CONFLITO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM APPs DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO ESTRELA DO NORTE- ES



Documentos relacionados
UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA PARA DELIMITAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO MUNICÌPIO DE BRASÓPOLIS MG.

MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E CONFLITOS DE USO DA TERRA ENTRE DUAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO SUL DO ESPÍRITO SANTO.

Especialização em Direito Ambiental. 3. As principais funções das matas ciliares são:

VII Reunião de Atualização em Eucalitptocultura

Município de Colíder MT

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO ENTORNO DO PARQUE NACIONAL DO CAPARAÓ, NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

DETERMINAÇÃO DAS ÁREAS DE CONFLITO DO USO DO SOLO NA MICROBACIA DO RIBEIRÃO ÁGUA-FRIA, BOFETE (SP), ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO

MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PAJEÚ-PE. Carlos Tiago Amâncio Rodrigues¹, André Quintão de Almeida²

MODELAGEM DA PRODUÇÃO DE SEDIMENTOS USANDO CENÁRIO AMBIENTAL ALTERNATIVO NA REGIÃO NO NOROESTE DO RIO DE JANEIRO - BRAZIL

MAPEAMENTO DE FRAGILIDADE DE DIFERENTES CLASSES DE SOLOS DA BACIA DO RIBEIRÃO DA PICADA EM JATAÍ, GO

Novo Código Florestal, Adequação Ambiental e CAR

UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS LIVRES DA WEB, PARA O MONITORAMENTO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE O RIO MEIA PONTE, GO: UM ESTUDO DE CASO.

ANEXO CHAMADA III DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES PARA GESTÃO E AVALIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS

Avaliação da ocupação e uso do solo na Região Metropolitana de Goiânia GO.

Módulo fiscal em Hectares

Sumário. 1 Características da propriedade Cobertura vegetal Hidrografia Topografia Área de reserva florestal legal 3

USO DE GEOPROCESSAMENTO NA DELIMITAÇÃO DE CONFLITOS DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DO RIO VERÊ, MUNICÍPIO DE VERÊ PR.

Lei /2012. Prof. Dr. Rafaelo Balbinot Departamento. de Eng. Florestal UFSM Frederico Westphalen

DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE USO DA TERRA EM ÁREAS PROTEGIDAS (APPs, RLs E APAs) E MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS

ANÁLISE DO USO DA TERRA NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA BARRAGEM PIRAQUARA II E SEUS AFLUENTES. PIRAQUARA PARANÁ

8º. Curso de Atualização em Eucaliptocultura. Adequação Legal da Propriedade Rural

Mostra de Projetos Programa Águas de Araucária

AVALIAÇÃO DO USO DA TERRA NO PROJETO DE ASSENTAMENTO CHE GUEVARA, MIMOSO DO SUL, ESPÍRITO SANTO

Diagnóstico Ambiental do Município de Alta Floresta - MT

Diagnóstico da Área de Preservação Permanente (APP) do Açude Grande no Município de Cajazeiras PB.

GEOPROCESSAMENTO APLICADO AO DIAGNÓSTICO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DO RIBEIRÃO DAS ALAGOAS, CONCEIÇÃO DAS ALAGOAS - MG

NOVO CÓDIGO FLORESTAL: IMPLICAÇÕES E MUDANÇAS PARA A REALIDADE DO PRODUTOR DE LEITE BRASILEIRO

PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE MATAS CILIARES

ANÁLISE DO USO DO SOLO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO ALTO CURSO DA BACIA DO RIO COTEGIPE, FRANCISCO BELTRÃO - PR

AVALIAÇÃO DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA MICROBACIA SANGA ITÁ, MUNICÍPIO DE QUATRO PONTES, PARANÁ

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. II Seminário Estadual de Saneamento Ambiental

Apps de Topo de Morro. Ministério Público de São Paulo CAO Cível e de Tutela Coletiva

DESMATAMENTO DA MATA CILIAR DO RIO SANTO ESTEVÃO EM WANDERLÂNDIA-TO

ENCONTRO E PROSA PARA MELHORIA DE PASTAGENS: SISTEMAS SILVIPASTORIS

Para realizar a avaliação do impacto da aplicação da legislação ambiental nos municípios foram realizadas as seguintes atividades:

CAPÍTULO Introdução

CICLO DE PALESTRAS E DEBATES

RECUPERAÇÃO AMBIENTAL DA BACIA DO RIO SESMARIAS - FASE l PRODUTO 06 MAPAS TEMÁTICOS CRESCENTE. F É R T l L MEIO AMBIENTE CULTURA COMUNICAÇÃO

"Protegendo as nascentes do Pantanal"

MATERIAL DE APOIO PROFESSOR

O Novo Código Florestal

Legislação Anterior Novo Código Florestal Avanços

O Código Florestal como ferramenta para o Planejamento Ambiental na Bacia Hidrográfica do Córrego do Palmitalzinho - Regente Feijó/ São Paulo

PREFEITURA MUNICIPAL DE JUINA E S T A D O D E M A T O G R O S S O P O D E R E X E C U T I V O

FLORESTAS PLANTADAS E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NO BRASIL

CONFRONTO DO USO E COBERTURA DA TERRA EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ALEGRE NO MUNICÍPIO DE ALEGRE, ESPÍRITO SANTO

Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014 Aracaju, Brasil, novembro 2014

Painel: Manejo da Paisagem para a Produção de Água: Conceitos e Aplicações

QUANTIFICAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ÁGUA NA BACIA HIDROGRAFICA DO PIRACICABA

Dr. Sergius Gandolfi - LERF/LCB/ESALQ/USP

Glossário das Camadas do SISTEMA CADEF

Ações Integradas em Microbacias Hidrográficas

1. DOCUMENTOS A SEREM APRESENTADOS

ATIVIDADE DE ANALISE CRITICA DOS EIXOS, PROG

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DE FLORESTA

Proposta de Adequação Ambiental e Paisagística do Trecho Urbano do Rio Piracicaba e Entorno.

Legislação Ambiental Brasileira: Entraves, Sucessos e Propostas Inovadoras no Âmbito da Pequena Propriedade

GRANDES PARCERIAS GERANDO GRANDES RESULTADOS NA GESTÃO SUSTENTAVEL DOS RECURSOS HÍDRICOS PRODUTOR DE ÁGUA NO PIPIRIPAU-DF

ORIENTAÇÃO PARA A PRODUÇÃO DE MATERIAL CARTOGRÁFICO PARA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL - AIA

GESTÃO AMBIENTAL. Zoneamento Ambiental. Espaços Territoriais especialmente protegidos ... Camila Regina Eberle

PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE MATAS CILIARES GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

IMPACTOS DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS NO MUNICÍPIO DE ITAPIRANGA

Licenciamento Ambiental no Estado de São Paulo

USO E COBERTURA DAS TERRAS NA ÁREA DE ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA DE TOMBOS (MG)

CONFLITO DE USO DA TERRA - MICROBACIA HIDROGRÁFICA SERROTE DO CABELO NÃO TEM PB

Aplicação da ferramenta Invest para identificação de Áreas de Risco de Contaminação no âmbito do Plano de Segurança da Água

Termo de Referência para Elaboração do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) TR GERAL

CONSERVADOR DAS ÁGUAS LEI MUNICIPAL 2.100/2005

COMPARTIMENTAÇÃO MORFOPEDOLÓGICA E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA BACIA DO CÓRREGO AMIANTO, MINAÇU GO

Definiu-se como área de estudo a sub-bacia do Ribeirão Fortaleza na área urbana de Blumenau e um trecho urbano do rio Itajaí-açú (Figura 01).

USO DA TERRA NO BRASIL 851 milhões de hectares

LEGISLAÇÃO FLORESTAL APLICADA. Docentes Eng. Ftal. Irene Tosi Ahmad Eng. Agr. Renata Inês Ramos

Marcio S. Suganuma Escola de Engenharia de São Carlos EESC/ USP.

Metodologia para Elaboração dos PIPs. Bruno Magalhães Roncisvale Eng. Agrônomo EMATER-DF

EPB0733 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NAS ÁREAS DE APP DA SUB- BACIA DO RIBEIRÃO DA PEDRA NEGRA, TAUBATÉ/SP, POR MEIO DE GEOTECNOLOGIAS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL

Documentos. Classificação e Quantificação das Terras do Estado do Maranhão quanto ao Uso, Aptidão Agrícola e Condição Legal de Proteção

A Política de Meio Ambiente do Acre tendo como base o Zoneamento Ecológico. gico-econômico

Código Florestal Brasileiro Lei Federal /12. 4º Ecologia 28/09/2015

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS NASCENTES DO CÓRREGO SARAIVA, BETIM-MINAS GERAIS

CLASSIFICAÇÃO HEMERÓBICA DAS UNIDADES DE PAISAGEM DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CARÁ-CARÁ, PONTA GROSSA PR

Sensoriamento remoto e SIG

Planejando o Uso da Propriedade Rural I a reserva legal e as áreas de preservação permanente

Prof. Charles Alessandro Mendes de Castro

ETAPAS PARA O PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROJETO DE RAD

A importância do Cerrado

Coelho Eugenio Fernando 1, Rosa dos Santos Alexandre 1, Sanquetta Laporti Luppi Alixandre 1 e Sant Anna Feitosa Lorena 1

O MEIO AMBIENTE E A AGROPECUÁRIA BRASILEIRA. Restrições x Oportunidades

SUMÁRIO: Projeto de recuperação de áreas degradadas. Instrução Normativa Nº. 08

Projeto de Revitalização da Microbacia do Rio Abóboras Bacia Hidrográfica São Lamberto

Ituiutaba MG. Córrego da Piriquita AMVAP Estrada Municipal 030. Lázaro Silva. O Proprietário. Córrego

PREFEITURA MUNICIPAL DE TAPEJARA SECRETARIA DE AGRICULATURA E MEIO AMBIENTE

Estruturando o SIG para fornecer suporte para elaboração e implantação do Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica

ÁGUA FLORESTAS E CLIMA: RUMO À COP 21

Saiba mais sobre o Novo Código Florestal Brasileiro e o CAR COLADO NA CAPA

PARCERIAS ENTRE O DAAE E INSTITUIÇÕES DE ARARAQUARA VISANDO A RECUPERAÇÃO DE MATAS CILIARES TEMA V AUTORES

1. DOCUMENTOS A SEREM APRESENTADOS

EDITAL DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE PARQUE AMBIENTAL: JANELAS PARA O RIO

SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE PREFEITURA DE SUMARÉ SECRETARIA MUNICIPAL DE AÇÃO SOCIAL SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE 3M DO BRASIL

Transcrição:

CONFLITO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM APPs DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO ESTRELA DO NORTE- ES Franciane L. R. O. Louzada 1, Alexandre R. Santos 2 1 UFES/Departamento Engenharia Florestal, Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Avenida Carlos Lindemberg, s/n, Centro, Jerônimo Monteiro, ES, francianelouzada@yahoo.com.br 2 CCA-UFES/Departamento Engenharia Rural, Alto Universitário, Guararema, Alegre,ES, mundogeomatica@yahoo.com.br Resumo- O presente estudo foi desenvolvido entre os município de Castelo e Cachoeiro de Itapemirim - ES, na bacia hidrográfica do ribeirão Estrela do Norte (BHREN) entre as coordenadas geográficas de 20º 31' 29" a 20º 45' 02" de latitudes sul e 41º 12' 37" a 41º 24' 50" de longitude oeste, ocupando uma área de aproximadamente 230,64. O objetivo deste trabalho foi analisar o conflito do uso e ocupação do solo em s de Preservação Permanente (APPs) da bacia em estudo, ES. Conforme os resultados pode-se concluir que esta bacia hidrográfica possui 45,64 % (43,28 ) das APPs com algum tipo de uso conflitante, destacam-se a pastagem, área agrícola, área edificada e solo exposto. O uso inadequado das APPs, nas margens dos cursos d água (buffer de 30m), ao redor de nascentes (buffer de 50m), topo de morro (terço superior de morros) e nas encostas com declividade superior a 45 graus, representaram respectivamente, 43,24 % (15,89 ), 35,97 % (1,72 ), 43,74 % (23,75 ) e 16,44 % (1,92 ). Palavras-chave: áreas de preservação permanente, uso e ocupação do solo, legislação ambiental, geoprocessamento, sistema de informação geográfica (SIG). do Conhecimento: Ciências Agrárias Introdução Atualmente as s de Preservação Permanente (APP) estão submetidas a grandes extensões de degradação devido à intensificação das pressões antrópicas sobre o ambiente, desta forma observa-se um processo de substituição das paisagens naturais por outros usos e ocupações do solo e a conversão das áreas com cobertura florestal em fragmentos florestais, causando problemas ambientais e, em muitos casos, afetando a disponibilidade de recursos naturais importantes à vida (ARES, 2006). A APP, de acordo com o código Florestal brasileiro, é importante na manutenção da vegetação. É uma área protegida, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geográfica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (BRASIL, 2001). Em países de dimensões continentais, torna-se imprescindível a representação e caracterização das APP em mapas, pois auxilia no planejamento territorial, na fiscalização e ações de campo (HOTT et al. 2005). Segundo Pina (1998) o SIG é uma ferramenta que atende à abordagem territorial na medida em que permite a distribuição espacial dos dados, a visualização das relações espaciais entre dados, a detecção de processos de concentração e de dispersão de fluxos e contrafluxos. O objetivo do presente trabalho foi analisar o conflito do uso e ocupação do solo em s de Preservação Permanente da bacia hidrográfica do ribeirão Estrela do Norte (BHREN), ES. Metodologia A área em estudo foi a bacia hidrográfica do ribeirão Estrela do Norte (Figura 1) situado entre os municípios de Castelo e Cachoeiro de Itapemirim, nas coordenadas geográficas de 20º 31' 29" a 20º 45' 02" Sul e 41º 12' 37" a 41º 24' 50" Oeste, ocupando uma área de 230,64. Foram utilizadas cartas topográficas da região no formato digital disponibilizadas pelo IBGE, com as curvas de nível de 20m em 20m. O limite da bacia e o uso e ocupação do solo foi fornecido pela Engenheira Agrimensura Ana Paula Freire. As análises e os processamentos foram geradas no aplicativo computacional ArcGis 9.2. A base de dados foi gerada, no formato digital. Realizou a interpolação dos valores altimétricos para geração de uma superfície (grade) contínua e hidrologicamente correta com valores de Altitude para cada um de seus pontos (MDE) eliminando 1

das distorções do MDE geradas por erros na interpolação. LOCALIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO ESTRELA DO NORTE - ES 7729000 254000 263000 272000 7729000 Na Figura 3 e Tabela 2 encontram-se a quantificação e porcentagem das classes de uso e ocupação do solo da área em estudo. Nas Tabelas 3, 4, 5 e 6 encontram-se respectivamente a quantificação e porcentagem das classes de uso e ocupação do solo nas APPs: cursos d água (Figura 4), Nascentes (Figura 5), topos de morro (Figura 6) e Encostas (Figura 7). Espírito Santo APPs TOTAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO ESTRELA DO NORTE 7711000 Limite da bacia 7711000 E: 1: 150.000 Bacia hidrográfica do rio Itapemirim 7702000 254000 Figura 1 - Localização da bacia. ORG: Franciane L. Rubini O. Louzada 263000 272000 7702000 APP das Nascentes APP de Encostas > 45º APP dos cursos d'agua APP de Topo de Morro As APPs foram mapeadas baseadas nos critérios estabelecidos pela legislação, Resolução do CONAMA nº303/2002 que dispõe sobre parâmetros, definições e limites destas áreas, considerando: - a faixa marginal (buffer de 30 m); - ao redor de nascentes (buffer de 50 m); - topo de morros e montanhas (terço superior); - encostas com declividades acima de 45 graus Para o topo de morro foi utilizada a metodologia de Hott (2004) da EMBRAPA. Este método, baseado em geoprocessamento, aplicou rigorosamente a legislação e adotou um critério na delimitação das elevações por meio do fluxo numérico presente na superfície modelada digitalmente. Os dados obtidos individualmente no mapeamento de cada classe de APP foram agrupados em um único mapa, gerando-se um mapa das s de Preservação Permanente. A análise quantitativa destas áreas foi realizada por meio da comparação direta do valor total encontrado por categorias de APP. Baseado no mapa de uso e ocupação do solo (Figura 3) e no mapa das APPs da bacia (Figura 2) foi gerado os mapas de conflitos de uso do solo nas APPs. Foram consideradas sob uso inadequado (conflitante) todas as áreas com pastagem, área edificada, área agricultada e solo exposto. As áreas ocupadas com vegetação intermediária e fragmentação florestal foram consideradas áreas com uso adequado do solo. Resultados Na Figura 2 e Tabela 1 está a quantificação das APPs da BHREN. Figura 2: Mapa das APPs totais da bacia hidrográfica do ribeirão Estrela do Norte. Tabela 1. Quantificação das áreas de preservação permanente (APPs) da bacia hidrográfica do ribeirão Estrela do Norte. APPs Caracterização % total Cursos d água Buffer de 30 m 36,75 15,93 Nascente Buffer de 50 m 4,79 2,08 Topo de Morro Terço superior 54,29 23,53 Encostas Declividade>45º 11,69 5.03 Total Real 94,84 41,12 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO ESTRELA DO NORTE Uso e ocupação do solo Figura 3: Mapa de Uso e Ocupação do Solo da bacia hidrográfica do ribeirão Estrela do Norte. 2

Tabela 2: Quantificação das classes de uso e ocupação do solo Uso do solo Nº pixel % Relativa ao total 100 1,87 0.81 188 28,60 12.40 216 76,34 33.10 Fragmento Florestal 280 65,14 28.24 52 4,36 1.89 Fragmento Rochoso 163 24,52 10.63 Vegetação Intermediária 185 29,81 12.93 Total 1184 230,64 100,00 CONFLITO DO USO DO SOLO EM APPs DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO ESTRELA DO NORTE Figura 5: Mapa de conflito de uso do solo em APP do entorno das nascentes, com buffer de 50m CONFLITO DO USO DO SOLO EM APPs DOS CURSOS D'AGUA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO ESTRELA DO NORTE Tabela 4: Quantificação de áreas de uso do solo na APP das Nascentes (4,79 ). Classes de Uso do solo nas APPs das nascentes 0.008 0.17 0.410 8.56 1.187 24.78 1.639 34.22 0.118 2.46 0.667 13.92 0.657 13.72 Figura 4: Mapa de conflito de uso do solo em APPs dos cursos d água. CONFLITO DO USO DO SOLO EM APPs DE TOPO DE MORRO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO ESTRELA DO NORTE Tabela 3: Uso do solo na APP dos cursos d água com 36,75 Classes de Uso do solo na APP dos cursos d água. 1.79 4.87 4.42 12.03 9.07 24.68 8.89 24.19 0.61 1.66 5.18 14.10 6.67 18.15 Figura 6: Mapa de conflito de uso do solo em APP de Topo de Morro 3

Tabela 5: Quantificação de áreas de uso do solo nas APPs dos Topos de Morro (54,29 ). Classes de Uso do solo nas APPs dos Topos de Morro 0.164 0.30 6.060 11.16 17.179 31.64 14.219 26.19 0.345 0.64 10.928 20.13 Vegetação Intermediária 5.365 9.88 CONFLITO DO USO DO SOLO EM APPs DE ENCOSTAS COM DECLIVIDADE ACIMA DE 45 GRAUS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO ESTRELA DO NORTE Figura 7: Mapa de conflito de uso do solo em APP de encostas com declividade acima de 45º. Tabela 6: Quantificação de áreas de uso do solo nas APPs das Encostas com declividade acima de 45 graus (11,69) Classes de Uso do solo nas APPs das encostas 0,002 0.02 0,494 4.23 1,399 11.97 5,324 45.54 0,026 0.22 2,964 25.36 1,124 9.62 Discussão Com base no mapa de uso e ocupação do solo (FIGURA 3) e a delimitação das APPs da bacia do ribeirão Estrela do Norte (Figura 2) foram gerados os mapas de conflitos de uso do solo nas APPs. Observa-se a ocorrência de sete (7) classes de uso e ocupação do solo. O uso do solo predominante da bacia é de com 33,1 % da área em estudo (Tabela 2). Esta cobertura vegetal, quando bem cuidada, proporciona o recobrimento da superfície do solo durante todo o ano, reduzindo a velocidade do escorrimento superficial, quando comparados com culturas agrícolas, que deixam o solo exposto durante o preparo do solo para o plantio. No entanto, com as observações de campo observam-se áreas mal manejadas, e parte compactadas devido à presença de animais, deixando o solo descoberto e sem proteção contra erosão das chuvas e dos ventos, diminuído a infiltração e afetando diretamente a vazão das nascentes. Outras bacias hidrográficas também apresentam uso predominante de pastagens, como a bacia do córrego Jerusalém, em Alegre, estudada por Santos e Viana (2008). A área coberta pela Fragmentação Florestal e a, ocupam 28.24% e 12.93% respectivamente (Figura 3 e Tabela 2). Estes valores mostraram que a área em estudo encontra-se em estado de conservação acima da média do ribeirão Santa Cruz, Lavras, onde Pinto et. al. (2005) encontrou em seu levantamento 16,39 % de mata nativa (fragmentação florestal, e matas ciliares). A recuperação destas áreas recompõe a rede de corredores ecológicos para a fauna interligando os fragmentos florestais remanescentes da região, como aborda Rodrigues et. al. (2006). Jucá (2007) comenta sobre os benefícios ambientais que a vegetação da APP oferece como produção de água; proteção das fontes de água; conservação do solo; fixação de carbono; conservação da biodiversidade; espaço de lazer e recreação; local onde se pode promover educação ambiental; equilíbrio ecológico e conforto térmico. A área total da BRHEN é de 230,64. Conforme o Código Florestal, 46,57 % é considerada área de preservação permanenente, sendo que 40,29 % desta, apresenta algum tipo de uso conflitante, ou seja, estão ocupadas por atividades proibidas pela legislação, destacam-se a pastagem, área agrícola, área edificada e solo exposto. A APP referente às margens dos cursos d'águas conforme Figura 4 e Tabela 3 ocupa uma área de 36,75, 15,93 % da área total da bacia hidrográfica. Verificou-se que 24,68 % estão ocupados por pastagens, sendo parte destas áreas ocupadas com a pecuária, causando a compactação do solo e erosão de suas margens, prococando o assoriamento dos seus leitos. Observou-se ainda o uso da terra por áreas agrícolas (12,03 %), áreas edificadas (4,87%) e solo explosto (1,66 %). O total de área usada é aproximadamente de 43,24 % (15,89 ) nesta categoria de APP. A APP referente às nascentes é de 4,79, uma área pequena quanto comparada com a área total da bacia hidrográfica (230,64 ), 4

representando apenas 2,08 % da área total. Observou-se, na Figura 5 e Tabela 4, que 47,94 % da APP das nascentes estão ocupadas por vegetação nativa (fragmentação florestal e vegetação intermediária), com destaque para a fragmentação florestal com 34.22 % do total. A classe de pastagem ocupa uma grande (24,78 %) área no entorno das nascentes, podendo este uso ser considerado um grande agente de degradação, devido ao impacto negativo das pastagens mal manejadas sobre a regeneração natural, compactação dos solos e contaminação das águas. A classe de área agícola ocupa 8,56 %, o que pode estar contribuindo para o assoreamento e contaminação das nascentes pelo preparo do solo e uso de defensivos. Observamse ainda nesta APP áreas ocupadas com edificações (0,17%) e com o solo exposto (2,46%). O total de área usada é aproximadamente de 35,97 % (1,72) nesta categoria de APP. A APP referente ao topo de morro ocupa 54,29, sendo 23,53 % da área total da bacia hidrográfica. Destes, 31.64 % estão ocupados por pastagem, seguido por área agricultável (11,16%), solo exposto (0,64%) e área edificada (0,30%). Esta área é coberta por vegetação intermediária (9,88%) e fragmentação florestal (26,10%) totalizando uma área de 19,58 de APP de topo de morro. O total de área usada é aproximadamente de 43,74% (23,75) nesta categoria de APP (Figura 6 Tabela 5). A APP referente às encostas ocupa 11,69, sendo 5.03 % da área total da bacia hidrográfica. Esta categoria de APP apresenta significativa importância para a conservação do solo e da água da mesma, mesmo ocupando uma área pequena da bacia hidrográfica. A Figura 6 e Tabela 5 apresentam a classe de pastagem com 11,97 % da área em estudo, seguido por área agrícola (4,23 %), solo exposto (0,22 %) e uma pequena porcentagem de área edificada (0,02 %). Observase que 55,16 % encontram-se com o uso adequado do solo, sendo fragmentação florestal (45,54 %) e vegetação intermediária (9,62 %). O total de área usada é aproximadamente de 16,44 % (1,92 ) nesta categoria de APP. Do total da área destinada às APPs, 40,29 % encontra-se com uso conflitante do solo, sendo, portanto necessário recompor 43,28 com vegetação nativa. Mediante os resultados apresentados, podemse recomendar algumas medidas de controle e prevenção, citadas a seguir: - Para a recuperação vegetal destas áreas as praticas mais comuns é o reflorestamento, o qual pode ser feito pelo plantio de mudas ou ressemeio. - O isolamento destas áreas também pode ser utilizado, o que permite a recuperação autônoma do sistema, embora seja mais lento. Podem ser utilizadas cercas para evitar contatos com a vegetação em períodos mais frágeis desta, evitando-se principalmente o pisoteio pelo gado; - Implantação de políticas de proteção ambiental e disciplinamento do uso das APPs; - Fiscalização mais efetiva dos órgãos ambientais, com o intuito de prevenir e multar quando necessário os possíveis infratores; - Envolvimento da sociedade civil organizada, com a implantação de ONG s que possam defender os interesses da BHREN. - Para finalizar, a criação de um SIG na BHREN, para fornecer informações relevantes à implantação de projetos de uso e ocupação do solo, proteção e conservação ambiental. Conclusão O uso e ocupação do solo em toda a BHREN predominam-se as pastagens (33,10%), seguida da fragmentação florestal (28,24), vegetação intermediária (12,93%) e área agrícola (12,40%); De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que a bacia hidrográfica do ribeirão Estrela do Norte apresenta: - APP dos cursos d'água (Buffer de 30 m) com 43,24 % (15,89 ) de uso inadequado; - APP das nascentes (Buffer de 50 m) com 35,97 % (1,72 ) de uso inadequado; - APP de Topos de morro (Terço superior) com 43,74 % (23,75 ) de uso inadequado; - APP de encostas > de 45º com 16,44 % (1,92 ) de uso inadequado; - 45,64 % (43,28 ) das APPs apresentam algum tipo de uso conflitante, destacam-se a pastagem, área agrícola, área edificada e solo exposto. Isto demonstra a falta de preservação do solo e o descumprimento da legislação referente ao uso do solo em APP dos cursos d água, nascentes, topo de morro e encostas. Evidencia-se, assim, a necessidade de um plano de recomposição da vegetação dessas áreas, pois o desmatamento e outros usos incorretos do solo refletem diretamente na qualidade e quantidade da água da bacia hidrográfica Referências - ARES. Atlas das áreas com potencial de riscos do Estado do Espírito Santo. Vitória: Imprensa Estadual, 2006, 125p. - BRASIL. Lei Federal nº 4.771 de 15 de Setembro de 1965, atualizada em 06.01.2001. Código Florestal Brasileiro. Disponível em: 5

<http://www.ibama.gov.br>. Acesso em: 05 abr. 2008. - CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Brasil). Resolução nº 303, de 20 de março de 2002. Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de s de Preservação Permanente. Disponível em: <http://www.mma.gov.br>. Acesso em: 05 abr. 2008. - Hott, M. C.; Guimarães, M.; Miranda, E. E. de. Método para a Determinação Automática de s de Preservação Permanente em Topos de Morros para o Estado de São Paulo, com base em geoprocessamento. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélites, 2004. 32 p.: il. (Embrapa Monitoramento por Satélites. Documentos, 34). - JUCÁ, Fabiano Teixeira. Marcos legais sobre reserva legal e área de preservação permanente: uma estratégia para conservação dos recursos naturais. 2007. Monografia (Engenharia Florestal) Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Instituto de Florestas. Departamento de Ciências Ambientais e Florestais. RJ. 2007. - PINA, Maria de F. R. P. Potencialidades dos Sistemas de Informações Geográficas na de Saúde. IN: NAJAR, Alberto Lopes (org.) Saúde e espaço: estudos metodológicos e técnicos de análise. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1998. - PINTO, Lilian V. A.; FERREIRA, Elizabeth; BOTELHO, Soraya A.; DAVIDE, Antonio C. Caracterização física da bacia hidrográfica do ribeirão Santa Cruz, Lavras, MG e uso conflitante da terra em suas áreas de preservação permanente. Cerne, Lavras, v. 11, n. 1, p. 49-60, jan./ mar. 2005. - RODRIGUES, R. R., GANDOLFI, S. e NAVE, A.G. Programa de Adequação Ambiental da Microbacia do Meio, Socorro, SP Relatório preliminar LERF - Escola de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP). 2006. - SANTOS, GLEISSY M. A. D. A. Dos; VIANA, WEENA B. O. Caracterização ambiental, química e patológica da bacia hidrográfica do ribeirão Jerusalém, Alegre, ES. 2008. Monografia (Graduação em Farmácia Generalista) Faculdade de filosofia ciências e Letras de Alegre, nov. de 2008. 6