POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS

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Transcrição:

POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS

As primeiras manifestações de gestão ambiental procuraram solucionar problemas de escassez de recurso, mas só após a Revolução Industrial os problemas que concernem à poluição começaram a ser tratados de modo sistemático.

Por um longo período as iniciativas dos governos eram quase exclusivamente de caráter corretivo, produzindo assim ações fragmentadas apoiadas em medidas pontuais, pouco integradas e de baixa eficiência.

Gestão Ambiental Pública É a ação do Poder Público conduzida segundo uma política pública ambiental.

Política Pública Ambiental É o conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação de que o Poder Público dispõe para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente.

Os instrumentos de políticas públicas ambientais podem ser explícitos ou implícitos. Explícitos: são criados para alcançar efeitos ambientais benéficos específicos. Implícitos: alcançam tais efeitos pela via indireta, pois não foram criados para isso.

Exemplo de política explícita: Regulamentos relativos a emissão de gases poluentes por veículos automotores. Consequências: há melhora na qualidade do ar, menor consumo de combustível, melhoria geral de eficiência dos veículos.

Exemplo de política implícita: Investimentos em educação tornam a população mais consciente dos problemas ambientais.

Quando se fala em instrumento de política pública ambiental, geralmente se quer indicar aquele instrumento que visa diretamente às questões ambientais, ou seja, os instrumentos explícitos, que podem ser classificados em três grandes grupos: comando e controle; econômico e outros.

Instrumentos de comando e controle Trata-se do exercício do poder de polícia dos entes estatais e como tal se manifesta por meio de proibições, restrições e obrigações impostas aos indivíduos e organizações, sempre autorizadas por normas legais.

Instrumentos de comando e controle (regulação direta) mais conhecidos são aqueles que estabelecem padrões ou níveis de concentração máximos aceitáveis de poluentes. Podem ser de três tipos: 1) Padrão de qualidade ambiental 2) Padrão de emissão 3) Padrão ou estágio tecnológico

Outros instrumentos de comando e controle são: proibições ou os banimentos da produção, comercialização e do uso de produtos (Ex. Gás Freon) cotas de produção, comercialização ou utilização de materiais ou recursos

Os instrumentos econômicos podem ser de dois tipos: 1) fiscais 2) de mercado

Instrumentos Fiscais: Se realizam mediante transferências de recursos entre os agentes privados e o setor público, podem ser tributos ou subsídios.

Subsídio Qualquer tipo de renúncia ou transferência de receita dos entes estatais em benefício dos agentes privados para que estes reduzam seus níveis de degradação ambiental.

Tributos Transferem recursos dos agentes privados para o setor público em decorrência do uso do ambiente.

Princípio do poluidor pagador: CAPÍTULO 3 Custos: Os custos totais da produção dos bens e serviçõs são constituídos pelos custos internos e custos externos.

Custos internos: são aqueles que a empresa paga para produzir e comercializar Custos externos: são pagos por todas as pessoas desta e das futuras gerações, para que o produto ou serviço seja disponibilizado.

A cobrança de um imposto ao poluidor é um modo de internalizar os custos sociais no sistema de preço do poluidor, afetando desse modo a demanda pelos seus produtos e a realização de lucros.

CME: custos externos CMP: custos internos (privados) CMT: custo total D: demanda Q: quantidades produzidas P: preço do produto

O princípio do poluidor-pagador impõe ao Estado o dever de estabelecer um tributo ao agente poluidor, usuário ou não de algum serviço público destinado a tratar a poluição.

Instrumentos de mercado: Embora criados e administrados no âmbito governamental, esses instrumentos se efetuam por meio de transações entre agentes privados em mercados regulados pelo governo.

Do ponto de vista de uma política neoliberal os instrumentos econômicos (em relação aos instrumentos de controle): Seriam mais aptos para induzir um comportamento dinâmico por parte dos agentes privados. Proporcionariam estímulos permanentes para as empresas deixarem de gerar poluição.

Na realidade não há como prescindir desses dois tipos de instrumentos. Uma política ambiental consistente deve se valer de todos os instrumentos possíveis e estar atenta aos efeitos sobre a competitividade das empresas.

Mecanismos implícito: Incentivos tecnológicos CAPÍTULO 3 São os avanços no campo da ciência e tecnologia que vão possibilitar o surgimento de novos produtos e processos que aumentem constantemente a eficiência dos recursos produtivos e reduzam os níveis de emissão.

Os instrumentos de políticas públicas para o desenvolvimento da ciência e tecnologia são importantes instrumentos implícitos de política ambiental.

Eduacação ambiental - Objetivos: CAPÍTULO 3 Tornar os indivíduos e grupos conscientes e sensíveis em relação ao meio ambiente e aos problemas ambientais; Proporcionar conhecimentos sobre o meio ambiente, principalmente quanto às influências do ser humano e de suas atividades; Promover valores e sentimentos que motivem as pessoas e grupos a se tornarem participantes ativos na defesa do meio ambiente e na busca de soluções para os problemas ambientais; Proporcionar as habilidades que uma participação ativa requer. Proporcionar condições para avaliar as medidas tomadas em relação ao meio ambiente e aos programas de educação ambiental; Promover o senso de responsabilidade e de urgência com respeito às questões ambientais que estimule as ações voltadas para resolvê-las.

A eficácia dos instrumentos explícitos de política pública ambiental depende dos instrumentos de outras políticas públicas.

Acordos voluntários São dois os tipos de acordos voluntários, os públicos e os privados

Política publica ambiental brasileira: O Poder Público no Brasil começa a se preocupar com o meio ambiente na década de 1930. Em 1934 foram promulgados o Código de Caça, Código Florestal, Código de Minas e Código de Águas.

No início da década de 1980 os problemas ambientais que vinham sendo tratados de modo isolado e localizado passaram a ser considerados problemas generalizados e interdependentes que deveriam ser tratados mediante políticas integradas

Em 1981 a Lei 6.938 estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente que tem como objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar condições de desenvolvimento socioeconômico.

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu a defesa do meio ambiente como um dos princípios a serem observados para as atividades econômicas em geral e incorporou o conceito de desenvolvimento sustentável no Capítulo VI dedicado ao meio ambiente.

De acordo com a Constituição Federal de 1988 todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Outras inovações importantes da Constituição Federal de 1988 são: Estabeleceu o respeito ao meio ambiente e o aproveitamento racional dos recursos como um dos requisitos para caracterizar a função social da propriedade rural; Incluiu os sítios ecológicos como elementos do patrimônio cultural; Estabeleceu disposições em defesa de grupos vulneráveis, como povos indígenas, garimpeiros, crianças, idosos e deficientes físicos.

A Lei dos Crimes Ambientais estabelece sanções administrativas e penais derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.