Palestra 3: Avaliação Econômica de Tecnologias em Saúde Everton Nunes da Silva everton@ppge.ufrgs.br Maio/2008 CONTEXTO MUNDIAL: GASTO EM SAÚDE Total Health Expenditure % of GDP Public Expenditure % of total expenditure 2004 1995 2004 1995 Australia 9.2 8.0 67.5 66.7 Canada 9.9 9.2 69.8 71.4 France 10.5 9.4 78.4 76.3 Germany 10.9 10.3 78.2 80.5 Italy 8.4 7.1 76.4 71.9 Japan 8.0 6.8 81.5 83.0 Mexico 6.5 5.6 46.4 42.1 Poland 6.5 5.6 68.6 72.9 Portugal 10.0 8.2 71.9 62.6 Slovak Republic 5.9 5.8 88.3 91.7 Spain 8.1 7.4 70.9 72.2 Switzerland 11.6 9.7 58.4 53.8 United Kingdom 8.3 7.0 85.5 83.9 United States 15.3 13.3 44.7 45.3 CONTEXTO NACIONAL: GASTO EM SAÚDE 2000 2001 2002 2003 2004 Gasto Total em saúde (% PIB) 7.6 7.8 8.3 8.7 8.8 Gasto do governo (% gasto total em saúde) 41 42.9 49 52.3 54.1 Gasto do privado (% gasto total em saúde) 59 57.1 51 47.7 45.9 Gasto do governo em saúde (% gasto total do governo) 8.5 9.2 11.4 13.6 14.2 Gasto Plano Saúde privado (% Gasto privado total em saúde) 35.1 35.9 35.8 35.8 35.8 Gasto total em saúde per capita (US$) 263.0 224.4 214.8 243.2 289.5 1
Os recursos estão sendo alocados eficientemente? Necessidade de ferramentas metodológicas para auxiliar na tomada de decisão 2
+ Profissionais da saúde: Concentram-se na ética individualista: Economistas: Fixam-se na ética do bem comum ou ética social: A saúde não tem preço e uma vida salva justifica qualquer esforço ECONOMIA DA SAÚDE Busca-se o melhor para a sociedade como um todo AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE TECONOLIGIAS EM SAÚDE O que são tecnologias em Saúde? Qualquer intervenção em saúde com o intuito de promover a saúde; prevenir, diagnosticar ou tratar doenças. -Medicamentos; -Procedimentos médicos; -Equipamentos; -Capacitação; -Gestão de informação. O que é Avaliação Econômica de Tecnologias em Saúde? É a análise comparativa de intervenções em saúde alternativas em termos de seus custos e suas conseqüências (Drummond et al., 2005). Exercício complexo de pesquisa e de produção de informações, baseado em critérios de efetividade, de custo, de risco ou de impacto do seu uso, de segurança e critérios éticos que visam à seleção, à aquisição, à distribuição ou ao uso apropriado de tecnologias, incluindo a avaliação de sua necessidade (MS/Brasil). 3
Os objetivos centrais de uma avaliação econômica são: Identificar; Mensurar; Valorar; Comparar os custos e as conseqüências das intervenções alternativas em consideração. Quando se analisa apenas uma intervenção ou programa, estamos somente descrevendo-a. Avaliação econômica requer comparação. A existência de alternativas é o núcleo da avaliação econômica, pois fazer escolhas é central em economia. Se não há alternativas a serem avaliadas, não há necessidade de fazer escolhas, consequentemente não há necessidade de avaliações econômicas. Por que devemos utilizar ATS? Recursos Escassos versus Necessidades Ilimitadas; Não há recursos suficientes para todas as demandas para cuidados em saúde, mesmo estes sendo necessários. Devemos fazer escolhas ótimas!! Há custo de oportunidade A opção por uma intervenção em saúde implica na exclusão de outras, dado que os recursos são escassos. ATS visa reduzir o custo de oportunidade, priorizando as intervenções em saúde com maior valor para os recursos empregados. - Exemplos - Um programa de vacinação contra o HPV deve ser implementado pelo SUS? Mamografia de rotina deve ser oferecida para mulheres abaixo dos 50 anos? Os medicamentos para as doenças órfãs devem ser incorporados na tabela de procedimentos do SUS e da ANS? Implementar ou não um programa de tratamento supervisionado para tuberculose? 4
O processo de decisão para guiar a escolha das intervenções mais prováveis de oferecer maiores benefícios para a população é, muitas vezes, inadequado e sujeito a pressões diversas, incluindo nestas as indústrias de insumos de saúde. (Decit/MS) Sem uma análise sistematizada é difícil identificar claramente as alternativas relevantes. (Drummond et al., 2005) Avaliações econômicas podem garantir que os recursos escassos sejam alocados de forma a maximizar o bem-estar da população. (Brent, 2003) Como se faz uma avaliação econômica? Estrutura de uma avaliação econômica Insumos Ação terapêutica Desfecho em saúde Estudos de custos Custos envolvidos na intervenção em saúde Ensaios clínicos randomizados Efetividade da intervenção em saúde Redução da mortalidade ou de morbidades Avaliações econômicas Ganhos em termos de qualidade de vida Questão: Devemos adotar essa tecnologia em saúde, dados seus custos e sua efetividade? Análise de Custo Benefício (ACB) Desfecho: unidade monetária Vantagem permite comparação de vários resultados, pois todos são mensurados na mesma unidade de valor. Desvantagem difícil tarefa de valorar monetariamente a vida humana. Análise de Custo Efetividade (ACE) Desfecho: clínico Vantagem: utiliza desfechos concretos da prática clínica. Desvantagem: a comparação dos estudos fica restrita a desfechos unidimensionais e comuns aos estudos. TIPOS DE AVALIAÇÕES ECONÔMICAS DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE Análise de Custo Minimização (ACM) Desfecho: mesma eficácia terapêutica Vantagem: praticidade, pois necessita apenas mensurar custos. Desvantagem: Pouco aplicabilidade, visto que são raras as intervenções com resultados idênticos. Desfecho: Qualidade de vida Análise de Custo Utilidade (ACU) Vantagem: integra ganhos na redução de morbidade (qualidade) e ganhos na redução da mortalidade (anos ganhos). Desvantagem: eventuais problemas de validação dos instrumentos para mensuração de utilidade. 5
Etapas de uma avaliação econômica de tecnologias em saúde Definir claramente a pergunta que será respondida pelo estudo Definir claramente a população que se beneficiará do estudo proposto Explicitar de forma clara a fonte de dados Definir medida de desfecho em saúde: 1. Desfecho clínico (Eficácia versus Efetividade) 2. Qualidade de vida (QALY versus DALY) Definir taxa de desconto Definir a perspectiva do estudo Definir modelo analítico (árvore de decisão versus modelo de Markov) Definir o horizonte temporal do estudo Definir método para lidar com a incerteza (análise de sensibilidade) Criação de organizações com a finalidade de incentivar estudos na área de Avaliação de Tecnologias em Saúde. INAHTA (International Network of Agencies for Health Technology Assessment) é uma organização sem fim lucrativo, estabelecida em 1993. Hoje conta com 45 agências associadas de 23 países. National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE) é uma organização independe responsável por prover recomendações, de âmbito nacional, com intuito de promover a saúde e a prevenção e tratamento de doenças. 6
AHTA - Adelaide Health Technology Assessment faz revisões sistemáticas da literatura para promover a racionalização das decisões em cuidados em saúde. IECS - Institute for Clinical Effectiveness and Health Policy tem como objetivo gerar informação relevante à tomada de decisão para políticas públicas em saúde. CADTH - Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health auxilia os formuladores de política e gestores em saúde na tomada de decisão quanto à incorporação ou não de tecnologias em saúde, com o objetivo de maximizar os benefícios em saúde. Coordenação Geral de Avaliação de Tecnologias em Saúde Departamento de Ciência e Tecnologia - DECIT Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos SCTIE Ministério da Saúde Construção de uma agenda de prioridades de pesquisa Fomento à pesquisa em saúde vinculada ao Ministério da Saúde Promover a capacitação em ATS Revisões sistemáticas da literatura para subsidiar a decisão de incorporação de novas tecnologias em saúde 7