UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS CURSO ENGENHARIA FLORESTAL



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS CURSO ENGENHARIA FLORESTAL NOELI ALINE PARTICCELLI MOREIRA CARACTERIZAÇÃO DO POTENCIAL DE PRODUÇÃO FRUTÍCOLA DA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO UATUMÃ Manaus 2012

NOELI ALINE PARTICCELLI MOREIRA CARACTERIZAÇÃO DO POTENCIAL DE PRODUÇÃO FRUTÍCOLA DA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO UATUMÃ Monografia apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Engenharia Florestal. Orientador: Lizit Alencar da Costa, Dr. Manaus 2012

NOELI ALINE PARTICCELLI MOREIRA CARACTERIZAÇÃO DO POTENCIAL DE PRODUÇÃO FRUTÍCOLA DA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO UATUMÃ Banca examinadora: Prof. Dr. Lizit Alencar da Costa - UFAM Profa. M.Sc Rosana Barbosa de Castro Lopes - UFAM Prof. Dr. Eyde Cristiane Saraiva dos Santos Conceito: Manaus, 03 de Fevereiro de 2012

iv DEDICATÓRIA Aos meus familiares, que mesmo distantes sempre acreditaram em minha formação, e aos meus professores e amigos, que sempre presente me incentivaram a crescer nesta jornada...

v AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos anjinhos, por me manterem forte nesta difícil e maravilhosa jornada acadêmica; A minha família, Maria Lucia Particcelli, Alex Moreira e irmão Júnior, que mesmo distante sempre torceram e acreditaram em minha carreira; A minha querida e eterna vôva (in memorian) pelos momentos maravilhosos e inesquecíveis; Aos meus tios, Elaine Moreira e Vincenzo Lauriola, e filhas, que sempre me incentivaram a não abaixar a cabeça e seguir confiante em meus propósitos; Ao meu orientador Dr.Lizit Alencar da Costa e Co-Orientadora Msc. Cláudia Vitell, por acreditarem e me orientarem nesta proposta de trabalho; A professora Dr. Eyde Cristiane Saraiva dos Santos pelo apoio e dedicação nesta reta final de minha monografia; A minha fiel (corinthiana) e companheira amiga Estela Rebouças, pela contribuição diretamente nesta monografia; Ao meu namorado e companheiro, Alã Moreira, Keri, pelo apoio e compreensão nos momentos alegres e difíceis; A Annelore Evelyne Waty e Danielly da Mata, pela contribuição direta na coleta e processamento das informações; A equipe do Institudo de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas-IDESAM pela oportunidade de desenvolver este maravilhoso e necessário estudo; A Eduardo Rizzo Guimarães, André Luiz Menezes Vianna, Heberton Barros e Carlos Gabriel Koury, ambos do IDESAM, pela paciência e dedicação em me orientar ao longo do desenvolvimento deste trabalho; Ao professor Dr. Ernesto Oliveira Serra Pinto, pela ajuda e dedicação neste trabalho; Aos Comunitários da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, que me mostraram a necessidade e relevância de melhorias em seu sistema de produção frutícola; A todos os amigos que direta e indiretamente contribuíram em minha formação; A todos, meu sincero agradecimento!!!!!

vi RESUMO O presente trabalho teve por objetivo compreender e caracterizar o potencial frutícola das 20 comunidades de várzea e terra firme da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, ao qual abrange os municípios de Itapiranga e São Sebastião, Amazonas, identificando e quantificando as principais espécies ocorrentes. Para tal foi realizado duas atividades de coleta dos dados em campo junto aos moradores, pela aplicação de questionários elaborados para tal realidade das comunidades. Foram entrevistados 111 produtores em 19 das 20 comunidades. Os resultados indicam que há uma grande diversidade de frutas cultivadas e nativas na área em estudo e que a agricultura é a principal atividade dos moradores. Ao realizar a caracterização frutícola por comunidade, pode-se identificar o total do número de plantas, e as comunidades que obtiveram maiores valores neste quesito foram Bom Jesus (16.010 n⁰ de plantas), Deus Ajude-Boto (11.792 n⁰ de plantas) e Cesaréia (6.732 n⁰ de plantas). Em relação a caracterização frutícola por espécie foi apontada as espécies com maior ocorrência em toda a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, sendo Banana (Musa Spp) com 18.006 n⁰ de plantas, a espécie tucumã (Astrocaryum aculeatum) com 11.194 n⁰ de plantas, abacaxi (Ananas comosus (L.) Morr) com 8.573 n⁰ de plantas, e cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.) com 8.171 n⁰ de plantas. Ao estimar os valores produtivos anuais por espécie tiveram destaque o tucumã (Astrocaryum aculeatum) com 7.201.872 frutos, cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.) com 326. 840 frutos, laranja (Citrus sinensis) com 136.350 frutos, açaí (Euterpe oleracea ) com 7.812 cachos, banana (Musa Spp)com 7.202 cachos, caju (Anacardium occidentale L.) com 35.056 kg e goiaba (Psidium guajava L.) com 14.640 kg. Ao realizar o mapeamento dos locais de produção por espécie observou que as espécies tucumã (Astrocaryum aculeatum), banana (Musa Spp), laranja (Citrus sinensis) e goiaba (Psidium guajava L.) tem sua espacialização distribuída em toda a reserva, ou seja nos pólos 1,2 e 3, já as espécies cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.), açaí (Euterpe oleracea ) e cajú (Anacardium occidentale L.) concentram sua produção no polo1. Após identificar que a reserva tem potencial frutícola como geração de renda, ressalta-se a necessidade de um planejamento no sentido de auxiliar na efetividade desta produção frutícola para contribuir com a mitigação da extração ilegal madeireira, fato esse que ocorre por conseqüência de alternativas que auxiliem na renda dos moradores. Palavras-chave: Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, Produção Frutícola, Geoprocessamento. :

vii ABSTRAC This study aimed to understand and characterize the potential fruit of the 20 communities of floodplain land and the Sustainable Development Reserve Uatumã, which covers the municipalities of San Sebastián and Itapiranga, Amazonas, identifying and quantifying the main species found. To this was done two data collection activities in the field with the residents, the application of questionnaires prepared for this reality of the communities. Interviews were conducted with 111 producers in 19 of 20 communities. The results indicate that there is a great diversity of native and cultivated fruits in the study area and that agriculture is the main activity of the residents. When performing the characterization of fruit per community, we can identify the total number of plants, and the communities that had higher values in this regard were Bom Jesus (16,010 N ⁰ plant), God Help Dolphin (11,792 N ⁰ plant) and Caesarea (6732 ⁰ n plants). Regarding the characterization of fruit per species was identified species with higher occurrence in the entire Book of Sustainable Development of Amazonas, and Banana (Musa spp) with 18,006 N ⁰ plant, the species tucuman (Astrocaryum aculeatum) with 11,194 N ⁰ plant, pineapple (Ananas comosus (L.) Morr) with n 8573 ⁰ plants, and cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.) with n 8171 ⁰ plant. In estimating the annual production values by species were the highlight tucuman (Astrocaryum aculeatum) with 7,201,872 fruits, cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.) With 326. 840 fruit, orange (Citrus sinensis) with 136,350 fruit, açai (Euterpe oleracea) with 7812 bunches, banana (Musa spp) with 7202 clusters, cashew (Anacardium occidentale L.) to 35,056 kg and guava (Psidium guajava L.) with 14,640 kg. When performing the mapping of local production by species noted that species tucuman (Astrocaryum aculeatum), banana (Musa spp), orange (Citrus sinensis) and guava (Psidium guajava L.) has its spatial distributed throughout the reserve, ie 1.2 and 3 at the poles, since the species cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.) açai (Euterpe oleracea) and cashew (Anacardium occidentale L.) concentrate their production in polo1. After identifying that the reserve has the potential fruit such as income generation, it emphasizes the need for planning in order to assist in the effectiveness of fruit production to contribute to the mitigation of illegal timber extraction, a fact that occurs as a consequence of alternatives that help the income of residents. Words Keys: Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, Fruit Porduction, GIS.

viii LISTA DE FIGURA Figura 1: Localização das Unidades de Conservação do Estado do Amazonas, com destaque para a RDS do Uatumã.... 6 Figura 2: Zoneamento da RDS-Uatuma por Polos.... 8 Figura 3: Percentual dos moradores que trabalham com agricultura na RDS do Uatumã 9 Figura 4: Mapa de localização da Reserva.... 11 Figura 5: Organograma de Metodologia.... 12 Figura 6: Número de produtores identificados por Comunidade.... 16 Figura 7: Total de espécies identificadas por comunidade.... 17 Figura 8: Gráfico relacionado o número total de produtores por espécie, ocorrência da espécie por comunidade e número total de plantas identificadas.... 17 Figura 9: Produção anual estimada de frutos por espécie... 19 Figura 10: Produção anual estimada de cachos por espécie estudada... 19 Figura 11: Produção total em kilos por espécie estimada... 20 Figura 12: Distribuição ao longo do ano da época de colheita... 21 Figura 13: Gráfico do regime hídrico do Rio Negro/AM... 22 Figura 14: Distribuição espacial dos locais de extração do tucumã (Astrocaryum vulgare)... 23 Figura 15: Distribuição espacial dos locais de produção de Cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.)... 23 Figura 16: Distribuição espacial dos locais de produção de Laranja (Citrus sinensis)... 24 Figura 17: Distribuição espacial dos locais de extração do açaí (Euterpe oleracea)... 24 Figura 18: Distribuição espacial dos locais de produção de Banana (Musa Spp.)... 25 Figura 19: Distribuição espacial dos locais de produção de Goiaba (Psidium guajava L.)... 25 Figura 20: Distribuição espacial dos locais de produção de Caju (Anacardium occidentale L.)... 26

ix LISTA DE TABELA Tabela 1: Lista das Espécies delimitadas para pesquisa... 15 Tabela 2: Época de Colheita das espécies estudadas ao longo do ano... 21

x APÊNDICE APÊNDICE A:Questionário para Calendário Agrícola... 30 APÊNDICE B: Questionário Agrícola... 31 APÊNDICE C: Resultados Obtidos por Espécie Cultivada... 34

xi ANEXO ANEXO A: Tabela Base para Cálculos estimados de Produção Líquida anual... 44

xii SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 1 1. OBJETIVOS... 2 1.1 OBJETIVO GERAL... 2 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 2 2. REVISÃO DE LITERATURA... 3 2.1 CONCEITOS... 3 2.1.1 Unidades de Conservação... 3 2.1.4 Sistema de Informações Geográficas (SIG)... 5 2.2 RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO UATUMÃ... 6 2.2.1 Atributos naturais... 7 2.2.2 Infra-estrutura... 8 2.2.3 Sócio-economia... 8 3. MATERIAL E MÉTODOS... 11 3.1 ÁREA DE ESTUDO... 11 3.1.1 Localização... 11 3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 12 3.2.1 Revisão Bibliográfica da Área de Estudo... 12 3.2.2 Planejamento... 12 3.2.3 Coleta de informação... 13 3.2.4 Banco de Dados... 13 3.2.5 Mapeamento da Área... 14 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 15 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FRUTÍCOLA E IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE MAIOR POTENCIAL... 15 4.1.1 Caracterização da produção frutícola por comunidade... 15 4.1.2 Caracterização da produção frutícola por espécie... 17 4.1.3 Estimativas da Produção líquida anual... 18 4.2 IDENTIFICAÇÃO DAS ÉPOCAS DE COLHEITA E PLANTIO DAS ESPÉCIES ESTUDADAS... 21 4.2.1 Época de Colheita... 21 4.3 MAPEAMENTO DOS LOCAIS DE PRODUÇÃO DAS ESPÉCIES DE MAIOR POTENCIAL... 22 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 27 REFERÊNCIAS... 28 ANEXO... 44

INTRODUÇÃO A Reserva de Desenvolvimento Sustentável tem como objetivo básico preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações As Reservas de Desenvolvimento Sustentável se diferenciam dos outros tipos de unidades de conservação pelo fato de nelas ser permitida a presença de assentamentos humanos. Neste tipo de unidade de conservação, se busca harmonizar a convivência das populações tradicionais com os recursos naturais existentes, estimulando a adoção de modelos de exploração e produção sustentável, integrando dessa forma, objetivos sociais e ambientais. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, estudada na presente monografia, tem como dificuldade a implantação de atividades de garantem a geração de renda e de postos de trabalho para a população tradicional, tendo como conseqüência a melhoria na qualidade de vida. Um dos principais entraves para a agricultura da reserva é a falta de planejamento de sua produção desde a prática do cultivo de espécies potenciais até o seu efetivo escoamento. Conhecer a realidade produtiva de uma reserva auxilia as insituições competentes a implantarem sistemas mais efetivos de produção, pois é necessário identificar as espécies cultivadas e as referidas áreas de produção. Outro entrave na cadeia produtiva de um sistema de produção frutícola é o desconhecimento do momento de colheita das espécies cultivadas, principalmente as espécies que não são tolerantes a um tempo maior de armazenamento. Sendo assim, a presente monografia tem como finalidade principal identificar as espécies cultivadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, quantificar esta produção e mapear as áreas de cultivo, contribuindo assim para um melhor planejamento da comercialização destes produtos. Em virtude da dificuldade de relacionar e consultar as informações da RDS- Uatumã, a presente monografia visa contribuir com informações que auxiliam as instituições competentes à planejar o escoamento da produção frutícola e contribuir para geração de renda dos comunitários da Reserva. 1

1. OBJETIVOS 1.1 OBJETIVO GERAL Caracterizar a potencialidade da produção frutícola da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã. 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Caracterizar a produção frutícola e identificar as espécies de maior potencial; Identificar as épocas de colheita das espécies estudadas; Mapeamento dos locais de produção das espécies de maior potencial. 2

2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CONCEITOS 2.1.1 Unidades de Conservação A criação e gestão de Unidades de Conservação (UC) representam uma das principais estratégias para a proteção da biodiversidade e conservação dos recursos naturais na Amazônia. O Sistema Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas-CEUC, de 05 de junho de 2007, define Unidade de Conservação como sendo espaço territorial com características naturais relevantes e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, legalmente instituído pelo Poder Público com objetivos de conservação in situ e de desenvolvimento sustentável das comunidades tradicionais, com limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Nesse sentido, o SEUC define 15 diferentes categorias de Unidades de Conservação, dividida em dois grupos: Categorias de UC de Proteção Integral: I - Unidade de Proteção Integral: onde o objetivo básico é preservar a natureza e se admite apenas o uso indireto dos recursos naturais dentro de seus limites, com exceção apenas a casos específicos previstos em Lei. I - Estação Ecológica - ESEC; II - Reserva Biológica - REBIO; III - Parque Estadual; IV - Monumento Natural; V - Refúgio de Vida Silvestre; VI - Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN. II - Unidade de Uso Sustentável: onde o objetivo básico é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parte de seus recursos naturais. Categorias de UC de Uso Sustentável: I - Área de Proteção Ambiental - APA; II - Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE; III - Floresta Estadual - FLORESTA; IV - Reserva Extrativista - RESEX; V - Reserva de Fauna; VI - Reserva de Desenvolvimento Sustentável - RDS; 3

VII - Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável - RPDS; VIII - Estrada Parque; IX - Rio Cênico. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) é uma modalidade de Unidade de Conservação que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e específicas de forma a exercer o papel de proteção da natureza e manutenção da diversidade biológica (CEUC, 2007). 2.1.3 Plano de Gestão Com o objetivo de efetivar a gestão e o monitoramento das Unidades de Conservação do Estado e objetivando a consolidação do Sistema Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas - (SDS) adotou o chamado Plano de Gestão, que segue as mesmas diretrizes do Plano de Manejo das UC Federais. O Plano de Gestão é um documento técnico e gerencial, fundamentado nos objetivos da Unidade de Conservação, que estabelece o seu zoneamento, as normas que devem regular o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação da estrutura física necessária à gestão da Unidade (CEUC, 2007). 2.1.3 Zoneamento da RDS - Uatumã O estabelecimento de Regras de Uso da RDS do Uatumã segundo Zonas de Utilização tem como finalidade garantir o uso sustentável dos recursos naturais da Unidade de Conservação, mediante a regulamentação das condutas não predatórias incorporadas à cultura dos moradores, bem como as demais condutas que devem ser seguidas para cumprir a legislação brasileira sobre o meio ambiente. O zoneamento é uma definição de setores ou zonas em uma Unidade de Conservação com os objetivos de manejo e normas específicas, com vistas a proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da Unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz (CEUC, 2007). Constitui, portanto, um instrumento de ordenamento territorial, usado como recurso para se atingir melhores resultados no manejo da unidade, pois estabelece usos diferenciados para cada zona, segundo os objetivos da UC (IBAMA, 2002). (PLANO) 4

No Estado do Amazonas, o sistema de zoneamento está baseado principalmente no critério da intensidade da intervenção sobre o meio, associado a critérios como o estado de conservação da área ou o tipo de atividade que será realizado (AMAZONAS, 2007). (PG-2008) Estudos biológicos, diagnósticos socioambientais e levantamentos biofísicos realizados na Reserva subsidiaram o zoneamento e as regras de uso da RDS do Uatumã. Seguindo as vocações e características de cada local, foram definidas as atividades e regras de uso do solo. (IDESAM-2008) 2.1.4 Sistema de Informações Geográficas (SIG) O termo sistema de informações geográficas (SIG) é aplicado para sistemas que realizam o tratamento computacional de dados geográficos. O principal de um SIG para um sistema de informações convencional é sua capacidade de armazenar tanto os atributos descritivos como as geometrias dos diferentes tipos de dados geográficos. Com a introdução da informática, a partir do final da primeira metade do século XX a cartografia passou a ser assessorada pelo computador em todas as etapas, evoluindo ate os dias de hoje. Com o avanço das tecnologias digitais, se desenvolveu uma multiplicidade de softwares que auxiliam a cartografia a criar soluções rápidas e sofisticadas para a construção de mapas temáticos, e é nesse contexto que se insere a criação do SIG (Sistema de Informações Geográficas) e de métodos conceituais de análises do espaço e de possibilidades de mapeamentos quantitativos. Varias técnicas podem ser aplicadas no contexto do SIG, por tanto, atualmente, a mais utilizada é o geoprocessamento que pode ser compreendido como um conjunto de atividades que lidam com aquisição de tratamento, interpretação e analise de dados sobre a Terra e caracterizase por aplicações transdisciplinares em diversas áreas, apoiadas pela utilização de tecnologias de ponta como satélites de observação da Terra, sensores remotos, e coleta de dados através de sistema GPS entre outros. O geoprocessamento possui ferramentas computacionais como o Sistema de Informação Geográfica (SIG) que nos permitem a realização de analises mais complexas, em que possam se integrar dados de diversas fontes e por meio da criação de um banco de dados georeferrenciados torna possível ainda, a automatização da produção de documentos cartográficos. Segundo Carvalho e Silva (2006 apud MANAIA Y ROSOLÉM, 2010, p. 2) diz que o SIG é um importante instrumento de análise, visualização e interpretação do dado geográfico. O impacto desta tecnologia na geografia e em áreas afins tem sido muito grande, no qual tem muito 5

a oferecer para se entender, aprender e explicar o espaço geográfico por meio de teorias e técnicas adequadas. Esta ferramenta tem sido utilizada com muita freqüência por pesquisadores em diversas linhas de pesquisas, pelas diversidades de softwares disponibilizados que apresentam uma versatilidade em capturar, armazenar, recuperar, transformar e representar espacialmente os dados do mundo real. Os softwares de um SIG são específicos para a sua utilização no tratamento e na manipulação de dados referentes ao espaço, sendo constituídos por diferentes módulos e executa diversas funções, tendo como exemplo: ARC Gis, IDRISI, SPRING, QUANTUM Gis, ENVI entre outros. O geoprocessamento constitui a disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento de informação geográfica, influenciando a madeira crescente as áreas de cartografia, análises de recursos naturais, transportes, comunicação, energia e planejamento urbano e regional (MEDEIROS Y CÂMARA, 2002 apud MAIA, 2003, p. 28). 2.2 RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO UATUMÃ Figura 1: Localização das Unidades de Conservação do Estado do Amazonas, com destaque para a RDS do Uatumã Fonte: IDESAM 6

Criada em junho de 2004, com a assinatura do Decreto N 24.295 de 25/06/04, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, com área total de 424.430ha, situa-se nos municípios de Itapiranga e São Sebastião do Uatumã, nordeste do Estado do Amazonas, tendo como órgão gestor o Centro Estadual de Unidades de Conservação CEUC, e Co-Gestor Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas Idesam. Vivem na RDS do Uatumã cerca de 250 famílias, distribuídas em 20 comunidades situadas às margens dos rios Uatumã, Jatapu e Caribi. Os moradores possuem como base de sua economia o agroextrativismo, principalmente agricultura de pequena escala, a pesca de subsistência e o extrativismo florestal (IDESAM, 2007). A RDS-Uatumã é formada por 20 comunidades ribeirinhas, as mesmas têm, através da organização produtiva, a base de seu sustento no agroextrativismo, com destaque para a produção da farinha de mandioca, a pesca artesanal e o extrativismo de plantas nativas. Esses grupos desenvolveram-se em diferentes momentos da história brasileira e estabeleceram uma estreita relação com o ambiente no qual vivem. O conhecimento acumulado torna-se notório ao observarmos a sabedoria empregada nas relações do dia a dia como: no convívio harmonioso com o regime das enchentes; na utilização distinta da floresta de várzea e de terra firme; no cultivo do roçado de mandioca com grande diversidade de manivas; no preparo da farinha; nos artesanatos; na utilização das plantas medicinais; nas danças, mitos, rituais e no hábito de viver sem a preocupação de acumular. (IDESAM, 2007). Na década de 80 a região do Uatumã (mapa de localização em anexo I) gozou de grande fartura em relação ao extrativismo. Entretanto, as atividades realizadas não eram legais, deixando assim as florestas suscetíveis à demanda do mercado e à pressão e interesse econômico de atores externos. Fato este que comprometeu o estoque de produtos provenientes da floresta. Já em 90, a Unidade de conservação foi criada, extinguindo praticamente, o usufruto desordenado dos bens da floresta (IDESAM, 2009). 2.2.1 Atributos naturais Cortada em toda extensão pelo Rio Uatumã. A vegetação predominante é a Floresta de Terra Firme, havendo também áreas de Igapó, Baixio, Campinas e Campinaranas. Um dos destaques da reserva é que ela é um dos remanescentes do ambiente que foi perdido com a construção de Balbina. De grande importância biológica. Sua criação foi motivada por abrigar um primata considerado raro e, provavelmente, endêmico na área da reserva e entorno: o Sauim, Saguinus 7

martinsi ochraceus. Ocorrem também populações de espécies de quelônios ameaçadas de extinção, que desovam no interior da reserva. 2.2.2 Infra-estrutura Cerca de 20 comunidades ribeirinhas habitam a RDS. O acesso à área pode ser feito por via fluvial nos trechos Manaus/São Sebastião do Uatumã ou Manaus/Urucará, seguindo de voadeira depois até a reserva. Por via terrestre o acesso é pela BR-174, até a AM-240. Desta segue-se até a estrada da Morena (próximo à barragem da hidrelétrica). Outra alternativa seria transitar pela AM-010 até Itapiranga, e depois via fluvial pelo rio Uatumã até a reserva. A Reserva foi dividida em pólos para melhor gestão e planejamento. Figura 2: Zoneamento da RDS-Uatuma por Polos Fonte: IDESAM, 2007 2.2.3 Sócio-economia A vocação de trabalho dos moradores da RDS do Uatumã é a agricultura. Apenas 11% dos moradores hoje não se dedicam a ela. Dentro dessa realidade, 34% dos comunitários dependem exclusivamente da renda da agricultura. 8

55% 11% 89% 34% Não trab. com agricultura Agricultura Agric. com renda extra Apenas agric. Figura 3: Percentual dos moradores que trabalham com agricultura na RDS do Uatumã Fonte: IDESAM, 2007 A agricultura absorve a maior parte da mão de obra. Mais de 40 espécies, dentre elas banana, melancia, cupuaçu e mandioca são cultivadas. A pesca é artesanal, para consumo local, embora haja o incremento da produção do tucunaré no reservatório de Balbina. No extrativismo vegetal, os principais produtos são a borracha e a castanha. As principais caças são: cotia, veadomateiro, mutum e caitetu. Mais de 100 produtos extrativistas são explorados, sendo com maior intensidade a copaíba, o cipó-titica, o louro e o breu. São utilizadas também várias espécies de madeira como piquiá, paxiúba e mulateiro, além de babaçu e espécies de palmeiras (palheiras). As comunidades guardam um valoroso patrimônio arqueológico, a "terra preta de índio" e tem especial colheita de ovos de quelônios (Unidades de Conservação do Estado do Amazonas. Manaus: SDS/SEAPE, 2007). A agricultura representa a principal atividade produtiva e rentável das comunidades da RDS do Uatumã. Das vinte comunidades trabalhadas no levantamento socioeconômico apenas duas Monte Sião e Monte das Oliveiras relataram apresentar outra atividade econômica mais importante, no caso o extrativismo madeireiro e/ou não-madeireiro (palha, cipó e breu). Além do valor da agricultura como atividade econômica pode-se citá-la também como uma das atividades mais importantes de subsistência e segurança alimentar das comunidades presentes na RDS, inclusive das que foram citadas acima como exceção em relação à sua principal fonte de renda. Muitas das famílias que sobreviviam à custa do extrativismo (madeira, não-madeireiros e pesca) foram embora de suas áreas pela falta de informação, acreditando que seriam repreendidas por tais atividades. Por este fato, a produção agrícola dos comunitários atuais da Reserva ganhou 9

um peso maior no quadro econômico da região, a partir da diminuição do uso recursos extrativistas por receio de apreensão e multa. A agricultura, apesar de representar a principal atividade produtiva, é praticada de forma bastante rudimentar, baseando-se no sistema de derrubada da vegetação, queima, plantios sucessivos e pousio, esta última etapa representada pelo abandono da área, resultando na formação dos sítios (pomar de frutíferas de ciclo perene) e/ou de capoeiras. A ausência de organização da produção, assistência técnica, estruturas de beneficiamento e dificuldades no escoamento da produção também caracterizam esse tipo de agricultura, que é a realidade de diversas áreas rurais da região norte do Brasil. A assistência técnica encontrada na região está limitada à doação de sementes (geralmente de baixa qualidade e dadas fora do período de plantio) e fertilizantes pelo IDAM, tendo o agricultor que procurá-los nos centros urbanos. A informação dada aos agricultores geralmente é insuficiente, havendo relatos de má aplicação do adubo doado e da falta de informação para o armazenamento do fertilizante. Apesar dos casos citados estarem relacionados à aplicação de fertilizantes comerciais, a maioria dos agricultores não utiliza tal incremento. De acordo com o Plano de Gestão, é proibido o uso de agrotóxicos, exceto para combate à pragas e doenças. O Pano prevê (parágrafo 26, pg 271) também para o cultivo agrícola o uso de até 03 (três) hectares por ano por família para áreas de roçado, devendo seguir as seguintes normas: I. A utilização de áreas acima de 03 hectares necessita de aprovação pelo conselho deliberativo e anuência do órgão gestor (CEUC/SDS). II. Para abertura de áreas de floresta, deverá ser solicitada autorização ao IPAAM e CEUC/SDS. III. Realizar o planejamento de abertura de roçado por comunidade e apresentar ao órgão gestor. IV. Para abertura de roças em áreas de capoeira jovem (conforme legislação vigente) é necessário anuência do Órgão Gestor, ficando desobrigada a autorização do IPAAM. V. Recomenda-se o rodízio de áreas de roçado de culturas anuais. Do ponto de vista ambiental, o desenvolvimento da fruticultura permite combinar a preservação da mata com a implantação de culturas perenes. Na plataforma tecnológica da fruticultura discutem-se estas espécies comercialmente exploradas no Amazonas: cupuaçu, açaí, buriti, taperebá (cajá), graviola, acerola, cúbiu, araçá-boi, guaraná, castanha-do-brasil, pupunha, cana-de-açúcar (Análise Ambiental e de Sustentabilidade do Estado do Amazonas). 10

3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 ÁREA DE ESTUDO O estudo foi realizado sobre a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, envolvendo suas informações já existentes e realizando coleta de novos dados no local. 3.1.1 Localização A Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã está localizada na região do médio Rio Amazonas, a 200 km em linha reta de Manaus, nos municípios de Itapiranga e São Sebastião do Uatumã, na margem esquerda do rio Uatumã, e Itapiranga, na margem direita. Abaixo mapa de localização da área em estudo. Figura 4: Mapa de localização da Reserva Fonte: Instituto de Conservação e Desenvolvimento do Amazonas-IDESAM 11

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Seleção da Área de Estudo Procedimento metodológico Revisão Bibliográfica da Área de Estudo Planejamento Elaboração do questionário Visita a campo Aplicação do questionário Coleta de informação Figura 5: Organograma de Metodologia Banco de dados Armazenamento dos dados no software Microsoft Excel Confecções dos gráficos e quantificação da produção Mapeamento da Área Coleta dos pontos Inserção dos dados no software ArcGis 9.3 (ESRI) Relacionamento das informações do banco de dado para o SIGs Elaboração dos mapas 3.2.1 Revisão Bibliográfica da Área de Estudo O estudo teve início com revisão de literatura sobre as pesquisas já realizadas, conceitos e trabalhos na área da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, com finalidade de identificar as informações existentes. Nesta etapa inicial foi realizado um download de imagens de satélite Landsat-5TM do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE, e realizado o processamento digital das mesmas. Nesta mesma etapa foram adquiridos os dados espaciais vetoriais da Reserva em estudo, com o objetivo de criação do banco de dados. 3.2.2 Planejamento Houve o planejamento das atividades, identificando o melhor método para realização da coleta dos dados referentes à produção frutícola e o melhor método de abordagem, junto à comunidade. Posteriormente identificou-se os softwares adequados e disponíveis para o processamento destas informações. 12

3.2.3 Coleta de informação Foi elaborado um questionário com perguntas abertas e fechadas, para coleta das informações possibilitando a coleta das informações relevantes ao presente estudo. Foram realizadas duas expedições para coleta das informações em campo junto aos moradores, sendo a primeira no mês de abril, em um total de oito (8) dias, e uma segunda em julho, em um total de dez (10) dias. Cada questionário foi enumerado e preenchido com as referentes informações (Apêndice A e B) e inserido as referentes coordenadas geográficas coletadas em campo para mapeamento dos locais de produção. Junto com os comunitários, foi possível identificar, por conhecimento empírico as datas de plantio por espécie. Para caracterização da produção frutícola foram entrevistados 111 produtores, em 19 das 20 comunidades. A comunidade Bela Vista, não foi possível a aplicação do questionário por motivos de logísticas e poucos moradores na mesma. Ao realizar a aplicação dos questionários nas residências dos moradores era realizada a ida até a área de produção para coleta dos pontos com coordenadas x e y, para realizar o mapeamento das áreas de produção por espécie. 3.2.4 Banco de Dados Após a coleta dos dados em campo foi realizado o processamento das informações construindo um banco de dados utilizando o software Microsoft Excel, do pacote Office, processando as informações por referência cruzada. Para estimativa do total da produção líquida anual foi utilizada uma tabela base (Apêndice D) concedida pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Uatumã (IDESAM) ao qual forneceu valores de perdas e produção por espécie e por planta. Sendo assim, foi possível realizar a quantificação da produção em unidades totais de frutos, kilos (kg) e cachos. Nesta etapa para a quantificação dos valores e gráficos apresentados nos resultados do presente trabalho, utilizou-se o processo de referência cruzada para as quantificações. 13

3.2.5 Mapeamento da Área Após tal processamento inicial realizado no Microsoft Excel, foi possível relacionar as informações das tabelas de referências cruzadas do Microsoft Excel, com o banco de dados geográficos do software ArcGis 9.3 (ESRI), pela ferramenta Join, podendo assim realizar a transferência destas informações para o SIG, possibilitando o mapeamento e quantificação dos valores apresentados nos mapas, ao quais identificam as áreas de produções frutícolas. Para realização dos mapas de produção foi utilizado o software ArcGis 9.3 da ESRI. 14

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FRUTÍCOLA E IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE MAIOR POTENCIAL Foram identificados ao longo das entrevistas de campo um total de 111 produtores agrícolas dentre os moradores da reserva. Ao final da aplicação dos questionários, foi possível delimitada as espécies com maiores ocorrências, delimitando 25 espécies para processamento das informações. Tabela 1: Lista das Espécies delimitadas para pesquisa N⁰ Nome Popular Nome científico Família 1 Abacate Persea americana Mill Lauraceae 2 Abacaxi Ananas comosus (L.) Morr Bromeliaceae 3 Açaí Euterpe oleracea Palmae 4 Bacaba Oenocarpus bacaba Mart. Areaceae 5 Banana Musa Spp. Musaceae 6 Biribá Rollinia mucosa Annonaceae 7 Buriti Mauritia flexuosa Palmae 8 Cacau Theobroma cacao L. Sterculiaceae 9 Café Coffea arabica L. Rubiaceae 10 Caju Anacardium occidentale L. Anarcadiaceae 11 Coco Cocus Spp. Areaceae 12 Cupuaçú Theobroma grandiflorum Schum. Sterculiaceae 13 Goiaba Psidium guajava L. Myrtaceae 14 Graviola Annona muricata Annonaceae 15 Guaraná Paullinia cupana Kunth Sapindaceae 16 Ingá Inga sp. Mimosaceae 17 Jambo Syzygium spp. Myrtaceae 18 Laranja Citrus sinensis Rutaceae 19 Limão Citrus X limon L. Rutaceae 20 Mamão Carica papaya L. Caricaceae 21 Manga Mangifera ssp. Anarcadiaceae 22 Maracujá Passiflora sp. Passifloraceae 23 Pupunha Bactris gasipaes Palmae 24 Taperebá Spondias lutea Linn Anarcadiaceae 25 Tucumã Astrocaryum aculeatum Palmaceae 4.1.1 Caracterização da produção frutícola por comunidade Dos 111 produtores identificados e entrevistados podemos identificar, de acordo com a análise da figura 6, que as comunidades Bom Jesus, São Francisco do Caribi, Santa Luzia do 15

Jacarequara e N.S.Per.Soc. Maracarana obtiveram valores semelhantes ao número total de produtores. As demais comunidades obtiveram valores inferiores que 10 (dez) produtores. Figura 6: Número de produtores identificados por Comunidade Entretanto, Abreu (2000), ao analisar a estrutura familiar no PARNA do Jaú, AM, ressalta o papel das mulheres no planejamento e na execução nas atividades econômicas da produção familiar. Essa referência sobre tal participação na administração familiar, também é compartilhada por Pedroso (2003) e por Simonian (2001). Portanto, a família toma suas decisões combinando da melhor maneira os recursos disponíveis que dependem, dentre outras, das condições do ambiente. Isso ocorre também na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, que tem como base para tal produção o envolvimento da mulher, do homem e dos filhos de maior idade, porém nas entrevistas realizadas com os moradores um dos entraves para aumento da produção e do número de produtores seria a falta de mão-de-obra para auxiliar nas atividades diárias do processo produtivo. Pode-se observar, de acordo com a figura 7, as comunidades: Boto (Deus Ajude), N.S. Fátima CAIOÉ Grande e N.S.Perp. Soc. Maracarana cultivam a maioria das espécies delimitadas para este estudo (25), caracterizando uma produção com diversidade de espécies. A maioria dos locais de produção visitados na Reserva pode-se identificar uma produção de espécies intercaladas entre - si, ou seja, o cultivo das espécies no local de estudo não tem como padrão a monocultura. Isso contribui para uma diversidade produtiva de colheita em diferentes momentos, e evita também a ocorrência de pragas e doenças. 16

Figura 7: Total de espécies identificadas por comunidade 4.1.2 Caracterização da produção frutícola por espécie Para os dados apresentados no gráfico 8, foram desconsiderados as espécies com número total de plantas inferiores à 100. São elas: Jambo (Syzygium spp). com 38, Biribá (Rollinia mucosa) com 61 e mamão (Carica papaya L.) com 36 número de plantas. Das 25 espécies estudadas, foi identificado Tucumã (Astrocaryum vulgare), pupunha (Bactris gasipaes)e bacaba(oenocarpus bacaba Mart.) como espécies extrativistas e 22 espécies principais cultivadas. Pode-se observar que as espécies banana (Musa Spp.), Tucumã (Astrocaryum aculeatum), Abacaxi (Ananas comosus (L.) Morr) e Cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.) obtiveram maiores taxas de ocorrência na Reserva, indicando o potencial de produção de espécies nativas e tropicais. A banana (Musa Spp.) é o produto agrícolas mais vendido em algumas comunidades depois da farinha de mandioca, e geralmente está presente nas roças dos comunitários de toda a reserva, seja para a comercialização ou para consumo da família. Figura 8: Gráfico relacionado o número total de produtores por espécie, ocorrência da espécie por comunidade e número total de plantas identificadas 17

A produção de banana (Musa Spp.) tem mercado em todas as cidades do entorno, com destaque para a cidade de Itapiranga, que possui demanda e bons preços para o produto. (IDESAM,2007).A bananicultura é uma das atividades de maior relevância para o agronegócio da região Norte, principalmente para o Estado do Amazonas, onde o consumo per capita gira em torno de 60 kg/ano. A banana (Musa Spp.) é, portanto, uma das principais bases alimentares para a população amazonense (EMBRAPA, 2003). De acordo com pesquisas realizadas nas principais feiras de Manaus, 45% das bananas (Musa Spp.) vendidas nas mesmas são oriundas de Roraima em geral e 12,9% de Boa Vista. Isso significa que 58% (estimado) da produção de banana (Musa Spp.) tem origem de outro estado. Isso implica em um maior consumo de energia para transporte deste produto e menor aproveitamento da produção local. Outra espécie que tem grande ocorrência na área em estudo são as populações naturais de Tucumã (Astrocaryum vulgare), que é uma palmeira oleaginosa com grande potencial econômico para frutos e artesanatos. Recentemente, o óleo da polpa e da amêndoa de seus frutos tem sido indicado para a produção de biocombustíveis. (SOUZA, et. Al, 2010). Tucumã (Astrocaryum vulgare) tem grande potencial para exploração econômica. É uma planta usada no artesanato (suas fibras e caroços são comuns em artigos regionais, especialmente indígenas) e serve na recuperação ambiental, pois desenvolve-se bem em áreas alteradas (CALZAVARA et al., 1978; CYMERYS, 2005). Os frutos apresentam grande quantidade de caroteno, podendo ser considerado um alimento funcional (VILLACHICA, 1996). A produção de cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.), fruta nativa da região, merece destaque, não só pela quantidade elevada de número de plantas, mas também pelo seu aproveitamento. De acordo com a Embrapa, o Cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.) é um dos produtos que tem maior diversificação de empreendimentos, podendo citar desde a produção de polpas, sorvetes, licores, biscoitos, iogurtes, ração (casca), produção de chocolate branco (feito com as sementes), cupulate até a fabricação de cosméticos. Já a espécie tucumã (Astrocaryum vulgare) pode citar como uso a extração de óleo, seu consume in-natura, produção de vinho, sorvete e suco. 4.1.3 Estimativas da Produção líquida anual a) Quantificação por unidade frutas Ao quantificar as espécies pela unidade de frutas pode-se observar, pela análise do gráfico 9, que a espécie tucumã (Astrocaryum vulgare),oriundas de populações naturais, cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.) e laranja (Citrus sinensis) obtiveram maiores taxas de 18

produção. Tais valores podem ser potencializados por métodos silviculturais, ao qual auxilia para aumento da produção. Figura 9: Produção anual estimada de frutos por espécie Pode-se identificar que a produção depende de mão-de-obra e assistência técnica, como afirma BENJAMIN, 2004. O esforço para aumentar o rendimento da terra e a produtividade do trabalho agrícola esta condicionado pela disponibilidade da mão de obra e do nível tecnológico a ser empregado, além do nível de organização das comunidades. b) Quantificação por números de Cachos Ao observar a figura 10, acima podemos identificar o açaí (Euterpe oleracea) e banana (Musa Spp.) com elevados valores produtivos, sendo um grande potencial de geração de renda para a reserva. Solos arenosos, falta de assistência técnica, dificuldades de escoamento e armazenamento de produtos beneficiados são os principais entraves ao desenvolvimento de uma agricultura familiar mais eficiente. Figura 10: Produção anual estimada de cachos por espécie estudada Quanto ao escoamento da produção, as prefeituras de Itapiranga e São Sebastião do Uatumã oferecem algumas facilidades para escoamento da produção agrícola, cedendo mensalmente um barco que os desloca até a sede do município. Porém, este auxílio não está 19

sendo eficaz uma vez que o mesmo não há espaço adequado para armazenar as frutas e nem sempre tem dia certo da passagem. Isso dificulta o planejamento de organização do produtor. Ao caracterizar tal produção, pode-se observar alguns entraves que dificultam a continuidade desta produção para comercialização, como a falta de acesso contínuo a fontes de energia, impossibilitando o armazenamento de produtos beneficiados, como polpas de frutas, alternativa esta que seria viável para agregação de valor aos produtos da reserva. Existe também necessidade acentuada de capacitações e assistência técnica, com intuito de evitar maiores índices de perdas e contribuir para o aumento da produção. c) Quantificação por unidade Kilos (kg) As espécies frutícolas que obtiveram valores elevados de produção, de acordo com a análise da figura 11, foram o caju (Anacardium occidentale L.), com uma estimativa de 35.056 kg e goiaba com 14.064 kg. Tais espécies são muito perecíveis, necessitando de planejamento para rápido escoamento para minimizar as perdas. Outra maneira viável para agregar valor à produção é a fabricação de polpas com estas duas espécies. Figura 11: Produção total em kilos por espécie estimada 20

4.2 IDENTIFICAÇÃO DAS ÉPOCAS DE COLHEITA E PLANTIO DAS ESPÉCIES ESTUDADAS 4.2.1 Época de Colheita Tabela 2: Época de Colheita das espécies estudadas ao longo do ano Mês - Colheita ID Produto Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 1 Abacate X X X X 2 Abacaxi X X X 3 Açaí X X X 4 Bacaba X X 5 Banana X X X X 6 Biribá X X X X 7 Buriti X X 8 Cacau X X X X 9 Café X X 10 Caju X X 11 Coco X X X X X X X X X X X X 12 Cupuaçú X X 13 Goiaba X X 14 Graviola X X 15 Guaraná X X X 16 Ingá X X 17 Jambo X X X X 18 Laranja X X 19 Limão X X 20 Mamão X X 21 Manga X X X X X X 22 Maracujá X X X X X 23 Pupunha X X 24 Taperebá X X X X X 25 Tucumã X X X Total 5 5 5 9 9 12 15 13 15 6 5 5 Figura 12: Distribuição ao longo do ano da época de colheita 21

Ao longo do ano, a produção fica sempre condicionada à capacidade de transporte e de venda, isso prejudica o escoamento e acentua os índices de perdas na produção. Figura 13: Gráfico do regime hídrico do Rio Negro/AM Fonte: Acta Amazônica/2007 Na Bacia Amazônica o principal meio de transporte da produção dá-se através dos rios. Uma densa rede de drenagem, associada a uma diversidade nos regimes hidrológicos, condiciona não só o transporte da produção, mas também o ciclo de vida das populações ribeirinhas da Amazônia. Ao observarmos a figura 12 e compararmos com a figura 11, identificando o total de espécies para colheita por mês se identifica que a maioria das espécies tem como colheita os meses em que o rio está em sua cheia ou vazante, sendo eles os meses de abril a setembro, beneficiando assim o escoamento da produção frutícola da reserva até as vias de transporte terrestre. 4.3 MAPEAMENTO DOS LOCAIS DE PRODUÇÃO DAS ESPÉCIES DE MAIOR POTENCIAL Ao analisarmos a distribuição das espécies de tucumã (Astrocaryum vulgare), pela figura 15, identificou-se que a mesma encontra-se concentrada em dois pontos distantes entre si. Observa-se também que as espécies em análise concentram-se em dois locais com um número elevado de plantas. Para a extração desta espécie é necessário à elaboração do plano de manejo. 22

Figura 14: Distribuição espacial dos locais de extração do tucumã (Astrocaryum vulgare) Ao analisarmos a distribuição das espécies de cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.), pela figura 16, identificou-se que a mesma encontra-se com maior concentração no pólo 1, início da reserva, diminuindo a distância de escoamento. Nas demais áreas da reserva identificaram-se outros locais de produção da espécie cupuaçu, apontando que os moradores têm interessem em expandir tal produção. Figura 15: Distribuição espacial dos locais de produção de Cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.) 23

Ao analisarmos a distribuição das espécies de tucumã (Astrocaryum aculeatum) pela figura 17, identificou-se que a mesma encontra-se distribuída em toda a reserva, com maiores concentrações de número de plantas no Polo 1. Figura 16: Distribuição espacial dos locais de produção de Laranja (Citrus sinensis) Ao analisarmos a distribuição das espécies de açaí (Euterpe oleracea), pela figura 18, identificou-se que a mesma encontra-se concentrada apenas no pólo 1. Isso pode ser pelo fato de não identificarem outras áreas com populações naturais. Para a extração desta espécie é necessário à elaboração do plano de manejo. Figura 17: Distribuição espacial dos locais de extração do açaí (Euterpe oleracea) 24

As espécies Banana (Musa Spp.) e goiaba (Psidium guajava L). De acordo com o mapeamento espacial ilustrado pela figura 18 e 19, encontram-se distribuídas em toda a reserva. Figura 18: Distribuição espacial dos locais de produção de Banana (Musa Spp.) Figura 19: Distribuição espacial dos locais de produção de Goiaba (Psidium guajava L.) A espécie caju (Anacardium occidentale L.), de acordo com a análise da distribuição espacial está concentrada no pólo 1, início da reserva, contribuindo para o escoamento. 25

Figura 20: Distribuição espacial dos locais de produção de Caju (Anacardium occidentale L.) 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se observar que a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã tem uma variedade de produção frutícola em torno de 25 espécies, porém existem outras espécies frutícolas cultivadas existentes, porém em menores quantidades. Dentre as comunidades que mais se destacam em números totais de plantas são as Bom Jesus (Boto), Deus Ajude-Boto e Cesaréia. As espécies frutícolas com maiores índices produtivos foram o Tucumã (Astrocaryum aculeatum), Cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.), Laranja (Citrus sinensis), Açaí (Euterpe oleracea), Banana (Musa Spp)., Goiaba (Psidium guajava L.) e Cajú (Anacardium occidentale L.). Ao realizar o mapeamento identificou-se que as espécies banana Banana (Musa Spp), goiaba ((Psidium guajava L.) e Laranja (Citrus sinensis), tem uma distribuição espacial em toda a reserva, já as espécies Caju (Anacardium occidentale L.), Açaí (Euterpe oleracea), e Cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.) estão localizadas em maiores concentrações no pólo 1. Após identificar que a reserva tem potencial frutícola como geração de renda, ressalta-se a necessidade de um planejamento no sentido de auxiliar a efetividade desta produção para contribuir com a mitigação da extração ilegal madeireira, atividade esta com histórico de ocorrência na reserva. A melhoria dos sistemas de produção frutícola, atrelada aos sistemas silviculturais, que potencializem a produção, ofereceria aos moradores a otimização do sistema produtivo e aumento na geração de renda, evitando assim a migração para centros urbanos em busca de ofertas de trabalho. A necessidade de um estudo econômico mais aprofundado sobre os custos de escoamento desta produção se faz necessário para poder analisar a viabilidade da geração de renda. A partir deste plano é preciso estabelecer uma estratégia de comercialização destes produtos e ofertar mercados que comprem esta produção e ofereça valores justos à uma produção localizada em uma área protegida, cujo objetivo básico é conciliar a conservação da natureza à melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. 27