da Secretaria Municipal da Saúde de Maringá.. Assistente Social do Centro Integrado de Saúde Mental e Centro de Atenção Psicossocial II 2 Psicóloga. Especialista em Saúde Mental. Coordenadora Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde de Maringá-PR 3 Assistente Social do Centro Integrado de Saúde Mental e Centro de Atenção Psicossocial II
É composta por profissionais da Secretaria Municipal da Saúde, Secretaria de Assistência Social e Cidadania, 15ª Regional de Saúde e Hospital Psiquiátrico de Maringá. Desde sua formação, a comissão vem atuando junto ao hospital e as famílias dos internos, com o objetivo de orientar e apoiar na reinserção familiar e social dos mesmos, além da continuidade de seu tratamento ambulatorial. Durante o ano de 2009, a Comissão reuniu-se semanalmente para a discussão e planejamento das ações, realizou visitas domiciliares às famílias e ao Hospital Psiquiátrico que é uma instituição hospitalar com 240 leitos privados contratualizados ao Sistema Único de Saúde (SUS), realizou, também, contatos com diversos serviços da rede sócioassistencial e de saúde, deste e de outros municípios. OBJETIVO Descrever as ações desenvolvidas pela Comissão de Desinstitucionalização do município de Maringá-PR no ano de 2009 e estabelecer propostas para atuação no próximo ano. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo do tipo descritivo com abordagem quantitativa na forma de relato de experiência. Utilizadas como fonte de dado a ata da Comissão de Desinstitucionalização onde as ações foram registradas no ano de 2009. RESULTADOS
O número de pacientes com internação psiquiátrica superior a um ano no Hospital Psiquiátrico de Maringá nos últimos cinco anos sofreu alteração passando de 54 portadores de transtorno mental institucionalizados em dezembro de 2005, em maio de 2006 a referida instituição estava com 57 pacientes, em novembro de 2007 com 64 pacientes, em novembro de 2008 com 44 pacientes institucionalizados e no final de 2009 com 24 pacientes. No decorrer dos meses de 2009 a alteração foi de 39 pacientes em janeiro para dezembro com 24 pacientes portadores de transtorno mental do referido ano. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO As dificuldades encontradas pela Comissão de Desinstitucionalização foram: dificuldade da família em acolher seus pacientes, devido a vínculos afetivos comprometidos; na localização de familiares; falta de unidades de atendimento e apoio para os usuários em lar abrigado, instituições de longa permanência asilares para idosos, em especial nos municípios pequenos da região que não contam com rede de atendimento para garantia do tratamento ambulatorial satisfatório; horário semanal insuficiente disponibilizado para as ações da Comissão de Desinstitucionalização; não disponibilidade de carro para as visitas domiciliares; necessidade de apoio à atenção básica para continuidade da assistência, que será suprida com a implantação das equipes de NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família). As propostas de atuação para o próximo ano são: trabalhar em parceria com os NASF, na intenção de fortalecer e ampliar as intervenções das equipes de ESF nas ações de suporte aos familiares e à comunidade; solicitar à SMS a confecção de folders sobre as doenças mentais e os serviços disponíveis no município para serem utilizados em campanhas educativas; inserir o tema Saúde e Transtornos Mentais nas campanhas já realizadas pela Secretaria Municipal da Saúde; disponibilizar um carro, com motorista, para que a comissão possa realizar as visitas domiciliares necessárias, nos dias pré-agendados; organizar uma reunião bimestral, com a presença dos municípios da 15ª Regional de Saúde que tenham pacientes
portadores de transtornos mentais, internos ou não, para a discussão de dúvidas, propostas de atuação junto aos pacientes e comunidade, entre outros temas. A institucionalização de portadores de transtornos mentais nos hospitais psiquiátricos constitui, na atualidade, um dos principais desafios da Reforma Psiquiátrica em curso no âmbito do SUS. O resgate dos direitos dessas pessoas depende do esforço a ser empreendido por gestores, trabalhadores de saúde mental, docentes, pesquisadores, associações de usuários e familiares, instâncias do controle social do SUS e parceiros de projetos intersetoriais de políticas públicas capazes de produzir iniciativas solidárias e inclusivas no contexto de uma sociedade mais justa. Palavras chave: Atenção à saúde, Desinstitucionalização, Serviços Comunitários de Saúde Mental, Serviços de Saúde Mental.
REFERÊNCIAS Delgado PG. Os CAPS: A revolução silenciosa da Saúde Mental. Cultura e Pensamento, 2006. Ministério da Saúde. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.