Universidade Federal de Pelotas UFPEL Departamento de Economia - DECON. Economia Ecológica. Professor Rodrigo Nobre Fernandez

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Transcrição:

Universidade Federal de Pelotas UFPEL Departamento de Economia - DECON Economia Ecológica Professor Rodrigo Nobre Fernandez Capítulo 11 Comércio e meio ambiente evidências do setor agroexportador brasileiro Pelotas, 2010 11.1 Introdução Existem controvérsias teóricas sobre as relações de comércio internacional e meio ambiente; As políticas ambientais podem influenciar no desempenho comercial; Análise aplicada ao setor agroexportador brasileiro; 2 1

11.2 Controvérsias sobre a relação Há em princípio duas visões conflitantes: Ambientalistas: acreditam que o livre comércio induz a taxas elevadas de crescimento o que propicia o uso dos recursos naturais acima do seu limite sustentável; Já os defensores do livre comércio, relatam que o crescimento econômico induzido por este, favorece a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável; 3 11.2 Controvérsias sobre a relação Ainda na perspectiva dos autores que defendem o livre comércio, a pressão competitiva emerge em um contexto de maior liberalização e integração econômica; Isto tende a gerar uma corrida para o topo ; Assim os países ricos, pressionariam os países pobres a adotarem políticas ambientais mais rigorosas; 4 2

11.2 Controvérsias sobre a relação As políticas ambientais deveriam ser estabelecidas à parte de políticas comerciais, de modo que o comércio não sofra distorções provocadas por restrições de ordem ambiental; 5 11.2 Controvérsias sobre a relação De que forma as políticas ambientais determinam os padrões de comércio e as vantagens comparativas? Como as políticas ambientais afetam os termos de troca? Quais são os reflexos destas políticas sobre os padrões de produção e consumo? O comércio resulta em degradação ambiental? As políticas ambientais são um determinante da direção dada ao fluxo de investimento direto externo? 6 3

11.2 Controvérsias sobre a relação Como as políticas ambientais afetam o retorno dos fatores de produção? Qual o papel desempenhado pelo comércio nas questões ambientais globais? 7 11.3 Negociações sobre temas ambientais na OMC A rodada Uruguai (1986-1994): - Barreiras técnicas, sanitárias e fitossanitárias; A rodada Doha (2001-2005): - Questões comerciais o argumento geral de liberalização do comércio deve ser consistente com os objetivos do desenvolvimento sustentável da OMC; 8 4

11.3 Negociações sobre temas ambientais na OMC Principais medidas comercias nos acordos sobre temas ambientais: Exigências de informação sobre comércio de determinados produtos; Rotulagem ou exigências de identificação; Proibições de exportações/importações; Impostos e outras medidas tarifárias e não tarifárias, tais como compras governamentais; 9 11.3 Negociações sobre temas ambientais na OMC Em resumo a composição de forças nas negociações da OMC sobre temas ambientais se dá fundamentalmente a partir da identificação de ganhos ou perdas comerciais que mudam conforme se altera o produto em pauta; 10 5

11.4 Agricultura e meio ambiente no A degradação ambiental no setor agrícola está associada a expansão da fronteira produtiva; Utilização de defensivos químicos; A necessidade de ganhos contínuos como é o caso das commodities; O objetivo é superar as barreiras protecionistas; 11 11.4 Agricultura e meio ambiente no A política de subsídios para a manutenção da competitividade dos países da OCDE; O custo para o crescimento econômico limpo é maior para os países em desenvolvimento; Deve haver então alguma forma de compensar os países em desenvolvimento; 12 6

11.4 Agricultura e meio ambiente no No, a mensuração dos impactos da expansão da safra agrícola em termos de sustentabilidade ambiental é complexa e envolve a adesão de vários fatores; A expansão das monoculturas de exportação transformou a paisagem natural e intensificou o uso de insumos considerados degradantes ao meio ambiente; 13 11.4 Agricultura e meio ambiente no O aumento do faturamento no setor de defensivos reflete o intenso consumo brasileiro; Em 2003, o ocupou o 8 lugar no ranking mundial dos países com maior consumo de defensivos agrícolas por área cultivada; Agrotóxicos e Fertilizantes; Dentro deste contexto, é natural que os produtos nacionais passem a encontrar barreiras não tarifárias cada vez maiores; 14 7