CARROS DE ASSALTO: SEU PRIMEIRO COMANDANTE NO BRASIL - 1921



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Transcrição:

CARROS DE ASSALTO: SEU PRIMEIRO COMANDANTE NO BRASIL - 1921 João Marcos Macedo Louro 1, Bacharel em História pela UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF. jm_louro@hotmail.com RESUMO: Esta monografia analisa a atuação do oficial José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque durante seu comando na Companhia de Carros de Assalto, primeira unidade mecanizada, blindada, do Brasil e seu exército, no período de 1921 a 1923. Esta monografia analisa as situações ocorridas durante a compra do seu material (os carros de combate), sua introdução na força brasileira e sua capacitação como organização militar, aos olhos de sue primeiro comandante, que foi também responsável pela aquisição de seu material, e recebeu instrução do exercito francês após lutar em suas fileiras durante a Primeira Guerra Mundial. Meu objetivo é mostrar o papel deste oficial na inclusão do elemento mecanizado no exército de nosso país, usando suas memórias e um livro escrito por ele a respeito deste tema. 1 Texto extraído da Monografia apresentada pelo autor ao Departamento de História da Universidade Federal Fluminense para obtenção do Grau de Bacharel em História, 1º semestre de 2008. Professor orientador: Luis Felipe da Silva Neves. Eixo Cronológico: Contemporâneo. Eixo Temático: Poder e Idéias Políticas.

1 - O MOEDOR DE CARNE NÃO MOE MOEDAS 2 : A l l t o g e t h e r n o w. A l l T o g e t h e r n o w. A l l t o g e t h e r n o w, i n n o m a n s l a n d ( L e t r a d a m ú s i c a A l l t o g e t h e r n o w, d a b a n d a T h e F a r m. ). 1. 1-Fogo e lama : O i ni ci o d a primeira G u e rra Mundial t o rn ou-s e p a ra muitos h istori ad o r es o m arco que serviu para fechar o s é c ul o X IX e i ni c i ar o s é cu lo X X. In i c i a do c om um at ent a do c ont r a a vida d e um a p e ssoa ( O h erdei ro d o t r ono do an tigo Im p é r io A ustro-húngaro, o A r q uiduque Fr a n cisco Ferdi n an do), que d etonou ent ã o várias a çõ e s e r e a çõ e s políticas, a m ai oria d e t e or a gressivo ou b elicoso, o s p a ises e u r opeu s f oram a meaçando uns a o s out r os, ativando s u as a lianças m ilitares p a r a f azerem o m es mo. N a r e a ç ão em c a d ei a que s e s e guiu a guerra a c a b ou por s e r d e c lara n a E u ropa. V ários m ilhões acabari am m o rtos na s eq üência dos event os. D e 2 8 d e j unho a 4 d e a gosto d e 1 9 14, a s d u as alianças f o rm a d as mobilizaram s u as tropas: A s p ot ên c ias c e n trais, a T r íplice Al iança f ormad a e nt r e Al em an h a, Im p é r io Austro - H úngaro e It á l i a ( que m ai s t a rd e s a iria d essa a liança); a T rí plice E nt en te, f o rm a d a por In gl a terra, França e o Im p é ri o Russo 3. A 4 d e a gosto de 1 9 14, a Al em an h a i nvadi a a Bél gi c a, c u mpri ndo s e u Plan o d e Gu e r r a O Plano S c hlieffen q u e v isava f l an quear a Fran ç a a t r av é s d e Bélgi ca e H ol a nda, t om ar P a ris e b a t er o s f r an c es e s e m 4 0 d i as. Os f r an c e s es r e sponderam l an ç a ndo s e us dispositivos no P l an o X V II, a t a c a n do a Al em an h a a t r av é s d a A lsáci a e d a Lo r e na a 8 d e a gosto, que f r a c a ssari a. O r es ultado d e t odo esse p rimei ro moviment o f oi a França s e r repelida, a A l em a nha m a nt e r s e u av a n ço, embora n ã o d e nt ro d o praz o e s p e rado, e a ex p e ct at iva de que a guerra t e ri a um fim ráp ido, ant e s d o N at al d e 1 914, c o m o t odos o s m ilitares d e a mbos o s l a dos a c r e di tavam. M a s a situação mudou. P o r m odifi c açõ e s no plano a l emão, e d e vi do a v á ri a s situações i n es peradas p o r e l e l ento t r an sport e d e t r opas e supriment os at r a vés d o t e rritório invadi do, resistênci a i nimiga Bel ga, m ai o r do que a e sperada, r e moção d e tropas p a r a f r e nt e O r ient al, m udanças no Plan o S chl i effen original a O f e nsiva f oi p erdendo f orça e e f e i to, sendo f i n al ment e i nt e r rompida por um co nt r a - at aq u e dos ex é r citos d a Ent e nt e em 5 2 O título é relacionado ao surgimento do tank na Primeira Guerra Mundial. O titulo é uma alusão aos massacres contínuos ocorridos ao se expor a infantaria ao poder de fogo crescente da metralhadora e do canhão de tiro rápido. A moeda seria o blindado. 3 A respeito da mobilização dos exércitos e do jogo político que levou às declarações de guerra, uma boa descrição dos acontecimentos é Tuchman, Bárbara. Canhões de Agosto, Bibliex, 1998.

s e tembro de 1914, na Batal h a do Marne, o nde os Alem ã es s ofreram s e u primei r o rev é s séri o 4. E nt r e 1 4 d e s e t embro e 17 de novembro do mesmo a no, am bos o s ex é r citos t en taram s e f lanquear, em d ireção a o C an al da M a n ch a, no q u e a cabou co nheci do com o a C orri d a p a ra o M a r, que c u lminou n a p rimei r a b at al h a d e Y pres. Ao fi nal d el a, s e m que n e nhum ex é r cito co nseguisse u m a m an o bra signifi c ativa d e f lanco a o a dvers á ri o, f i caram am bos f r e nte a f r e nt e, com su a s t ro p as e n trinchei r an do-s e p a r a p oderem s e p r ot e ger d o f o go ini migo. A c a b av a n es se moment o a f as e co n hecida co mo G u e r r a de M ovimen to, inici an d o-se a f as e que m a r c aria a P ri m ei r a Gu e r ra M undi al : a fase da Guerra d e Trincheiras. 1. 2-Impasse: O s Im p é r i os e u ro peus e nt r aram em um a guerra p ara a q u al n ã o es tavam preparados, ao m e nos não n a m e nt alidad e d os s eu s t e órico s militares. A s mudanças proporci onadas pelos novos e q uipam en tos m odificaram a visão que an t es ex istia sobre o q ue a c o nt e ci a em um cam po de bat a lha. C om o diz John Keegan: A P r i m e i r a G u e r r a M u n d i a l f o i u m a g u e r r a d e t r i n c h e i r a s. O s ú b i t o a u m e n t o d o p o d e r d e f o g o, p r o v o c a d o p e l o s f u z i s d e r e p e t i ç ã o, p e l a m e t r a l h a d o r a e p e l a a r t i l h a r i a d e t i r o r á p i d o n o c o m e ç o d o s é c u l o X X, f o r ç o u t o d o s o s e x é r c i t o s d a E u r o p a, t ã o l o g o s e e n c o n t r a r a m e m c a m p o s d e b a t a l h a e m a g o s t o d e 1 9 1 4, a c a v a r p a r a s o b r e v i v e r. [... ] E m p o u c o t e m p o, t o d o s o s e x é r c i t o s c r i a r a m s i s t e m a s d e t r i n c h e i r a s s e m e l h a n t e s, a s s i m c o m o s i m i l a r e s r o t i n a s d e t r i n c h e i r a s. A l i n h a d o f r o n t, p r o t e g i d a p o r u m e m a r a n h a d o d e a r a m e f a r p a d o, t i n h a u m a l i n h a d e a p o i o p a r a l e l a a a l g u m a s c e n t e n a s d e m e t r o s d a r e t a g u a r d a, a l é m d e u m a l i n h a d e r e s e r v a m a i s a t r á s. [... ] A T e r r a d e n i n g u é m e n t r e a s l i n h a s d e f r o n t o p o s t a s p o d i a m e d i r d e m e n o s d e 5 0 m e t r o s a t é q u a s e m e i o q u i l ô m e t r o d e l a r g u r a. ( K e e g a n, 2 0 0 4, p g. 2 0 8 ). P a rticul a rm en t e, a c o mbinação metralhadora/ trincheira/ arame f a r p ad o, torn a v a praticam e nt e impossível p ara a i n fant a ri a, p el o m e nos ex t r em am ent e d ifícil, a t a r efa d e r e al iz ar u m at a que q u e p u desse subjugar o i nimigo. E ainda m ai s s e fo sse constituí do e sse a t a que d e um as s al to f ro nt al, e m o ndas d e s ol d ad os co r r e ndo em p é, q ue e r a um a tática co mum em am bos os ex é r citos e m 1914. M e smo co m a a r tilhari a, que ganhou p r e dom inânci a n essa guerra, a s tropas en f r entavam inimigos ainda o r ganiz a dos e s o friam s e v e ras b a ixas ( p articul a rm en t e s e en f r e nt as sem o s al em ã es, que c a v a v am suas t rinchei r as m elhor e m a is f undo, tanto e m p r o fu ndi d ad e no sol o quanto no campo de b at al h a). O m as s acre e r a ó b vio, e a ssim o correu. Todas a s batalhas o c o r ridas no f ro nt O c ident al a c ab a v am - p el o m en os at é 1 917 em grandes b aix as, t an to p a r a o l ad o q ue a t a c av a quanto para o l ad o d e f e nsor. O i mpasse as sim fo r mado l e vou a um a e stagn a ç ã o d as f r e nt e s de b at a lha ( o u f ronts), c o m t rinchei r as q u e i am 4 Para melhor entender essa primeira manobra da primeira grande guerra, ver Keegan, John. Agosto de 1914. Irrompe a Grande Guerra. Renes, 1978.

v i rtualmen te d o C a nal da M a ncha à f r o nt e ira d a S uí ça, e c o nsequent em en t e a um a t e rrível e c ustosa guerra de at rito. 1. 3-S olução: E m a mbos o s l ados b el i gerant e s s e b uscaram um a s ol u ç ão p a r a es s e impasse. C om o E ri c Hobsbaw n 5 d e ixa no s e u r el at o s obre a p r imei r a guerra, e m s e u l ivro s obre o s é c ulo X X, a P ri m ei r a G u e r r a Mundi a l passou a s e r um a gu e r r a d e p ro dução industri al ( guerra de material), e t am b ém t e cn ológi c a. A ên f ase d ad a a es s as d u as á r e a s pont uou a e s t r at é gi a d e todos o s p aíses, e m e s p e ci al a In gl a t e r r a e a Alemanha, que v isavam b loquear um a a o ut r a o a c e s so d e suas i ndústri as às á r e as p r odut oras d e m atéria-p ri ma v ital ao es fo r ço de guerra, nas t en t ativas de bloquei o econôm ico. D o p onto d e vi sta t e cn ol ó gi c o, busco u -s e a t e cn ologi a p r inci p alment e para a l terar a situação ex i sten t e n os t e at r os d e o p e r ação 6. O s Al emães d es e nvol veram o gás, c o m v ista a d e s al oj a r o i ni migo d e s uas trinchei r as, s en do posteri o rm ent e i mitados nessa i d éi a p el os seu s i nimigos. J á os Bri t âni c os e Frances e s t en t aram, ent r e out r as idéias, u m a q u e s e r e v el a ri a r e vol u ci onári a para o s é cu lo X X, em m at é ri a d e uso militar: o Tanque, ou C a r ro de C ombate. O u t r o p a s s o p a r a r e s o l v e r o p r o b l e m a d a i m o b i l i z a ç ã o c o n s i s t i a [... ] n o d e s a r m a m e n t o d o d e f e n s o r, t o r n a n d o i n e f i c a z e s s e u s f u z i s e m e t r a l h a d o r a s. I s t o p o d e r i a s e r c o n s e g u i d o p r o t e g e n d o o a t a c a n t e c o m u m e s c u d o à p r o v a d e b a l a s e c o m d i m e n s õ e s s u f i c i e n t e s p a r a c o b r i r s e u c o r p o q u a n d o s e d e s l o c a s s e. C o m o s e r i a m u i t o p e s a d o p a r a o h o m e m t r a n s p o r t a r, t e r i a q u e s e r m o n t a d o s o b r e u m a v i a t u r a a u t o p r o p u l s a d a, a q u a l n e c e s s i t a r i a t a m b é m s e r b l i n d a d a. C o m o e s t a v i a t u r a t e r i a q u e d e s l o c a r - s e a t r a v é s d e c a m p o s d e b a t a l h a c o b e r t o s d e t r i n c h e i r a s, t e r i a q u e s e r d o t a d a d e l a g a r t a s n o l u g a r d e r o d a s. E s t a s t r ê s c o n d i ç õ e s l e v a r a m à a d o ç ã o d o C a r r o d e c o m b a t e, p e q u e n a f o r t a l e z a m ó v e l, o u c o m o f o i i n i c i a l m e n t e d e n o m i n a d o, n a v i o t e r r e s t r e. ( F u l l e r, 1 9 6 6, p g. 1 6 5 ) Essa fo i a ex plicação d ad a p elo a utor J. F. C. Fu ller sobre o r a c iocíni o q ue l e vou h om en s c om o o C o ro n el E rn st Swinton, o p r inci p al i d e aliz a dor d o t an k b ri t ân i co, a b uscar n a t e c nol o gia i ndustrial a s olução p a r a r e tom a r a surpres a t át ica e a m obilidad e d e a ç ão de s eu s ex ércitos. O nome é d e rivado d a ex p licação que os i n gleses d a vam a os o p e r ários q u e t r ab a lhavam no p rimei r o proj et o dos carros de 5 Além de Hobsbawn, vários autores que estudaram a primeira guerra observaram que foi a primeira guerra de material, de produção industrial da história. Marc Ferro, J.F.C. Fuller e Basil Liddell Hart são entre eles. O próprio Erich Ludendorff, comandante alemão, foi um dos homens que previu a nova importância desta guerra, denominada por ele materialschlaft, guerra de material. A importância de manter uma grande produção para equipar grandes exércitos passou a ser vital na estratégia. 6 A respeito da importância da tecnologia, ver Liddell Hart, Basil. The Revolution in Warfare, Yale University Press, 1947. Também a respeito da evolução tecnológica das armas, Jones, Archer. The Art Of War on Western World, Oxford Press, 1998. E também um apanhado geral mais recente, nos primeiros capítulos da obra de Liang, Qiao e Xiangsui, Wang. Unrestricted Warfare, PLA Literature and Arts Publishing House, 1999.

c o mbat e blindados: el e s diz iam q u e e s tavam s e ndo construí dos r e s e rv at ó ri os d e co mbustível, ou t an ks. Fico u o nom e T a nk. A s sim, os britâni c os co nstruí r am os pri meiros carros de co mbat e. O s Frances es tiveram a m es m a i d éi a p r at i c am en te a o mesmo t em po. A o invés d e t r a balharem em u m p ro jeto u nificad o, os a liados res ol v eram t e r c a d a um seu proj et o. O s britân i co s c onstruí r am o M ark I, u m t an q ue grande, d e f o rm a to r omboi d al, c om um a grande e s t ei r a d e lagarta c o r r en do a t r av é s do c a r r o, e a r m a ment o em b as a do n a s l a terai s. C o nt a r am b a sicam e nt e co m e l e por toda a guerra, a penas a p e rfe i ç oando-o p a r a m el horar sua c o n fi ab ilidad e n o campo de batalha. Construí r am u m v eí cu lo m ais l e v e ch a mado Wh ippet, m a is r á pido e m e n os b lindad o, para infi ltração, em co nj unto co m a caval a ri a. O s f r an c e ses, c h e fi a dos n e ssa p es quisa p el o co r onel ( depoi s general) E stienne, c r i a r am d oi s modelos d e grande po rt e q u e e ram c a p az es d e c r uz ar trinchei r as e e r am bem a rm ad os, mas eram lentos d e m ais e quebravam f acilment e; eram o s m odelos Sai nt -C hammo nd e S c h n eider. M as e r a m modelos d e... i d éi a m ui to r udimentar. (...) N o ultimo an o d a guerra e l es quase q u e fo r am c omplet am e nt e b a ni dos dos c a mpos d e b at al ha ( Cavalcanti de Albuquerque, C PDOC - FGV). A o fi n al d e vários modelos, os f ran c e s es ap r es e nt a r am - se m el hor co m um m odelo m e nor, o R enaul t FT -1 7, um t anque l ev e, o m ai s p ro duz ido por e l es. Seu d es e nho tinha co mo r ev olucionári o a t o rre gi r at ória, que p e r mitia di sparar s u as a rm a s em q u al quer al vo a o r e dor do c a r r o. Foi usado p rincipal ment e no a c ompanhament o e s uport e d a infantaria. A cabou s en do o melhor t a nque l ev e da p r imei r a G u e rra M undi al, s e ndo u tilizado por vári os p aíses p osteriorm e nt e, i nclusive o s Estad os Un idos da América e o Brasil 7. U m a nova t e cn ol ogi a c h e ga a o c a mpo d e b a talha; mas a c h e gada do t an que a o f ro nt n ão e r a a s imples solução d o p r oblema d o impas s e t ático d a s t rinchei r as. Como cit am v á rios a u tores, um a n ova t e c nol o gi a a dvi nda a o campo d e b at al h a r eq u e r t odo um novo p en samento n o c ampo d a t ática e d a es tratégi a. N as p a l av r as de Marc Fe r r o: A f a l t a d e e s p í r i t o c i e n t í f i c o, a s u b e s t i m a ç ã o d o q u e é t é c n i c o, a i g n o r â n c i a a b s o l u t a d a r e l a ç ã o q u e e x i s t e e n t r e o s c o n h e c i m e n t o s d e u m a é p o c a, a s p o s s i b i l i d a d e s i n d u s t r i a i s e a p r á t i c a d a g u e r r a, c a r a c t e r i z a m a m e n t a l i d a d e d a q u e l e s q u e t i n h a m a r e s p o n s a b i l i d a d e d e c o n d u z i r a s o p e r a ç õ e s m i l i t a r e s. ( F e r r o, 1 9 6 9, p g. 1 5 3 ) A o fi ci a lidade, principal m ent e os gen e r ai s m ai s grad uados, e s tava em f a c e d e u m a guerra n unca imaginada por e l es, i s so a inda a n t es d e s e ut iliz a r t a nques e avi õ es e m m a ior es c al a. Como disse 7 Sobre os Blindados, vários livros podem ser encontrados, mas para rápida leitura sobre esse período é recomendável Orgill, Douglas. Tanques-1918, Editora Renes, 1978.

Lo r d e H o r a tio H e rb e rt K itch e ner, o M inistro d a Gu e r r a Britâni c o: Is t o não é guerra 8. N a p r imei r a ap a rição d os t a nks, e m 15 d e s et em b ro d e 1 9 16, duran t e a ofensiva do Somme, os t an ks at é t iveram a s u rp r es a i ni ci al e a t e r ro riz a r am o s ad v e rs á ri os, mas q uebraram, a m ai o ri a p o r d e f eito t é cn i co. Fo i um b al de d e á gua fria n a s e s p e ranças d os criad o r es d o tank. Os c a rros de co mbate a c a b aram r e c e b en do d es c r édi to at é m e smo dos soldad os que l utavam com e l es. M a s nem t odos fo r am a f e t ad os por i sso. O p r ópri o J ohn Frederi c k Charl es Fuller e r a ex emplo disso. Q u an do vi u um t a nque p e la primei r a v ez, el e p en sou t er r es olvido o X d a e q u a ç ão vitóri a. Para a l guns o ut ro s ofici ai s, a r eação f oi idêntica. O f i ci ai s c om o Ful ler, J ohn Monash, Hu gh E lles e o f r an c ês E stienne, vi a m nos t a nks o fi m dos p ro blem a s d a m obilidad e p e r dida n a guerra d e t ri n ch ei r as. E stes, a p es a r do i ni cio ru im dos c a r r os d e c ombate, r e s ol v eram b uscar a s n ovas t á ticas que a q u el e n o vo en genho n e cessitava p a r a s e s obrepor f a ce a o i nimigo e s ubjugar suas posiçõ e s defensivas. À s 06 (s e is) h o ras e 2 0 (vi nt e ) minut os do di a 2 0 (vi nte) d e n o vembro d e 1 917, o c o rreu a b at al h a d e C a mbrai, onde h o uve p el a p r imei r a vez um a t e nt ativa d e at aq u e t e ndo os c a r ros de c o mbate c o mo e l em en to p rincipal d o as s alto, e m grande n úm e ro, c o m a poio d a i n fant a ri a, sem b ombardei o p révi o d e a r tilharia, p a r a c onsegui r o e f e ito s u rp r es a, e c o m a p oio a é reo ( e mbora n o dia e s tivesse n u blad o e o a poi o t e nha sido fraco p or c a u sa d as c on di çõ e s d o a r). O a s s alto fo i u m co mpleto s ucesso; m ai o r at é do q u e era e s p e rado p e los Britâni co s, t a nto q ue n ão p ode s e r ap ro v eitado d e vido a p o uca co n c ent r a ç ão d e r es e r vas e do d e sprep a ro dos b ri tâni c os em a p oi a r r a pidament e a nova arma. A i nda a ssim, c om o d emonstração d a f o r ç a d o c arro d e c o mbat e, C a mbrai fo i um sucesso: N ã o o b s t a n t e, a b a t a l h a d e C a m b r a i s e r v i u p a r a m o s t r a r a o m a i s i n c r é d u l o a p o t e n c i a d o s t a n k s, o s e u p o d e r d e r o m p e r n u m a t a q u e f r o n t a l a l i n h a i n i m i g a, s o l u ç ã o p r o c u r a d a d e s d e a e s t a b i l i z a ç ã o d o f r o n t (Cavalcanti de Albuquerque, 1 9 21). O m ét odo utiliz ado e m Cambrai passou a s e r co piad o p e los a liados n as suas co nt r a -o f en sivas e m 1 9 18, s en do e ssencial p a r a a v itória n a s e gunda b at a lha d o M a rn e, n es s e a no. O carro d e c o mbat e, em bora não t e nha sido a m a ior cau sa da derro t a a l em ã, foi u m dos motivos p ara el a. N o di a d o a r mistíci o, os aliad os, a gora t am b ém c om os Norte-am e ri c a nos, tinham s eu s c o rp os e b r i gad a s d e tanques, com um a quantidade s u ficient e p a r a f az er d i ferenci al e m c ombate. Planos e stav a m s en do c ri a dos p a r a s ua ut iliz a ç ão e m 1 9 19, a l ém d e novos m odel os que perm itissem m a ior p e netração no t e r ritório inimigo, e m uitos novos es pecial istas na nova a r m a t e ndo m ai o r r es ponsabilidade em t oda essa program a ç ão. 8 Retirado do verbete Primeira Guerra Mundial, de: Teixeira da Silva, Francisco Carlos. Enciclopédia de Guerras e Revoluções do Século XX: as Grandes Transformações do MundoContemporâneo. Campus/Elsevier, 2004.

O f im d a p rimeira G u e r r a M undi al t ev e, no e nt a nto, um f i n al c o nt r á rio. Os c riadores do c a r ro d e c ombat e a cabaram por r e t ro c e der e m t odo o p en s am en to s obre o uso d os b lindad os, c o nt a ndo ap e n as uns pouco s p e nsadores a t r at a r d es se a s sunt o. E sses p e nsad o r es, b r itân icos c om o Bas il Li d d ell H a rt e J ohn F. C. Fuller, publicando s u as i d éi as a r e speito dos blindados, s e u uso t át i co e a s estrat égi a s q u e m elhor s erviriam a el e s, a c ab a r am por n ã o vi r em el as a ser adot a d as m es mo por sua própria nação 9. D o l ad o inverso, o s a l em ã es, derrotados e humilhad os p or u m a p az c a rt a gi nesa, no diz e r d e Fuller, s ent iram que d evi am c o r ri gi r s e us e rros a d ot a ndo a s i déias v istas em 1 917 e 1918, e t ão a p r e goad a s p el os a ut o r es b ri t âni co s. A c ab a r am p or criar as d ivisões P anz e r, pondo em p r át i ca o novo c onceito de u so dos c a r r os d e co mbate, da av i a ção d e a p oio, e r ev ol uci on a ndo o c o n c eito d e guerra m óvel a nt es d e s eus a dvers á ri os, q ue t iveram d e s uport a r s ev e r as derrot a s no i ni cio da segunda Guerra Mundi al. Q u a nto ao Bras il, d e fo r a em grande p a rt e d e ssa h ist ó ri a, m a s a i nda a ssim a p ar d os a c o nt e cimentos, c oube ao nosso p a ís t e r a p r imei r a f ormação b lindad a d a Am é rica La t i n a, s ob o co m an do d o e n t ão capitão José P es sôa C av a l cant i de Al buquerq u e, históri a a s er r e l at a da a s e gui r. 2 - U M A N ÃO QUERENDO ARMAS DE GI GANT E 10 : R e a l m e n t e, t e m o s, c o m o o s c i v i s, p r a t i c a d o e r r o s, m a s t e m o s t i d o a v i r t u d e d e p r o c u r a r c o r r i g i - l o s. ( J o s é P e s s ô a C a v a l c a n t i d e A l b u q u e r q u e, D i á r i o d e M i n h a V i d a ). 2. 1-No B r asil: N a d e fi ni ç ão d e José P es sôa sobre a s ituação d o Bras il n a R e publica V el h a: O u ç o d i z e r q u e t o d o n o s s o m a l p r o v é m d a i m p r e n s a (... ), é, s o b r e t u d o d o s p o l í t i c o s s e m c o n s c i ê n c i a, d e j u i z e s q u e p r e v a r i c a m, d e m i l i t a r e s s e m p a t r i o t i s m o, d e f u n c i o n á r i o s r e l a p s o s... a P á t r i a s ó s e d e f i n e q u a n d o r e p r e s e n t a o i n t e r e s s e d a s u a c o b i ç a, E n c o s t a m - s e n o s p o t e n t a d o s, i n v a d e m o s g a b i n e t e s, a s r e p a r t i ç õ e s, p e n e t r a m e m t o d a p a r t e, q u e r e m t u d o e a t o d o s p r o c u r a m e m d e f e s a d a s c a u s a s m e s q u i n h a s p r a t i c a n d o i n j u s t i ç a s d e t o d a a n a t u r e z a... ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D o c - F G V ) 9 Tanto Fuller quanto Liddell Hart serão muito lidos e comentados nas décadas entre as duas Grandes Guerras. Ambos serão grandes defensores do uso em massa dos blindados, diferindo apenas quanto à situação do apoio da infantaria. Liddell Hart em especial será lido pelos alemães, principalmente Heinz Guderian, criador das Divisões Panzer, que adotará grande parte dos seus ensinamentos, em especial em relação a manobras com formações blindadas. José Pessôa também leu ambos, ainda antes de escrever seu próprio livro sobre os tanques, citando-os várias vezes. 10 O título se refere a uma breve passagem histórica pela situação vivenciada pelo exercito brasileiro no momento que será apresentado no tema, ou seja, o período da República Velha, até meados de 1923.

O p e r íodo c onheci do c om o P ri m ei ra R e pública Brasilei ra ( 1 889-1 930) f icou m a r c ad o co mo u m p e rí odo em q u e h ou v e p r e dom ínio do p oder d a s oligarquias c a f e i cu ltoras d o Brasil, q u e r e v ez av a m s eu s can di d atos n o p oder p r e sidenci al (P olítica d o C a fé c o m Le i t e, onde r ev ez a v am p r esiden tes dos es t ad os d e Minas e S ã o P a ulo); onde h a via o a c o rd o d e que o poder f e deral n ão s e i nt ro m et e ri a nos p oderes estaduai s, en tão n o poder d e ssas o ligarquias ( a c h am a d a P olítica d os G o v e rn a dores ). O c o nt r ol e p ol ítico por a pen a s u ma c lasse s o ci al n ão e r a total (m as p r e dom inava), mas t inha a situação do país sob seu co nt rol e. A c l as s e m éd i a d o p a ís e r a p e quena, em bora c r es c en t e, mas o p o der político ai nda n ão tinha s a ído d as grandes f az e n d as em d i reção ao s cent r os u rb a nos. A n e cessidade d e s e f i rm a r co mo c l as s e t ambém c om p oderes pol ítico s ex i stia, e co m o n um e ro c r e s c en te d e c argos p úblico s el a i a a um en tando e ssas p ossibilidad e s. A c l a sse t r a b alhadora, n os c en t ro s u r b an os m ai s i ndustrializ ad os, ia c r e s c e ndo e s e o rganiz an do. N es s as d é c a d as a s i d éi as a n a rq ui stas e c o m unistas ajudav a m na o r ganização d e s indi c at os e p artidos p olítico s d os o p e r ários e d em ais t r ab a lhadores, l evando t ambém à o r ganiz a ç ã o d os p r im ei ro s p r ot es tos pol íticos e as primei r as greves. H o uve t ambém c ri s es e r e vol tas, de c u nho pol ítico e/ou s o ci al, c om o a s Revoltas d a Esquadra e d a Armad a, em 1 891 e 1 8 93; d a Escol a Militar e m 1895, 1897 e 1904; C a nudo s e m 1897, a C ri s e d o A cre em 1902, a R e volta d a Vacina em 1 9 04, O m ovimen to S al vaci onista n a d é c a d a d e 1 910, as R ev oltas d o C ontestad o e m 1914; o T en e ntismo em 1 922 a c a bou por s e r o a u ge ( a p r óxima revolta s e r ia a R ev olução d e 1930, q u e po r ia f im a R e publica V el h a ). 2. 2-No E x é rcito : E m q u e s ituação es t av a o Ex ército Brasilei ro n ess e p e rí odo? O b s ervan do es sas p r inci p ais r ev oltas, pode-se p erceber que el e t inha p a pel ativo, t a nto d o l ad o do poder co mo c ontra e l e (s e ndo q u e a p ri ncipio el e d etinha o p oder f e d e r al, co m Deodoro da Fonseca e Flori an o P e ixot o, M a r echais e P r e sident es ). Ao l a do d o p o der, o Ex ército c o nsolidou a r e p ublica que e l e mesmo p r o cl am a r a, m as s acrou r ev ol tosos em C an udos, subjugou s uas p r ópri a s r e voltas internas n a Escol a M ilitar da P r ai a Vermel h a ( o q u e l ev a ri a ao seu f e ch am e nto em 1 904), co mbateu i nimigos i nt e rn os e ex t e rn os e m s eu próprio t e rritório no A cr e, no n o rd es t e, e m S a nt a C at a ri na e n a C a pital Federal. Ab r a n geu o p a ís i nt ei r o c o m es t es enfrent am e ntos. M a s a situação do própri o Exérci to int e rn a m ent e e r a p r ecária: O f i ci ai s t r ei n ad os m ai s c om o Bacharéis e D outores d o q u e c omo p r o fissionai s d e a rm a s, p r a ç as r e crut ad os por s o rt ei o ou n a b as e d e p u ni çõ e s p o r crimes, a maior p arte deles a n al f ab e tos. A p r o fi ssão m ilitar ( e quando uso e sta ex p r essão não m e r e fi ro à m a ri nha, cu ja s ituação era di f e r en t e d a do Exérci to) e r a m a l vi sta pela cl a sse

m ai s alta e t emida p el a cl a sse m ais b a ixa. A cl as s e média vi a o m ilitar c om o f u ga p a r a s e us p r oblem a s e co nômico s, v isto que a e d u c a ção dad a ao al uno da e scol a militar e r a boa e gratuita. A f o rm a ç ão dos ofici ai s era m a is filosófi c a que militar, e graças a o p en s am en to positivi sta d a E s co l a d a Praia V ermel h a, e ra t am b ém co nt estadora d o poder p olítico v i gen t e. Som ada a um q u ad r o d e praças al tament e i nsat isfatório e precári o, a p osição d o Ex é r cito com o P ro t etor d a n a ç ão era ex t r em a ment e fraca. Is s o a i nda s em f a l ar na b a ixa c a p a ci d ade i n dustri al d o p aí s, q u e e r a i nsufi ci en t e p a r a eq uipá-lo e m a nt ê -lo e q uipado. A n e cessidade d e c o mpra d e m at e ri al d e o ut ro s p a íses e r a c o nstant e, s endo t a mbém m ai s custosa. M e di das p a r a alterar a situação d e nt ro do Exército ex istiram, e f o r am m uitas, mas a m ai o ri a caía q u an do o govern o m udava s eu P r es iden t e ou M inistro d a Gu e r ra, o u e r a at r a sada p el a lentidão d o p r o c esso parl a m en t ar. Um ex e mplo di sto f oi a a d o ç ão do a listam e nt o militar p e l a n ova Le i d e S orteio Militar, q ue f o i a c eita e m 1 908, vi s an do a p r oximar a s cl as s es m éd ia e a l ta d o s e rv i ço m ilitar, mas que s ó e nt r ou em f uncionam e nt o em 1 915, c om a e c l osão da guerra na Europa e o ap oi o do poeta Ol avo Bilac. E nt r e os princi pais r e f ormad ores p o demos d e stacar o M a r e ch a l H e rm e s d a Fonseca, que teve import an t e p ap e l com o c o m an dant e d a Escol a Preparatóri a d e Realen go, em 1 904, s u fo c a ndo o l ev a nte d e sta e s co la, e também c omo r e form a dor do Ex é r cito durant e s eu p eríodo co mo M inistro d a G u e rra e P r es iden te d a R ep ublica (1 906 a 1 9 15). Suas r eform a s s e r vi r am p ara t o rn a r a o r ganiz a ç ã o do Ex ército mais estruturad a e c omplex a. U m a d as co nseqüên c i as b en é fi c a s d as r e f ormas d e H e rmes d a Fonseca f oi a d e e n vi a r al guns d os o f i ci ai s p ara ex ercíci os n o ex t erior, que e nviou grupos d e stes para t r einament o n a A l em a nha e n tre 1 908 e 1912. Ao r et o rn a r, f a s c inados p el o m é todo d e o r ganiz a ç ã o e p r o fi ssionalismo d o Exército a lemão, e stes ofici ais b uscaram r e fo rm ar p o r d e nt ro a i nstitui ç ão. S e ri am e l es d e nominados d e J ovens T u r co s 11. E nt r e el es estavam m uitos o f iciais que ganhariam import ân c i a na h istóri a do Ex é rcito, c om o Bertoldo Kl inger e Eucl ides Fi guei r e do (p ai ). E sses o fi c i ais vi sav a m à r eform a d o t r ei no e d a fo rm a ção d e o f iciais e p r a ç as d o Exército Bras ilei r o, o a um en to d o e nsino t é c ni co a os o fi c iais, e s e ri am r e sponsáveis por c ri a r um a v i são que b uscava distan ci ar o o fi ci al d a a tividade pol ítica. M uito c o mbat idos no principio, o s T u r cos a c a b a r am por t e r suas i déias a o s pouco s i n co rp o r ad a s p e l a i nstitui ç ã o, p ri n cipalm e nt e p el o i n c ent ivo d a do a el e s p el o general José C a et a no d e Faria que, d e 1 9 10 a 1914, fo i ch e f e do Estado Maior do Ex é r cito e p osteriorm e nt e Mini stro d a G u erra at é 1 918, e e r a si mpatiz a nt e d as i d éi as dos J oven s Turco s. O u tro r eform ad o r f o i J o ão P a ndiá Calógeras, M inistro c i vil d a p as t a d o M ini stério d a Gu e r r a, que e r a n o p ri n cí pio m a l v isto t a nto p o r r e fo rm ad o r es c om o p el a o p osição, por s e r c i vi l e d e 11 Seriam também eles fundadores do periódico A Defesa Nacional, que tratava de assuntos envolvendo treinamento militar e outros assuntos técnicos do exercito.

o r i gem e stran geira 12. M as C alógeras v iu a n e c essidade p o r que p a ssava o Exército Brasilei ro, nas pal av r a s de José P es sôa: A o c h e g a r e m a o g o v e r n o e n c o n t r a r a m e s s e s d o i s c i v i s ( E p i t á c i o P e s s ô a, P r e s i d e n t e d a R e p ú b l i c a ; e J o ã o P a n d i á C a l ó g e r a s, M i n i s t r o d a G u e r r a ) u m E x é r c i t o a m o l e n t a d o p e l a b u r o c r a c i a, a b s o r v i d o c o m a f i g u r a ç ã o e m p a r a d a s, d e s p r e o c u p a d o s d o s s e u s p l a n o s d e o p e r a ç ã o e d a o r g a n i z a ç ã o d e s u a s r e s e r v a s, m a l a r m a d o e m a l i n s t r u í d o ; (... ) a s p r o m o ç õ e s n o s q u a d r o s d e p e n d i a m d o c a m b a l a c h o o u d a t r o c a d e v o t o s ; a i n d ú s t r i a d e g u e r r a, i n c i p i e n t e ; (... ) q u a r t é i s e m r u í n a s, o e q u i p a m e n t o a l a r m a v a o e s p í r i t o m a i s o t i m i s t a ; a b u r o c r a c i a e a i n e f i c i ê n c i a l a v r a v a m p o r t o d a p a r t e. ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D O C - F G V ). J o ão P a ndi á C al ó ge r a s f oi r es ponsável p ri n ci p almen t e p e l a r e f o rm a n os q u a rt éi s e e quipam en tos d o Ex é rcito, e v endo q u e e r a n e c e ssári a a c r iação d e um a indústri a d e guerra que pudesse supri r o Exérci to de e quipament os, t r an sport e e a rm as. Fo i durant e s u a a d ministração q u e c h e gou ao Brasil a M issão Militar Francesa, que p r oporcionari a t reinam en to e a perfeiço am e nto a os o fi ci ais Brasilei ro s, Missão essa ch e gada em 1920. T o dos es s es r e f ormad o r es a uxiliaram n a r e f orma, t a nto t é c ni c a q u ant o i d eo lógi c a, do Ex ército Bras ilei ro, e t ais r e f ormas a c a b a ri am p o r s er import an t es t ant o no ap e r f ei ço am ento da i nstitui ç ão quant o no apro f undament o de suas di fi culdades. O e x é r ci to, que tivera u m c r es ci m ent o d e 2 2 0 % num p r azo de 4 0 an os (1 890-1 930), ai nda e r a mal eq uipad o e m al t r ei n ad o ( C a rv al ho, 2005). A indústri a não cres c e ri a de um a hora para out r a, l e v ar-se-iam a nos, s e n do s ó vistos o s f r ut os d e ssa b u s c a por i ndustrializ a r a defesa a penas no E stado N ovo. O ex c e sso d e i nt ro missões d e idéias m ilitares estran geiras ( a qui se v i a u m c o n flito t ambém e n t re França e Al em a nha) c onfu ndia e c o n flitava p a rt e da ofi c ialidade ent r e si 13. A e c onomia d o p aí s, q u e m ais f av o recia import a ç ã o qu e a p r odução em sol o p á trio, s e ri a o utro mot ivo d as di fi c uldades, f a z e ndo c om q u e i mportássemos at é muni ç ão, que e ra p ro duz ida a q ui, m a s a cu sto m ai s el e v ad o (M ccann, 2 007, p g.238 ). Com u m a e c o nomia vol t ad a a b e n e f iciar a p en a s a s o ligarqui a s c a f e e i r as, p o uco s obrav a p ara o i nvestiment o d o estado em á r e as tão c aras ( m as tão n e c e ssári as ) c omo a á r e a d e d e f e sa. Pioraria e m 1 929 com a r e c es s ão econômica mundi a l. A s m udanças no pensam en to e n a p articipação p ol ítica d os o f iciais l e varam n ã o a u m d istanci am e nt o, m as a u m a m ai or c o mpreen s ão d a situação em q u e se e n co nt r av a a sua cl a sse p r o fissional n o p aí s, q u e s ervi a mui tas v ez es p a r a manter u m 12 Foi o único civil a ocupar a pasta, sendo político com grande interesse nas relações internacionais e na área de defesa. Era Brasileiro, mas filho de imigrantes gregos, e um pouco francófilo, daí o motivo para a oposição tanto no quartel como no meio civil. 13 Haviam oficiais, como os Jovens Turcos, que eram mais favoráveis às idéias alemãs, e oficiais que preferiam as idéias francesas, sendo José Pessôa um deles; havia ainda os que liam livros e trabalhos de ingleses e norte-americanos, e os que preferiam uma busca por trabalhos mais nacionais. Tudo isso acabava por conflitar com os treinamentos, visto que cada oficial tentava dar à instrução dos praças seu ponto de vista particular, até a chegada da Missão Francesa, que fez com que o Estado Maior obrigasse a todos a seguir os manuais publicados pelo Exército.

governo c a d a v ez m e nos co ndiz e nt e c o m as n e cessidades d a n ação; s om a do a um sistem a q u e p rom ovia s e us o fi c iais p o r favoritismo p ol ítico, s e ndo l e nto n a p ro moção dos d em ai s, e a inda ex tremam en te e ndógeno. Tudo isso a c a baria por l e v ar a os m ovimen tos T e n ent istas em 1922, e p osteriorm e nt e a o M ovimen to P a ci fi c a dor d e 1930. 2. 3-José Pessôa: N e sse p eríodo d e i mportân ci a h istórica p a r a o Ex é rcito e o Brasil foi que i n gr e s sou e m s e rvi ç o J osé P e ssôa C a valcan ti d e A l buquerq u e. Vindo d e u m a f am ília t r ad i cional d o e st a do da P a r aíba, J o sé P es sôa t ev e a o a l cance a p o ssibilidade d e d e ixar s ua r e gi ã o p a ra s e guir c o m os estudos, que durant e sua infância f o r am r e c e bidos n a a nt i ga c a p ital d o s e u estad o. O c ol é gio s e c undário e l e c u r sou n o Rio d e J a n e iro, no Colégi o D. P e d ro II, e f i n a liz ou-o e m 1 9 02, p r estando n o m e smo a no p ro v a p a r a a Esco l a P reparatóri a e d e P r atica do R e al en go. O c o nt at o d e J osé P es sôa c om as a rm a s f oi por el e mesmo n a r r ad o e m s eu Di á ri o d e Vi d a, s u a a ut obiografi a. Conta el e q u e q u an do c ri a n ç a vi u a s tropas d o govern o a c aminho d e Canudos, d e p a ssagem p o r u mas d a s ci d ad es e m q ue e l e r esidi u. A qui lo s e gundo e l e m arcara-o c omo o p rimeiro c ontato co m o Ex ército, em bora f o sse ainda m uito jovem para c ompreen d e r o que se p as s av a. O s e gundo c ontato, e q u e s e ri a m ais i m port a nt e, f oi durant e 1 9 02, o nde e l e e ra j á f o rm a do e m s e us e studos, co nscient e d a s ituação d e s eu p aí s, e vi u s urgi r a interven ç ã o n aci onal no A c r e. J osé e s e u i rm ã o d e p ro nto s e alistaram em d e s ejo de c o mbat e r, m a s por o r d em f ed e r al s ol d ad os s em t r ei no n ã o p oderiam s e guir p a r a o A cre, d e sapontan do J o s é e s e u i r mão. O incident e f oi s u fi ci e nt e para mostrar a seus pais que o j ovem podi a fazer carrei r a m ilitar. Com a ajuda d e s eu tio, o e nt ã o Mini stro d a J u stiça E pitácio P es sôa, José P es sôa ingressou na Esco la de R e al e n go. O a n o de 1 903 e 1904 s e ri a c ont u rb ad o no Rio d e J an eiro. A R e vol t a d a V a ci na e d a E s col a Militar d a P r ai a V ermelha p e s a ri am n os e nsinam en tos d a vi da militar do j ovem al uno. M ais ai nda lhe p e s a ri a o ex em plo d o s eu c om an d ant e, G en e r al Hermes da Fonseca, q u e l he s eria d e exemplo d a import â ncia d e ser m i as u m militar de p r o fissão d o q ue a p e n as u m es tudi oso d e u niform e. A p r o fissional ização p a ssari a a s e r al go que J o sé P e ssôa b uscari a s e mpre c omo i mport a nt e r e qui sito para s e r um bom sol d ado. T r a nsferido p a ra a E s c ol a Militar d e P o rt o Al e gre, a li J o s é P es sôa c oncl ui u s eu s estudos. No p osto d e Al f e res, em 1909, ép o c a d e r e f ormas d e H e rm e s, el e c om e ç ou sua c a r r ei r a. A s r efo r mas e as i d éi as co r r ent e s n es s e p eríodo (Herm es, os J ovens T urco s ) fo r am b e m r e c ebidas p el o j o v em ofici al, q u e s impatiz a va com parte d el as, p r inci p alment e no que s e r e f eria à p rofissional ização militar 14. 14 A força da personalidade do general Hermes da Fonseca em conter seus alunos em 1904 seria um exemplo extremamente importante para José Pessôa quanto ao exemplo e à determinação de um líder em ensinar seus comandados. O tempo dele sob comando de Hermes seria por ele mesmo citado varias vezes

C om o s Moviment os S al v a ci oni stas ( a d isput a d e p oder e n tre a s ol i garq ui as d o N o r deste, com u so d e j a gunços q u e a c a b a vam a b usando d a f o rça q u e r e c ebiam e p a rt indo a o banditi smo) e a s ubseq ü ent e i nt e rvenção militar f ed eral, J o sé P e ssôa voltav a para p e rt o d e sua t e r r a, e s tando em s e r vi ço. N es s e p e rí od o e l e s e sagrou e m c om a ndo e c ombate, s en do e n tão promovido a S e gundo T e n en t e a p ós retornar do sertão. D e v olta, r ecebeu d e b om grado a s idéias d o n ovo s istem a d e S e rv iço Militar, em 1 914, e a d e ri ndo à p r e gação d e O l av o Bilac, O T e n en t e P essôa s e t o rn ou o r e sponsável p elo treinam e nto d os ci vis e n t ão a lunos d a Faculdade d e D i reito d e S ã o P a ulo. N e sse m ovimen to José P es sôa t alvez p ercebes s e p e la p rimeira vez que e ra n e c e ssário m ai o r e n v olvimen to d a s o ci e d ad e n as camadas do Ex é r cito. C om o In s t rut o r Militar n esse p eríodo, p e r cebeu o p ap e l c í vi co q u e o t reinamento militar p oderi a d a r ao c idadão, n a s u a f o rm a ç ã o co mo t al. A o fim d e sta t a refa, r e c eb eu J osé P es sôa a c h an c e d e ser um d os o f iciais m em b ro s d a missão d o general N a poleão Felipe A ch é, o n de p artiri am p ara a França, em p l en a Gu e r r a Mundial, p a ra r e c e b e r i nstrução m ilitar num Ex é r ci to mais p ro fi ssi onaliz ad o e m odern o 15. A í, n a Europa, o c ont a to de J o s é P es sôa c om a G r a n de G u e r r a e com o co mbat e p e s ad o d a r e gi ão da Fl a ndres em 1 918 s e ri a m moment os, s e gundo el e, d e eterna m e móri a, t an to d e bons c o mo de m au s m omentos passados na linha de frent e 16. D e p ois d e s e r liberado d e s eu es tági o p a r a poder i n co r porars e ao Exército Fran c ê s, p e lo Mini stério d a G uerra d o Brasil, J osé P es sôa e a l guns out r os o fi ci ai s i n gressaram n as f ilei r as Francesas, r e c e b en do co mando e al guns se s a grando gran d es soldados. J osé P es sôa fo i um d e stes, s en do al o cado à 2ª D ivi s ão de C av a laria Francesa, no f a moso e t r a di ci onal 4 º R e gimen to de D r a gões, r e c e b en do posteriorment e o c om a ndo d e um a co mpanhi a d e ste r e gi m ent o. E m ai s t a r d e r e c eb en do, p o r sua b ravura em c ombat e, v á ri os el o gios d e s e us co mandant es, al ém d a m e d alha C r uz d e G u e r r a (C ro ix de Gu e r r e ) Francesa. em vários momentos de sua autobiografia, principalmente se José Pessôa quisesse evocar algo que envolvesse o ensino do profissional de armas. 15 O general José Caetano de Faria, enquanto Ministro da Guerra, era favorável a missões no estrangeiro, mas completamente contra que fosse trazida para o Brasil uma missão estrangeira. A Missão Aché é pouco citada em trabalhos a respeito do exercito Brasileiro, sendo muitas vezes apenas citada como uma missão para buscar oficiais franceses para a Missão Francesa. Frank D. McCann e José Murilo de Carvalho são os dois que diferenciaram sua função ao citá-la. 16 José Pessôa relata melhor seu momento na França no seu Diário de Minha Vida. Mas seus relatos são carentes principalmente de datação, sendo difícil dizer quando ele chegou à França e quando viu combate. Sabe-se que ele esteve a serviço do General Mangin, nas contra-ofensivas de 1918. Ele serviu na 2ª Divisão de Cavalaria Francesa, no 4º Regimento de Dragões, 3º Pelotão, comandando o 1º Esquadrão.

3 - OH, CAPITAINE! 17 3. 1-O Cap i tã o e sua mi ssão: A o fi m d a guerra e a p ós s eu b atismo d e fo go, J osé Pessôa C a valcant i d e Al buquerq u e, a gora c a pitão, s e ri a r e cebido c o m m ai s u m a m issão, d es ta v e z n ova e di f e r en c i al: s e ri a r esponsável p el a f o rm a ç ã o d a p ri meira u ni d ad e b lindada d a s f o r ças armad a s d o Brasil. R e c eb e u es sa mensagem em setembro de 1919. S urge e nt ã o um moment o imprevi sto n a fo rm a ç ão do e n t ão C a pitão J osé P es sôa. E l e s e rv ira durant e a guerra n a c a v al a ri a, a r m a j á an ál o ga ao teatro d e operaçõ e s eu ro p eu. S em i nstrução, s e m preparo, c omo s e rvi r ia para criar e ssa u nidade num Ex é r cito c h e io de c ontradi ç ões e p ro blem as de organiz a ç ã o e equipament o? T e n d o f e i t o a g u e r r a c o m a c a v a l a r i a, d e s c o n h e c i a, c o n t u d o a t é c n i c a e o e m p r e g o d o s v e í c u l o s m e c a n i z a d o s d e c o m b a t e. (... ) P o n d e r e i a o G e n e r a l a m á e s c o l h a d a m i n h a p e s s o a p a r a d e s e m p e n h a r m i s s ã o a l g o c o m p l i c a d a ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D O C - F G V ). C om esta dúvi da el e s e di ri giu a o s eu c om an d an t e, general J osé Le i t e d e C astro, c hefe d a missão d e A quisição de M a t e ri al Bélico. T eria d e b uscar t r einamento e m solo Fran cês, o que l h e f o i a r r an jado p elo f ut u ro ch e f e d a M issão Militar Francesa no Brasil, o G e neral M a u ri c e Gu stav e G a m elin 18 ( M cc a nn, 2 0 07); o G o v erno Fran c ê s n es s a é poca fazia d e tudo para m e lhor i mpres sionar os Brasilei ro s, p a r a c onseguir o a c o rdo d a M issão e a v e nda de m at e ri al bélico que sobrara da guerra. E f oi o q u e c onseguiu, ingressando n a Escol a d e Carro s de V e r s ailles, n a Fr a nça a inda, sendo u m d e doi s o fi ci a is estran geiro s a r e c e b e r e ssa c hance, e o único destes a s e f ormar n o c u rs o. In gresso co mo e stagi á r io no 5 03 R e gimento d e A rtilhari a d e C a r ro s d e As salto. C oncl uí do o cu rs o, f ez out r a es p e ci al ização na E s co l a de Artilharia de As s alto, em Crey ( p r óxima a V e rs a illes ). Ap ós a c onclusão d es ta, j á s e achava o c a pitão J osé Pessôa a p to ao com a ndo de um a unidade blindada: A o d e i x a r e s s a e s c o l a, a p ó s v e r e s e n t i r o v a l o r d o s C a r r o s d e A s s a l t o ( n o m e p r i m i t i v o d a d o a o s c a r r o s d e c o m b a t e p e l o s F r a n c e s e s ), a m i n h a f é n o f u t u r o d e s s e s e n g e n h o s d e g u e r r a e a c o n v i c ç ã o d e s u a e f i c i ê n c i a c r e s c e n t e n a g u e r r a m o d e r n a t o r n a r a m - s e i n a b a l á v e i s. ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D o c - F G V ) 17 Alusão ao posto ocupado pelo oficial aqui estudado), será passado a análise dos escritos de José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque com relação à arma mecanizada. Escritos estes obtidos na sua Autobiografia e no livro que ele escreveu sobre os tanks. 18 Gamelin havia sido chefe de operações do estado maior francês durante a Primeira Guerra, tendo sua escolha como chefe da missão francesa no Brasil sido apontada pelo próprio Marechal Foch. O general Gamelin ficaria ainda mais famoso na Segunda Guerra, quando assinaria a rendição francesa após a derrota contra os alemães, em 1940, frente à nova tática da BlitzKrieg.

P as s av a e l e en t ão a o c om a ndo d a s u a n o va u ni d ade p r imei r am en t e c om o r es ponsável pela c ompra de s eu s p ró p rios c a r r os. T a r e f a e ssa q u e s e r e v el a ri a m uitas v ez es d ifícil, com o v e r em os a s e gui r. 3. 2-O Cap i tã o e s eu T ank : O s Franceses t ent aram s e livrar d e seu e q uipam e nt o v el ho e u s ad o, v en d en do-o b a r at o p a r a quem q ui sesse c omprá-lo. O governo Brasilei r o p a gou p elos t a nques Renaul t FT - 17, o modelo m ai s ut iliz ad o e mais f ab ri c a do p el os Frances es d u rant e a guerra. P a gou-se, n o ent a nt o, pelos c a r ro s e m b om estado de c onserv a ç ão, s e ndo fu n ção en tão d o C apitão J osé P es sôa, com o es p e ci alista graduado pelos Fran c e s es, o a v al d a co mpra quando el e en c ontrasse o s carro s adeq uados. S urgi am a gora para a missão duas di ficuldades: A p ri meira di fi c uldade co nsistia em a l go que o s Franceses n ã o esperavam a o vender os c a rros: e ncont r a r um co mprad o r q ue os c o nheces s e e en t en d es s e d e sua m ecânica. O cu rs o feito p el o c a p itão J osé P es sôa t a mbém en sinava s obre a m anutenção e c o nservação d os c arros R e nault, o q u e s e r ia p a r a o s Franceses um a f a c a d e d oi s gumes p o r el e s t e nt a rem v e nder m at e ri al u s ad o.ao Brasil. A s e gunda e r a d ev ido ao f at o de J o s é P es sôa ter s em p re p r e f e rido a c ompra d os c arros i n gl e s es Wh i p p et, c onsiderados p o r e l e m elhores p a r a a t a r e f a. M ai s t a r de, c om a d e mora em e s co lher a s vi a turas, os Fran c e s es c h e gari am a a c u s á -l o d e estar a m e a ç an do a c ompra, em pro l d os c a rros ingl e ses. V e r emos melho r es s e i n cident e m ais à f rente. N a busca pelos veículos, com e ç am os cont r at em pos: Q u a n d o f o i a v i s a d o à m i s s ã o q u e o s v e í c u l o s e n c o m e n d a d o s p o r n ó s e s t a v a m p r o n t o s p a r a s e r e m e n t r e g u e s, s e g u i u - s e u m a v e r d a d e i r a p e r e g r i n a ç ã o p e l o s d e p ó s i t o s d e t a n q u e s d o t e r r i t ó r i o f r a n c ê s, s e n d o e u s e m p r e c o n s t r a n g i d o a r e j e i t a r t a l m a t e r i a l p o r v e r i f i c a r s e r e m e n g e n h o s v e l h o s, r e c u p e r a d o s, d a g u e r r a r e c é m f i n d a. A s s i m, n a p e n ú l t i m a v e z q u e s e c o n v i d o u p a r a r e c e b e r a q u e l e s e n g e n h o s, d e u - s e u m e p i s o d i o d i g n o d e m e n ç ã o : d e s c o n h e c i a e u u m r e l a t ó r i o f r a n c ê s q u e h a v i a s i d o e n v i a d o a o R i o d e J a n e i r o. ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D o c - F G V ) E sse e r a o r el at ó rio e n vi ad o p elo governo f rancês a o governo Brasilei ro d emonstrando q u e s e achav a d es co n fi ad o d as i nt en ç ões d o c ap itão quant o à e s c olha do m at e ri al. O t el e grama acabou por c a u s ar um i mport ant e incident e: N e s s a o c a s i ã o, p o r é m, o g e n e r a l L e i t e d e C a s t r o, a l e g a n d o, e m c o n v e r s a q u e t i v e m o s n a s e d e d a m i s s ã o, q u e d e s e j a v a c o n h e c e r d e p e r t o a e f i c i ê n c i a e o p o d e r c o m b a t i v o d a s n o v a s m a q u i n a s d e g u e r r a, o f e r e c i - m e d e s p r e o c u p a d a m e n t e p a r a a c o m p a n h á - l o n a p r ó x i m a v i a g e m d e i n s p e ç ã o a o s t a n k s e m q u e s t ã o. A s s i m c o m b i n a d o, e a o s e r d i a s d e p o i s a v i s a d o p a r a n o v a i n s p e ç ã o, p r e v e n i a o g e n e r a l q u e s e f e z a c o m p a n h a r d o M a j o r E d u a r d o

L i m a, s e u s e c r e t á r i o, e n a m a n h ã c o m b i n a d a p a r t i m o s o s t r ê s, d a g a r e d e L y o n, a o d e s t i n o d o c a m p o d e B o u r o n, n o i n t e r i o r d a F r a n ç a, o n d e s e e n c o n t r a v a o m a t e r i a l p a r a o d e v i d o e x a m e. ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D o c - F G V ) D e vi do à r e c lamação Frances a, o c hefe d o c ap itão Pes sôa, general Le i t e d e C as t ro, t ev e d e b uscar s a b er da s ituação c o n flitant e, e v e r o q u e o c orri a d e v e rd a d e com a m issão de c ompra d os carros; L á c h e g a n d o, o g e n e r a l p ô d e v e r o s c a r r o s, c a p r i c h o s a m e n t e p i n t a d o s, c o m a a p a r ê n c i a e n g a n o s a d e n o v o s, c a u s a n d o - l h e b o a i m p r e s s ã o. M a s e r a m e u d e v e r l h e e s c l a r e c e r q u e e r a e s s e o a s p e c t o q u e t i n h a m t o d o s o s d e m a i s q u e e u r e j e i t a r a a n t e r i o r m e n t e. ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D o c - F G V ) A m e sma situação. Os Frances e s t e nt av a m vender e q uipam en to j á usado por e l es c omo s e f osse novo. N o d iz e r p o pul a r, c omprar gato p o r l eb r e. O c a pitão P essôa r e solveu m ostrar en t ão que n ã o e r a e n ganad o facilment e, e ao m es mo tempo m ostrar que p ossuía n o ção de uso d o q ue e stav a p r e st es a c o m an dar. E m s e g u i d a, t e n d o p e r m i s s ã o p a r a r e v i s t a r o s t a n k s, p e d i a u m d o s o f i c i a i s F r a n c e s e s e n c a r r e g a d o s d e e n t r e g á - l o s, q u e s e f i z e s s e r e a b a s t e c e r u m d e t e r m i n a d o t a n k p a r a e n s a i o s e, a p ó s, t o m a n d o a s u a d i r e ç ã o, m o v i m e n t e i o v e i c u l o à p i s t a d e e n s a i o s. A p ó s v á r i a s m a n o b r a s, f i z o c a r r o t r a n s p o r a l g u n s o b s t á c u l o s e, d e s e n v o l v e n d o a s u a v e l o c i d a d e m á x i m a, e c o m t o d a a f o r ç a d e s e u m o t o r, l a n c e i - o c o n t r a u m a p e q u e n a p o n t e e a í f i z o v e i c u l o g i r a r s o b r e o s e u e i x o, d e s c r e v e n d o u m c í r c u l o d e 3 6 0 ( e n s i n a m e n t o q u e e u a p r e n d e r a e m V e r s a i l l e s ). ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D o c - F G V ) N o linguaj a r d os grupos d e p e ga, n a s m an obras d e a u tom óvel, o c a pitão t en tou d ar u m caval o -d e -p a u. Manobra q ue e m v e ícul os d e estei r a é m ais f á cil, e n o caso do tanque, e m c o mbat e, pode ser import a nt e s e r bem ex e c ut ad a ; N a q u e l e m o m e n t o, s e n t i o v e i c u l o e s t a n c a r e u m a d e s u a s l a g a r t a s f r a g m e n t o u - s e d e b a i x o d o s m e u s p é s. D e s c e n d o d o v e í c u l o, v e r i f i q u e i q u e o s e i x o s d o s p a t i n s d o r o l a m e n t o a p r e s e n t a v a m - s e m u i t o d e s g a s t a d o s p e l o u s o e, a o m e s m o t e m p o, v i q u e t o d o s o s c a m a r a d a s c o r r i a m a t r a v é s d o c a m p o a o m e u e n c o n t r o. O g e n e r a l L e i t e d e C a s t r o e r a o m a i s a p r e e n s i v o, c o n v e n c i d o, c o m o m e d i s s e d e p o i s, d e t e r e u c o m e t i d o a l g u m a i m p r u d ê n c i a, e a s s i m, t e r d e i n d e n i z a r o v e i c u l o a c i d e n t a n d o. ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D o c - F G V ) D e monstrando p e rícia n o m an e jo d o v e í cul o, o c a pitão p ôs à p r ova o m at e ri al e d em onstrou que e le e r a r ealmente usado. C onseguiu e nt ão atrair a a tenção de seu superior p ara o p r oblema q u e vi a enfrent a ndo quan to a aq ui sição do m at e ri al; V e n d o - m e, p o r é m, t r a n q ü i l o, a o m o s t r a r o e s t a d o d o m a t e r i a l, t o m o u o g e n e r a l a p a l a v r a, u s a n d o d a q u e l a f r a n q u e z a r u d e, q u e t o d o s n ó s c o n h e c e m o s, e s c o n d i d a n u m c o r a ç ã o d e c r i a n ç a. N a d a

d i s t o, d i s s e e l e, O c a p i t ã o P e s s ô a e s t a b e l e c e r á a o s s e n h o r e s d e h o j e p o r d i a n t e, a s c o n d i ç õ e s d e v o l t a r m o s a e x a m i n a r s e m e l h a n t e m a t e r i a l. ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D o c - F G V ) A gora o c a pitão a d quirira a t r a nqüi lidade p a r a impor a os Franceses suas c o ndiçõ es e ganhar t em po p a r a t e r o que d e m e lhor p u desse h av e r n o a r s e nal francês, c om di r eito at é a s e d ivert ir à c u sta d a situação arranj a d a pelos Franceses co nt r a eles próprios: A c r e s c e n t e i : S ó v o l t a r e i a e x a m i n a r o s s e u s t a n k s q u a n d o f o r e m n o v o s e c o n s t r u í d o s s o b a s m i n h a s v i s t a s. E s t a é a q u i n t a v e z q u e p e r c o o m e u t e m p o n e s s a s l o n g a s v i a g e n s. D i t o i s t o, u m d o s o f i c i a i s, q u e a t é e n t ã o n ã o t i n h a p r o n u n c i a d o u m a s ó p a l a v r a d u r a n t e t o d a a n o s s a c o n v e r s a ç ã o, i n t e r p e l o u - m e s e n o E x é r c i t o B r a s i l e i r o h a v i a c u r s o d e e s p e c i a l i z a ç ã o d e c a r r o s d e a s s a l t o. R e s p o n d i, f a z e n d o b l a g u e, q u e s i m, o n d e, a l i á s, t i n h a s i d o u m m a u a l u n o. O g e n e r a l, q u e m a r c h a v a n a n o s s a f r e n t e, g o s t a n d o d a a t o a r d a, d i s s e : C a l c u l e m o s s e n h o r e s s e e l e f o s s e d o s m e l h o r e s!... R e v e l a v a m o s a n t a g o n i s t a s d e s c o n h e c e r q u e a E s c o l a d e C a r r o s d e A s s a l t o d e V e r s a i l l e s, a t é e n t ã o i n t e r d i t a a o e s t r a n g e i r o s, à q u e l e a n o d u a s m a t r i c u l a s t i n h a c o n c e d i d o, u m a d e s t i n a d a a u m B r a s i l e i r o ( i n f l u e n c i a d o g e n e r a l G a m e l i n ), a o u t r a a u m m a j o r D i n a m a r q u ê s q u e, a l i á s, d e s i s t i u n o m e i o d o c u r s o. E x i g i a - s e, e n t r e t a n t o, c o m o c o n d i ç ã o f u n d a m e n t a l t e r o c a n d i d a t o f e i t o a g u e r r a e n g a j a d o n o E x é r c i t o f r a n c ê s. A q u e l a s p e q u e n a s d i s c o r d â n c i a s e r a m f r e q ü e n t e s e n t r e F r a n c e s e s e B r a s i l e i r o s a t r a v é s d e s s a s n e g o c i a ç õ e s. ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D o c - F G V ) M a s o m at e ri al por f im f oi co mprado. E ra r e c ém f a bricado, n o vo, ai nda n ã o utiliz ad o. Ap ós a i nspeção n a fábri c a, o c apitão d e u s eu av al e f inal ment e s aí r am d a Fr a n ç a os primei ro s b lindad os d o Exérci to Brasilei r o. C h e gan d o o m at erial a o Brasil, passou ainda p or u m a i nspeção d o c ap itão, que en c ontrou av a ri a s n a s m aq ui n as d ev ido ao t r an sport e e d ep ósito. Fez e le ai nda a l gum as m odificações nos v e í cul os, p ri n ci p alment e n o c alibre das a rm a s e n a p arte m e c â ni c a, p a r a m el hor a d apta-los ao uso Brasileiro 19. Fica ai nda aq ui um co m ent á ri o a r es p eito d a p r e dileção do c a p itão Pessôa p e lo c a r r o i n gl ê s Wh ippet. E l e d e di co u, m ai s t a r de, e m s eu l ivro sobre o s t an ks, t odo u m c apitulo co mparando os d oi s model os. O Wh ippet e r a p a r a e l e m el hor por s e r m ai s v el oz e m ai s a rm a do, um v e i cul o utiliz ad o para r u ptura d a fren t e, s en do, n o en tant o m ais c ustoso. Q u ant o ao Renault, s eria m ais ú til por s er m ai s l e nt o e d e fáci l a compan h am en to d a i n fant a ri a, t e ndo t am b ém q u e operar em c onjunt o co m el a; seria m a is útil n o i ni ci o para t r ei n ar as guarn ições dos c a r ro s e h abitua-l os no combate, j untament e c om o t r ei no d a i n fant a ria. O c a pitão P es sôa a c a b a ri a p o r p r opor a c ompra p osteri o r d o Wh ippet p a r a uso em c onj unto c o m o Ren aul t FT. 19 Na pasta sobre viaturas, no Arquivo Histórico do Exército (AHEx), há o documento onde José Pessôa diz quais alterações foram feitas. Pequenas alterações, como correntes de motor e calibre de armas, apenas.

3. 3-O Cap i tã o e s eu s instruídos: S e quanto a s i p r óprio o C a pitão J osé P e ssôa j á e r a ex igente s obre a i nstrução profi ssional, e m r elação a os s e us c om an d ad os e l e s e ri a n o mínimo de i gual ex i gênci a, p o r c onsiderar a import â n ci a d e s e t e r gent e p rep a r a da p a r a lidar co m o m at e ri al trazido: P ara t irar deste en genho d e guerra t odas a s v a nt a gens d e q u e é c a p az, o p r imordi al co nsiste e m co n fi á -lo às mãos d e t é cn i cos... ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D O C - F G V ). M as c om a s ituação q u e s e passava n o Ex é r cito Bras ilei r o c o m r el a ç ão a o r e crutament o, e t a mbém c om o e stado dos q u artéis ex istent es, era outra missão di f ícil. Q u a nto a os q u a rt éis o e stado, p a ra a C ompanhia d e C a rro s d e A s salto, e r a t e r rível. Não h a vi a ai nda l o c al o nde eles pudes s em s e i nstalar. Ficaram a p r i ncipio n as i nstalaçõ e s do 1 º R e gi ment o d e In f a n t a r i a ( hoje R.E.I R e gimento-e s co l a d e In f a n t ari a ). O nde f i c av a m em d uas d e p en d ên ci a s: numa d o rm i am os h omens sobre c o l ch ões, n ão hav i a c a m as. N out ra, um a p e quena s al a (...) f u n cionav a m o s d ep a rt a m ent os d a nossa a dm ini stração. ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D O C - F G V ). A situação n ã o e ra só di fi cu ldade geral n o Ex ército. E r a d i fi cu ltad a ainda m ai s p el o f at o d e s e r o t an k uma a r m a a inda d e s a creditada em nosso Exérci to:... T u d o e r a d i f i c u l t a d o à u n i d a d e e m f o r m a ç ã o, a t é m e s m o o s e l e m e n t o s p a r a c o n s e r v a ç ã o d e s e u m a t e r i a l. (... ) A o p i n i ã o g e r a l, n o E x é r c i t o, e r a d e q u e s e a b a n d o n a s s e s e m e l h a n t e m a t e r i a l, c o m o o b s o l e t o, a p e s a r d a s o m a v u l t o s a q u e t í n h a m o s d e s p e n d i d o n a s u a a q u i s i ç ã o. ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D o c - F G V ) A i nstrução dos ofici ai s, n o ent a nt o c o nt inuou m es mo s o b e s s as co ndiçõ es :... a li, n aq u el e a m bien t e d e d e s co n fo rt o e n e c e ssidad e s, i ni ci am os a i nstrução dos p ri meiros o fi c i ais. O f i ci ai s estes vindos d a s a rm as d a C a v al a ri a e d a In f a n t a r i a, s e guindo o modelo que o capitão José Pes sôa apren d er a no Ex é r cito f r a n c ês. O c ap itão t e ve a i d éi a d e d a r ao s s eu s comandad os a s e nsação d e que servi a m numa tropa d e elite do Exército, um a f o rm a de mant e r el e v ad o o moral d a s u a tropa: É p reciso q u e a n o va a rm a s e co nstitua d e u ma t r opa, q u e p el o s eu as pecto fí sico, i nstrução t ática e técnica e v al o r m o ral s ej a c onsid e r ad a d e e lite, q u e a t odos cause ad miração e i mponha confi a n ç a. 20 A d ot ou-s e um u ni f orme e speci a l, d i ferenci ad o, c om u m a b a ndana n a p erna e c ap a c et e especial d a s tropas b lindad a s, s e melhant e ao ut iliz ad o pelas t r opas Fr a n c es a s. Os carros ganharam n om e s d e importantes b at a lhas do Ex é rcito Brasilei ro, co mo H um a itá, T u yu t i e It o ro r ó. Buscav a t am b ém o cap itão o r ganiz a r bai les para os praças e sargentos 21. 20 Cavalcanti de Albuquerque, José Pessoa. Os Tanks na Guerra Européia, Albuquerque e Neves, 1921, pg. 220. 21 No principio de seu livro, Hiram de Freitas Câmara dá um bom exemplo de como era o serviço dos praças na Companhia, ao contar o relato de um praça que ele por acaso encontrou em Recife. Atualmente é quase impossível termos fontes como essa.

O m o r al e r a c onservado a b om ní vel, m a s m e smo c o m o e s tado do s eu e stab e l ecimen to, era di fí c il o s ervi ço. No e nt a nto a s ituação m udou co m a v isita d o M inistro d a Gu e rra P an di á C al ó geras à c o mpan hi a. N a m e sma hora e m q u e viu a s ituação, e l e p r om et e u um novo q u a rt e l para os Carros d e A ssal to. D e i m edi at o a s obras para es s e quart el com e ç a r am. O s m a nuai s, au s ent e s n a n ossa l íngua, h avi a m sido t r azidos d a Fran ç a p el o cap itão P e ssôa. Foi n e c e ssário a el e e o ut ro s dos o f iciais a t radução sistem át ica deles, para uso d e toda a c o mpanhi a, p ara a n o ssa língua portuguesa. E sta missão a c a b ou s e ndo b e neficiad a p e l a c h e gada d a M issão Fran c es a, c u jo ch e f e, G e n e r al G a melin, d e r a a poio d a parte d e s eu s o fi ciais p ara a c o n cl usão desse t r ab a lho. Faltava ainda um a d e monstração pública d a c ompan hia p a r a q u e s e calassem a s voz es co nt r a os novos c a r ro s. José P essôa a c a b ou p o r c onseguir i sto duran t e a vi sita d o general francês M a n gin, onde, p ara r e c e b ê-lo, f oi organiz ad a um a p arad a militar. S a bedor d e q u e o general M a n gin a p r e ci a v a os blindados, J o sé P es sôa p e di u que a c ompan hi a tivesse p a rt e n o d es fi le, n o C am po d os A fo nsos. P edido a c eite, a c ompanhi a s e preparo u a r d u am en te p a r a a tarefa, s en do n o d i a d o d e sfile ( 2 0 de o utubro d e 1 921) a p r inci p al at r a ç ão. O s u cesso d os c a r r os no d es fi le ganhou a m a n ch et e dos jornais d a C a pital Federal, d es mistifi c ando m uitas o pini ões c ontrári as ao t a nk e s u a utilidade no ex é r cito Brasilei ro. A p ós o s ucesso d a p a r a d a, o c o rreu o p r imeiro ex ercício da C ompanhia em c o nj unto c om infant a ria e a v i õ es. O exercí ci o a traiu v a ri a s aut o ri dades a o local, com o o ex -p r es iden t e H e r m es, o m ini stro d a guerra C al ó geras e o c o m an dant e do Exérci to na c a p ital, general J os é d a Silva P essôa. T e ndo o ex ercício a tingi do o o bj et ivo e sperad o, q ue e r a despert a r o interesse d as au tori d ad e s p e lo el em e nt o m e canizado do Exérci to, a Companhi a d e C a r ro s de A s salto passara a o status de t r opa de el ite fi n alment e: E m ú l t i m a a n á l i s e, a n o s s a a r m a q u e t i n h a a j u d a d o a g a n h a r a p r i m e i r a G u e r r a M u n d i a l, e n t r e n ó s s e f i r m o u p a r a r e f o r ç a r a e s t r u t u r a e a m e n t a l i d a d e d o E x é r c i t o. ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D O C - F G V ). O q uartel n ovo a cabou por fi c a r p ro nt o n o A ni versári o d a C ompanhia, a 3 de o ut ubro d e 1922 22. Ho u ve ai nda m ais um d e sfile e m que a C ompan hi a p artici pou, ab r indo o d es f ile, em 7 d e s e tembro d e 1 922, e u m ex e rcício d e m a r ch a, ambos sob o c om an do d o C apitão P es sôa. No p ri n ci pio d e 1 923 J osé Pes sôa s e ri a p r om ovi do a m a jor e p as s a ri a o c om a ndo d a C ompanhia ( a gora d e nominada Compan hi a d e C a rros d e C ombate) ao s e u ad junt o, em 1 9 de m aio de 1923. 22 Aqui cabe um comentário: A Companhia de Carros de Assalto foi criada pelo decreto de lei número 15.235, de 31 de dezembro de 1921. Mas a Companhia por si já existia desde 3 de outubro de 1920. O capitão José Pessôa e seus comandados preferiram manter este dia como data da fundação da unidade.

3. 4-O Cap i tã o e a mecanizaçã o : N e sse p ed a ç o propõe-se o bserv a r a s v isões e c om en t ários d e J osé P essôa a r espeito d a m ecaniz ação inici ad a n a década 1920, s e ndo a s u a uni d ad e o princi p al e mblem a d e sse p ro c esso. Por t e r c o m an dado essa organiz a ç ão militar, e l e a c a bou sendo muitas v ez es c itado p elos militares d a s gerações v indouras c om o o possível p a trono da mecaniz a ç ão. A f orma d e a v aliar s eu p e nsam e nt o a r e spei to d e sse t em a é o bservar o que e l e e s c r ev e u a r es p eito n o s eu livro O s Tanks n a g u er ra E uropéi a, publicado e m 1921; a l ém d o seu c a pitul o sobre a m e c an iz ação no Exército, n a s u a Au tobiografia, o D iário d e m inha V ida, guard a do no C e nt ro de P es quisa e Do c um en t a ção da Fundação G e túlio Vargas. Fica c l a ra a v isão q u e teve J o s é P es sôa c om r e l a ção a o s a v a n ço s tecnológi c os p r oporcionad os p el a p rimeira G u erra M undi al, que el e c ita em mom e nt os em sua biografi a : A c i ê n c i a, e m t o d o s o s s e u s r a m o s, a m e c â n i c a d a g u e r r a e s p e c i a l m e n t e, t e v e c o m o t e r á, n a g u e r r a d o f u t u r o, u m p a p e l p r e p o n d e r a n t e, e q u e a o m o t o r c a b e r á a p r i m a z i a n a t e r r a e n o e s p a ç o, a t r a v é s d o c a r r o b l i n d a d o e d o a v i ã o. ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D o c - F G V ) N o c aso dos carros de co mbat e, el e era a inda m a is enfático :... a p ó s v e r e s e n t i r o v a l o r d o s c a r r o s d e c o m b a t e, a m i n h a f é n o f u t u r o d e s s e s e n g e n h o s d e g u e r r a e a c o n v i c ç ã o d e s u a e f i c i ê n c i a s e t o r n o u i n a b a l á v e l. ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D o c - F G V ) J osé P essôa s e apegou c o m p a ixão ( a t é t alvez ex c es siva) à m issão d e co m an dar u m a unidad e, a p r imei r a no Brasil, b l indada. S e u livro sobre o a s sunt o f oi ap en a s m ai s um f rut o d es s e a p e go. N e sta obra el e t rata melhor sua vi s ão sobre a m e c aniz ação. S obre a situação da infan t aria na m e canização, el e a c r edi tava q u e es t a co ntinua t e ndo s u a m es m a import â n ci a: manter o t e r reno c o nqui stad o:... a a r t ilharia e o t an k c onquistam, a i n f an t aria o c upa. 23 T am b ém c o nsiderav a s e r des n e c essári o b lindar t oda a i n fant a ri a, ci tação q u e f a ri a di v ersas v ez e s. A f unção d a i n f an t aria e r a do seu ponto de vi sta, preponderant e nos t e at ros de operação. Q u a nto à a r tilhari a, J osé Pessôa ci ta a s idéias dos Franceses d e c ri a r um c an hão d e a c ompanhamento 24, um a artilharia s obre l a gartas, r es ponsáv e l por tiro i ndi r et o, s e ndo e quipada c om a r m am e nto q ue disparasse e m ân gulo o bliquo, c om o obuseiros e m o rt ei ro s, destinad o a d em olir pont os fo rt e s e centros d e r e sistência ini migos, e t ambém e m co o peração c om a infant a ri a. D i f e re do q ue t emos hoj e c omo a r tilhari a a ut opro pulsad a por s er e s ta c onceb ida com o acompan hant e d o carro d e blindado, p a r a 23 Cavalcanti de Albuquerque, José Pessoa. Os Tanks na Guerra Européia, Albuquerque e Neves, 1921, pg. XVI. 24 Cavalcanti de Albuquerque, José Pessoa. Os Tanks na Guerra Européia, Albuquerque e Neves, 1921, pg. 123.

r á pida p r o gres são, e n ão d a infan t aria, d e l en ta p ro gressão em c a m po. Q u a nto à o r ganiz ação d as f o rm a çõ e s, J o s é P es sôa a credi tava q u e a guerra h avi a d a d o m otivos sufi ci e nt es p a r a se manter um a o r ganiz a ç ã o i ndependen te, c om o o T a n k Corp s Britâni c o, s e r vindo e m s e p arad o d a infant a ri a, mesmo que at u as s e co m el a em c a m po. J osé P es sôa a certa e m c om e nt a r a import ân c i a que C a rro d e c o mbat e e av ião p as s a ri a a ter no fu turo, em bora el e t en h a es c rito q u e a s idéi a s a r e speito dessa combinação avi ã o -carro de c ombate n o c am po tático t en h am sido por el e l ida nos t r ab al hos d e J. F.C. Fuller s obre o s t an ks n a G r an d e G uerra. Assim co mo os a lemães, e l e vi u n os trabalhos de Fuller e n a ex p e ri ên ci a d a Guerra q ue a o p e r ação em co njunt o d e sses dois e n genhos d a m e c an iz ação e ra e s s en ci al p ara s e v e n c er um t e at ro d e operaçõ es, s ej a o avi ã o a uxilian do n o r e conheciment o e n a c om unicação co mo no a t a que d e b ombardei o t ático. M a is ai nda, J o s é P es sôa t a mbém vi u o a vi ão c o mo veicul o d e r eabasteciment o p a r a o s t an ques, função q u e s e ri a l a r gament e utiliz a da pel os alem ã es na S e gunda G u erra Mundi al 25. N o m ais, J osé P es sôa pôde p e r c eb er a i mportân ci a de s e m a nt e r u m at a que b lindad o ( ap e n as co m t a nques ) que fo sse c a p az d e at ingi r p ro fu ndament e a s linhas inimigas, c a usando c o n fu s ão e d e sordem. Fut u ramente e ssa s eria a tática a plicad a p el a b litz k ri eg p a r a v e n c er na Europa a partir d e 1939; n ão queren do d izer el e p u desse ant e v er a tática da Blitzkri e g 26 A l em ã. A r e s p eito do f im q u e t ev e a m e c aniz a ç ão a p ós 1923, J o s é P es sôa r e lata em sua a ut obiografia, em c a rt a e s c rita p or e l e e m 28 d e m ai o de 1948: A p r o p ó s i t o d a m o t o m e c a n i z a ç ã o n ã o m e p a r e c e q u e a n o s s a s i g a u m r o t e i r o c e r t o. I n f e l i z m e n t e j á a v e m o s ( a a r m a b l i n d a d a ) c o m o s m e s m o s d e f e i t o s e h á b i t o s d a s n o s s a s v e l h a s a r m a s v i v e n d o d e s a p a r e l h a d a s e i n s u f i c i e n t e s. I l o g i c a m e n t e c o m e ç a m o s p o r o n d e o s o u t r o s ( a s g r a n d e s p o t ê n c i a s ), p o s s u i d o r e s d e l a r g a e x p e r i ê n c i a e g r a n d e s e x é r c i t o s, t e r m i n a r a m : a D i v i s ã o B l i n d a d a. É u m ó r g ã o i n a d e q u a d o a o s e x é r c i t o s p o b r e s, d e a q u i s i ç ã o c u s t o s a, d i f í c i l m a n u t e n ç ã o e c h e i a d e d i f i c u l d a d e s. (... ) T o d a v i a, h á 2 8 a n o s, q u a n d o c o m e ç a m o s n o s s a m e c a n i z a ç ã o, o o b j e t i v o f o i, d e a c o r d o c o m o s e n s i n a m e n t o s d a p r i m e i r a G r a n d e G u e r r a, u m e n g e n h o d e a c o m p a n h a m e n t o d a i n f a n t a r i a, o q u a l p e l a p r o t e ç ã o, m e n o r v i s i b i l i d a d e e d e s l o c a m e n t o d e 8 k m / h, s o b r e p u j a v a a v e l o c i d a d e d a I n f a n t a r i a... N a q u e l a o c a s i ã o, j á p r e v e n d o o p r o g r e s s o q u e t e r i a o s e n g e n h o s b l i n d a d o s, p e d i m o s u m a o r g a n i z a ç ã o c o m p a t í v e l c o m u m b a t a l h ã o d e d i v i s ã o d e i n f a n t a r i a, e u m c e n t r o d e e s t u d o s e t r e i n a m e n t o p a r a f o r m a ç ã o d e q u a d r o s d e e s p e c i a l i s t a s ; o m a i s s e r i a e s p e r a r p e l a e v o l u ç ã o d o m a t e r i a l ( o s c a r r o s d e c o m b a t e ). ( Cavalcanti de Albuquerque, C P D o c - F G V ) 25 Cavalcanti de Albuquerque, José Pessoa. Os Tanks na Guerra Européia, Albuquerque e Neves, 1921, pg. 179. 26 E n ã o p o d e r i a c o m o s m o d e l o s e x i s t e n t e s e m 1 9 2 1, m a s t a l v e z s i m, s e e l e a i n d a e s t i v e s s e n a a r m a b l i n d a d a e m 1 9 3 4, q u a n d o s e d e u o e x e r c í c i o d o B r i g a d e i r o P e r c y H o b a r t, d o R o y a l T a n k R e g i m e n t, s o b r e u s o d e i n f a n t a r i a m o t o r i z a d a, b l i n d a d o s e a v i õ e s p a r a s e f a z e r u m a t a q u e e m p r o f u n d i d a d e, i d é i a s d e B a s i l L i d d e l l H a r t.