A CONTRIBUIÇÃO DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS PARA A QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO BAQUIRIVU-GUAÇU

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Transcrição:

A CONTRIBUIÇÃO DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS PARA A QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO BAQUIRIVU-GUAÇU Reinaldo Romero Vargas 1 * ; João José Samarão Gonçalves 2 ;Fabrício Bau Dalmas 3 ; Antonio Roberto Saad 4 e Regina de Oliveira Moraes Arruda 5 Resumo O Índice de Qualidade das Águas (IQA) é de grande importância na construção de um sistema de suporte à tomada de decisão em uma bacia hidrográfica. A Bacia Hidrográfica do Rio Baquirivu- Guaçu (BHRBG) é composta por áreas com predominância de uso urbano industrial, onde, cerca da metade de sua área compõem-se por fragmentos florestais e/ou terrenos permeáveis e importantes várzeas. Guarulhos tem apresentado índices de crescimento populacional acima da média da Região Metropolitana de São Paulo, e justamente a BHRBG é o vetor de expansão urbana do município e da região. Apresenta-se uma análise das águas do Rio Baquirivu-Guaçu na entrada e na saída do município de Guarulhos, avaliando dentro deste contexto, os efeitos da implantação das ETEs na qualidade das águas do Rio Baquirivu-Guaçu. Pela análise das amostras, verifica-se que o município entrega ao Rio Tietê, através do Rio Baquirivu Guaçu, água com qualidade muito inferior àquela que recebe do município de Arujá. Dentro da área da BHRBG concentra-se cerca de 70% da população do município, e, atualmente o sistema possui capacidade de tratamento para 50% do esgoto coletado. Verifica-se até o presente momento que as ETEs instaladas ainda não refletiram melhora na qualidade das águas do Rio Baquirivu-Guaçu Palavras-Chave Índice de Qualidade das Águas, Bacia Hidrográfica do Rio Baquirivu-Guaçu, ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) GUARULHOS MUNICIPALITY CONTRIBUTION TO THE WATER QUALITY OF BAQUIRIVU-GUAÇU RIVER Abstract The Water Quality Index (WQI) is of great importance in the development of a decisionmaking support system in a watershed. The Hydrographic Basin Baquirivu-Guaçu River (HBBGR) consists of areas with predominantly urban industrial use, where about half of its area is composed by forest fragments and / or permeable and important holm land. Guarulhos has had population growth rates above average for the metropolitan region of São Paulo, and just the HBBGR is the vector of urban expansion of the city and the region. It presents an analysis of the Baquirivu Guacu River waters at the entrance and exit of the city of Guarulhos, evaluating in this context, the effects of the implementation of STPs in the waters quality of the Baquirivu Guaçu River. By analyzing the samples, it appears that the municipality delivery to the Tietê River, across the river Baquirivu - Guaçu, water with much lower quality than it receives from the municipality of Arujá. Within the area of BHRBG concentrates about 70% of the local population, and now the system has processing capacity to 50% of the collected sewage. There is to date the STPs installed yet did not reflect improvement in the quality of the Baquirivu Guaçu River waters. * 1 Doutor em Ciências - Química Orgânica (IQ / USP). Docente do Mestrado em Análise Geoambiental (UnG). Programa de Pós-Graduação em Análise Geoambiental. Universidade Guarulhos / UnG. Praça Tereza Cristina, 229 - Centro. CEP 07023-070. Guarulhos, SP. rvargas@prof.ung.br 2 Mestrando em Análise Geoambiental (UnG). jgoncalves@prof.ung.br 3 Doutora em Tecnologia das Fermentações (FCF / USP). Docente do Mestrado em Análise Geoambiental (UnG). rarruda@prof.ung.br 4 Doutor em Geologia Regional (UNESP). Docente do Mestrado em Análise Geoambiental (UnG). asaad@prof.ung.br 5 Doutor em Geociências (IGc / USP). Docente do Mestrado em Análise Geoambiental (UnG). fdalmas@prof.ung.br XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1

Keywords Water Quality Index, Hydrographic Basin of Baquirivu Guaçu River, STP (Sewage Treatment Plant) INTRODUÇÃO Os rios, ou cursos fluviais, sempre foram, e continuam sendo, um dos mais importantes recursos para a sobrevivência da humanidade. É a partir deles que se coleta a água para consumo da população, para produção de alimentos e insumos da economia, e irrigação do solo para o plantio de lavouras, quer de subsistência ou grandes áreas agrícolas. Após o domínio da agricultura pelo homem, este buscou fixar-se próximo às margens dos rios, onde com a fertilidade das terras, teria uma quantidade maior de alimentos, criando pequenas aglomerações de pessoas, que logo se transformam em vilarejos e surgindo assim as cidades. A qualidade de vida, as funções do ecossistema e o desenvolvimento econômico dependem dos volumes de água e de sua disponibilidade global e local, portanto, é fundamental considerar-se a disponibilidade e a demanda global, regional e local da água para a construção de cenários confiáveis, que possibilitem implementar políticas consistentes de gestão no futuro. As demandas de água estão aumentando devido ao crescimento populacional e à urbanização, ao rápido aumento das remoções de água em rios, lagos e represas e nos aquíferos, produzindo problemas locais, regionais e continentais. (Tundisi, Braga e Rebouças, 2006). Quando no espaço urbano o rio conforma um elemento integrante da paisagem, via de regra os habitantes o incorporam como símbolo do lugar. Por sua vez, a expansão da área da cidade e o adensamento do uso e ocupação urbana impactam sobremaneira o conjunto de águas correntes que junto aos equipamentos instalados à beira-rio impactam, por sua vez, o ambiente natural, ocasionando e produzindo espaços deteriorados, levando a ausência total da mata ciliar. A área abrangida pela Bacia Hidrográfica do Rio Baquirivu-Guaçu (BHRBG), situada dentro dos limites da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), é uma das regiões que vem sofrendo nos últimos anos um acelerado processo de desenvolvimento, atraindo uma ocupação crescente e desordenada, ao mesmo tempo em que provoca, por consequência, um aumento descontrolado na taxa de urbanização, com grave impacto ambiental. O tratamento de esgoto em Guarulhos é um processo que começou em 2010, quando, pelos dados apresentados pelo SAAE (Serviço Autônomo de Águas e Esgotos), podemos verificar que uma quantidade muito significativa, aproximadamente 70% dos esgotos do município, ainda é despejada sem qualquer tipo de tratamento na BHRBG. De acordo com SAAE (2013), o município XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 2

de Guarulhos em dezembro de 2011, apresentava uma rede de 1.648,48 km para coleta de esgoto, o que atende a aproximadamente 82% da população da cidade. Conforme a Prefeitura Municipal de Guarulhos (2014), o tratamento de esgoto teve início em 27 de setembro de 2010, quando entrou em operação a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) São João, que tem capacidade para tratar 15% dos esgotos coletados no município, atendendo a 195 mil habitantes distribuídos por 12 bairros. A ETE Bonsucesso entrou em operação dia 11 de dezembro de 2011, com capacidade para tratar 20% dos esgotos coletados, cobrindo uma região com 34 bairros e população de 260 mil habitantes. Em 30 de Junho de 2014, foi inaugurada a ETE Várzea do Palácio, com capacidade para tratamento de 15% dos dejetos coletados, atendendo a região compreendida por 52 bairros e população de 195 mil habitantes, o que eleva para 50% a capacidade de tratamento dos esgotos coletados. Cabe destacar que apesar da ETE Várzea do Palácio estar fora da baciaa de estudos, ela recebe esgoto de bairros que estão dentro da área de estudo, como será apresentado posteriormente. O objetivo deste trabalho é apresentar a contribuição do município de Guarulhos (Figura 1) na qualidade da água do Rio Baquirivu-Guaçu através das análises físico-químicas e microbiológicas de suas águas. Apresenta-se uma análise das águas do rio Baquirivu-Guaçu na entrada do município de Guarulhos (BQGU03150) e na saída (BQGU03850), avaliando dentro deste contexto, os efeitos da implantação das ETEs na qualidade das águas do Rio Baquirivu- Guaçu. Figura 1 - Localização da BHRBG nos municípios de Guarulhos e Arujá.

MATERIAIS E METODOS O estudo foi baseado em visita nas ETEs São João e Bonsucesso mediantee a permissão do Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE de Guarulhos, e recentemente entrou em operação a ETE Várzea do Palácio, mas aindaa não visitada. Os dados referentes às análises das águas do rio Baquirivu-Guaçu de 2011 a 2013 nos pontos BQGU03150 e BQGU03850 foram obtidos a partir dos relatórios de águas superficiaiss da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) para os nove parâmetros que compõem o Índice de Qualidade das Águas (IQA). Os dados obtidos destas análises foram comparados com os parâmetros estabelecidos no artigo 18 do Decreto 8468/1976 (Brasil, 1977) e CONAMA 357/05 (Brasil, 2005). Os pontos de amostragem utilizados neste trabalho foram o BQGU-03150, localizado à Ponte na Estrada dos Vados, próxima ao Nippon Country Club, na divisa municipal Arujá/Guarulhos (23 o 24 49 S e 46 o 22 18 W) e BQGU-03850, localizado à Ponte na Rua José Marques Prata, à jusante da Penitenciária de Guarulhos (23 o 28 03 S e 46 o 29 16 W), como apresentado na Figura 2. Figura 2 - Localização dos Pontos de monitoramento BQGU-03150 e BQGU-03850 e das ETEs.

RESULTADOS E DISCUSSÕES A Bacia Hidrográfica do Rio Baquirivu Guaçu, com 165,5 km², constitui a segunda maior na área urbana do Alto Tietê, sendo menor somente do que a do Rio Tamanduateí (320 km²), apresenta significativos remanescentes de várzeas e maciços florestais ao norte, onde ocorrem as nascentes de seus principais afluentes. O tratamento de esgoto no município de Guarulhos teve início em 27 de setembro de 2010, quando entrou em operação a ETE São João, que tem capacidade para tratar 15% dos esgotos coletados no município, atendendo a 195 mil habitantes distribuídos por 12 bairros (Guarulhos, 2014). A ETE Bonsucesso entrou em operação dia 11 de dezembro de 2011, com capacidade para tratar 20% dos esgotos coletados, cobrindo uma região com 34 bairros e população de 260 mil habitantes. Em 30 de Junho de 2014, foi inaugurada a ETE Várzea do Palácio, com capacidade para tratamento de 15% dos dejetos coletados, atendendo a região compreendida por 52 bairros e população de 195 mil habitantes, o que eleva para 50% a capacidade de tratamento dos esgotos coletados. Cabe destacar que apesar da ETE Várzea do Palácio estar fora da bacia de estudos, ela recebe esgoto de bairros que estão dentro da área de estudo. Atualmente a carga orgânica tratada em Guarulhos é de 67.204 kg DBO dia -1, com estimativa de 49.328 kg DBO dia -1 de carga orgânica poluidora não tratada (SAEE, 2013). Isto confere ao município de Guarulhos um indicador de coleta e tratabilidade de esgoto da população urbana de município (ICTEM) igual a 3,95, numa escala de zero a 10 (CETESB, 2013). Com relação aos dados médios do Índice de Qualidade de Águas (IQA) nos três últimos anos para os pontos de entrada e saída do Rio Baquirivu-Guaçu no município de Guarulhos apontam que para a entrada do município, Arujá entrega uma água classificada de ruim a regular, enquanto que Guarulhos entrega para o rio Tietê uma qualidade de ruim a péssima (Figura 3), o que reflete uma queda ainda maior na qualidade da água do rio Baquirivu-Guaçu, afluente do rio Tietê. Uma análise de Pareto no ponto BQGU 03850 mostrou que os parâmetros que mais impactam no IQA de maneira negativa são: coliformes termotolerantes, CT, (31%), oxigênio dissolvido, OD, (22%) e demanda bioquímica de oxigênio, DBO, (19%), conforme demonstrado na Figura 4. Todos estes parâmetros refletem a presença significativa de esgoto nos efluentes (Sperling, 2005). Similar análise para o ponto BQGU03150 na entrada da bacia, os parâmetros que XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 5

mais impactaram na qualidade são: coliformes tolerantes (46%), DBO (19%) e fósforo total, PT, (18%), de acordo com o exposto na Figura 5. Figura 3 - Boxplot de IQA para os pontos BQGU 3150 e BQGU 3850 (2011 a 2013) Figura 4 - Diagrama Pareto da média em 2013 dos parâmetros do IQA no ponto BQGU03850 Figura 5 Diagrama Pareto da média em 2013 dos parâmetros do IQA no ponto BQGU03150

Para o parâmetro coliformes termotolerantes, os valores médios para os dois pontos de medida estão bem acima do estabelecido por legislação. No caso da DBO há um aumento significativo no ponto BQGU03850, indicando um aporte significativo de matéria orgânica. No caso do oxigênio dissolvido, existe uma diferença significativa. No ponto BQGU03150 os valores encontram-se dentro do estabelecido em legislação, já o ponto de saída da bacia está bem abaixo do limite mínimo de 4,0 mg/l. Além da falta de saneamento básico, as águas do Rio Baquirivu-Guaçu também sofrem com contaminações de origem industrial. De acordo com CETESB (2013), foi evidenciada a ocorrência de toxicidade aguda no Rio Baquirivu-Guaçu, sendo detectado cobre dissolvido, níquel, zinco e amônia em concentrações capazes de causar os efeitos tóxicos observados. Este corpo d água vem apresentando toxicidade aguda desde 2000, sendo que já foi realizado um estudo de AIT (Avaliação e Identificação da Toxicidade) nas águas do ponto BQGU03150. Tal estudo evidenciou que o efeito tóxico verificado resultava, de elevadas concentrações de zinco, e também da presença de compostos orgânicos não polares, onde pode ser observado que além da grande contribuição de esgotos doméstico, ocorre também contaminação por efluentes industriais (Sperling, 2005). CONCLUSÃO Após a análise dos parâmetros do IQA pode-se concluir que a principal fonte poluidora das águas do Rio Baquirivu-Guaçu é de origem antrópica proveniente, principalmente, do despejo de efluentes de esgotos domésticos no corpo hídrico sem o devido tratamento. Os parâmetros com maiores alterações: Coliformes Termotolerantes, Oxigênio Dissolvido e DBO, bem como a turbidez e Sólidos Totais, revelam que há uma grande quantidade de despejo de esgotos doméstico. Dentro da área da Bacia do Rio Baquirivu-Guaçu concentra-se cerca de 70% da população do município, e, estando o sistema atual com capacidade de operação para 50% dos esgotos coletados, o que representa 41% da população, sendo que, no período compreendido pelo estudo, somente 35% do esgoto coletado era tratado, correspondendo a 29% da população. A análise entre a evolução do uso da terra e a qualidade da água demonstra as consequências do processo inadequado de crescimento urbano na bacia e que as fontes poluidoras domésticas e industriais representam considerável risco à qualidade das águas, demonstrando que as obras de XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 7

saneamento realizadas não foram eficazes na contenção de cargas poluidoras das águas do rio Baquirivu-Guaçu. REFERÊNCIAS BRASIL. (1977). Decreto nº 10.755 de 22 de novembro de 1977. Dispõe sobre o enquadramento dos corpos de água receptores na classificação prevista no Decreto nº 8.468, de 8 de setembro de 1976, e dá providências correlatas. Disponível em: http://pnqa.ana.gov.br/publicao/decreto%20n%c2%ba%2010.755%20de%2022%20de%20nov embro%20de%201977.pdf Acesso em 01ago2014. BRASIL. (2005). Resolução CONAMA 357 de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Disponível em http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf. Acesso em 01ago2014. CETESB, Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental Governo do Estado de São Paulo. (2011-2013). Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo. Disponível em http://www.cetesb.sp.gov.br/agua/aguas-superficiais/35-publicacoes-/-relatorios Acesso em 01ago2014. PMG Prefeitura Municipal de Guarulhos Secretaria de Meio Ambiente (2014). Estações de Tratamento de Esgoto - Disponível em http://www.guarulhos.sp.gov.br/. Acesso em 05 de setembro de 2014. SAAE. Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos. (2013). Sistema de esgoto. Disponível em: http://www.saaeguarulhos.sp.gov.br/. Acesso em 21 de abril de 2013 SPERLING, M. von (2005). Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos. Belo Horizonte: UFMG, 452p. TUNDISI, J. G., BRAGA, B., REBOUÇAS, A. C. (2006). Os recursos hídricos e o futuro: síntese. In: Águas doces no Brasil. Capital ecológico, uso e conservação. REBOUÇAS, A. C; BRAGA, B.; TUNDISI, J. G. 3 a ed. São Paulo: Escrituras, 748p. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 8