JUIZADOS ESPECIAIS (LEI 9.099/ 95)

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Transcrição:

JUIZADOS ESPECIAIS (LEI 9.099/ 95)

1. PREVISÃO CONSTITUCIONAL Art. 98, CF/88 - A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos orais e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; A doutrina faz uma distinção entre as infrações penais dividindo-as em: Infrações de pequena lesividade: todas as infrações penais de menor potencial ofensivo. Ex: ameaça (art. 147, CP), calúnia (art. 138, CP), todas as contravenções penais etc. Infrações de media lesividade: crimes médios que não chegam a ser graves, mas também não podem ser consideradas de pequena lesividade. Ex: furto (art. 155, CP), apropriação indébita (art. 168, CP), etc. Infrações de grande lesividade: são graves mas não são consideradas hediondas ou equiparadas. Ex: roubo (art. 157, CP), racismo (lei. 7.716/89), extorsão (art. 158, CP), etc. Infrações hediondas: Ex: tipificadas na lei 8.072/90 (latrocínio, homicídio qualificado, etc). 2. INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO: Atualmente é infração de menor potencial ofensivo os crimes com pena máxima de 2 anos e todas as contravenções penais cominadas ou não com pena de multa. (Art. 61; lei 9.099/95) Art. 61, Lei nº 9.099/95 - Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Obs: qualificadoras, causas de aumento de pena e causas de diminuição de pena serão levadas em consideração para o conceito de infração de menor potencial ofensivo, as agravantes e as atenuantes, assim como as hipóteses de concurso de crimes não serão levadas em consideração. 3. JURISDIÇÃO CONFLITIVA X JURISDIÇAÕ CONSENSUAL A partir do momento que os juizados são criados, passase a ter a possibilidade da transação penal sendo utilizada no processo penal. JURISDIÇÃO CONSENSUAL Busca do consenso ex. transação penal, composição civil dos danos e suspensão condicional da pena. Penas de multa e/ou restritivas de direitos Princípios orientadores do MP: há uma mitigação aos princípios da obrigatoriedade e da indisponibilidade, a doutrina chama de discricionariedade regrada. JURISDIÇÃO CONFLITIVA Existência de um conflito entre acusação e defesa Penas privativas de liberdade Princípios orientadores do MP: obrigatoriedade, indisponibilidade. Para o STF, a jurisdição consensual no processo penal está autorizada pela própria CF (art. 98, I, da CF). 4. PRINCÍPIOS ORIENTADORES DOS JUIZADOS ESPECIAIS: 4.1 Oralidade: significa os atos processuais serão praticados oralmente, somente sendo reduzidos a termo os essenciais. 4.2 Informalidade: não serão cercados de rigor formal. 4.3 Economia processual: devem ser praticados no maior número, no menor espaço e maneira menos onerosa. 4.4 Celeridade: visa a rapidez e eficiência do ato. 5. PROCEDIMENTOS PROCESSUAIS (art. 394, CPP) 5.1 Procedimento comum ordinário: processa e julga crimes com penas iguais ou superiores a quatro anos. 5.2 Procedimento comum sumario: processa e julga crimes com penas inferiores a quatro anos. 5.3 Procedimento comum sumaríssimo: processa e julga as infrações de menor potencial ofensivo. 2

Art. 394, CPP - O procedimento será comum ou especial. 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: I ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; II sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; III sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. 6. RESTRIÇÕES A APLICAÇÃO DA LEI 9.099/95. Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06): o artigo 41 da lei Maria da Penha veda expressamente a aplicação da lei dos juizados especiais. Justiça Militar: e vedado expressamente na lei dos juizados especiais a aplicação dos institutos despenalizadores no âmbito da justiça militar. Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar. Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03): Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal O Estatuto do idoso não criou um novo conceito de infração de menor potencial ofensivo. Na verdade, aos crimes previstos na Lei 10741/03, cuja pena máxima não ultrapasse 4 anos, será aplicável tão somente o procedimento sumaríssimo, previsto entre os artigos 77 e 83 da Lei 9099/95 Competência Originária dos Tribunais: é perfeitamente possível a aplicação dos institutos despenalizadores a serem aplicados perante o respectivo tribunal. Justiça Eleitoral: é possível a incidência dos institutos despenalizadores, salvo em relação as penas que contam com um sistema punitivo especial (ex. cassação de registro). 7. COMPETÊNCIA TERRITORIAL Art. 70, CPP - A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. No JECRIM, adota-se a teoria da atividade art. 63 da Lei 9099/95: Art. 63, Lei 9099/95 - A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal. 8. CAUSAS MODIFICATIVAS DA COMPETÊNCIA: 8.1 Impossibilidade de citação pessoal do acusado Nos juizados não cabe citação por edital. Mesmo sendo encontrado o acusado na justiça comum, não será restabelecida a competência do juizado. Art. 66, Lei 9099/95 - A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado. Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei. OBS.1: cabe carta precatória, rogatória ou citação por hora certa nos juizados? R.: Cabe carta precatória! Não cabe carta rogatória (procedimento muito lento para o rito dos juizados). OBS.2: Não há muito entendimento ainda sobre o cabimento da citação por hora certa no juizado. Prevalece entendimento que, não caberia citação por hora certa. 8.2 Complexidade da causa Um crime que demande um exame pericial mais complexo, um crime com várias pessoas envolvidas etc. Art. 77 2º da lei 9.099/95: Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei. Obs: ocorrendo modificação da competência será obedecido o procedimento comum sumário. A competência territorial no CPP é fixada de acordo com o art. 70 do CPP lugar da consumação da infração teoria do resultado: 3

Art. 538 do CPP: Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 9. LAVRATURA DO TERMO CIRCUNSTANCIADO Nos crimes de menor potencial ofensivo, não há necessidade de inquérito policial. Trata-se de um relatório sumário da infração de menor potencial ofensivo contendo a identificação das partes envolvidas, a menção do delito praticado e indicação de provas e testemunhas. Art. 69 da lei 9.099/95: A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. 10. PRISÃO EM FLAGRANTE NA INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO A prisão em fragrante é um ato complexo que se inicia com a captura, após existira a condução coercitiva e a lavratura do auto, com o recolhimento a prisão. Em se tratando de infração de menor potencial ofensivo, existe a captura e a condução coercitiva e ao invés de se lavrar o auto de prisão em flagrante, será lavrado um TCO. A lavratura do TCO está condicionada ao comparecimento imediato ao juizado ou a assunção do compromisso de a ele comparecer. Art. 69, Parágrafo único da lei 9.099/95. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. OBS.: Na lei Maria da Penha não se aplica as medidas da Lei 9099/95, logo, imporá prisão em flagrante. 11. COMPOSIÇÃO DOS DANOS CIVIS Consiste em um acordo entre a vítima e o infrator, pelo qual o segundo paga um valor a título de indenização por danos morais ou materiais. Somente é possível nas infrações que acarretam prejuízos materiais ou morais à vítima. Obs: Obtida a conciliação, será homologada em sentença irrecorrível e terá eficácia de título executivo a ser executado no juízo cível competente. Se o acordo não passar de 40 salários mínimos, ele será executado no próprio juizado (cível). Obs: Se for um crime de ação penal privada ou de ação penal pública condicionada à representação, a composição dos danos civis trará como consequência a renúncia ao direito de queixa ou de representação. Art. 74, da lei 9.099/95. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. 12. TRANSAÇÃO PENAL Consiste em um acordo entre o titular da ação e o autor do fato delituoso, pelo qual o primeiro propõe ao segundo a aplicação imediata de uma pena não-privativa de liberdade, dispensando-se a instauração do processo. Art. 76 da lei 9.099/95. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e 4

suficiente a adoção da medida. 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz. 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei. 6º A imposição da sanção de que trata o 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível. 2. Estarem presentes os requisitos que autorizem a suspensão condicional da pena artigo 77 do CP: Art. 77, CP - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;(redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 13. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO 13.1 Conceito Trata-se de um instituto despenalizador criado como alternativa à pena privativa de liberdade, por meio do qual se autoriza a suspensão do processo por determinado período e mediante certas condições. 13.2 Iniciativa A iniciativa para propor a suspensão condicional do processo é exclusiva do MP (titular da ação penal pública). Não pode ser concedida de ofício pelo juiz, pois não se trata de direito subjetivo do acusado. Se o juiz não concorda com a posição do MP deve aplicar o artigo 28 CPP súmula 696 STF: Súmula 696 do STF :Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao procurador-geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do código de processo penal. Em se tratando de atribuição originária do PGR, o juiz é obrigado a acatar a manifestação do chefe do MP (STF, HC 83458). 13.3 Requisitos 1. Não estar sendo processado ou não ter sido condenado por outro crime (não abrange contravenção). Para a jurisprudência essa condenação estaria sujeita ao lapso temporal de 5 anos (STF, HC 88157); 13.4 Condições 1. Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; 2. Proibição de frequentar determinados lugares; 3. Proibição de ausentar-se da comarca onde reside sem autorização do juiz; 4. Comparecimento pessoal e obrigatório em juízo mensalmente. 13.5 Período de prova: Ele varia de 2 a 4 anos. 13.6 Revogação A doutrina subdivide em: A) Obrigatória A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. B) Facultativa A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta. Para os Tribunais a suspensão condicional do processo é automaticamente revogada se no período probatório o acusado descumpre as condições impostas pelo juiz. Sendo a decisão meramente declaratória, não importa que seja proferida somente depois de expirado o prazo de prova. 5

13.7 Extinção da punibilidade Decorrido o período de prova sem que tenha ocorrido revogação, estará extinta a punibilidade. 13.8 Prescrição Não corre prescrição durante o período de suspensão do processo. Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazêlo; II - proibição de frequentar determinados lugares; III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta. 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo. 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos. 6