O Comércio Bilateral Brasil União Europeia de 1989-2009: mais ou menos do mesmo?



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Transcrição:

Seminário Comércio Internacional e Desenvolvimento Sustentável: o comércio bilateral Brasil União Europeia em foco IEEI-UNESP/CBEAL - Memorial da AL/Comissão Europeia São Paulo, Memorial da América Latina, 28 e 29 de abril de 2011 O Comércio Bilateral Brasil União Europeia de 1989-2009: mais ou menos do mesmo? Luciana Togeiro de Almeida ltogeiro@fclar.unesp.br Marcelo Fernando Mazzero mazzero@gmail.com (Economia, Unesp)

O Comércio Bilateral Brasil União Europeia de 1989-2009: mais ou menos do mesmo? Questão central: após vinte anos de experiência com a abertura econômica brasileira, o perfil ambiental das relações comerciais Brasil União Europeia permanece o mesmo? Vulnerabilidade ambiental da pauta exportadora: evidências de estudos empíricos (Veiga et al, 1995; Schaper, 1999; Young e Pereira, 2000; Young e Lustosa, 2002) - dados até a década de 90.

O Perfil Ambiental das Exportações do Brasil para a União Europeia Metodologia de análise: Schaper (1999); (Grossman e Krueger, 1995) Impactos do comércio sobre o meio ambiente: indicadores aproximados para os efeitos: Escala Composição Tecnológico

O Perfil Ambiental das Exportações do Brasil para a União Europeia: o Efeito Escala 1. Volume de exportações de produtos primários: agrícolas, minerais e energéticos 2. Volume de exportações das indústrias ambientalmente sensíveis (IAS)

Efeito Escala: Volume Exportado de Primários Agrícolas -70,37% sobre década 90

Efeito Escala: Volume Exportado de Primários Minerais +13,89% sobre década 90

Efeito Escala: Volume Exportado de Primários Energéticos

Efeito Escala: Volume Exportado de IAS 2008/1989 = 4 vezes

Efeito Escala: Volume de Exportações - Importações de IAS

O Perfil Ambiental das Exportações do Brasil para a União Europeia: o Efeito Composição 1. Contribuição de cada setor ao total exportado pelo Brasil para a UE 2. Índice de Especialização das Exportações (IEE) no comércio bilateral Brasil-UE IEE > 1 VCR no produto em análise (i). IEE = x i BR-EU /X BR-EU /m i BR-EU /M BR-UE

Efeito Composição: exportações do setor/exportações totais...década de 90... produtos primários e semimanufaturados lideravam as nossas exportações para a UE (mais de 50% das exportações totais)... o mesmo na década seguinte. Semimanufaturados: cai participação de produtos baseados em recursos agrícolas e intensivos em trabalho (de 31% para 18%); cresce participação de produtos baseados em recursos agrícolas e intensivos em capital (de 10,3% para 14,7%).

Efeito Composição: exportações do setor/exportações totais Manufaturados: mais ou menos do mesmo As importações brasileiras da UE concentradas em produtos manufaturados (em média, 75,37% na década de 90 e 77,16% nos anos 2000). exportações de produtos manufaturados para a UE permanecem muito baixas em todo esse período (a maioria dos segmentos atinge menos do que 5% das exportações totais).

Efeito Composição: IEE VCRs concentram-se nos produtos primários (todos os três, mas especialmente os agrícolas), semimanufaturados (em duas categorias: baseados em produtos agrícolas intensivos em trabalho e em capital, com amplas vantagens destes últimos) e apenas em uma categoria de produtos manufaturados (indústrias tradicionais). Altos IEE (VCR) para produtos agrícolas intensivos em capital: acima de 40 (média do período)

O Perfil Ambiental das Exportações do Brasil para a União Europeia: o Efeito Tecnológico 1. Importações de bens difusores de progresso técnico (CEPAL)/Importações totais do Brasil 2. Índice de Especialização Tecnológica (IET, CEPAL) - uma especificação do índice de especialização de exportações para expressar conteúdo tecnológico das exportações.

Efeito Tecnológico: Importações de bens difusores de progresso técnico

Efeito Tecnológico: IET

Considerações Finais Mais ou menos do mesmo As relações bilaterais de comércio Brasil-UE no período 1989-2009 não apresentaram mudanças estruturais significativas especialmente no tocante ao seu perfil ambiental. Efeitos escala e composição sinalizam aumento de pressão ambiental Efeito tecnológico: alguma compensação, mas não a superação do problema

Considerações Finais Evidências convergem para aquelas apresentadas em estudos empíricos realizados há cerca de dez anos, o que indica uma razoável inércia para a construção do desenvolvimento sustentável do país... Há muito ainda que se avançar em estudos empíricos sobre comércio e meio ambiente no Brasil... com novos aportes metodológicos que possam melhor trabalhar e expressar as dimensões biofísicas desse tema.