APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DA LOGÍSTICA REVERSA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR ESTUDO DE CASO: PROJETO PILOTO DE COLETA SELETIVA NA UENF



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Transcrição:

APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DA LOGÍSTICA REVERSA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR ESTUDO DE CASO: PROJETO PILOTO DE COLETA SELETIVA NA UENF MAGDA MARTINA TIRADO SOTO Dissertação apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção. Orientador: Prof. Gudelia G. Morales de Arica CAMPOS DOS GOYTACAZES RJ ABRIL 2006

FICHA CATALOGRÁFICA Preparada pela Biblioteca do CCT / UENF 19/2006 Tirado Soto, Magda Martina Aplicação dos conceitos da logística reversa nas instituições de ensino superior: estudo de caso: projeto piloto de coleta seletiva na UENF / Magda Martina Tirado Soto. Campos dos Goytacazes, 2006. xiv, 148f. : il. Orientador: Gudelia G. Morales de Arica. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) --Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório de Engenharia de Produção. Campos dos Goytacazes, 2006. Área de concentração: Pesquisa operacional Bibliografia: f. 112-116 1. Desenvolvimento sustentável 2. Sistemas de gestão ambiental 3. Logística reversa 4. Instituições de ensino superior 5. Resíduos sólidos l. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório de Engenharia de Produção II. Título CDD 363.700711

APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DA LOGÍSTICA REVERSA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR ESTUDO DE CASO: PROJETO PILOTO DE COLETA SELETIVA NO CAMPUS DA UENF MAGDA MARTINA TIRADO SOTO Dissertação apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção. Aprovada em 26 de Abril de 2006 Comissão Examinadora: Prof. Aristides Arthur Soffiati Netto (D.Sc. História) - UFF Prof. André Luís Policani Freitas (D.Sc. Eng. Produção) - UENF Prof. Luis Henrique Valdiviezo (D.Sc. Eng. Produção) - UENF Prof. Gudelia Morales de Arica (D.Sc. Matemática) UENF Orientador ii

A Carlos e Elizabeth, meus pais, a quem devo tudo o que eu posso ser hoje. A Carlos, meu esposo, a quem amar me faz tão bem. A Andrés, meu filho, por quem desejo mudar o mundo... começando por mim. iii

Agradecimentos A Deus, por colocar na minha vida só pessoas boas e... por tudo. Aos meu pais, pelo apoio incansável nos meus empreendimentos, por acreditarem sempre que eu posso. Por estarem sempre disponíveis, apesar da distância. A Carlos e a Andrés pelo amor e carinho, por estarem sempre no meu time. Aos meus irmãos e demais familiareis pelas palavras de alento, onde a amizade, carinho e união estão sempre presentes. A Gudelia, minha orientadora e amiga, devo um muito obrigado, pela paciência, por acreditar em mim, pelo exemplo pessoal e profissional, por ser incentivadora desta empreitada, pelo apoio constante nas dificuldades encontradas oferecendo-me, além de tudo, sua amizade, que facilitou o meu caminho. À equipe do projeto piloto de coleta seletiva: Raquel, Aline, Dileia, Paloma, Maxuel e Robson, por seu trabalho, fonte de informações para a elaboração desta tese. A eles, com quem tive a oportunidade de compartilhar, não só o trabalho, mas também momentos que enriqueceram minha experiência de vida. A Liliana e Rigoberto, meus amigos, que, com seu apoio e carinho, tornam mais fáceis meus momentos e minha permanência distante de casa. A eles, minha eterna gratidão. Ao Laboratório de Engenharia de Produção pela oportunidade, e à UENF-FAPERJ pelo apoio financeiro. Finalmente, um muito obrigado a todos os que, de alguma forma, contribuíram para a elaboração desta tese. iv

RESUMO A responsabilidade dos possíveis efeitos ambientais durante o ciclo de vida dos produtos tem motivado a adoção de sistemas de gestão ambiental nas empresas. A logística reversa forma parte dessa gestão envolvendo as atividades de retorno dos resíduos ou rejeitos ao processo produtivo ou propiciando um destino ecologicamente correto. Nesse cenário, a universidade vem contribuindo de maneira efetiva na pesquisa de tecnologias limpas e inovação de tecnologias em geral para o desenvolvimento sustentável, e principalmente na formação de recursos humanos visando à preservação ambiental. Da mesma forma que uma empresa, uma universidade também é uma organização e deve obedecer ao mesmo modelo. Seu principal produto oferecido é o conhecimento. Para tal fim, aplica-se a logística direta na aquisição de bens e serviços, repondo, estocando e distribuindo materiais nos processos de ensino, pesquisa e extensão. Nesses processos, uma vez que os bens adquiridos são descartados, deve-se implementar um fluxo logístico reverso, para recapturar valor dos resíduos ou dar-lhes um destino ecologicamente correto. Neste trabalho propõe-se um modelo de gestão de resíduos nas universidades. O modelo é baseado nos conceitos da logística reversa. Este modelo foi aplicado em um estudo de caso no campus da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). Os resultados permitiram identificar a necessidade de unir a prática à teoria da proteção ambiental, além de gerar um compromisso real com o desenvolvimento sustentável na comunidade universitária. Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável, Logística Reversa, Resíduos Sólidos, Sistemas de Gestão Ambiental. v

ABSTRACT The responsibility of the possible environmental effects during the cycle of life of the products has motivated the adoption of environmental management systems in the companies. Reverse logistics, like part of this management, involving the activities of return of the wastes to the productive process or assure proper disposal of them. In this scene, the university comes contributing in an effective way to research of clean technologies and innovation of technologies in general for the sustainable development, and mainly in the formation of human resources aiming at the environmental protection. As a company, a university is also an organization and must follow the same model. Its main product is the knowledge. Then, for such reason the direct logistics is applied to acquire goods and services, restituting, stocking and distributing materials in the education, researches and extension processes. In these processes, a time that the acquired goods are discarded, must be implemented a reverse logistic flow to recapture the value of wastes or assure proper disposal. In this work is proposed a model of wastes management in the universities. The model is based on the concepts of logistic reverse. This model was applied to a case study at the campus of Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). The results allow identifying the necessity to join the practice to the theory of the environmental protection, in addition to generate a real commitment with the sustainable development in the university community. Key-word: Sustainable Development, Reverse Logistics, Solid Wastes, Environmental Management Systems. vi

SUMÁRIO Lista de Quadros... x Lista de Diagramas... xi Lista de Tabelas... xii Lista de Gráficos... xiii 1 INTRODUÇÃO 1.1 Visão Geral do Problema de Pesquisa... 1 1.2 Objetivos... 3 1.2.1 Objetivo geral... 3 1.2.2 Objetivos específicos... 3 1.3 Justificativa... 4 1.3.1 Justificativa do Trabalho... 4 1.3.2 Justificativa do Projeto Piloto... 5 1.4 Método da Pesquisa... 6 1.5 Estrutura do trabalho... 7 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Introdução... 9 2.2. Desenvolvimento Sustentável... 10 2.3. Tecnologias Limpas... 12 2.4. Logística Reversa... 13 2.4.1. A Logística e a Análise do Ciclo de Vida (ACV)... 15 2.4.2. Logística Reversa e Reciclagem de Ciclo Aberto e de Ciclo Fechado...17 2.4.3. Projeto de Implantação da Logística Reversa... 19 2.4.4. Motivação para implantação de um Projeto de Logística Reversa... 23 2.5 Aplicação dos Conceitos da Logística Reversa nas Instituições de Ensino Superior... 27 2.6 Sistema de Gestão Ambiental e a ISO 14000... 30 2.7 Legislação no Brasil sobre Meio Ambiente e Gerenciamento dos Resíduos Sólidos...... 33 2.7.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos... 34 vii

2.7.2 Protocolo de Kyoto e a Questão dos Resíduos Sólidos Urbanos... 37 2.8 Considerações Finais... 38 3 Sistemas de Gestão Ambiental nas Instituições de Ensino Superior 3.1 Introdução... 40 3.2 Sistemas de Gestão Ambiental nas Universidades... 41 3.3 O papel das Universidades no Desenvolvimento Sustentável... 45 3.3.1 Acordos da Conferência da Terra... 49 3.3.2 Declaração de Kyoto... 50 3.3.3 Carta Copernicus... 51 3.3.4 Conferência Mundial para o Desenvolvimento Sustentável... 52 3.3.5 Carta de Niterói... 54 3.4 Experiências de SGA em Universidades Brasileiras... 55 3.4.1 Universidade de São Paulo Usp Recicla... 55 3.4.2 Universidade de Campinas- UNICAMP... 57 3.4.3 Universidade Federal de São Carlos CEMA... 59 3.4.4 Universidade Federal de Santa Catarina CGA... 60 3.4.5 Universidade Federal de Rio de Janeiro - UFRJ... 63 3.5 Considerações Finais... 64 4 ESTUDO DE CASO 4.1 Informações Especializadas sobre Resíduos Sólidos... 65 4.1.1 Definição de Resíduos Sólidos... 65 4.1.2 Tipos de Resíduos Sólidos... 65 4.1.3 Gerenciamento dos Resíduos Sólidos... 67 4.2 Estudo de Caso: Projeto Piloto de Coleta Seletiva na UENF... 70 4.2.1 Diagnóstico Situacional dos Resíduos Gerados no Campus... 71 4.2.2 Metodología para a Adoção da Coleta Seletiva... 77 4.2.2.1 Análise Gravimétrica... 78 4.2.2.2 Planejamento e Implementação do Projeto Piloto de Coleta Seletiva... 80 4.2.2.3 Operações Baseadas na ISO 14000 - Melhoria contínua... 83 4.2.2.4 Resultados da Coleta Seletiva... 85 viii

4.2.2.5 Aproveitamento do Material Reciclável: Experiências ralizadas na UENF... 90 4.3 Resultados e Discussão... 92 4.3.1 Indicadores... 92 4.3.2 Caracterização dos Resíduos gerados no Campus...97 4.3.3 Ganhos Ambientais e Qualidade de Vida...99 4.3.4 Proposta de um Centro de Triagem no Campus e a Capacitação de Catadores... 102 4.4 Considerações Finais... 106 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES... 108 REFERÊNCIAS...112 ANEXO I Carta de Niterói... 117 APENDICES I. Fotografias... 119 II. Rede de Coleta Seletiva no Campus Mapeamento... 127 ix

Lista de Quadros Quadro 1: Classificação dos Projetos de Logística Reversa segundo os Canais de Distribuição Reversos...19 Quadro 2 : Fatores críticos para a eficiência do processo de logística reversa...21 Quadro 3: A ONU e as universidades no âmbito do Desenvolvimento Sustentável (1972-1992)...45 Quadro 4: Esratégia do Programa Copernicus para o Desenvolvimento Sustentável...52 Quadro 5: Média mensal de recicláveis coletados seletivamente nos campus da USP...56 Quadro 6: Tipos de Resíduos... 66 Quadro 7: Responsabilidade do Gerenciamento dos Resíduos... 67 Quadro 8: Tipos de Tratamento dos Resíduos... 68 Quadro 9: Tempo de Decomposição dos Materiais... 69 Quadro 10: Cursos de Graduação e Pós-Graduação da UENF...71 Quadro 11: Infra-estrutura Básica para a Implementação de um Centro de Triagem...103 Quadro 12: Atividades Artesanais criadas a partir do lixo produzido na Universidade...106 x

Lista de Diagramas Diagrama 1: Modelo Linear de Desenvolvimento Econômico... 10 Diagrama 2: Modelo de Desenvolvimento Sustentável... 12 Diagrama 3: Foco de Atuação da Logística Reversa... 14 Diagrama 4: Ciclo de Vida dos Produtos e a Logística Reversa... 16 Diagrama 5: O Ciclo Aberto e O Ciclo Fechado da Reciclagem... 18 Diagrama 6: Classificação dos Canais de Distribuição Reversa... 20 Diagrama 7: Cadeia da Reciclagem de Ciclo Aberto...28 Diagrama 8: Série de Normas ISO 14000...31 Diagrama 9: Modelo de Sistema de Gestão Ambiental...32 Diagrama 10: Logística Reversa: Instrumento de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental...36 Diagrama 11: Papel da universidade na sociedade para o DS...53 Diagrama 12: Fluxos e Tratamentos Gerais dos Resíduos Perigosos da UNICAMP...58 Diagrama 13: Roteiro para o diagnóstico da situação atual do gerenciamento dos resíduos na UENF...73 Diagrama 14: Geradores de Resíduo no Campus da UENF...74 Diagrama 15: Aplicação da Melhoria Contínua no Projeto Piloto de Coleta Seletiva na UENF...83 Diagrama 16: Modelo para a capacitação de Catadores através da Gestão de Resíduos gerados no campus...104 Diagrama 17: Modelo de Gestão dos Resídos na UENF Aplicando os conceitos da Logística Reversa... 107 xi

Lista de Tabelas Tabela 1: Tipos de Resíduos Identificados no Campus...75 Tabela 2: Resultado da Análise Gravimétrica... 78 Tabela 3: Tipos de Materiais Recicláveis coletados pelo projeto piloto... 86 Tabela 4: Principais Geradores por tipos de material reciclável... 89 Tabela 5: Cobertura Física da Coleta de Papel... 93 Tabela 6: Cálculo dos Custos Operacionais da Coleta Seletiva... 96 Tabela 7: Receita da Coleta Seletiva...97 Tabela 8: Matérias Primas Economizadas na Reciclagem dos Materiais Coletados pelo projeto piloto...99 Tabela 9: Ganhos Econômicos a partir da Reciclagem do Papel Coletado...100 Tabela 10: Dificuldades Encontradas para o Descarte do Lixo...101 xii

Lista de Gráficos Gráfico 1: Proporções dos Resíduos encontrados nas Amostras (nov 2004- jan 2005)...77 Gráfico 2: Proporções dos Tipos de Resíduos Resultado das Análises Gravimétricas (abril 2005 - Dez 2005)...79 Gráfico 3: Localização de Coletores no Prédio P5 1º Andar...82 Gráfico 4: Materiais Coletados pelo Projeto Piloto...85 Gráfico 5: Evolução dos Tipos de Materiais Coletados pelo Projeto... 88 Gráfico 6: Proporção da participação dos Geradores na coleta seletiva... 89 Gráfico 7: Papel Misturado Descartado nas Lixeiras e o Papel Misturado coletado seletivamente...94 Gráfico 8: Quantidade de Casca de Coco registrada nas Análises Gravimétricas...98 xiii

Não temos em nossas mãos a solução para todos os problemas do mundo... mas, diante dos problemas do mundo, temos as nossas mãos. - Anônimo xiv

1 1. INTRODUÇÃO 1.1 Visão Geral do Problema de Pesquisa Diariamente a humanidade produz milhões de toneladas de resíduos sólidos de diversas origens, em decorrência de um sistema de produção, circulação e consumo de bens e serviços, que aumentam cada vez mais a quantidade gerada. Como diz Leite: O acelerado desenvolvimento tecnológico experimentado pela humanidade tem permitido a introdução constante e com velocidade crescente de novas tecnologias, que contribuem para a redução de preços e dos ciclos de vida de grande parcela dos bens de consumo duráveis e semiduráveis, alem da busca de diferenciação mercadológica que gera obsolescência antecipada e aumenta a velocidade de giro dos produtos (Leite, 1998). A redução do ciclo de vida útil dos produtos aumenta a quantidade de resíduos sólidos. Ao contrário da maioria dos resíduos produzidos pela natureza, aqueles gerados pelo homem, dentro de uma economia de mercado, têm uma velocidade de produção muito maior que a de sua decomposição. Portanto, o primeiro problema a surgir na administração dos resíduos é a forma de eliminá-los, e assim se pode verificar o esgotamento da capacidade dos sistemas tradicionais de disposição final: os aterros. O destino final do lixo é um problema constante em quase todos os municípios, embora seja mais visível nas grandes cidades. Os municípios defrontam-se com a escassez de recursos para investimento na coleta, no processamento e na disposição final do lixo. Os lixões continuam sendo o destino da maior parte dos resíduos urbanos produzidos no Brasil, com graves prejuízos ao meio ambiente, à saúde e, em geral, à qualidade de vida da população. Segundo o IBGE: O Brasil produz 241.614 toneladas de lixo por dia. 76% são depositados a céu aberto em lixões, 13 % são depositados em aterros controlados. 10% em usinas e 0,1% são incinerados. (IBGE 2000) Mesmo nas cidades que implantaram aterros sanitários, o rápido esgotamento de sua vida útil, evidencia o problema do destino do lixo urbano. Como exemplo temos a cidade do Rio de Janeiro que, em fevereiro de 2005, presenciou o iminente esgotamento do aterro sanitário do Jardim Gramacho em Duque de Caxias. Estas

2 situações exigem soluções para a destinação final do lixo no sentido de reduzir o seu volume, ou seja, é preciso gerar menos lixo. Neste sentido, nota-se, nos últimos anos, uma tendência mundial em reaproveitar cada vez mais os produtos jogados no lixo, através dos processos de reciclagem, o que representa economia de matérias-primas, de energia fornecida pela natureza e da diminuição de uso da água. Entretanto, junto a esse novo comportamento, não aparece a preocupação em reduzir o consumo (até porque isso inviabilizaria a eficiência do sistema produtivo). Pelo contrário, a variedade de produtos só tem aumentado. Diante desta situação, surge o conceito do Desenvolvimento Sustentável (DS), buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental. A definição de DS, segundo Relatório Brundtland de 1987 aprovado pela ONU, diz o seguinte: O DS é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necesidades. Perante o desafio do que significa o DS, a universidade deverá contribuir promovendo práticas e pesquisando tecnologias limpas, entendendo-se por tecnologia limpa toda e qualquer atividade tecnológica desenvolvida com a finalidade de reduzir a poluição, a contaminação, a agressão ao meio ambiente e o consumo de energia. Na última década, começou a ser desenvolvida a logística reversa; esta é uma tecnologia limpa, cuja aplicação permite que a organização priorize sua atuação sobre os resíduos gerados nos processos, definindo o seu gerenciamento. A logística reversa traz de volta ao processo produtivo, materiais que podem ser reparados, reaproveitados, reciclados ou adequadamente descartados. Uma pequena ou grande empresa, um laboratório ou o corpo de bombeiros, um hospital, uma escola e até mesmo a universidade são todos exemplos de organizações e portanto precisam de um gerenciamento adequado dos resíduos cumprindo os requisitos do desenvolvimento sustentável. De acordo com Pereira:

3 As universidades, assim como todos os estabelecimentos de ensino superior, assumem uma responsabilidade essencial na preparação das novas gerações para um futuro viável. Pela reflexão e por seus trabalhos de pesquisa básica, esses estabelecimentos devem não somente advertir, ou mesmo dar o alarme, mas também conceber soluções racionais. Devem tomar a iniciativa e indicar possíveis alternativas, elaborando esquemas coerentes para o futuro. Devem, enfim, fazer com que se tome consciência maior dos problemas e das soluções através de seus programas educativos e dar, eles mesmos, o exemplo (Pereira, 2005a). Uma universidade conta com uma estrutura constituída geralmente por um campus universitário, inserido numa área urbana ou no seu entorno, ocorrendo sinergias entre a universidade e a comunidade vizinha. Portanto, o gerenciamento do lixo gerado dentro do campus universitário como resultado de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão requerem procedimentos e técnicas para lidar com os diferentes tipos de resíduos: doméstico, eletrônico, de laboratórios, entulho, etc. Assim, a logística reversa, que tem como objetivo a recuperação de valor ou o destino ecologicamente correto dos resíduos, pode ser aplicada para contribuir com o DS. 1.2 Objetivos do Estudo A seguir, para melhor compreensão dos objetivos deste trabalho, eles são divididos em objetivo geral e objetivos específicos. 1.2.1 Objetivo geral Estudar a viabilidade operacional da implantação de um programa de logística reversa pós-consumo como suporte à gestão ambiental numa Instituição de Ensino Superior. 1.2.2 Objetivos específicos Diagnosticar qualitativa e quantitativamente os resíduos nas atividades de ensino, pesquisa e extensão no campus da UENF; Identificar os destinos atuais dos resíduos gerados;

4 Desenvolver um modelo de gestão sustentável aplicando a logística reversa no campus universitário (projeto piloto de coleta seletiva); Estudar a viabilidade do modelo frente aos desafios ambientais, econômicos e sociais afetos a um campus universitário. 1.3 Justificativa 1.3.1 Justificativa do trabalho A Logística Reversa, como metodologia para recuperação de valor econômico de produtos e materiais disponibilizados para seu descarte, está sendo dirigida, segundo a literatura encontrada para as empresas cujo produto final são bens tangíveis, existindo poucos trabalhos desenvolvidos que abordem o tema em empresas ou instituições de serviços. As empresas de serviços, ao usar produtos e materiais como apoio para o desenvolvimento de suas atividades, atuam como consumidores. Se adotarem os conceitos do consumo sustentável, podem exigir de seus fornecedores produtos cada vez mais recicláveis, atuando como propulsores do desenho de produtos ecologicamente corretos. A logística reversa aplicada nas empresas e/ou instituições de serviços é planejada a partir da aquisição de materiais de consumo, os procedimentos de uso e de descarte, e não apenas de forma corretiva sobre os efeitos e conseqüências provenientes do resíduo gerado. Em um Campus Universitário, as atividades de ensino, pesquisa e extensão são atividades que necessitam de apoio logístico para o suprimento de materiais. Após o consumo, os resíduos, precisam ser descartados de maneira ecologicamente correta. Melhor ainda, poderiam ser reutilizados. Mas, com toda a atenção voltada para o envio de materiais para os consumidores (centros e laboratórios), o retorno de seus resíduos fica em um segundo plano. Não tendo o tratamento adequado, podem ocasionar prejuízos ambientais a médio prazo e do ambiente do trabalho a curto prazo.

5 Além dos aspectos ambientais, um outro fator importante para o investimento em logística reversa é o custo envolvido nos retornos de materiais e equipamentos. Na maioria das vezes, a implantação de um modelo de controle eficiente desses retornos pode se tornar uma surpresa positiva, pois, no manuseio de resíduos, obtêm-se reduções de custos significativos pelo melhor processamento e utilização de materiais e também pelo reaproveitamento de embalagens e resíduos. Além desses custos diretos, pode haver um ganho indireto com a redução de custos potenciais pela diminuição dos riscos com multas e outras penalidades da legislação. Por outro lado, como a questão ambiental envolve aspectos intimamente relacionados (tecnológicos, político-sociais e econômicos) a existência de canais de distribuição reversa dentro de um campus universitário pode gerar projetos interdisciplinares e de inovação tecnológica para o reaproveitamento de resíduos e materiais descartados na própria universidade. Assim, este trabalho se justifica pela necessidade de implementar um programa de gestão ambiental nas instituições de ensino superior. 1.3.2 Justificativa do Projeto Piloto: A Universidade, em função de suas características como foco de convergência do conhecimento, é responsável pelo encaminhamento das discussões a respeito de todas as problemáticas percebidas pela sociedade. A escolha da UENF, como alvo de estudo de caso, partiu de um princípio bastante simples, segundo o qual o exemplo deve iniciar-se junto aos proponentes da idéia, ou seja, na própria universidade. A justificativa deste trabalho é resultado dos diversos aspectos abaixo assinalados: Ambiental porque: A redução, o reuso e a reciclagem de materiais implicam numa redução significativa dos níveis de poluição ambiental. Menos lixo significa menos agressão à natureza;

6 A disposição inadequada do lixo está diretamente ligada à presença de vetores de diversas doenças e ao aumento de riscos de acidentes de trabalho (como pode ser o caso do lixo gerado nos laboratórios de química, física, agronomia, veterinária, etc). Econômica porque: Com a diminuição de consumo e desperdícios por parte dos usuários da cidade universitária, pode-se obter uma redução de gastos com manutenção e limpeza da área pertencente à Universidade; Se parte do lixo é reaproveitado, a Universidade poderia economizar para a prefeitura da cidade o volume de lixo transportado para o aterro. Político e Social porque: Ao lidar diferentemente com o lixo dentro da Universidade induzirá a sua comunidade interna a levar, para extramuros da UENF, posturas corretas em relação ao lixo; Possibilita a aproximação entre a Universidade, o poder público, a população e as empresas; Contribui positivamente para a imagem da Universidade pela promoção e participação na solução do problema do lixo da cidade; Podem-se promover cursos de extensão para a população em relação ao tratamento adequado do lixo e reciclagem. 1.4 Método da Pesquisa O método de trabalho é constituído de pesquisa bibliográfica sobre a problemática do lixo, dos enfoques da gestão ambiental nas Instituições de Ensino

7 Superior, o Desenvolvimento Sustentável, da Logística Reversa e dos Sistemas de Gestão Ambiental (norma ISO 14000). É também empregado o estudo bibliográfico da Logística Reversa para realizar uma análise que possa ser aplicada como técnica para a gestão ambiental das universidades. O estudo bibliográfico compreende pesquisas em referências básicas, publicações, teses em bibliotecas, bancos de dados e sites de internet. É importante destacar que, na literatura pesquisada, não se encontraram aplicações da Logística Reversa em empresas de serviços, especialmente nas Instituições de Ensino Superior. Para a análise da teoría proposta, foi utilizado o método de estudo de caso através do projeto piloto de coleta seletiva no campus da UENF. A natureza da pesquisa pode ser classificada como aplicada (já que objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos). Pela forma de abordagem, a pesquisa é quantitativa (porque procura traduzir em números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las). Pelos seus objetivos é exploratória (já que procura proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses). 1.5 Estrutura do trabalho Inicialmente, no Capítulo 2 são discutidas questões ambientais e o Desenvolvimento Sustentável, frisando a necessidade do uso de tecnologias limpas nos processos produtivos. Assim, a Logística Reversa é apresentada como uma tecnologia limpa necessária para implementar um Sistema de Gestão Ambiental. Este capítulo apresenta ainda a Gestão de Resíduos Sólidos no Brasil e as legislações que promovem a implantação da logística reversa. O Capítulo 3 discorre sobre o papel das universidades para o Desenvolvimento Sustentável. Apresenta-se também uma descrição das experiências de coleta seletiva implementadas em algumas universidades brasileiras que visam a

8 preservação ambiental e a recuperação de valor dos resíduos, delineando o caminho para o estabelecimento de um Sistema de Gestão Ambiental nas universidades. O Capítulo 4 apresenta o campus da UENF (objeto do estudo) fazendo um levantamento de informação sobre a geração de resíduos e suas principais características. Apresenta-se o diagnóstico da situação atual, o planejamento e os resultados obtidos a partir da intervenção do projeto piloto de coleta seletiva no campus, além de identificar os beneficios que a gestão de resíduos pode trazer para a qualidade do ambiente do trabalho e a potencialidade para equacionar problemas sociais em torno da problemática do lixo, propondo a realização de projetos sociais na universidade. O Capítulo 5 apresenta as conclusões do estudo e as recomendações para novos trabalhos ligados ao tema.

9 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Introdução A questão ambiental está se tornando cada vez mais parte importante nas agendas das empresas públicas e privadas, do poder público, das instituições de ensino e da comunidade em geral. A globalização dos negócios, a conscientização crescente dos atuais consumidores e a disseminação da educação ambiental permitem antever que a exigência futura que farão os consumidores em relação à preservação do meio ambiente e à qualidade de vida deverá intensificar-se (Pereira, 2005b). A razão disso é a avaliação do modelo de desenvolvimento econômico adotado pelo mundo desde a revolução industrial. Dito modelo se sustenta na premissa de que são infinitas a disponibilidade de recursos naturais e a capacidade do meio ambiente em absorver a poluição gerada pela exploração e pelo uso destes recursos. No entanto, hoje, após inúmeros sinais de que o meio ambiente não está mais dando conta de processar a carga de poluentes que recebe, nem de fornecer recursos, conclui-se que este modelo precisa ser repensado (Braga et al., 2002). A respeito, as legislações cada vez mais severas e a pressão da população estão incentivando a prática de novas formas de produzir, consumir e descartar produtos. Assim, o conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS) sugere a aplicação de tecnologias limpas nos processo de produção, com a finalidade de minimizar resíduos, considerando todo o ciclo de vida do produto. Neste contexto, a logística reversa trata dos canais reversos de distribuição utilizados no retorno dos produtos do consumidor ao fabricante, seja para reparo, substituição ou remanufatura e se ocupa também do planejamento e das atividades ligadas à redução, gerenciamento e disposição de resíduos pós-consumo. Neste capítulo, desenvolvem-se com maiores detalhes estes conceitos para que se possam compreender os problemas referentes ao meio ambiente e às operações logísticas reversas nas organizações.

10 2.2 Desenvolvimento Sustentável Os impactos resultantes das atividades humanas são os que causam os mais sérios problemas sanitários e ambientais do mundo moderno. A história do lixo pertence à própria história da civilização, pois o homem é o único ser vivo que não consegue ter seus dejetos inteiramente reciclados pela natureza, provocando impactos no meio ambiente. A problemática do lixo urbano decorre basicamente de dois fatos importantes: por um lado, a concentração da população nas áreas urbanas e, por outro, o ciclo de vida cada vez mais curto dos bens de consumo, que, somados, resultam em quantidades de lixo difíceis de gerenciar. Simultaneamente, a ausência de uma política de gestão por parte do poder público para o tratamento adequado dos resíduos industriais e domésticos, provoca a contaminação do ar, do solo e da água, entre outros impactos. Isto não é mais do que o resultado do atual modelo de crescimento econômico que gera enormes desequilíbrios ambientais; e que pode ser representado pelo seguinte diagrama1. Diagrama 1: Modelo Linear de Desenvolvimento Econômico Energia Recursos Naturais Processamento Modificação Recursos Transporte Distribuição Consumo Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto Fonte: Braga, 2002: Introdução à Engenharia Ambiental, pág. 47 Como se pode observar, o modelo representa um sistema aberto que depende de um suprimento contínuo e inesgotável de matéria e energia e que, depois de utilizada é devolvida ao meio ambiente (jogada fora). Para que tal modelo possa ter sucesso de desenvolvimento, ou seja, para que os seres humanos garantam sua sobrevivência, as seguintes premissas teriam que ser verdadeiras (Braga et al., 2002):

11 suprimento inesgotável de energia; suprimento inesgotável de matéria; capacidade infinita do meio ambiente de reciclar matéria e absorver resíduos Podemos admitir que o uso de energia é inesgotável, já que o Sol é uma estrela que ainda poderá fornecer energia à Terra por 5 bilhões de anos. Em relação aos recursos naturais, a premissa não se verifica, já que sua quantidade é finita e conhecida. Quanto à capacidade de absorver e reciclar matéria ou resíduos, a humanidade tem observado a existência de limites no meio ambiente, e tem de conviver com níveis indesejáveis e preocupantes de poluição do ar, da água e do solo e com a conseqüente deterioração da qualidade de vida. (Braga et al, 2002c). Diante desta problemática ambiental, o DS procura conciliar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental. Sua definição, segundo o Relatório Brundtland de 1987, aprovado pela ONU, diz o seguinte: O DS é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. Nesse relatório definiu-se também, três princípios essenciais a serem cumpridos: desenvolvimento econômico, proteção ambiental e eqüidade social, sendo que, para cumprir estas condições, reconheceram-se indispensáveis mudanças tecnológicas, sociais e culturais. Este modelo de DS deve funcionar como um sistema fechado, tornando os processos produtivos menos poluidores (diagrama 2). Este novo modelo se sustenta nas seguintes premissas: Dependência do suprimento externo contínuo de energia (Sol); Uso racional da energia e da matéria com ênfase na conservação, em contraposição ao desperdício; Promoção da reciclagem e do reuso dos materiais; Controle da poluição, gerando menos resíduos para serem absorvidos pelo ambiente; Controle do crescimento populacional em níveis aceitáveis, com perspectivas de estabilização da população.

12 Diagrama 2: Modelo de Desenvolvimento Sustentável Energía Recursos Naturais Processamento Modificação Recursos Transporte Distribuição Consumo Recuperação do Recurso Impacto minimizado pela restauração ambiental Fonte: Braga, B. et al (2002) Introdução à Engenharia Ambiental, pág. 48 Como se pode observar no modelo proposto por Braga et. al (2002), o paradigma da produção com impacto ambiental zero nem sempre se pode atingir em 100%, mas se, se adiciona na cadeia de produção o que é chamado de tecnologias limpas, podem-se conseguir resultados menos agressivos do que no modelo anterior, fazendo com que os sistemas de produção sejam mais compatíveis como o meio ambiente e possibilitando que o desenvolvimento ocorra dentro de um modelo sustentável. Dessa forma, as tecnologias limpas tornam-se importantes ferramentas do DS e estarão ocupando, com certeza, o mercado de tecnologias do futuro. 2.3 Tecnologias Limpas As tecnologias limpas são metodologias ou processos de produção desenhadas para serem menos poluidoras e menos consumidoras de energia que as tradicionalmente utilizadas pelas empresas. (Hiwatashi, 1998) A mudança no paradigma ambiental sugerido pelo DS induz as empresas a voltarem-se para a origem da geração de seus resíduos sólidos, as emissões atmosféricas e seus efluentes líquidos, buscando soluções nos seus próprios processos produtivos, minimizando, assim, o emprego de tratamentos convencionais de fim-de-tubo (atuação reativa), muitas vezes onerosos e de resultados não definitivos para os resíduos. Constatar essa oportunidade faz com que os centros de pesquisa do mundo inteiro desenvolvam novas técnicas, no sentido de aprimorar a

13 eficácia dos processos, visando a redução ou eliminação da geração de resíduos e desperdícios durante o uso de matérias primas, entre outras ações. Segundo o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (2003), minimizar resíduos e emissões também significa aumentar o grau de emprego de insumos e energia usados na produção, isto é, produzir itens utilizáveis e não resíduos, garantindo processos mais eficientes. Para a empresa, a minimização de resíduos não é somente uma meta ambiental, mas, principalmente um programa orientado para aumentar o grau de utilização dos materiais, com eficiência, vantagens técnicas e econômicas. A aplicação de tecnologias limpas apóia-se na aparição de novas regulamentações ambientais, em especial as referentes aos resíduos, que vêm obrigando as empresas a operar considerando todos os possíveis impactos que sua produção possa causar ao meio ambiente. Nesses processos limpos a logística reversa intervém com uma série de atividades, administrando as devoluções dos materiais e/o produtos pós-venda ou pós-consumo. Estes produtos e embalagens pós-consumo podem retornar ao fornecedor, ser revendidos, recondicionados e reciclados ou simplesmente descartados e substituídos. Neste contexto, podemos identificar a logística reversa como uma tecnologia limpa relevante para implantar programas de produção e consumo sustentáveis e que tem como objetivo eliminar a poluição e o desperdício associados a materiais e produtos. 2.4 Logística Reversa A logística reversa pode ser definida como o planejamento, operação e controle do fluxo e de sistemas de informação logística, para o retorno de bens, por meio de diversos canais reversos. Objetiva a redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reutilização de materiais, reforma e remanufatura, sempre com a visão da cadeia desde o ponto de consumo até o ponto de origem, visando maximizar a satisfação dos clientes (Rogers et al., 1999).

14 Existem diversas definições e citações de logística reversa que revelam que o conceito ainda está em evolução face às novas possibilidades de negócios relacionados ao crescente interesse por parte das empresas. Leite (2002) define logística reversa como a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo, e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pósvenda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, através dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros. Diagrama 3 : Foco de Atuação da Logística Reversa Comércio - Indústria Bens Pós-Venda Resíduos Industriais Bens Pós-Consumo Qualidade Comerciais Substituição de Componentes Fim de Vida Ùtil Em Condições de Uso Conserto Reforma Estoques Validade Desmanche Componentes Reuso Mercado 2da Mão Retorno ao Ciclo de Negócios Disposição Final Reciclagem Remanufatura Mercado Secundário de Bens Mercado Secundário de Matérias Primas Mercado Secundário de Componentes Retorno ao Ciclo Produtivo Fonte: Leite (2003) Logística Reversa: Meio Ambiente e Competitividade pág 19

15 Como se pode apreciar no diagrama 3, Leite (2003) propõe para as questões de retorno, duas formas de recuperação dos bens, classificando-as em Logística Reversa de Pós-Venda e Pós-Consumo. A Logística Reversa de Pós-Venda planeja, opera e controla o fluxo de retorno dos produtos após serem entregues aos usuários, agrupados nas seguintes seções foco: Garantia/Qualidade, Comerciais e de Substituição de Componentes. A Logística Reversa de Pós-Consumo planeja, opera e controla o fluxo de retorno dos produtos após perderem sua utilidade ou seus materiais constituintes, classificados em função de seu estado de vida e origem: Em condições de uso, Fim de vida útil, e Resíduos Industriais. Os produtos pós-consumo (foco do trabalho e que será aprofundado na dissertação) originam-se de bens duráveis e semi-duráveis (aparelhos de TV, geladeiras etc.) ou descartáveis (latas de refrigerantes, pneus, embalagens, etc.) e fluem por canais reversos de reuso, desmanche e reciclagem até a destinação final. Quando o consumidor descarta um produto, este é classificado como um bem de pós-consumo, entrando no fluxo reverso de uma cadeia produtiva. Desde que o objetivo da logística reversa pós-consumo é recuperar o valor do material ou componentes do produto descartado, incorporando-o ao processo produtivo ou encaminhando-o a um destino seguro, deve-se pensar em decidir por operações com o menor custo. Neste aspecto, o planejamento no nível operacional, deve partir desde o fluxo direto. Para Bowersox e Closs (2001), o ponto importante está no nível estratégico, que não poderá ser formulado sem uma consideração cuidadosa dos requerimentos para o fluxo de retorno. Em outras palavras, consideram a ACV do produto para que, desde o desenho e planejamento da produção se considerem a forma de descarte dos mesmos após o consumo. 2.4.1 A Logística Reversa e a Análise do Ciclo de Vida (ACV) ACV é um método utilizado para avaliar o impacto ambiental de bens e serviços. A ACV de um processo ou atividade é uma avaliação sistemática que quantifica os

16 fluxos de energia e de materiais no período de vida útil até seu descarte. A Environmental Protection Agency, dos Estados Unidos define a ACV como uma ferramenta para avaliar, de forma holística, um produto ou uma atividade durante todo seu ciclo de vida. (Munhoz et. al., 2003). Assim, a ACV de um produto ou serviço compatibiliza os impactos ambientais decorrentes de todas as etapas envolvidas: desde sua concepção mercadológica, planejamento, extração e uso de matérias-primas, gasto de energia, transformação industrial, transporte, consumo, até seu destino final - disposição em aterro sanitário, reciclagem, compostagem ou incineração. Desta forma, o acompanhamento da vida de um produto é feito de seu "berço ao túmulo". (CEMPRE, 2005) Dessa forma, a vida de um produto do ponto de vista logístico, não termina com sua entrega ao cliente. Produtos se tornam obsoletos, danificados, ou não funcionam e devem retornar ao seu ponto de origem para serem adequadamente descartados, reparados ou reaproveitados. Portanto, no ciclo de vida de um produto, consideram-se dois fluxos: um fluxo direto (logística direta), desde o fornecimento de matéria prima até a colocação do produto ao consumidor; e um fluxo reverso (logística reversa) que traz de volta o produto pós-consumo, incorporando-o ao processo produtivo ou encaminhando-o a um destino final adequado, protegendo o meio ambiente. (diagrama 4) Diagrama 4 : Ciclo de Vida dos Produtos e a Logística Reversa Fonte: Collaborative Research Center 281- em http://www.numa.org.br/vworkshop%20ama.htm acessado em agosto 2005

17 Em conseqüência, expande-se a visão da logística para uma visão integrada, através da qual se busca diminuir os impactos ambientais associados a todas as fases de seu ciclo de vida. Bowersox e Closs (2001) apresenta a idéia de Apoio ao Ciclo de Vida como um dos objetivos operacionais da logística moderna, referindose ao prolongamento da logística além do fluxo direto dos materiais e à necessidade de considerar os fluxos reversos dos produtos em geral. Neste contexto, assume-se o conceito de logística reversa como o fluxo no sentido contrário ao produtivo que operacionaliza os retornos dos produtos. 2.4.2 Logística Reversa e a Reciclagem de Ciclo Aberto e de Ciclo Fechado A logística reversa é o processo pelo qual o material reciclável será coletado, selecionado e entregue na indústria de revalorização. Os produtos pós-consumo podem seguir os canais da reciclagem, do desmanche ou do reuso. Dentre estes canais reversos, a reciclagem vem na última posição, em último lugar, isto porque, como ponto de partida, procura-se a redução e o reuso de materiais. O reuso de um determinado produto, por exemplo, o reuso de embalagens vazias, evita o consumo de outros produtos ou matérias-primas. Um exemplo típico desta prática era o reuso das embalagens retornáveis de refrigerantes. O reuso tem uma característica peculiar, que é o baixo consumo de energia e de insumos para sua realização, comparado com o processo de fabricação de um novo produto. Esta é uma grande diferença frente à reciclagem. A reciclagem é um processo, principalmente industrial, que converte o lixo descartado (matéria-prima secundária) em produto semelhante ao inicial ou outro. Assim, a reciclagem pode seguir dois tipos de processo de transformação dos materiais ou produtos descartados: reciclagem de ciclo fechado (semelhante ao inicial) e reciclagem de ciclo aberto (outro). Na reciclagem de ciclo fechado um produto é reciclado para produzir novos produtos do mesmo tipo, por exemplo: papel de jornal ou latas de alumínio, onde

18 a matéria-prima usada para sua produção é mesmo papel de jornal e lata de alumínio, respectivamente. Na reciclagem de ciclo aberto, os materiais descartados são transformados em diversos produtos, diferentes do original, para os quais, tem que se encontrar usos, como por exemplo, as garrafas PET. Este reaproveitamento gera novos produtos que depois de um tempo, se tornarão rejeitos novamente e não se poupa à fonte (natureza) que gera a matéria prima desse material. Uma tecnologia inovadora, inteiramente desenvolvida no Brasil, está provocando uma revolução na reciclagem de caixas longa-vida. O alumínio e o plástico presentes nestas caixas, antes destinados a ocupar espaço em aterros sanitários, agora estão sendo aproveitados para a produção de telhas para a construção civil. (Fome Zero, 2005) Neste exemplo, o reaproveitamento pode poupar matéria-prima na indústria de peças de construção civil, porém não se está poupando a matéria-prima usada na indústria de embalagens cartonadas (longa vida). Seguindo a estrutura dos processos de reciclagem de ciclo aberto e fechado, pode-se apreciar que na operacionalização dos fluxos reversos de retornorecuperação-reciclagem de qualquer produto ou material (de tipo industrial) são consideradas necessárias, para completar o retorno na cadeia de produção, as seguintes etapas: Coleta, Seleção, Consolidação, Revalorização e Transformação, (diagrama 5). Diagrama 5 : O Ciclo Aberto e O Ciclo Fechado da Reciclagem Abastecimento Produção Seleção/Consolidação Distribuição Coleta Uso CICLO FECHADO Materia-prima para a produção de produtos similareis Reuso Redistri buição Transformação Reciclagem Disposição Final CICLO ABERTO Matéria prima para a produção de produtos direferentes

19 No caso da reciclagem de ciclo fechado, Leite (2003) afirma que existe uma tendência de integração entre o fluxo direto e fluxo reverso. Isto porque a recuperação desses materiais específicos é economicamente estratégica para as empresas fabricantes do produto, ao contrário do que acontece com a reciclagem de ciclo aberto, onde existe uma menor tendência à integração nas etapas reversas de coleta, seleção, revalorização e transformação, em função da diversidade da origem de seus materiais. 2.4.3 Projeto de Implantação da Logística Reversa A logística reversa não é nenhum fenômeno completamente novo, e exemplos como o do uso de sucata na produção e reciclagem de vidro têm sido praticados há muito tempo. Entretanto, observa-se que a complexidade dos projetos de logística reversa têm aumentado consideravelmente pelos aspectos ambientais que devem ser incorporados. A classificação dos projetos, segundo os diversos tipos de Canais de Distribuição Reversos (CDR s), pode ser da seguinte maneira (quadro 1): Quadro1: Classificação dos Projetos de Logística Reversa segundo os Canais de Distribuição Reversos Tipo de Bem Disponibilizado Forma de Reaproveitamento Ciclo que representam Nível de integração empresarial e participação Objetivos Ganhos de imagem corporativa Duráveis Semiduráveis Descartáveis Desmanche Re-uso Reciclagem Aberto Fechado Integrado: Empresas que administram todo o ciclo fechado de aproveitamento de matérias-primas para sua produção. Semi-Integrado: Empresas que executam o aproveitamento até a produção de matéria-primas secundárias disponibilizando-as para as empresas recicladoras. Não integrado: Empresas que utilizam outros agentes para a consecução das diferentes etapas de aproveitamento (coleta, triagem, produção). Econômico; Mercadológico; Legislativos; Prevenção de Riscos. Para o Consumidor e a Sociedade onde está inserida. Fonte: Adaptação de Leite (2003)

20 Segundo Leite (2000), na logística reversa pós-consumo deve-se estabelecer uma distinção entre os diversos fluxos ou CDR s, quanto ao tipo de bem disponibilizado e quanto à forma de reaproveitamento dos bens ou de seus materiais constituintes. Classificam-se os CDR s Pós-Consumo em bens duráveis, semiduráveis e descartáveis ou em CDR s de Re-uso, Desmanche e Reciclagem. Em cada um destes casos, o planejamento de um projeto de rede reverso de pós-consumo será significativamente diferente (diagrama 6). Diagrama 6 : Classificação dos Canais de Distribuição Reversos Durável Tipo de Bem Disponibilizado Semidurável Descartável Re-Uso Forma de Reaproveitamento Desmanche Reciclagem Fonte: Adaptação de Leite (2000) Produtos duráveis, com vida útil de alguns anos a algumas décadas, poderão ser disponibilizados no término de vida útil, quando o bem não apresenta interesse e funcionalidade de qualquer espécie, ou por obsolescência operacional, quando, embora em funcionamento, não apresenta interesse ao primeiro possuidor. No primeiro caso, a rede de distribuição reversa estará interessada no aproveitamento de seus materiais constituintes e em seus componentes eventuais, enquanto no segundo caso, o objetivo de projeto de distribuição reverso será o reaproveitamento do bem em uma extensão de sua utilidade. Os bens semiduráveis, com vida útil de alguns meses a dois anos, apresentam características intermediárias entre os duráveis e os descartáveis, sendo, portanto, considerados em cada caso específico. Ou seja, a rede reversa poderá se constituir de reaproveitamento de componentes ou de extensão de uso (re-uso) dos bens originais bem como de seus materiais constituintes.

21 Os bens descartáveis, de algumas semanas de vida útil, apresentam interesse na reciclagem dos materiais constituites dos mesmos, que poderão dar origem a produtos da mesma espécie ou de espécies diferentes do produto original. Pelo exposto, dependendo de como o processo de logística reversa é planejado e controlado, este terá uma maior ou menor eficiência. Alguns dos fatores identificados como sendo críticos e que contribuem positivamente para o desempenho do sistema de logística reversa (Lacerda, 2000) são apresentados a seguir: Quadro 2 : Fatores críticos para a eficiência do processo de logística reversa. Bons Controles de Entrada Sistemas de Informação Acurados Processos Mapeados e Formalizados Rede Logística Planejada Fonte: Lacerda (2000) Ciclo de Tempo Reduzido Relações Colaborativas Entre Clientes e Fornecedores i. Bons controles de entrada: É necessário identificar corretamente o estado dos materiais que serão reciclados e as causas dos retornos, para planejar o fluxo reverso correto ou mesmo impedir que materiais que não devam entrar no fluxo o façam. Por exemplo, identificando produtos que poderão ser revendidos, produtos que poderão ser recondicionados ou que terão que ser totalmente reciclados. O treinamento de pessoal é a questão chave para obtenção de bons controles de entrada. ii. Tempo de ciclo reduzidos: Tempo de ciclo refere-se ao tempo entre a identificação da necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de produtos, e seu efetivo processamento. Tempos de ciclos longos adicionam custos desnecessários porque atrasam a geração de caixa (pela venda de sucata, por exemplo) e ocupam espaço, dentre outros aspectos. A consideração correta deste item é fator de redução de custos e melhoria do nível de serviço.