Resumo Aula-tema 02: Orçamento Público O ORÇAMENTO PÚBLICO surgiu da necessidade de o Estado prestar melhores serviços à população, canalizando as energias sociais para o desenvolvimento nacional, prevenindo os desequilíbrios que podem interferir na vida econômica governamental, protegendo e aumentando o bem estar geral. Para que isto ocorra, o Estado é forçado a apropriar-se de parcelas cada vez mais crescentes dos recursos coletivos e redistribuí-las segundo planejamentos pré-estabelecidos, para alcançar os objetivos comuns a toda sociedade. O orçamento tornou-se, assim, um instrumento apropriado para redistribuir os recursos sociais, bem como uma ferramenta indispensável que o poder público possui, para analisar e corrigir o desequilíbrio de investimentos que assim podem ser direcionados a setores mais remunerativos, ou seja, que vislumbrem os olhos, investimentos em setores que, pela própria natureza, ou não produzem dividendos compensadores, como certos serviços de utilidade pública, ou só os produzem depois de longo período de evolução. Planejamento, atualmente, é a palavra de ordem na administração pública, principalmente com a vinda salutar da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC-101/00) em conjunto com a Lei n.º 10.028/00 que criou as responsabilidades Penais, Pecuniárias e Financeiras aos agentes políticos detentores de mandato eletivo, como é o caso dos Prefeitos Municipais, Presidentes de Câmaras e determinados servidores envolvidos diretamente com a gestão financeira local. O propósito principal do planejamento é estabelecer, com base em políticas públicas predefinidas, a forma pela qual se deve adequar a oferta à demanda por serviços públicos em um horizonte de tempo determinado, estabelecendo-se os objetivos e metas a serem cumpridos e, para tal, dimensionando-se os recursos físicos, humanos e financeiros. As fases do planejamento público, conforme o art. 165 da Constituição Federal, divide-se em três etapas: I. Plano Plurianual (PPA): é o processo de planejamento e orçamentação que define as prioridades do governo e que tem características orçamentárias. Tem seu início no primeiro ano de mandato do poder
II. III. executivo, que deverá elaborar o Plano Plurianual (PPA) para quatro exercícios, a contar do segundo ano de mandato e com vigência para até o primeiro ano do mandato seguinte. Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): é considerada um instrumento imprescindível ao planejamento da administração, em que devem constar as metas e prioridades da administração, incluindo as despesas de capital e outras despesas delas decorrentes; as orientações para elaboração e execução da lei orçamentária anual LOA; as políticas das agências financeiras oficiais de fomento 1 ; as disposições sobre alterações na legislação tributária; a autorização específica para aumento de despesa de pessoal ou alteração de sua estrutura; e os Anexos de Metas Fiscais e de Ricos Fiscais. Lei Orçamentária Anual (LOA): é neste orçamento que consta a intenção do governo no que se refere à arrecadação dos recursos necessários para cumprir as metas de aplicações, como por exemplo, continuidade ou início de novas obras; aquisição de equipamentos; pagamento de pessoal; pagamento de dívidas. Ao mesmo tempo, são demonstrados os gastos com as funções governamentais como: educação, saúde, habitação e administração. A Lei de Responsabilidade Fiscal acrescenta em seu artigo 5º, que o Projeto de Lei Anual: deverá ser elaborado de forma compatível com o Plano Plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias; deverá conter demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes no Anexo de Metas Fiscais da LDO; será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito sobre as receitas e despesas decorrentes de renúncia de receita, e de documento contendo medidas de compensação do aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado; 1 Este item refere-se principalmente às ações dos Governos Federal e Estadual, por meio de suas instituições financeiras.
conterá reserva de contingência para atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos; deverá registrar o refinanciamento da dívida pública separadamente na lei orçamentária e nas leis de crédito adicional; vedará a consignação na LOA de crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada; determinará que não consignará dotação para investimento com duração superior ao exercício financeiro que não esteja previsto no PPA ou em lei que autorize a sua inclusão. Tendo o orçamento público a função de servir como instrumento de controle das atividades econômico-financeiras do Governo, tem que estar vinculado a determinadas regras ou princípios orçamentários, para uma melhor transparência em sua elaboração e posterior execução. Os princípios orçamentários são divididos em: Programação: o orçamento deve ter o conteúdo e a forma de programação; Unidade: o orçamento deve ser único, isto é, deve existir apenas um orçamento e não mais que um para cada exercício financeiro; nele devem constar todas as receitas previstas e as despesas fixadas, de modo a demonstrar, no confronto dos saldos, ao final do exercício, se há equilíbrio, superávit ou déficit; Universalidade: o orçamento deve incluir todos os aspectos do programa de cada órgão, principalmente aqueles que envolvam qualquer transação financeira e econômica; Anualidade: o orçamento deve ter o período de um ano; Exclusividade: o orçamento deve evitar incluir normas relativas a outros campos jurídicos e, portanto, estranhas à previsão da receita e fixação da despesa; Clareza: o orçamento deve ser expresso de forma clara e ordenada; Equilíbrio: o orçamento deverá manter equilíbrio, do ponto de vista financeiro, entre os valores de receita e despesa.
O orçamento, embora seja anual, não pode ser concebido ou executado isoladamente do período imediatamente anterior e do posterior, pois sofre influências condicionais daquele que o precede, assim como constitui uma base informativa para os futuros exercícios. Daí a necessidade de compreensão do Ciclo Orçamentário, que representa a sequência das etapas do desenvolvimento do processo orçamentário, que são: elaboração; estudo e aprovação; execução; e avaliação. A elaboração do orçamento, em conformidade com o disposto na lei de diretrizes orçamentárias, compreende a fixação de objetivos concretos (plano de governo) para o período considerado, bem como o cálculo dos recursos humanos, materiais e financeiros, necessários para a sua materialização. A fase do estudo e aprovação é de competência do Poder Legislativo, e o seu significado está configurado na necessidade de que o povo, através de seus representantes, intervenha na decisão de suas próprias aspirações, bem como na maneira de alcançá-las. A execução do orçamento constitui, no processo de planejamento integrado, a concretização anual dos objetivos e metas determinados para o setor público e implica a mobilização de recursos humanos, materiais e financeiros. A avaliação refere-se à organização, aos critérios e trabalhos destinados a julgar o nível dos objetivos fixados no orçamento e as modificações nele incorridas durante a execução; à eficiência com que se realizam as ações empregadas para tais fins e o grau de racionalidade na utilização dos recursos correspondentes. O orçamento-programa, sistema de orçamentação adotado no Brasil, é aquele que apresenta os propósitos, objetivos e metas para as quais a administração solicita os fundos necessários, identifica os custos dos programas propostos para alcançar tais objetivos e os dados quantitativos que medem as realizações e o trabalho realizado dentro do programa. É uma sistemática para ordenar a aplicação dos recursos financeiros, visando objetivos definidos, dentro de uma programação e um planejamento coordenado.
Também é considerado como um instrumento que cumpre o propósito de combinar os recursos disponíveis no futuro imediato para consecução dos objetivos de longo e médio prazo. O processo de planejamento-orçamento desenvolve-se através dos seguintes passos: o Determinação da situação; o Diagnóstico da situação; o Estabelecimento de prioridades; o Apresentação de soluções / alternativas; o Definição dos objetivos; o Determinação das atividades para concretização dos objetivos; o Determinação dos recursos humanos e financeiros. O orçamento por programas tem por características plano de trabalho; aplicação dos recursos com objetivos definidos; objetivos e metas para os quais se solicitam as dotações necessárias; identificação do custo dos programas propostos; dados quantitativos que medem as realizações e o esforço realizado em cada programa; evolução da conceituação tradicional de orçamento; instrumento de programação econômica. Já o orçamento à base zero é basicamente um orçamento por programas, utiliza-se de todo processo operacional de planejamento e orçamento, fundamentado na preparação de pacotes de decisão, para a escolha do nível de objetivo ditado pela ponderação de custo e benefícios. O pacote de decisões deve requerer apenas os fundos necessários para manter as operações, absolutamente indispensáveis à manutenção dos serviços mínimos exigidos pela função, mas, geralmente, deve também apresentar níveis de incremento para manter os serviços presentes ou existentes, ou ainda executar serviços adicionais.
Conceitos Fundamentais Metas Fiscais: é o que se espera arrecadar, gastar e fazer sobrar. Sobrar, no caso, visando a pagar juros e o principal da dívida, seja ela flutuante ou permanente. Essa sobra é chamada de superávit primário. Orçamento: é um instrumento de planejamento utilizado tanto na área pública como nas empresas privadas - nestas últimas, mais difundidas entre empresas de médio e grande porte. As características de ambos basicamente é a mesma. É um instrumento de extrema importância ao serviço público que tem como características analisar e corrigir o desequilíbrio de investimentos que possam ser direcionados a setores mais carentes de serviços públicos. Programação: no contexto do orçamento, tem o mesmo significado que programar, que é selecionar objetivos que se procuram alcançar, assim como determinar as ações que permitam atingir tais fins e calcular e consignar os recursos humanos, materiais e financeiros, para a efetivação dessas ações. Riscos Fiscais: referem-se à ocorrência de pagamentos eventuais, que sobrevêm ao longo da execução orçamentária. Exemplo: ação judiciária que poderá elevar, muito, a despesa daqui a um ano. Referências KOHAMA, Hélio. Contabilidade Pública: teoria e prática. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. (PLT)