INSETICIDAS NEUROTÓXICOS MECANISMOS DE AÇÃO

Documentos relacionados
Controle Químico de Pragas

POTENCIAL DE MEMBRANA E POTENCIAL DE AÇÃO

23/08/2008. Biodinâmica de Inseticidas. Mecanismo de Ação dos Principais Grupos de Inseticidas e Acaricidas

Toxicologia de Inseticidas. Eng. Agr. Luiz Paulo

1) Neurônios: Geram impulsos nervosos quando estimulados;

Sinapses. Comunicação entre neurônios. Transmissão de sinais no sistema nervoso

Prof. João Ronaldo Tavares de Vasconcellos Neto

13/08/2016. Movimento. 1. Receptores sensoriais 2. Engrama motor

Comunicação entre neurônios. Transmissão de sinais no sistema nervoso

ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO FUNÇÕES BÁSICAS DAS SINAPSES E DAS SUBSTÂNCIAS TRANSMISSORAS

Prof. João Ronaldo Tavares de Vasconcellos Neto

FARMACODINÂMICA. da droga. Componente da célula c. (ou organismo) que interage com a droga e

21/03/2016. NEURÓGLIA (Células da Glia) arredondadas, possuem mitose e fazem suporte nutricional aos neurônios.

Eletrofisiologia 13/03/2012. Canais Iônicos. Proteínas Integrais: abertas permitem a passagem de íons

Sistema Nervoso Central Quem é o nosso SNC?

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA. Hormônios. Disciplina: Bioquímica 7 Turma: Medicina

SINAPSE. Sinapse é um tipo de junção especializada, em que um neurônio faz contato com outro neurônio ou tipo celular.

Toxicologia e Classificação dos inseticidas

unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Tema 07: Propriedades Elétricas das Membranas

Tecido Nervoso. 1) Introdução

TRANSMISSÃO DE INFORMAÇÃO

BIOLOGIA - 2 o ANO MÓDULO 14 SISTEMA NERVOSO

Sistema Nervoso Central - SNC Sistema Nervoso Central Quem é o nosso SNC?

Tema 07: Propriedades Elétricas das Membranas

CURSO DE EXTENSÃO. Neurofisiologia. Profa. Ana Lucia Cecconello

GÊNESE E PROPAGAÇÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO

21/08/2016. Fisiologia neuromuscular

SINAPSE: PONTO DE CONTATO ENTRE DOIS NEURONIOS SINAPSE QUIMICA COM A FENDA SINAPTICA SINAPSE ELETRICA COM GAP JUNCTIONS

Transmissão sináptica

FISIOLOGIA HUMANA UNIDADE II: SISTEMA NERVOSO

Sinapse. Permitem a comunicação e funcionamento do sistema nervoso. Neurónio pré-sináptico (envia a informação)

Funções do Sistema Nervoso Integração e regulação das funções dos diversos órgãos e sistemas corporais Trabalha em íntima associação com o sistema end

Tecido nervoso. Ø A função do tecido nervoso é fazer as comunicações entre os órgãos do corpo e o meio externo.

Introdução ao estudo de neurofisiologia

TECIDO NERVOSO - Neurônios

Coordenação nervosa e hormonal COORDENAÇÃO NERVOSA. Prof. Ana Rita Rainho. Interação entre sistemas. 1

TECIDO NERVOSO (parte 2)

Transmissão de Impulso Nervoso

BIOLOGIA. Identidade do Seres Vivos. Sistema Nervoso Humano Parte 2. Prof. ª Daniele Duó

SISTEMA NERVOSO MORFOLOGIA DO NEURÓNIO IMPULSO NERVOSO SINAPSE NERVOSA NATUREZA ELECTROQUÍMICA DA TRANSMISSÃO NERVOSA INTERFERÊNCIA DE SUBSTÂNCIAS

Regulação nervosa e hormonal nos animais

Exercícios de Coordenação Nervosa

Fármacos ativadores de colinoceptores e inibidores da acetilcolinesterase

Transmissão Sináptica

POTENCIAIS DE MEMBRANA: POTENCIAL DE REPOUSO E POTENCIAL DE AÇÃO. MARIANA SILVEIRA

TECIDO NERVOSO HISTOLOGIA NUTRIÇÃO UNIPAMPA

Organização geral. Organização geral SISTEMA NERVOSO. Organização anatómica. Função Neuromuscular. Noções Fundamentais ENDÓCRINO ENDÓCRINO

EXCITABILIDADE I POTENCIAL DE MEMBRANA EM REPOUSO POTENCIAL DE MEMBRANA EM REPOUSO POTENCIAL DE MEMBRANA EM REPOUSO POTENCIAL DE MEMBRANA EM REPOUSO

CURSO DE EXTENSÃO. Neurofisiologia I. Giana Blume Corssac

Fundamentos de Reabilitação. Neuro-anatomia

14/08/2012. Continuação

Papel das Sinapses no processamento de informações

"RESISTÊNCIA DE PRAGAS A PESTICIDAS: PRINCÍPIOS E PRÁTICAS" - Mecanismos de Ação de Inseticidas -

Liberação de neurotransmissores Potenciais pós-sinápticos e integração sináptica Plasticidade sináptica Sinapses elétricas

Mecanismos bio-moleculares responsáveis pela captação e interpretação dos sinais do meio externo e interno comunicação celular

Mecanismos bio-moleculares responsáveis pela captação e interpretação dos sinais do meio externo e interno comunicação celular

FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR DISCIPLINA: FISIOLOGIA I

Células da Glia Funções das células da Glia

10/05/2016. Fisiologia de insetos. Visão

Classificação e Características do Tecido Nervoso

FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO HUMANO

CONTRAÇÃO MUSCULAR. Letícia Lotufo. Estrutura. Função. Fonte: Malvin et al., Concepts in humam Physiology

O POTENCIAL DE AÇÃO 21/03/2017. Por serem muito evidentes nos neurônios, os potenciais de ação são também denominados IMPULSOS NERVOSOS.

Profa. Dra. Eliane Comoli Depto de Fisiologia da FMRP-USP

HISTOLOGIA DO TECIDO E SISTEMA NERVOSO

POTENCIAIS ELÉTRICOS DAS CÉLULAS

31/10/2017. Fisiologia neuromuscular

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO

Sistema Nervoso e Potencial de ação

Neurônio. Neurônio 15/08/2017 TECIDO NERVOSO. corpo celular, dendrito e axônio

29/03/2015 LOCAL DE AÇÃO MECANISMO DE AÇÃO EFEITOS. Fármaco Princípio Ativo. Receptor: componente de uma célula

Fisiologia da motilidade

Qual é o objeto de estudo da Fisiologia Humana? Por que a Fisiologia Humana é ensinada em um curso de licenciatura em Educação Física?

Profa. Cláudia Herrera Tambeli

MEMBRANAS PLASMÁTICAS

SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

Metabolismo muscular. Sarcômero: a unidade funcional do músculo Músculo cardíaco de rato. Músculo esquelético de camundongo

Biofísica Molecular. Bases Moleculares da Contração Muscular. Prof. Dr. Walter F. de Azevedo Jr Dr. Walter F. de Azevedo

Cada célula é programada para responder a combinações específicas de moléculas sinalizadoras

FISIOLOGIA HUMANA. Prof. Vagner Sá UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

SINAPSE E TRANSMISSÃO SINÁPTICA

CONSIDERAÇÕES SOBRE POTENCIAIS DE MEMBRANA A DINÂMICA DOS FUNCIONAMENTO DOS CANAIS ATIVADOS POR NEUROTRANSMISSORES

1) Neurônio Neurônio (SNC) 2) Neurônio pós ganglionar Órgão efetor. Receptores muscarínicos. Receptores Muscarínicos. 3) Neurônio pré e pós ganglionar

Bioeletrogênese 21/03/2017. Potencial de membrana de repouso. Profa. Rosângela Batista de Vasconcelos

Fisiologia do Sistema Nervoso 1B

Prof. João Ronaldo Tavares de Vasconcellos Neto

SISTEMA NERVOSO MÓDULO 7 FISIOLOGIA

ENSINO MÉDIO SISTEMA NERVOSO

Anatomia e Fisiologia Sistema Nervoso Profª Andrelisa V. Parra

NEUROTRANSMISSORES MÓDULO 401/2012. Maria Dilma Teodoro

unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Importância dos processos de sinalização. Moléculas sinalizadoras (proteínas, peptídeos, aminoácidos, hormônios, gases)

NEUROMORFOLOGIA. Neurônio célula esquisita com estranhos poderes

1) Neurônio Neurônio (SNC) Receptores muscarínicos e nicotínicos. 2) Neurônio pós ganglionar Órgão efetor Receptores muscarínicos

BIOELETROGÊNESE. Capacidade de gerar e alterar a diferença de potencial elétrico através da membrana. - Neurônios. esqueléticas lisas cardíacas

Neurofisiologia. Profª Grace Schenatto Pereira Núcleo de Neurociências NNc Bloco A4, sala 168 Departamento de Fisiologia e Biofísica ICB-UFMG

Anatomia e Fisiologia Animal Sistema Nervoso

Transcrição:

INSETICIDAS NEUROTÓXICOS MECANISMOS DE AÇÃO Transmissões nervosas em insetos Células nervosas neurônios com 2 filamentos Axônio Filamento longo que conduz os impulsos nervosos para fora da célula. Dendrito Filamento nervoso curto que recebe os impulsos nervosos. Corpo celular Dendritos Axônio

Transmissão de impulso nervoso Processos Elétricos: Transmissão Axônica Fonte: Celso Omoto Processos Químicos: Transmissão Sináptica SINAPSE: O espaço ou fenda que separa dois neurônios

Fonte: Celso Omoto

LOCAIS DAS JUNÇÕES FONTE : OMOTO ESALQ-2008

TRANSMISSÃO DO IMPULSO ELÉTRICO Os impulsos nervosos nos axônios são elétricos e ocorrem por diferença de potencial devido aos íons Ca + e K + CÉLULA EM REPOUSO Interior Na + baixa concentração e K + alta concentração Exterior Na + alta concentração e K + baixa concentração DDP = -70 mv e membrana impermeável. IMPULSO/TRANSMISSÃO NO AXÔNIO Membrana axônio pré-sinapse fica permeável Abertura canais de Na+ entrada de Na + interior; Saída de K + com alteração DDP interno + 20 mv; Exterior fica eletronegativo corrente elétrica

TRANSMISSÃO DO IMPULSO ELÉTRICO NO AXÔNIO

TRANSMISSÃO DO IMPULSO QUÍMICO NA SINAPSE: -Liberação do neuro-transmissor ACETILCOLINA Aco presente nas vesículas Sinápticas (neurônio pré-sinaptico) -Ligação da Aco na proteína (receptores colinérgicos) no neurônio pós-sináptico; -Passagem do impulso químico; -Liberação da enzima AChE no neurônio pós-sináptico -Degradação da Acetilcolina em Colina + Ac. Acético -Célula volta ao repouso ação canais de Cl - na transmissão axônica.

INSETICIDAS NEUROTÓXICOS A-QUE ATUAM NA TRANSMISSÃO SINÁPTICA A1-INIBIDORES DA ENZIMA ACETILCOLINESTERASE AChE -Inseticida liga-se na AChE inibindo sua atividade; Acúmulo de Acetilcolina (Aco) na sinapse; Impulsos químicos contínuos e descontrolados; Hiper excitação do sistema nervoso central MORTE FOSFORADOS ACo fosforilada CARBAMATOS ACo carbamilada

A2 INSETICIDAS AGEM EM RECEPTORES DE ACETILCOLINA Levam insetos a morte convulsões e colapso do sistema nervoso. A2.1- INSETICIDAS AGONISTAS DE ACETILCOLINA Atuam em receptores de Acetilcolina no neurônio pós-sináptico; São agonistas e competem com os receptores nicotínicos da ACo; Imitam a ação do neurotransmissor Aco : fixam-se nos receptores na membrana das células pós-sinápticas; abrem canais de Na + ; são demoradamente degradados pela AChE Estímulo contínuo Hiperatividade nervosa seguida de colapso do sistema nervoso Morte... NEONICOTINÓIDES

A2.2 ANTAGONISTAS DE ACETILCOLINA Inseticida liga-se a Acetilcolina+ Proteina receptora; Inibição na condução dos íons Na + por seus canais; Bloqueio da transmissão dos impulsos nervosos; Paralisia geral do inseto MORTE TIOCARBAMATOS Cartap A2.3 MODULADORES RECEPTORES ACETIL COLINA Fixam-se nos receptores nicotinérgicos da Aco; Ação modula a abertura canais iônicos ; Ocorre ativação prolongada dos receptores; Transmissão contínua, excitação, colapso sistema nervoso; O sítio de ligação é diferente dos neonicotinóides; SPINOSAD - Tracer

A3 - ATUAÇÃO EM RECEPTORES GABA(ácido gama amino butírico) O GABA é neurotransmissor que ocorre em junções Glutanérgicas, Presentes no sistema nervoso central e nas junções neuro-musculares; Ação na membrana pós-sinaptica É neurotransmissor inibitório; Restabelece o estado de repouso do SNC e muscular; aumentando a permeabilidade membrana aos íons Cl- A3.1- ANTAGONISTAS DO GABA Inseticidas neurotóxicos, sinápticos de junções glutanérgicas; Agem contrariamente ao GABA; Impedem haja entrada dos íons Cl - no neurônio, Não há restabelecimento do estado de repouso; Inseto fica super excitado, com tremores, convulsivo e morre. Ciclodienos cloro- fosforados Endossulfan Fenil pirezóis - Fipronil

A 3.2 AGONISTAS DO GABA Inseticidas neurotóxicos, venenos sinápticos de junções glutanérgicas; Agonistas de GABA e canais de Cl-; Ação associada a potencialização da transmissão GABA energética; Restabelece estado de repouso sistema nervoso central e neuromuscular; Por aumento da permeabilidade da membrana para íons Cl; Ligam-se receptores de GABA na membrana pós-sináptica; Estimula fluxo Cl - para o interior neurônio ; Resulta num estado de repouso forçado : ataxia e paralisia Há descordenação motora; Morte por depressão respiratória. AVERMECTINAS Vertimec, Abamectina MILBEMICINAS

B NEUROTÓXICOS ATUAM TRANSMISSÃO AXÔNICA B1 MODULADORES DE CANAIS DE Na+ Inseticidas neurotóxicos axônicos; Agem na transmissão elétrica do impulso na célula nervosa(axônios); Perturbam a permeabilidade fluxo de Na + na transmissão; Ligam-se na proteina receptora impedem fechamento canais de Na + ; Fluxo contínuo de Na + para interior membrana; Prolongamento fase de despolarização; Neurônio não volta a condição de repouso; Bloqueio transmissão impulsos nervosos; Efeito de choque ou knock down = paralisia completa inseto; PIRETRÓIDES; DDT e análogos.

B2 BLOQUEADORES DE CANAIS DE Na+ Inseticidas neurotóxicos axônicos; Fecham canais Na +, impedindo sua entrada para o interior dos axônios; O neurônio continua na condição de repouso; Há bloqueio da transmissão dos impulsos e o inseto apaga. OXADIAZINAS Indoxacarb ou Rumo C INSETICIDAS ATUAM EM PROCESSOS METABÓLICOS C.1- INIBIDORES SINTESE ATP PIROLES - Chlorfenapyr Pirate ESTANHOS -Ciexatin C.2- INIBIDORES DO TRANSPORTE DE ELÉTRONS Inibem a enzima NADH oxiredutase da cadeia respiratória Fenpyroximate Sanmite, Dicofol Pyridaben

D OUTROS D.1- DESINTEGRAÇÃO MESÊNTERO São proteínas inseticidas; Desintegradores da membrana do intestino médio dos insetos; Gama endotoxina de Bacillus; Bacillus thuriengiensis israelensis; B. t. kurstaki, B. t. aizawi... D.2 MODULADORES RECEPTORES RIANODINA Regulam a liberação dos ions Ca + no axônio( lembra ação piretróides) Efeito na contração muscular. Chlorantraniliprole - Rynaxypyr Premio e Belt

RESUMO GERAL MECANISMOS PRINCIPAIS GRUPOS DE INSETICIDAS - Fonte Luis Pavan Ciclodienos, Fiproles Sinapse Neonicotinóides, spinosinas Axônio Piretróides, DDT, Indoxacarb OP s, Carbamatos Abamectina Membrana Pré-sináptica Síntese & liberação de neurotransmissor : Acetilcolina Membrana Pós-sináptica Canais de Na + receptores Canais de Cl - Enzima : Acetilcolinesterase