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PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO Nº 0001614-84.2011.2.00.0000 00 RELATOR : CONSELHEIRO JOSÉ ADONIS CALLOU DE ARAÚJO SÁ REQUERENTE : SINDICATO DOS SERVIDORES DO DEPARTAMENTO DA POLÍCIA FEDERAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO REQUERIDO : MARCELO LEONARDO TAVARES EMENTA: PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. CUMPRIMENTO DE ALVARÁS DE SOLTURA. CONSULTA SOBRE A EXISTÊNCIA DE OUTRO TÍTULO PARA A PRISÃO. RESPONSABILIDADE. AGENTES POLICIAIS. OFICIAIS DE JUSTIÇA. 1. Pretensão de controle de legalidade da determinação expedida pelo Juiz Diretor do Foro da Seção Judiciária Federal do Rio de Janeiro, no sentido de que os oficiais de justiça não mais realizem a consulta sobre a existência de óbices ao cumprimento de alvarás de soltura. 2. A Resolução 108/2010 do CNJ não indica o órgão ou categoria de agente público que seja responsável pela consulta sobre a existência de outro motivo para a prisão. 3. No PP 200910000004957, o Plenário do CNJ decidiu que não pode ser condicionado o cumprimento de alvará de soltura de presos provisórios ao cumprase de qualquer outro juiz. Não há decisão do CNJ no sentido de afirmar a exclusiva responsabilidade do estabelecimento prisional no que diz respeito à consulta sobre a existência de óbice ao cumprimento de alvará de soltura. 4. As normas contidas no caput e parágrafos do artigo 289-A do CPP, com a redação da Lei nº 12.403/2011, evidenciam que o banco de dados sobre mandados de prisão, a ser instituído no âmbito do CNJ, destina-se à consulta por todos os agentes públicos com atuação no sistema de persecução penal. 5. Procedência do pedido. RELATÓRIO Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo proposto pelo SINDICATO DOS SERVIDORES DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, relativamente ao Ofício nº RJ-OF-2011/01694 (DOC7, PAG01), enviado pelo Juiz Diretor de Foro da Seção Judiciária do Rio de Janeiro ao Superintendente Regional de Polícia Federal, comunicando que a partir de 04.04.2011, os

oficiais de justiça deixarão de apresentar os alvarás de soltura dos réus presos, acompanhados de consulta ao SARQ Polinter, por falta de previsão legal. O requerente alega que segundo o Ofício nº RJ-OF-2011/01694, caberia à autoridade que tem a pessoa acautelada sob sua guarda verificar se por outro motivo não está presa para, somente então, proceder ao cumprimento da ordem judicial de soltura. Argumenta que esse entendimento ofende o disposto no art. 2º e 103-B da Constituição da República, bem como o art. 4º da Resolução nº 108/CNJ. Diz que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, através de convênio com o SARQ Polinter, disponibiliza as informações aos oficiais de justiça através de e-mail (Consolidação Normativa da Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Rio de Janeiro Parte Judicial DOC 8). O mesmo procedimento poderia ser adotado pelo Juiz Diretor de Foro da Seção Judiciária do Rio de Janeiro. Pede liminar para suspender a aplicabilidade do ato, até final julgamento deste PCA. Solicitei informações ao Juiz Federal Diretor do Foro da Seção Judiciária do Rio de Janeiro antes de analisar o pedido de liminar. O Juiz Diretor de Foro da Seção Judiciária do Rio de Janeiro prestou as seguintes informações: a) o ato questionado está em conformidade com a Resolução nº 108/2010 deste CNJ e com a decisão proferida no PP nº 2007100000014589, no sentido de ser do estabelecimento prisional a competência para verificação de óbices ao cumprimento de alvarás de soltura ; b) o oficial de justiça cumpre a ordem de um único juiz, comunicando ao guardião a revogação de um título prisional; c) a lei processual não determina ao órgão judicial a pesquisa da existência de outros motivos impeditivos da soltura. d) o ato não dirige determinação à Polícia Federal, mas apenas determina que o oficial de justiça não faça a pesquisa mencionada; e) existe Convênio de Cooperação Técnica em vigor firmado entre a Superintendência de Polícia Federal e a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP), disciplinando a responsabilidade recíproca entre os referidos órgãos do Poder Executivo federal e estadual sobre o acautelamento de presos provisórios da Justiça Federal ; f) consta do item d da cláusula 6ª do referido convênio, a obrigação assumida pela Superintendência da Polícia Federal, perante a SEAP, de efetuar a consulta ao SARQ Polinter.

É o relatório. VOTO A pretensão é de controle da legalidade da orientação adotada no Ofício nº RJ-OF-2011/01694 enviado pelo Juiz Federal Diretor do Foro da Seção Judiciária do Rio de Janeiro ao Superintendente Regional de Polícia Federal do Rio de Janeiro, comunicando-o de que os oficiais de justiça daquela Seção Judiciária, no cumprimento de alvarás de soltura, não mais fariam a pesquisa sobre a existência de outros motivos para a prisão. Eis o teor do ofício nº RJ-OF-2011/01694: Comunico a Vossa Senhoria que os Oficiais de Justiça da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro deixarão, em 4 de abril de 2011, de apresentar os alvarás de soltura acompanhados de consulta ao SARQ Polinter, por falta de previsão legal. A rigor, cabe à autoridade que tem pessoa acautelada sob sua guarda verificar se por outro motivo não está presa para, somente então proceder ao cumprimento da ordem judicial de soltura, nos termos da Resolução nº 108 do Conselho Nacional de Justiça, do item VII, do acórdão do Pedido de Providências nº 2007100000014589, julgado pelo Conselho Nacional de Justiça, e ainda pela previsão da Cláusula 6ª, item d, do Convênio de Cooperação Técnica firmado entre essa Superintendência e a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro (DOC7, fl. 1). O requerente diz que tal procedimento ofende o art. 2º e 103-B da Constituição da República, bem como o art. 4º da Resolução nº 108 deste CNJ. Não verifico a alegada ofensa ao princípio da separação dos poderes (CF artigo 2º). O referido ofício não contém determinação aos membros da Polícia Federal, mas apenas informa que os oficiais de justiça não farão a consulta sobre a existência de outro motivo para a prisão, tendo em vista o disposto na Resolução 108/2010 do CNJ, a decisão no PP nº 2007100000014589 (200910000004957) e o Convênio de Cooperação Técnica firmado entre a Superintendência da Polícia Federal e a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro. Observo que as disposições da Resolução nº 108/2010 deste CNJ e a decisão proferida no PP 200910000004957 estão sendo invocadas pelo requerente e pelo requerente em abono das teses contrapostas.

A Resolução 108/2010, que dispõe sobre o cumprimento de alvarás de soltura e sobre a movimentação de presos do sistema carcerário, não indica o órgão ou categoria de agente público que seja responsável pela consulta sobre a existência de outro motivo para a prisão. As justificativas desse ato normativo apontam a preocupação do CNJ com a uniformização dos procedimentos e com o afastamento de exigências indevidas que acarretariam atrasos no cumprimento dos alvarás de soltura. No PP 200910000004957, o Plenário do CNJ decidiu que não pode ser condicionado o cumprimento de alvará de soltura de presos provisórios ao cumpra-se de qualquer outro juiz. O aspecto nuclear da decisão adotada no precedente diz respeito à ilegalidade da submissão do alvará de soltura à chancela do juiz local. Do item VII da ementa da decisão adotada no PP 200910000004957, não se pode extrair a conclusão de que a consulta sobre a existência de óbice ao cumprimento do alvará de soltura caberia apenas aos agentes do estabelecimento prisional. A afirmação contida no item VII da ementa apenas reforça o fundamento da decisão no sentido de que, não sendo exigível a chancela do juiz do local do presídio, a existência de óbice ao cumprimento do alvará de soltura deve ser verificada pelo estabelecimento prisional. Transcrevo a ementa da decisão do Plenário deste Conselho Nacional de Justiça PP 200910000004957: PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS. JUSTIÇAS FEDERAL E ESTADUAL. COMPETÊNCIA PARA CUMPRIMENTO DE ALVARÁ DE SOLTURA. I. O fato do encarceramento ser efetivado em instituição da administração judiciária estadual não cria qualquer condição para cumprimento de medidas determinadas no âmbito jurisdicional federal, sobretudo quando a adoção de rotinas outras venham importar em violação de garantia, ou em restrição ilegal. II. Não se trata de situação de execução provisória da pena, a qual é submetida ao Juízo competente para execução da pena (Súmula 192 do Superior Tribunal de Justiça). IV. Em se tratando de preso provisório da Justiça Federal, que recebeu o benefício de responder o processo em liberdade com respectiva expedição de alvará de soltura, deve ser considerado o comando decisório como único e exclusivamente do Juiz Federal, não podendo sua ordem ser obstada ou retardada por decisão de outro juízo de igual hierarquia, no caso, o Juiz Estadual. V. Não se trata, aqui, de ato de colaboração judicial, mas sim de respeito a decisões exaradas do Poder Judiciário. Pensar o contrário é criar para outros juízos, que não o Corregedor do Presídio, uma imprevista subordinação hierárquica dos demais Juízes, sejam Estaduais, Trabalhistas, Militares ou Federais, com o Juiz Corregedor dos Presídios, atrasando, de maneira injustificável, o cumprimento

das decisões judiciais, ainda mais em matéria tão sensível como a que diz respeito à prisão e liberdade das pessoas. VI. O cumprimento de alvará de soltura de preso provisório não depende do cumpra-se de qualquer magistrado, sendo ordem dirigida ao responsável do estabelecimento em que recolhido o preso. VII. Compete ao estabelecimento prisional verificar se há óbice ao cumprimento do alvará de soltura. VIII. Pedido deferido (CNJ Pedido de Providências nº 2007100000014589, relator para o acórdão Cons. Antônio Umberto, redator para o acórdão Cons. Jorge Antônio Maurique, julgado na 86ª Sessão Ordinária, em 10/06/2009, DJE 17/06/2009) (ênfase acrescida). Na verdade, é de todos os agentes públicos envolvidos no cumprimento do alvará de soltura a responsabilidade pela consulta sobre a existência de outro motivo para a prisão. A Lei 12.403/2011, que modificou e acrescentou dispositivos ao CPP, instituiu no âmbito do CNJ o banco de dados para registro dos mandados de prisão expedidos pelos magistrados (CCP art. 289-A). As normas contidas no caput e parágrafos do artigo 289-A do CPP evidenciam que o banco de dados se destina à consulta por todos os agentes públicos com atuação no sistema de persecução penal. O registro do mandado de prisão ainda carece de regulamentação pelo Conselho Nacional de Justiça, nos termos do 6º do artigo 289-A do CPP. Contudo, do sistema decorrente da Lei nº 12.403/2011 é possível extrair as seguintes conclusões: a) aos magistrados incumbe adotar as providências de registro dos mandados de prisão expedidos; b) o banco de dados sobre os mandados de prisão se destina à consulta por todos os agentes públicos com atuação no sistema de persecução penal; c) não é possível atribuir apenas a uma classe de agentes públicos a responsabilidade pela consulta acerca da existência de outros motivos para a prisão, na hipótese de cumprimento de alvarás de soltura. Em face do exposto, julgo procedente o pedido para desconstituir a determinação expedida pelo Juiz Federal Diretor de Foro aos oficiais de justiça da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, no tocante à consulta sobre a existência de outro motivo para a prisão, por ocasião do cumprimento de alvarás de soltura. É como voto. Intimem-se. Após, arquive-se independentemente de nova conclusão.

Brasília, 21 de junho de 2011. JOSÉ ADONIS CALLOU DE ARAÚJO SÁ Conselheiro Relator