Autor(es) KARINA AMORIM PAES. Co-Autor(es) CYNTHIA REGINA MARTINS LEITE PAULA ALLEONI SILVA MARIA CLARA FINISGUERRA ARCIENEGA DANIELA GARBELLINI

Documentos relacionados
Autor(es) CYNTHIA REGINA MARTINS LEITE. Co-Autor(es) KARINA AMORIM PAES PAULA ALLEONI SILVA. Orientador(es) DANIELA GARBELLINI. 1.

QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS PORTADORES DE MIELOMENINGOCELE

A FISIOTERAPIA NO DESEMPENHO FUNCIONAL DE CRIANÇAS COM MIELOMENINGOCELE: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Desempenho funcional de crianças com mielomeningocele Functional performance of children with myelomeningocele

PERFIL FUNCIONAL DOS PACIENTES COM AVE ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO E NA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UFPB

RESUMO. Mariana de Melo Vaz, Flávia Martins Gervásio, Acácia Gonçalves Ferreira Leal, Darlan Martins Ribeiro, João Alírio Teixeira Silva Júnior

Independência funcional de crianças de um a quatro anos com mielomeningocele

Avaliação da Abordagem Fisioterapêutica no Tratamento de Paciente Pediátrico Portador de Mielomeningocele

Prof Dr Marcelo Riberto. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo

GEP - GRUPO DE ESTIMULAÇÃO PRECOCE Criança de risco para atraso do desenvolvimento motor 30 vagas - 3 grupos de 10 crianças cada

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

AMPUTADOS/MI 2 X SEMANA

AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES FUNCIONAIS DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

Avaliação Inicial e Definição de Conduta Tratamento Avaliação final e conduta Avaliação de aptidão Avaliação clínica inicial (objetivos específicos)

Espinha Bífida. Dr. Fábio Agertt

DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM DE PACIENTES ADULTOS COM TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR EM USO DE CATETERISMO INTERMITENTE

Instruções para o questionário ABILOCO

AMPUTADOS/MI 1 x NA SEMANA Pré-Prótese e Pós-Prótese

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL

ANÁLISE DA AQUISIÇÃO DE HABILIDADES FUNCIONAIS EM CRIANÇAS ATENDIDAS NA ESTIMULAÇÃO PRECOCE RESUMO

14 semanas, podendo ser prorrogado de acordo com o ganho e necessidade do paciente.

ENFERMAGEM CUIDADOS DE ENFERMAGEM. Aula 3. Profª. Tatiane da Silva Campos

HERANÇA MULTIFATORIAL

TÍTULO: ANÁLISE DA SOBRECARGA FÍSICA E MENTAL EM CUIDADORES INFORMAIS DE INDIVÍDUOS DEPENDENTES

Fatores que influenciam o prognóstico deambulatório nos diferentes níveis de lesão da mielomeningocele

FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL EM UNIDADE DE AVC: APLICAÇÃO DE PROTOCOLO PADRONIZADO É POSSÍVEL

INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL NA LESÃO MEDULAR

INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NA INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL DE DEFICIENTES FÍSICOS

Caracterização dos Pacientes com Paralisia Cerebral Espástica Submetidos à Aplicação de Toxina Botulínica Tipo A

REFERENCIAL DE FISIOTERAPIA ATUALIZADA EM 01/01/2018. Terminologia Unificada da Saúde Suplementar TUSS Regulamentada pela ANS

USO DO PARAPODIUM COMO TECNOLOGIA ASSISTIVA PARA O ATENDIMENTO DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS

Influência do ambiente rural e urbano no desenvolvimento funcional de crianças de até seis anos de idade.

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM MIELOMENINGOCELE ACOMPANHADAS NO AMBULATÓRIO DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS- UFMG

AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE DE ADULTOS E IDOSOS COM SÍNDROME DE DOWN: DADOS DE UM ESTUDO PILOTO.

REFERENCIAL DE FISIOTERAPIA - ATUALIZADA 01/01/2016 Adequado à terminologia Unificada da Saúde Suplementar TUSS do Padrão TISS, regulamentado pela ANS

O impacto da cifose congênita nas habilidades de autocuidado na mielomeningocele de nível torácico

FATORES RELACIONADOS AO DESEMPENHO FUNCIONAL DE CRIANÇAS COM IDADE ENTRE CINCO E SETE ANOS

MIF - Medida de Independência Funcional. Jorge Laíns

Efeito moderador do risco social na relação entre risco biológico e desempenho funcional infantil

EFEITOS DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS EM DUPLA-TAREFA SOBRE O EQUILÍBRIO E A COGNIÇÃO DE MULHERES IDOSAS

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE MESTRADO EM DISTÚRBIOS DO DESENVOLVIMENTO

ÍNDICE DE DESVANTAGEM VOCAL NOS LARINGECTOMIZADOS TOTAIS

ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL DE PACIENTES COM MIELOMENINGOCELE EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO

PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS NA FASE INICIAL E INTERMEDIÁRIA DA DOENÇA DE PARKINSON ATRAVÉS DO PDQ-39

CORREÇÃO CIRÚRGICA INTRAUTERINA DA MIELOMENINGOCELE

COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO FUNCIONAL DE CRIANÇAS PORTADORAS DE SÍNDROME DE DOWN E CRIANÇAS COM DESENVOLVIMENTO NORMAL AOS 2 E 5 ANOS DE IDADE

15 Congresso de Iniciação Científica. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO MOTOR EM CRIANÇAS DE 0-12 MESES DE IDADE FREQüENTADORES DE CRECHE

ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DA FUNÇÃO MOTORA AOS 8 E 12 MESES DE IDADE EM CRIANÇAS NASCIDAS PRÉ-TERMO E A TERMO

COMUNICAÇÃO E RECURSOS AMBIENTAIS: ANÁLISE NA FAIXA ETÁRIA DE 1 A 3 ANOS.

Prejuízos Cognitivos e Comportamentais secundários à Epilepsia Autores: Thaís Martins; Calleo Henderson; Sandra Barboza. Instituição:Universidade

CARACTERÍSTICAS DE CRIANÇAS COM MIELOMENINGOCELE: implicações para a fisioterapia

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

O PERFIL DOS PACIENTES ATENDIDOS NA DISCIPLINA DE FISIOTERAPIA EM SAÚDE DA CRIANÇA EM UMA UNIDADE DE REABILITAÇÃO FÍSICA 1

O PAPEL DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA DE PACIENTES PORTADORES DE ESPINHA BÍFIDA

C (39,75±8,98) 78,2%. A

Keywords: International Classification of Functioning, Disability and Health, Children and Adolescents, Physioterapy

Cargo: Terapeuta Ocupacional (1 vaga) / Macaíba (RN)

IDENTIFICAR AS PATOLOGIAS OSTEOMUSCULARES DE MAIORES PREVALÊNCIAS NO GRUPO DE ATIVIDADE FÍSICA DO NASF DE APUCARANA-PR

Situação clínica: Tempo:

CORRELAÇÃO DO NÍVEL DA MIELOMENINGOCELE COM A FUNÇÃO MOTORA E O NÍVEL NEUROLÓGICO DO SEGMENTO MEDULAR

ESTIMULAÇÃO PRECOCE DE PREMATUROS E COM BAIXO PESO VISANDO A ADEQUAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO PACIENTE IDOSO INTERNADO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA

TÍTULO: CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM CATETERISMO VESICAL INTERMITENTE POR MITROFANOFF

CESUMAR, Maringá PR. Bolsista do Programa de Bolsas de Iniciação Científica do PROBIC/CNPq- Cesumar (PROBIC-Cesumar).

RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA NOS DISRAFISMOS ESPINAIS MÁRCIA REGINA DE SOUZA *, JOSÉ PÍNDARO PEREIRA PLESE* *, HAMILTONMATUSHITA***, ORILDOCIQUINI***

LEI LESÃO ENCEFÁLICA INFANTIL

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA TRAUMATO- ORTOPÉDICA METODOLOGIA DA

Autoria: Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO DE PACIENTES TRATADOS DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO

Data: 03/08/2014 NOTA TÉCNICA 157/2014. Medicamento Material Procedimento X Cobertura

O PERFIL DE DESEMPENHO OCUPACIONAL DE CRIANÇAS COM O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA CIDADE DE PELOTAS/RS JANSEN, F.B.¹; GUARANY, N.R.

PROCESSO SELETIVO PÚBLICO PARA RESIDENTES EDITAL Nº 04/2018 RETIFICAÇÃO

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Anais. IV Seminário Internacional Sociedade Inclusiva

Malformações do trato urinário

FRAGILIDADE E CAPACIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

O IMPACTO DA DOENÇA NEUROLÓGICA PÓS-ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

CARACTERIZAÇÃO DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM DOENÇAS CEREBROVASCULARES HC-UFG

APLICAÇÃO DO INVENTÁRIO DE AVALIAÇÃO PEDIÁTRICA DE DISFUNÇÃO (PEDI) EM CRIANÇAS PORTADORAS DE PARALISIA CEREBRAL

Determinação do grau de incapacidade em hansenianos não tratados *

INFLUÊNCIA DA GAMETERAPIA NA REABILITAÇÃO DE PACIENTE PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

REFERENCIAL DE FISIOTERAPIA - ATUALIZADA 01/01/2017 Adequado à terminologia Unificada da Saúde Suplementar TUSS do Padrão TISS, regulamentado pela ANS

Autores: Sousa RD ¹*, Almeida NDF ², da Silva HFF ³ Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS.

A QUALIDADE DE VIDA E OS COMPROMETIMENTOS APRESENTADOS EM IDOSOS COM DOENÇA DE PARKINSON QUE REALIZAM FISIOTERAPIA NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE - PB

SÍNDROME DE DOWN: MORBIDADE E MORTALIDADE

Repertório funcional de crianças com paralisia cerebral nos contextos domiciliar e clínico: relato de cuidadores e profissionais*

RELATO DE MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS DETECTADAS NO PRÉ NATAL DE GESTANTES EM ACOMPANHAMENTO NO HC DE GOIÂNIA

Avaliação do desenvolvimento infantil de criança filhas de mães soropositivas

17/08/2018. Disfagia Neurogênica: Acidente Vascular Encefálico

HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NA PERSPECTIVA DA SAÚDE

ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE MIELOMELINGOCELE: UM RELATO DE CASO

Nível de comprometimento e suportes requeridos CM CS CF CC SCAA SEP. Comprometimento e Suporte requerido

FISIOTERAPIA PEDIÁTRICA

PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGIO DOS PACIENTES COM LESÃO MEDULAR ATENDIDOS NO CENTRO DE ATENDIMENTO À DEFICIÊNCIA (CAD).

Protocolo: NARC - NEURO ADULTO REABILITAÇÃO CER - Crônico

USO DA ESCALAS MIF E SF-36 NO PROCESSO DE AUDITORIA,CONTROLE E AVALIAÇÃO DO SUS EM UM CENTRO DE REABILITAÇÃO FÍSICA DA CIDADE DE LONDRINA.

DEFEITOS DE FECHAMENTO DO TUBO NEURAL

A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO NO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS DE 0 A 1 ANO NO MUNICÍPIO DE NOVO ITACOLOMI-PR

Análise da demanda de assistência de enfermagem aos pacientes internados em uma unidade de Clinica Médica

Perfil dos nascidos vivos de mães residentes na área programática 2.2 no Município do Rio de Janeiro

CULTURA DE SEGURANÇA: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE ENSINO

Transcrição:

9º Simposio de Ensino de Graduação CARACTERIZAÇÃO DO DESEMPENHO FUNCIONAL DAS CRIANÇAS COM MIELOMENINGOCELE UTILIZANDO A INVENTÁRIO DE AVALIAÇÃO PEDIÁTRICA DE INCAPACIDADE (PEDI) Autor(es) KARINA AMORIM PAES Co-Autor(es) CYNTHIA REGINA MARTINS LEITE PAULA ALLEONI SILVA MARIA CLARA FINISGUERRA ARCIENEGA DANIELA GARBELLINI Orientador(es) MARILIA MANTOVANI S BARROS 1. Introdução Os defeitos do tubo neural são um grupo de anomalias congênitas complexas do sistema nervoso central. Normalmente tem origem na terceira semana gestacional, período em que ocorre o processo de neurulação (Padmanabhan e Rengasamy, 2006). Dentre as alterações clínicas que podem ocorrer neste período esta a mielomeningocele (MMC), caracterizada por um defeito no fechamento do canal vertebral com protusão do tecido nervoso, envolto por pele (Campbell et al., 1986; Padmanabhan e Rengasamy, 2006). A incidência de MMC no Brasil, é de 2,28:1000 nascidos vivos (Furlan et al., 2003; Sbragia et al., 2004), sendo que NASCIMENTO (2008) relata diferenças na prevalência de acordo com as regiões. A prevalência de disrafismos espinhais em nascidos vivos foi de 5:1.000 em Recife, Pernambuco, 4,73:1.000 em Minas Gerais e 1,2:1.000 em São José dos Campos, São Paulo. O Estudo Colaborativo Latino-Americano de Malformações Congênitas analisou cerca de 4 milhões de nascidos vivos entre 1967 e 1995 no Chile, observando defeitos de fechamento do tubo neural em 1,5 por 1.000 nascidos vivos. Já nos Estados Unidos, esta taxa cai para cerca de 1:1000 nascidos vivos (Lary e Edmonds, 1996; Snodgrass e Adams, 2004). Crianças e adultos com MMC apresentam diversas alterações funcionais relacionadas ao comprometimento sensorial e motor no nível da lesão e abaixo dela, que predominam na região lombossacral. Assim, a reabilitação freqüentemente enfatiza a melhora do déficit de locomoção apresentado pelas crianças com MMC, visando minimizar a dependência funcional. Porém, têm-se demonstrado que além do comprometimento sensorial e motor de membros inferiores (MMII), há alterações funcionais de membros superiores, baixo rendimento escolar e alterações de linguagem (Wills et al., 1990; Vachha e Adams, 2003; Norrlin et al., 2004). Associado as desordens citadas anteriormente, também podem ocorrer hidrocefalia. Esta última condição está presente em 80% dos casos de crianças com MMC (Valtonen, 2006). Trabalhando com crianças com MMC, os profissionais devem sempre imaginar que elas tornar-se-ão adultos, e que os princípios terapêuticos devem seguir o desenvolvimento destes indivíduos em relação ás necessidades de cada fase da vida (Alexander e Steg, 1989). Após revisão da literatura, pode-se observar que a maioria dos estudos refere-se aos achados clínicos e neurológicos, associado a descrição do desenvolvimento motor em relação ao nível neurológico e complicações associadas. Atualmente, a ênfase está na documentação do desempenho funcional da criança (Mancini et al., 2002). Porém, não existem dados sobre o impacto desta doença no

desempenho das crianças com MMC em atividades funcionais de vida diária em relação ao nível de assistência do cuidador. Desta forma, torna-se relevante caracterizar o perfil funcional destes pacientes por meio de uma escala padronizada e validada a população brasileira infantil (PEDI- Inventário da Avaliação Pediatríca de Incapacidade) 2. Objetivos Caracterizar o perfil funcional de crianças com mielomeningocele atendidas na clínica de Fisioterapia da UNIMEP 3. Desenvolvimento Os dados do Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapadidade (PEDI) foram coletados a partir dos prontuários das crianças com MMC atendidas no setor de Fisioterapia em Pediatria da clínica de Fisioterapia da UNIMEP. Esta avaliação padronizada, assim como outras, é realizada de forma sistemática na maioria dos pacientes da clínica de Fisioterapia da UNIMEP. Para divulgação das informações contidas neste estudo foi solicitado aos cuidadores consentimento após esclarecimentos acerca do estudo. O PEDI é administrado no formato de entrevista estruturada com um dos cuidadores da criança. Ele informa sobre o perfil funcional de crianças entre seis meses e sete anos e seis meses de idade, em três níveis de função: auto-cuidado, mobilidade e função social. O perfil funcional documentado pelo PEDI avalia as habilidades disponíveis no repertório da criança para desempenhar atividades e tarefas de sua rotina diária (Parte I), bem como o seu nível de independência ou a quantidade de ajuda fornecida pelo cuidador (Parte II) e as modificações do ambiente utilizadas no desempenho funcional (Parte III). A Parte I do teste avalia habilidades da criança em três escalas funcionais. A escala de auto-cuidado inclui 73 itens ou atividades funcionais, agrupadas nas seguintes tarefas: alimentação; higiene pessoal; banho; vestir/despir; uso do toilete; continência urinária e fecal. A escala de mobilidade inclui 59 itens ou atividades funcionais, agrupadas nas seguintes tarefas: transferências; locomoção dentro de um ambiente; locomoção em ambientes externos; uso de escadas. A escala de função social consiste de 65 itens agrupados nas seguintes tarefas: compreensão funcional; expressão funcional; resolução de problemas; brincar; auto-informação; orientação temporal; participação em tarefas domésticas; noções de auto-proteção; função na comunidade. Cada item, que constitui as escalas dessa parte, é avaliado com escore 1 (se a criança for capaz de desempenhar a atividade em sua rotina diária) ou escore 0 (se a criança não for capaz de desempenhá-la). Nessa primeira parte do teste PEDI, a pontuação dada aos itens que compõem cada escala é somada, resultando em um escore total bruto para cada área de função. A Parte II do teste PEDI avalia a independência funcional da criança, que é uma medida inversa da quantidade de ajuda ou assistência fornecida pelo cuidador no desempenho de oito tarefas de auto-cuidado, sete tarefas de mobilidade e cinco tarefas de função social. A quantidade de assistência do cuidador é mensurada em escala ordinal que varia de 0 (indicando necessidade de assistência total) a cinco (a criança é independente no desempenho), com graduações intermediárias indicando níveis intermediários de ajuda (máxima, moderada, mínima e supervisão). Da mesma forma, como na Parte I, a pontuação dada para as tarefas em cada uma das três áreas funcionais é somada, resultando em três escores totais brutos de independência. A Parte III do teste documenta a freqüência de modificações do ambiente utilizadas no desempenho das mesmas tarefas funcionais descritas acima (Parte II). Neste estudo, foram utilizadas somente as escalas das Partes I e II do teste. Estudos de validade e confiabilidade revelaram coeficientes elevados, indicando que esse é um teste válido e fidedigno (Haley et al., 2000; Feldman et al., 1990; Ganotti e Cruz, 2001). O escore total bruto obtido em cada escala pode ser transformado em escore normativo (percentil de desempenho) e em escore contínuo (obtido por meio de metodologia específica de transformação Rasch) (Mancini et al., 2002). Foi utilizado teste t para comparar os escores contínuos de habilidade funcional e assistência ao cuidador das 3 áreas: auto-cuidado, mobilidade e função social. 4. Resultado e Discussão A tabela 1 apresenta os resultados de caracterização da população estudada, totalizando 7 crianças com MMC que realizam acompanhamento fisioterapêutico na Clínica de Fisioterapia da UNIMEP, sendo 4 do gênero feminino e 3 do gênero masculino, com média de idade de 8,7anos (? 2,50). Alguns estudos americanos relatam ligeira predominância do sexo feminino, de 1,5:1 (Lary e Edmonds, 1996; Snodgrass e Adams, 2004), porém estudos nacionais não encontraram tal preponderância (Furlan et al., 2003; Sbragia et al., 2004). Este estudo encontrou ligeiro predomínio do sexo feminino (57%). As crianças também foram caracterizadas de acordo com a classificação proposta por Bartonek e cols (1999) que acreditam que a extensão das deficiências neurológicas em pacientes com mielomeningocele determina o nível de tratamento ortótico, fisioterapêutico e do tratamento cirúrgico, e prevê o prognóstico de deambulação. Desta forma, além do nível neurológico, esta classificação descreve o status esperado para a deambulação relacionado a força muscular (Tabela 2). Esta classificação em níveis também considera a classificação functional de marcha proposta por Hoffer (1973). Observando-se a tabela 1, em relação ao nível neurológico, temos:

14% das crianças com nível torácico, L1, L2 e L4 e 44% no nível L3. Aplicando-se a classificação proposta por Bartonek e cols., 14% apresentam nível II, 29% nível V e 57% nível III. Em relação a classificação funcional de marcha proposta por Hoffer (1973), 29% apresenta deambulação terapêutica, 29% deambulação comunitária e 42% deambulação domiciliar. Em relação aos resultados obtidos a partir do escore contínuo do PEDI, pode-se observar no gráfico 1, maior escore para habilidade funcional e assistência ao cuidador para a área de função social e menor escore para habilidade funcional de mobilidade e para assistência ao cuidador de auto-cuidado. Escores baixos para a área de mobilidade estão de acordo aos resultados obtidos por Tsai e colaboradores (2002). Deve-se ressaltar que quanto maior o escore de habilidade funcional, maior a capacidade da criança em realizar as atividades num contexto. Enquanto, o inverso ocorre com o escore de assistência ao cuidador, ou seja, quanto menor este escore, maior a dependência da criança em relação ao cuidador. Não houve diferença significativa entre habilidade funcional e assistência ao cuidador na área de mobilidade. Houve diferença significativa para as áreas de auto-cuidado e função social. Na área de função social, o nível de habilidade é menor do que a assistência fornecida pelo cuidador. Este resultado sugere que os cuidadores, nesta área, incentivam os filhos a tornarem conhecidas suas necessidades, estimulam a linguagem e outros aspectos cognitivos. Já, em relação a área de auto-cuidado, houve diferença significativa, porém com escore de habilidade funcional superior ao de assistência ao cuidador, refletindo a ação do cuidador como barreira para o desenvolvimento pleno destas habilidades. Deve-se considerar que a MMC, além das dificuldades de mobilidade, provoca déficit para controle esfincteriano vesical e anal. Assim, muitas das crianças com MMC apresentaram escore menor na área de auto-cuidado devido a incapacidade de lidar com habilidades funcionais relacionadas a higiene e manejo de roupas vinculadas a continência vesical e anal. Segundo Danielsson e colaboradores (2008) a capacidade de um indivíduo para cuidar de si mesmo é altamente dependente da habilidade funcional na área de mobilidade desse indivíduo. Atingir a deambulação independente tem sido tradicionalmente o objetivo da reabilitação, pois supõe-se que maximização da função de mobilidade promoverá maior independência nas habilidades funcionais de auto-cuidado e maior qualidade de vida. No presente estudo, observou-se menor pontuação para a habilidade funcional na área de mobilidade, esperado para crianças com MMC, porém com escore baixo também para assistência ao cuidador na área de auto-cuidado, demonstrando a dificuldade dos cuidadores em permitir a independência das crianças na área de auto-cuidado devido a dificuldade na área de mobilidade. 5. Considerações Finais As crianças com MMC atendidas na clínica de Fisioterapia da UNIMEP, apresentam menor escore para habilidade funcional na área de mobilidade e menor escore de assistência ao cuidador para a área de auto-cuidado. Outros estudos são necessários para relacionar nível de deambulação, força muscular e alterações secundárias como hidrocefalia corrigida e deformidades músculo-esqueléticas, com os escores obtidos com o PEDI. Referências Bibliográficas ALEXANDER MA, STEG NL. Myelomeningocele: comprehensive treatment. Arch Phys Med Rehabil. v.70(8) p. 637-641. 1989. Bartonek A, Saraste H, Knutson LM. Comparison of different systems to classify the neurological level of lesion in patients with myelomeningocele. Dev Med Child Neurol. v. 41(12) p.796-805. 1999. CAMPBELL LR, DAYTON DH, SOHAL GS. Studies on the etiology of neural tube defects. Teratology. v. 34(2) p. 171187. 1986. DANIELSSON, A.J.; BARTONEK, A.; LEVEY, E.; MCHALE, K.; SPONSELLER, P.; SARASTE, H. Associations between orthopaedic findings, ambulation and health-related quality of life in children with myelomeningocele. J Child Orthop v.2, p.4554. 2008. FELDMAN, AB.; HALEY, SM.; CORYELL, J. Concurrent and construct validity of the pediatric evaluation of disability inventory. Phys Ther. v.70. p. 602-610. 1990. FURLAN MFFM, FERRIANI MGC, GOMES R. O cuidar de crianças portadoras de bexiga neurogênica: representações sociais das necessidades dessas crianças e de suas mães. Rev Latin Am Enf. v. 11(6) p.763-770. 2003. GANOTTI, ME.; CRUZ, C. Content and construct validity of a spanish translation of the pediatric evaluation of disability inventory for children living in Puerto Rico. Phys Occup Ther Pediatr. v. 20. p.7-24. 2001. HALEY, SM.; COSTER, WJ.; JUDLOW, LH.; HALTIWANGER, JT.; ANDRELLOW, PJ. Inventário de avaliação pediátrica de disfunção: versão brasileira. Tradução e adaptação cultural: Mancini MC. Belo Horizonte: Laboratórios de Atividade e Desenvolvimento Infantil, Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais. 2000. HOFFER M, FEIWELL E, PERRY J, BONNETT C. Functional ambulation in patients with myelomeningocele. Journal of Bone and Joint Surgery. v. 55 p. 137148. 1973. LARY JM, EDMONDS LD. Prevelence of spyna bifida at birth United States, 1983-1990: a comparison of two surveillence systems. MMWR CDC Surveill Summ. v. 45(2) p. 15-26. 1996. NASCIMENTO, L. F. C. Prevalência de defeitos de fechamento de tubo neural no vale do Paraíba, São Paulo. Rev Paul Pedriatr. v. 26(4) p. 372-377. 2008. NORRLIN S, DAHL M, RBLAD B. Control of reaching movements in children and young adults with mielomeningocele Dev Med Child Neurol. v. 46(1) p. 28-33. 2004. PADMANABHAN RR, RENGASAMY P. Etiology, pathogenesis and prevention of neural tube defects. Congenital Anomalies. v. 46(2) p. 55-67. 2006. SBRAGIA L, MACHADO IN, ROJAS CE, ZAMBELLI H, MIRANDA M, BIANCHI MO, et al. Evolução de 58 fetos com mielomeningocele e o potencial de reparo intra-útero. Arq Neuropsiquiatr. v. 62(2-B) p. 487-491. 2004. SNODGRASS WT, ADAMS R. Initial urological management of myelomeningocele. Urol Clin Noth AM. v. 31(3) p. 27-34. 2004. WILLS KE, HOLMBECK GN, DILLON K, MCLONE DG.

Intelligence and achievement in children with myelomeningocele. J Pediatr Psychol. v. 15(2) p.161-176. 1990. VACHHA B, ADAMS R. Language differences in young children with myelomeningocele and shunted hydrocephalus. Pediatric Neurosurgery. v. 39 p. 184-189. 2003. VALTONEN KM, GOKS LA, JONSSON O, MELLSTR D, ALARANTA HT, VIIKARI-JUNTURA ER. Osteoporosis in adults with meningomyelocele: an unrecognized problem at rehabilitation clinics. Arch Phys Med Rehabil. v. 87(3) p. 376-382. 2006. TSAI PY, YANG TF, CHAN RC, HUANG PH, WONG TT. Functional investigation in children with spina bifida -- measured by the Pediatric Evaluation of Disability Inventory (PEDI). Childs Nerv Syst. v. 18(1-2), p.48-53. 2002. Anexos