DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA DIA 06/03/2015 Docente: TIAGO CLEMENTE SOUZA E-mail: tiago_csouza@hotmail.com
7.2 Integração - Enquanto as formas de interpretação partem de textos legais para alcançar, pelo interprete, o sentido da lei, na Integração, de forma inversa, não há texto como ponto de partida para o interprete. É exatamente a ausência de texto que permite ao interprete realizar a integração. - Analogia: inexistindo tratamento legal para o respectivo fato ou fenômeno social, deverá o interprete utilizar dos textos legais que tratam de casos semelhantes. Ex: Art. 207, CPC, para comunicação de HC; Número de testemunhas no caso de exceção de suspeição art. 407, único, CPC.
b) costumes: regras habitualmente praticadas, que se incorporam ao ordenamento jurídico, tornando-se obrigatórias, embora não previstas em lei c) princípios gerais de direito: postulados éticos que inspiram a formação de normas e a aplicação da legislação ao caso concreto, sem expressa previsão legal. Ex.: Ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza ou má-fé.
8. Aplicação da Lei Processual Penal 8.1. Introdução No tocante à aplicação da lei, será de fundamental importância saber a natureza da lei a ser aplicada, já que será este elemento que determinará o momento e a extensão da sua aplicação. 8.2. Aplicação da Lei Penal no Tempo - Problema: O processo iniciou sob a vigência de uma lei A. No meio do processo passa a vigorar a lei B. Qual lei deve ser aplicada?
- Art. 2 do CPP diz que: a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. - Princípio do tempus regit actum, do qual derivam dois efeitos: a) os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior consideram-se válidos; b) As normas processuais têm aplicação imediata, regulando o desenrolar restante do processo. * Princípio do efeito imediato ou princípio da aplicação imediata da lei processual penal.
- Irretroatividade: tem-se afirmado que a lei processual não pode ser aplicada se for prejudicial ao réu em confronto com a lei anterior face ao princípio da irretroatividade da lei mais severa. ** Doutrina moderna, segundo Mirabete, tem rechaçado tal entendimento porque, na hipótese, não há retroatividade já que a lei vai ser aplicada aos atos processuais que ocorreram a partir do início de sua vigência (não esta regulamento o fato criminoso pretérito, mas sim os atos processuais presentes). *** Segundo argumento diz que o art. 5, XL, CF, aplica-se tão somente às leis penais e não processuais.
- Normas mistas: que abrigam matéria penal e processual penal. São penais aquelas que versam sobre o crime, a pena, a medida de segurança, os efeitos da condenação e do direito de punir do Estado (ex.: extinção da punibilidade). São processuais as que regulam o processo. ** Caso em um preceito processual haja matéria penal aplica-se a ele os princípios que regem a lei penal, como a da irretroatividade da lei penal mais severa. Ex.: Embora as regras sobre ação penal e representação sejam leis processuais, quando regulamenta a representação, que pode gerar a decadência (ext. punib), não poderá retroagir, quando mais severa.
- Entretanto, poderá retroagir quando: exclui recurso, diminui os meios de defesa e etc., pois são matérias processuais e não penais. - Vigência e revogação: em princípio, a lei é elaborada para vigorar por tempo indeterminado. Após a publicação a lei passa pela vacatio legis, destinado a dar tempo ao conhecimento dela aos cidadãos (45 dias, quando a lei não dispõe de forma contrária; 3 meses para a sua aplicação nos Estados Estrangeiros). Encerra-se a vigência com a sua revogação (expressa ou tácita), que poderá ser parcial (derrogação) ou total (ab-rogação). - Represtinação: não existe represtinação tácita, somente se a lei revogadora assim determinar.