14h 30 Painel II: Desafios do Envelhecimento. A Sociedade e o Envelhecimento César Fonseca 1. Boa tarde,

Documentos relacionados
DESAFIOS DO ENVELHECIMENTO. A Sociedade e o Envelhecimento. César Fonseca

CIDADE AMIGA DAS PESSOAS IDOSAS

QUALIDADE DAS RESPOSTAS SOCIAIS

Estratégia Nacional para o Envelhecimento Activo e Saudável Contributo da OPP

Temos, por isso, um longo histórico de contributos em prol do progresso e desenvolvimento de Portugal.

O Papel da Psicologia e dos Psicólogos na Natalidade e no Envelhecimento Activo

FUNCIONALIDADE: DIREITOS E DECISÕES DAS PESSOAS IDOSAS. Cuidamos do Futuro do Envelhecimento em Portugal. Por: César Fonseca (Vice-Presidente)

PROGRAMA DE ACTIVIDADES PLANO DE ACÇÃO

ESTRATÉGIA NACIONAL PARA O ENVELHECIMENTO ATIVO E SAUDÁVEL

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES

O lugar dos idosos em Portugal e no mundo

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES Gabinete da Presidência. Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal da Horta

O Papel dos Psicólogos no Envelhecimento

PLANO DE ACÇÃO REGIONAL ALENTEJO 2020

CIDADE AMIGA DAS PESSOAS IDOSAS

Exmo. Senhor Secretário de Estado da Saúde, Dr. Manuel Teixeira,

RECURSOS AMBIENTAIS E ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL

Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Plano Estratégico Desenhar o futuro com todos - (Síntese)

CONVITE PARA A AUDIÇÃO PÚBLICA, POR INICIATIVA DO GRUPO PARLAMENTAR DO PCP, A REALIZAR NO DIA 15 DE MAIO DE 2017 SEGUNDA-FEIRA

Grandes Desenvolvimentos Regulatórios nos Países de Língua Oficial Portuguesa

RELATÓRIO DA 1ª REUNIÃO DO FÓRUM

Cuidamos do Futuro do Envelhecimento em Portugal REDENACIONAL DECUIDADOS CONTINUADOSINTEGRADOS- A NECESSIDADE

PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS 20 20

Programa Eco-Escolas. Direcção Regional do Ambiente. III Encontro Regional de Eco-Escolas Calheta 2 de Outubro de 2009

CRIAÇÃO DE VALOR - A FARMÁCIA DO FUTURO - A Visão do Serviço Nacional de Saúde APMGF Rui Nogueira

A REABILITAÇÃO URBANA E A CONSTRUÇÃO DAS CIDADES INTELIGENTES DO FUTURO

DISCURSO DE ABERTURA PRESIDENTE DA ASG-PLP JOÃO RUI AMARAL

AVAL DESEMP - INMETRO

CIDADES AMIGAS DAS PESSOAS IDOSAS, OMS Guia Global Cidades Amigas das Pessoas Idosas_OMS_ adapt_mjquintela

Seminário Nacional sobre a Avaliação do Programa do FIDA em Moçambique nos últimos 10 anos

Envolvimento profissional

Posse da Comissão de Acompanhamento do Plano Nacional de Saúde Lisboa, Palácio Foz

DIA INTERNACIONAL DA MULHER 30 ANOS ( ) QUARTA CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE AS MULHERES 10 ANOS (1995, PEQUIM)

A Associação Portuguesa de Arbitragem, de que tenho a honra de. ser Presidente, é uma instituição sem fins lucrativos que procura

Exmo. Ministro da Agricultura, Exma. Diretora da DRAPC, Exmo. Senhor Presidente da ESAC, Exmo. Responsáveis da CNA, Exmo. Convidados e Exmos Colegas

Discurso do Director Geral Exmo. Sr. Baltazar Miguel na Cerimónia de Outorga de Diplomas

Ano Lectivo 2007/08. Agrupº. Escolas Padre Vítor Melícias

CURSO DE GESTÃO ORGANIZACIONAL DE LARES E CASAS DE REPOUSO. césar fonseca

Gráfico 1 População residente no distrito de Castelo Branco. (Fonte: INE, e 2007)

4º Congresso Português de Argamassas e ETICS

DO MODELO DE SERVIÇOS COMUNITÁRIOS DE PROXIMIDADE PARA A PROMOÇÃO DOS CUIDADOS DE SAÚDE E APOIO SOCIAL ÀS PESSOAS IDOSAS E EM SITUAÇÃO DE DEPENDÊNCIA

Envelhecimento factos e conceitos

INTERVENÇÃO. António Serrano. Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas

3º Congresso Português de Argamassas de Construção

O idoso dependente: de quem é a responsabilidade do cuidado? Lívia A. Callegari 15/06/2018 1

Relatório anual sobre a estrutura e práticas do governo societário do. Banco BAI Europa, SA. Estrutura do governo societário

Milénio (em particular do Objectivo 8), enquanto consenso internacional para a política

Compromisso com as Pessoas: Mais e Melhor Vida

Senhor Presidente da Republica de Cabo Verde, Excelência. Senhor Presidente do Instituto Nacional de Estatísticas de Cabo Verde

DISCURSO DO ALMIRANTE CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA ARMADA POR OCASIÃO DA ABERTURA DO SEMINÁRIO MARÇO - MÊS DA MULHER NA MARINHA

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA OS IDOSOS. Prof. Dr. Helio Furtado

Desenvolvimento de um Coeficiente de Ajustamento Local entre diferentes entidades geográficas de oferta e procura de cuidados de saúde

PROJECTO INTEGRADO SOCIAL E SAÚDE DE SESIMBRA

BOAS VINDAS. Caros Colegas. Pedro Carrapato Presidente do Congresso APEDT

PROVA ESCRITA DE GEOGRAFIA A 10+11º Anos

O que é o programa Liderança Para a Mudança (LPM)?

Literacia em Saúde. Perspectiva das Organizações de saúde. Congresso Nacional Cancro Digestivo. Sérgio Gomes, Chief Nursing Officer

Análise dos Estilos de Gestão do Conflito predominantes em Ambiente Laboral dos Enfermeiros da ilha de S. Miguel

Escola: Nome: Nº: Turma:

Transição para a Vida Independente de Jovens com Deficiência: Políticas Públicas e Práticas de Gestão Familiar

Desenvolvimento Sustentado da Inovação Empresarial: Perspectivas para o Futuro. Novembro de 2007

SEMINÁRIO PPEC. Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia Eléctrica Avaliação de Resultados e Perspectivas Futuras.

IMPACTO DA PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS NO PROGRAMA EDUCAÇAO AO PELA CIÊNCIA

Local e Data: A GESTÃO DA INOVAÇÃO

Guia de recomendações para implementação de OI em PME s

2ª Edição do Programa Liderança Para a Mudança

A Direcção-Geral da Saúde e o SUCH cooperam no Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infecção Associada aos Cuidados de Saúde

O PPP é o documento que afirma a visão sobre educação da escola, como ela reconhece sua missão, qual sua identidade, seus valores.

Senhor Ministro das Finanças (Prof. Doutor Mário Centeno) Senhor Secretário de Estado do Orçamento (Prof. Doutor João Leão)

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular METODOLOGIAS ESPECÍFICAS DE INTERVENÇÃO EM GERONTOLOGIA SOCIAL. Ano Lectivo 2013/2014

PARECER DO CONSELHO DE ENFERMAGEM N.º 101/2018

Sustentabilidade do Sistema de Saúde Garantir o futuro. Pedro Pita Barros Universidade Nova de Lisboa

A Direcção propõe-se realizar diversas iniciativas o longo de 2007, que se apresentam de forma sumária:

GUIÃO ENTREVISTAS. Segmento Empresas Hotelaria

I Colóquio sobre Qualidade em Saúde ARS Alentejo. O Desafio da Doença Crónica E OS MODELOS DE GESTÃO DA DOENÇA

PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 395/XIII/1.ª

Escola de Verão de Voluntariado É sempre com o maior prazer que venho a Évora participar em ações

Declaração de Princípios - Declaração de Princípios - Partido Socialista

Cluster Habitat Sustentável. Victor Ferreira Guimarães 12/05/2011 Plataforma para a Construção Sustentável

Fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil. ama Cabo Delgado - Mocambique

Gestão Integrada da Doença Renal Crónica

AGENDA 21 LOCAL DE MACEDO DE CAVALEIROS

Envelhecimento: um desafio ao futuro.

ANOS DA CPLP» Intervenção de. S. Ex.ª Embaixador Murade Murargy, Secretário Executivo da Comunidade dos. Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Mais e melhores empregos nos serviços de apoio domiciliário

Gostaria de manifestar todo o nosso reconhecimento aos Senhores Ministro da Economia e do Emprego e Secretário

CONGRESSO DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE RUGBY CARCAVELOS, 10,11,12 DE NOVEMBRO DE 2017 REGULAMENTO DO CONGRESSO DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE RUGBY

INOVAÇÃO E TECNOLOGIA PARA O TURISMO. com

Pilar de sustentação de todo o Sistema de Saúde. Cristina Correia. Missão para os. Cuidados de Saúde Primários. INFARMED - Lisboa 15 Maio 2006

Planeamento estratégico de serviços sociais para a terceira idade

Qualidade em Eco-Escolas

Criatividade e Inovação Chaves do Sucesso

Reúne-se o órgão máximo da Autonomia, em sessão solene, para receber Vossa Excelência, Senhor Presidente da República.

VIII Ciclo De Conferências em Economia Social 2018

ANTEPROJECTO DE UM PROGRAMA DO TIPO MENTORADO NA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA (Programa de Adaptação à Faculdade - PAF 1 )

PLANO NACIONAL PARA A SEGURANÇA DO DOENTE AUMENTAR A CULTURA DE SEGURANÇA EM 20 DE JANEIRO DE 2017 LISBOA AUDITÓRIO DO IPO LISBOA MODERAÇÃO

Newsletter Janeiro 2017

Promoção da saúde e prevenção: resultados da investigação. Beatriz Fernandes

REGULAMENTO. A Sanofi e o Jornal de Negócios lançam a 6ª edição do Prémio Saúde Sustentável.

Transcrição:

14h 30 Painel II: Desafios do Envelhecimento A Sociedade e o Envelhecimento César Fonseca 1 Boa tarde, Gostaria de começar por agradecer o convite que a Formasau endereçou à Associação Amigos da Grande Idade Inovação e Desenvolvimento, no sentido de poder organizar este Painel: Desafios do Envelhecimento. Agradecer de forma Especial aos Participantes Convidados: Prof. Doutora Ana Escoval da Escola Nacional de Saúde Publica, Prof. Doutora Filomena Gaspar da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa e ao Mestre Rui Calado, representante da Direcção Geral de Saúde, por terem aceite o convite que endereçamos, no sentido de podermos em conjunto discutir esta problemática dos Desafios do Envelhecimento. Os nossos agradecimentos. Como é do domínio público a AAGI ID, tem como objectivo discutir o modelo de prestação de cuidados e oferta de serviços às Pessoas da Grande Idade. Assim entendemos que são necessárias novas dinâmica e ofertas inovadoras que permitiram mais qualidade aos mais adultos, como forma de manterem durante mais anos a capacidade funcional na realização das actividades de vida e de manutenção. É nossa pretensão analisar o actual modelo de cuidados aos mais adultos e procurar respostas que possam ser sustentáveis no futuro e que passam no nosso entender por alterações profundas dos actuais modelos. É nesse sentido 1 Enfermeiro Graduado Centro Hospitalar Lisboa Norte, Assistente em Regime de Tempo Parcial na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa e Vice-Presidente da AAGI-ID. 1

que agradecemos o convite para participar na vossa iniciativa e muito nos honra a participação neste painel de tão ilustres convidados. Tendo por base de que o Envelhecimento Demográfico pode definir-se pelo aumento da proporção das pessoas idosas na população total (INE, 2000), fomos perceber como outras entidades da nossa aldeia global, têm pensado esta problemática. Deste modo, para Kofi Anam (2002) a expansão do envelhecer não é um problema. É sim uma das maiores conquistas da humanidade. O que é necessário é traçarem-se políticas ajustadas para envelhecer são, autónomo, activo e plenamente integrado. Se não se fizerem reformas radicais, teremos em mãos uma bomba relógio a explodir em qualquer altura. Com esta afirmação ficamos ainda mais preocupados com o papel da Sociedade no Envelhecimento. Podemos perceber por estas palavras que a sociedade influencia e será influenciada pelo envelhecimento demográfico dos seus membros. Depois de termos reflectido sobre esta preocupação, fomos perceber qual a evidencia mais recente em dados demográfico sobre o nosso país e deparamonos como dados do Eurostat Yearbook (2008), e observamos que na Europa a 27 (EU27): o Em 2008 as pessoas com mais de 65 anos representam mais de 17,1%. o Em 2060 as pessoas com mais de 65 anos representaram cerca de 30%. o As pessoas com mais de 80 anos, aumentaram, de 4,4% actualmente para 12,1% em 2060. No que se refere à dependência do envelhecimento em relação à população activa na EU27 e segundo a mesma fonte (Yearbook, 2008) prevê-se que as pessoas com mais de 65 anos quando divididas pelas pessoas em idade propícia para o trabalho, aumente de 25,9% em 2008, para 54,8% em 2060. 2

No que se refere ao nosso País percebemos que, como se pode observar no Quadro 1, um aumento da população com mais de 65 anos e mais de 80 anos em relação à população activa. PORTUGAL POPULAÇÃO TOTAL (nº de Pessoas) 2008 10.617.000 2060 11.265.000 PESSOAS COM + de 65 anos 1.847.358 3.480.885 PESSOAS COM + de 80 anos 445.914 1.441.920 Rácio entre a População Activa (22 anos a 64 anos) e População Idosa (+ 65 anos) 25,9% (Em cada 4 Pessoas, 3 estão em idade activa e uma 1 Pessoa é Idosa) 54,8% (Em cada 4 Pessoas, 2 estão em idade activa e uma 2 são Pessoas Idosa) Quadro 1- Aumento da Pessoas com mais de 65 anos e 80 anos em relação às Pessoas em Idade activa 2008 2060. Com estes dados fomos perceber de que forma a Aldeia Global, se esta a organizar e deparamo-nos com o facto de na II Assembleia Mundial das Nações Unidas, realizada em Madrid [2002], se terem traçado dois objectivos que deverão orientar as políticas inovadoras para responder a este fenómeno do envelhecimento: o O envelhecimento tem que ser activo; o A sociedade é feita por todas pessoas, em todas as idades. Fomos perceber a realidade no nosso Pai e percebemos que o Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas (DGS, [2004]), assenta em três pilares fundamentais: o Promoção de um envelhecimento activo, ao longo da vida; o Maior adequação dos cuidados de saúde às necessidades específicas das pessoas idosas; 3

o Promoção e desenvolvimento intersectorial de ambientes capacitadores da autonomia e independência das pessoas idosas. Em 2007 a Organização Mundial de Saúde lança o Guia Global das Cidades Amigas do Idoso, por ocasião do Dia Internacional do Idoso, em 1 de Outubro de 2007. Com base nos pressupostos de que em 2007, mais da metade da população mundial passou a morar em cidades e, em 2030, cerca de três em cada cinco pessoas viverão em áreas urbanas. Por outro lado, em ambientes urbanos favoráveis e estimulantes, os idosos constituem um recurso para suas famílias, comunidades e economias. Para ajudar as cidades, à medida que crescem em tamanho e em número, a aproveitarem mais de suas populações idosas. Na origem deste Projecto da OMS, está um estudo que envolveu 33 cidades de 22 países, e em que foi estuda a opinião de cerca de 1500 idosos acerca dos aspectos positivos e os obstáculos que eles encontram na cidade em que vivem. Os problemas, as preocupações e as sugestões que foram expressas pelos idosos foram complementadas pelas informações de cerca de 750 cuidadores de idosos e/ou prestadores de serviços. Assim os participantes definem o que é ser Amigo das Pessoas Idosas, em oito pontos (Diagrama 1): 1. Prédios públicos e espaços abertos. 2. Transporte. 3. Moradia. 4. Participação social. 5. Respeito e inclusão social. 6. Participação cívica e emprego. 7. Comunicação e informação. 8. Apoio comunitário e serviços de saúde. 4

Diagrama 1 Ambiente - Amigo das Pessoas Idosas Uma cidade amiga do idoso estimula o envelhecimento activo ao optimizar oportunidades para saúde, participação e segurança, a fim de aumentar a qualidade de vida das pessoas à medida que envelhecem. Dr Alexandre Kalache, Diretor Programa Envelhecimento e Curso de Vida da OMS Pretende-se com este projecto a Manutenção da Capacidade Funcional ao longo do Curso da Vida, tal como podemos ver referenciado no Gráfico 1. 5

Gráfico 1 - Manutenção da Capacidade Funcional ao longo do Curso da Vida É assim com base neste pressupostos que têm motivado a nossa visão de desenvolvimento orientada, da capacidade funcional e do auto-cuidado ao longo do curso da vida, pela necessidade que a sociedade tem em envolver de forma activa as Pessoas com mais de 65 anos como mais valia clara para todos. Deixo agora a palavra aos nossos ilustres convidados, para nos falarem dos desafios que esta Problemática nos coloca ao nível das Respostas do Ensino de Enfermagem, Novas Necessidades - Saúde Oral e da Sustentabilidade Económica de toda a sociedade. Muito Obrigado. 6