Os valores das preposições a, até, para e com em PE* Manuel Luís Costa



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Transcrição:

Os valores das preposições a, até, para e com em PE* Manuel Luís Costa Abstract: The main goal of this research project is the characterization of the semantic values of the Portuguese prepositions a, até and para combined with goal of motion and manner of motion verbs. 1. Objetivo O trabalho de investigação proposto visa a caracterização semântica dos valores das preposições a, até e para em contexto verbal, em Português europeu. 2. Pressupostos teóricos O presente estudo assenta nos seguintes pressupostos de base: (i) estatuto relacional da preposição (cf., e. o. Brøndal (1950) e Costa (2010)): a preposição R estabelece uma relação entre dois termos: X e Y; o termo Y funciona como localizador ou fonte de determinações de X; (ii) hibridismo nocional (Costa (2011)): a preposição funciona como noção, simultaneamente, lexical e gramatical. * A apresentação levada a cabo centrou-se exclusivamente na problemática da combinatória dos verbos de movimento com os chamados SP direcionais. Por uma questão de economia de tempo, os valores associados à preposição com não foram objeto de análise. 63 Assim, o significado de uma preposição não é apreendido através de uma configuração pré-estabelecida ou fixa (seja ela espacial, temporal ou nocional/figurada). Pelo contrário, defender-se-á como hipótese teórica que a interpretação de um termo R resulta da interação com os outros termos da relação (X e Y). 3. Das determinações espaciais às determinações temporaisaspetuais Em Português Europeu, as determinações espaciais subjacentes às combinatórias VD+SP direcional e VMM+SP direcional representam Trajetórias com (não)delimitação de fronteiras espaciais. Como o haviam demonstrado já outros autores a propósito do Inglês (cf., e. o., Talmy (1975, 1985); Jackendoff (1983, 1990); Vandeloise (1986, 1987); Tenny (1994, 1995a, 1995b)), do Francês (Bonami (1999)) ou do Espanhol (Morimoto (2001)), as determinações

espaciais correspondentes à combinatória Trajetória + (não)delimitação de fronteiras espaciais permitem representar valores temporais e aspectuais. Observando os seguintes exemplos: (1) a. a Ana foi ao Porto. b. a Ana foi até ao Porto. c. a Ana foi para o Porto. (2) a. a Ana caminhou *à praia. b. a Ana caminhou até à praia. c. a Ana caminhou para a praia. podemos verificar que Trajetórias com delimitação de fronteira espacial à direita vão corresponder à delimitação de uma fronteira temporal [+ fronteira temporal]. As situações assim representadas correspondem a eventualidades télicas (existência de um último ponto inerente ou potencial). Assim, em (1), e independentemente da preposição selecionada, as combinatórias VD+SP direcional 1 darão origem a processos culminados. A combinatória de VMM+SP direcional dá origem a leituras diferentes, consoante a preposição selecionada. Com argumentos de Trajetória introduzidos por até, 1 A seleção de VD to tipo de sair, entrar ou chegar permitirá representar eventualidades do tipo culminação. teremos delimitação da fronteira espacial à direita e correspondente fechamento da fronteira temporal [+ fronteira temporal]. A situação denotada pelo enunciado é de natureza télica, correspondendo a um processo culminado. A preposição para marca duas possibilidades de leitura, podendo corresponder ao percurso de parte ou da totalidade de pontos que constituem a Trajetória. Em ambos os casos, a situação representada será télica (é visado um último ponto potencial). As duas interpretações poderão ser explicadas pela (não)delimitação do último ponto da Trajetória e correspondente (não)delimitação da fronteira temporal. A eventualidade representada poderá, por conseguinte, corresponder a um processo Situação [-fronteira temporal]; Trajetória [-del] ou a um processo culminado Situação [+fronteira temporal]; Trajetória [+del]. Os testes empíricos abaixo apresentados permitem comprovar a explicação que acaba de ser avançada: (3) a. a Ana foi ao /até ao / para o Porto em duas horas. b. a Ana foi ao /até ao / para o Porto durante duas horas. (4) a. o Luís empurrou o carro. 64

b. o Luís empurrou o carro durante 10 minutos. (5) a. o Luís empurrou o carro para a garagem. b. o Luís empurrou o carro até à garagem. (6) a. o Luís empurrou o carro para a garagem durante 15 minutos. b. o Luís empurrou o carro para a garagem em 15 minutos. (7) a. o Luís empurrou o carro até à garagem *durante 15 minutos. b. o Luís empurrou o carro até à garagem em 15 minutos. Assim, e como podemos verificar em (3), predicados do tipo processo culminado (ir) são compatíveis com adverbiais de realização. Também o são com adverbiais do tipo durante Q N de T. Delimitam, no entanto, uma situação posterior a T 2. Os exemplos seguintes ilustram a possibilidade de conversão aspetual de predicados do tipo VMM como empurrar, por exemplo. Os paradigmas em (5), (6) e (7) permitem ainda evidenciar as diferenças entre as preposições até e para. Em coocorrência com os VV no PPS 2, a primeira participa na construção de eventualidades do tipo processo culminado, ao passo que a segunda surge associada a sequências linguísticas ambíguas, podendo denotar processos ou processos culminados. 4. Estruturação do domínio em zonas O estudo em curso tem permitido demonstrar também os limites de uma explicação baseada exclusivamente na teoria do aspeto para dar conta da totalidade dos valores associados às preposições. Deste modo, sustento que a preposição, na relação X R Y, permite constituir um espaço topológico no qual a entidade móvel irá ser situada. A localização de X em diferentes zonas do domínio, permite explicar as diferenças entre as preposições a, até e para. Apresento seguidamente uma formalização das hipóteses defendidas: (i) preposição a passagem da F(fronteira) e localização da entidade móvel entidade sujeita à Trajetória em I(nterior) do domínio associado a Y: 2 A combinatória com outros tempos gramaticais permite observar outros efeitos de sentido e até incompatibilidades na 65 coocorrência com as preposições que, no âmbito desta apresentação, não será possível demonstrar.

(8) (ii) preposição até percurso de um intervalo de pontos (=intervalo de instantes homomorfismo), passagem da F do interior e localização da entidade móvel no I do domínio associado a Y: (9) (iii) preposição para mira do I do domínio associado a Y; Y é representado como um objeto intencional, ou seja, como uma propriedade modal (teleonomia); Y funciona como um atractor de X: (10) 5. Observações finais Como podemos verificar, em Português Europeu, a posição do objeto associado a X ao longo da Trajetória é codificada como uma função de tempo. Ou seja, nas combinatórias em estudo, o que está em causa, não é apenas a construção de determinações espaciais, mas, cumulativamente, a representação de valores temporais e aspectuais. Um outro aspeto evidenciado pelo estudo efetuado, diz respeito ao funcionamento da preposição como relator, situando X numa zona do domínio associado a Y. Este facto constitui evidência para o tratamento de a, até e para como preposições do tipo divisão e permite explicar, simultaneamente, algumas das diferenças de sentido observadas nas sequências que estudámos. Referências Bibliográficas Costa, M. L. (2004) Valores semânticos das preposições espaciais a, até e para em Português europeu in D. Trotter (ed.) Actes du XXIVe Congrès International de Lingistique et de Philologie Romanes. Tübigen: Max Niemeyer Verlag, 57-64. 66

Costa, M. L. (2009) Até: uma leitura de Campos. Lisboa: Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (CLUNL) - Grupo Gramática & Texto. Cadernos WGT. Work(shops) em Gramática e Texto "Ler Campos", organizado por Maria Teresa Brocardo, 19-23. Costa, M. L. (2009b) Preposições do tipo divisão a, até e para. Estruturação do domínio nocional e pressuposição. Manuscrito; trabalho desenvolvido no âmbito do Seminário de Semântica e Pragmática do curso de Mestrado em Ciências da Linguagem da FCSH (UNL). Costa, M. L. (2010) A preposição enquanto termo de relação. Lisboa: Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (CLUNL) - Grupo Gramática & Texto. Cadernos WGT. Work(shops) em Gramática e Texto "Forma & Significado", organizado por Céu Caetano, 15-26. Costa, M. L. (2011) Entre a noção lexical e a noção gramatical : hibridismo nocional das preposições. Lisboa: Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (CLUNL) - Grupo Gramática & Texto. Cadernos WGT. Work(shops) em Gramática e Texto "Formas & Construções", organizado por Clara Nunes Correia. Depraetere, I. (1995) On the necessity of distinguishing bettween (un)boundedness and (a)telicity. Linguistics and Philosophy 18(1). Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1 19. Jackendoff, R. (1983) Semantics and Cognition. Cambridge (Mass.): MIT Press. Jackendoff, R. (1990) Semantic Structures. Cambridge (Mass.): MIT Press. Morimoto, Y. (2001) Los verbos de movimiento. Madrid: Visor Libros. Talmy, L. 1975 Semantics and Syntax of Motion in J.P. Kimball (ed.) Syntax and Semantics, 4. New York: Academic Press, 181-238. Talmy, L. 1985 Lexicalization Patterns Semantic Structure in Lexical Forms in T. Shopen (ed.), Language Typology and Syntactic Description III: Grammatical Categories and the Lexicon. Cambridge: Cambridge University Press, 57-150. Tenny, C. (1994) Aspectual Roles and the Syntax-Semantics interface. Dordrecht, Boston, London: Kluwer. Tenny, C. (1995a) How motion verbs are special: the interface of semantic and pragmatic information in aspectual meanings. Pragmatics and Cognition 3(1). John Benjamins, 31-73. Tenny, C. (1995b) Modularity in Thematic versus aspectual Licensing: Paths and Moved Objects in Motion Verbs. Canadian Journal of Linguistics/Revue Canadienne de linguistique 40(2), 201-234. 67

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