Boletim Científico SBCCV

Documentos relacionados
Boletim Científico SBCCV

Rua Afonso Celso, Vila Mariana - São Paulo/SP. Telefone: (11) Fax: (11)

Boletim Científico SBCCV

Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular SBCCV. Boletim Científico. Número

Surgical or Transcatheter Aortic Valve. Replacement in Intermediate Risk Patients

Sociedade Brasileira decirurgia Cardiovascular SBCCV. Boletim Científico Número

Boletim Científico. Eur J Cardiothorac Surg 2014;46: doi: /ejcts/ezu366.

IMPLANTE PERCUTÂNEO DE PRÓTESE AÓRTICA (TAVI)

Boletim Científico. Preditores de disfunção ventricular esquerda, após plastia mitral: efeitos da fibrilação atrial e hipertensão pulmonar.

Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular Boletim Científico Número

Programa dia AMBIENTE PROGRAMA PERÍODO ATIVIDADE TÓPICO

Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular SBCCV Boletim Científico Número

Preditores de lesão renal aguda em doentes submetidos a implantação de prótese aórtica por via percutânea

ONTARGET - Telmisartan, Ramipril, or Both in Patients at High Risk for Vascular Events N Engl J Med 2008;358:

Atualizações em Hemodinâmica e Cardiologia Invasiva. Dr. Renato Sanchez Antonio HCI São Sebastião do Paraíso

CURSO NACIONAL DE RECICLAGEM EM CARDIOLOGIA - REGIÃO SUL - 20 a 24 de setembro de 2006 TRATAMENTO DAS VALVOPATIAS. Dr. Luiz Eduardo K.

Doença Arterial Coronária: O Valor do Tratamento Clínico na Era da Maturidade da ICP

Estenose Aórtica. Ivanise Gomes

DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA

FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA UNIDADE DE ENSINO INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL / DISTRITO FEDERAL

14 de setembro de 2012 sexta-feira

Analgesia Pós-Operatória em Cirurgia de Grande Porte e Desfechos

Há mais de uma lesão grave, como definir qual é a culpada? Devemos abordar todas ao mesmo tempo ou tentar estratificar? O papel do USIC, OCT e FFR

INDICAÇÃO CIRÚRGICA X VALVULOPATIA

ANÁLISE DE MORTALIDADE HOSPITALAR EM PACIENTES IDOSOS SUBMETIDOS À CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO

Artículo de Revision Sistemas de proteã Ã o cerebral em TAVI

Abordagem intervencionista na síndrome coronária aguda sem supra do segmento ST. Roberto Botelho M.D. PhD.


Resultados 2018 e Novas Perspectivas. Fábio P. Taniguchi MD, MBA, PhD Investigador Principal

Após extensa revisão os autores deste trabalho dão as

Resultados Demográficos, Clínicos, Desempenho e Desfechos em 30 dias. Fábio Taniguchi, MD, MBA, PhD Pesquisador Principal BPC Brasil

Indicações e resultados do tratamento percutâneo das obstruções de via de saída do ventrículo esquerdo Célia Maria C. Silva

Evolução da Intervenção Percutânea para o Tratamento da Doença Coronária Multiarterial

RCG 0376 Risco Anestésico-Cirúrgico

Boletim Científico SBCCV

Avaliação de Tecnologias em Saúde

BENEFIT e CHAGASICS TRIAL

Estratificação de risco cardiovascular no perioperatório

Seguimento pós-operatório em longo prazo de pacientes submetidos à cirurgia valvar

1. A TAVI é realizada em Hospitais com Cardiologia de Intervenção e Serviço de Cirurgia Cardíaca. (Nível de evidência B, grau de recomendação I).

Programação Preliminar do 71º Congresso Brasileiro de Cardiologia

QUAL O NÍVEL DE PRESSÃO ARTERIAL IDEAL A SER ATINGIDO PELOS PACIENTES HIPERTENSOS?

Insuficiência Renal Crônica

Programação Científica do Congresso 10 de setembro, quarta-feira

Punção translombar

ISQUEMIA SILENCIOSA É possível detectar o inesperado?

Resultados do Programa BPC Pesquisador Principal BPC Brasil Fábio P. Taniguchi

Implantação de Válvulas Aórticas Transcateter. Válvulas aórticas transcateter. Médicos do Sistema de Saúde

Índice Remissivo do Volume 31 - Por assunto

Estenose Aórtica : Opções Terapêuticas Atuais e Resultados

TÍTULO: PERFIL DE PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIAS CARDÍACAS EM UM HOSPITAL DE ENSINO

Cuiabá, agosto de 2012

Vasos com Diâmetro de Referência < 2,5 mm

DIAGNÓSTICO E MANEJO DO PACIENTE PORTADOR DE ESTENOSE AÓRTICA

Abordagem Percutânea das Estenoses de Subclávia, Ilíacas, Femorais e Poplíteas

Correção dos Aneurismas da Aorta Torácica e Toracoabdominal - Técnica de Canulação Central

1969: Miocardiopatia - IECAC

CURSO NACIONAL DE RECICLAGEM EM CARDIOLOGIA DA REGIÃO SUL ANGINA ESTÁVEL. Estudos Comparativos Entre Tratamentos ABDOL HAKIM ASSEF

22 de Junho de :00-10:30 AUDITÓRIO 6 AUDITÓRIO 7

Camila Broering De Patta de Santiago RESULTADO IMEDIATO DO IMPLANTE PERCUTÂNEO DE VÁLVULA AÓRTICA NO ESTADO DE SANTA CATARINA.

Marcos Sekine Enoch Meira João Pimenta

Artigo Original. Resumo

Síndrome Coronariana Aguda no pós-operatório imediato de Cirurgia de Revascularização Miocárdica. Renato Sanchez Antonio

LINHA DE CUIDADO EM CARDIOLOGIA PNEUMOLOGIA E DOENÇAS METABÓLICAS

ENDOCARDITE DE VÁLVULA PROTÉSICA REGISTO DE 15 ANOS

Estudo Prospectivo Não-Randomizado e Multicêntrico Comparando Stents Farmacológicos com Stents Convencionais em Pacientes Multiarteriais

Sumário das Evidências e Recomendações para o Implante Valvar Aórtico Transcateter (Sapient XT e CoreValve)

Boletim Científico SBCCV

Revascularização miocárdica em pacientes octogenários: estudo retrospectivo e comparativo entre pacientes operados com e sem circulação extracorpórea

Síndrome Coronariana Aguda

Hipoalbuminemia mais um marcador de mau prognóstico nas Síndromes Coronárias Agudas?

Velhas doenças, terapêuticas atuais

Centro Hospitalar de Hospital São João, EPE. João Rocha Neves Faculdade de Medicina da UP CH - Hospital São João EPE

PROGRAMA. 8h30-8h45 Ressincronização Cardíaca: evidências científicas e perfil clínico ideal

Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências

ROBERTO MAX LOPES Hospital Biocor e Santa Casa de Belo Horizonte

Doença Coronária Para além da angiografia

Atualização Rápida CardioAula 2019

Impacto prognóstico da Insuficiência Mitral isquémica no EAM sem suprast

1969:Estado da Guanabara IECAC Comunicação Inter-Ventricular com Hipertensão Pulmonar-13/08/1969

TESE DE DOUTORADO. Efetividade e Custo do Tratamento Invasivo da. Estenose Valvar Aórtica

Este material visa informar os pontos fortes da realização destes exames na clínica/hospital, de forma a contribuir ao profissional da saúde a ter um

XXV JORNADA DE CARDIOLOGIA DA SBC- REGIONAL FSA SEXTA, 04/08/2017

julho A SETEMBRO. PROVA: OUTUBRO. 360 horas/aulas. EM 14 SEMANAS

- Exames I. ECG: primeira consulta pré-operatória e em caso de pulso irregular (suspeita de fibrilação atrial)

e econômicos utilizando ferramentas do lean Prevalência da anemia em pacientes com insuficiência cardíaca

Portaria nº 402 de 17 de Junho de O Secretário de Assistência à Saúde, no uso de suas atribuições,

Atraso na admissão hospitalar de pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico: quais fatores podem interferir?

Curso de Reciclagem em Cardiologia ESTENOSE VALVAR AÓRTICA

Avaliação da segurança e eficácia do stent coronário de cromo-cobalto recoberto com sirolimus desenvolvido no Brasil ESTUDO INSPIRON I

UFRGS DO RIO GRANDE DO SUL. Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia e Ciências Cardiovasculares

PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR

Anexo III Resumo das características do medicamento, rotulagem e folheto informativo

Estudo Courage. A Visão do Cardiologista Intervencionista. Pós Graduação Lato - Sensu Hospital da Beneficência Portuguesa Abril/2008

Mortalidade perioperatória em diabéticos submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica

CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2019 INTENSIVO. ABRIL A SETEMBRO. PROVA: OUTUBRO. 360 horas/aulas. EM 25 SEMANAS

DR. CARLOS ROBERTO CAMPOS INSUFICIÊNCIA MITRAL (I.M.I)

Indicadores Estratégicos

RESPOSTA RÁPIDA 370/2014 Uso de Stent Farmacológico no Tratamento da Reestenose Intra-stent Convencional

Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências. Avaliação de Tecnologias em Saúde. Assunto: XIENCE TM V: Stent coronariano revestido por Everolimus

Transcrição:

1

2 Boletim Científico SBCCV 1-2013 Revisão avalia significado clínico e implicação prognóstica do leak paravalvar, após implante transcateter de válvula aórtica. Paravalvular Leak AfterTranscatheter Aortic Valve Replacement.The New Achilles Heel? A Comprehensive Review of the Literature. J Am Coll Cardiol 2013;61:1125 36. A insuficiência (IAo) causada por regurgitação paravalvar (leak paravalvar) é um achado freqüente após implante transcateter de válvula aórtica, e seu real significado na sobrevida tardia não está completamente esclarecido. Esta ampla revisão visa consolidar o conhecimento atual nesta área e entender melhor a prevalência, a progressão e o impacto prognóstico desta complicação. A ocorrência de leak paravalvar no momento da alta hospitalar é tão alta quanto 66% para insuficiência leve, e, de acordo com o dispositivo, a insuficiência moderada ou grave pode variar de 12% (balão-expansível) a 20% (autoexpansível). As causas mais freqüentes da IAO pós-implante decorrem de má coaptação do dispositivo ao anel, por excentricidade ou calcificação em excesso, subdimencionamento do tamanho da prótese, e malposicionamento no momento do disparo. Dados do ensaio

3 PARTNER demonstram que, em 2 anos, cerca de 31% dos casos de IAo regridem, 23% progridem e 46% permanecem inalterados. A médio prazo, já está claro que a presença de regurgitação moderada ou grave é um preditor independente de maior mortalidade (Figura). Enquanto novas tecnologias têm sido desenvolvidas para minimizar esta complicação, é necessária a estandartização da classificação e dos métodos de acompanhamento por imagem, desta condição potencialmente fatal. Resultados de médio prazo com o implante de endopróteses na aorta torácica são avaliados no registro MOTHER. Aortic pathology determines midterm outcome after endovascular repair of the

4 thoracic aorta: report from the Medtronic Thoracic Endovascular Registry (MOTHER) database. Circulation 2013;127:24-32. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.112.110056. Para avaliar os desfechos tardios do implante de endopróteses na aorta torácica, o registro MOTHER analisou os dados de 5 estudos prospectivos utilizando os dispositivos TALENT e VALIANT (Medtronic ). Análise multivariada e regressão logística foram aplicados em uma amostra de 1010 pacientes, 670 com aneurismas, 195 com dissecções crônicas tipo B e 114 com dissecções agudas tipo B. Os preditores independentes de morte em 30 dias foram idade avançada, grau de severidade na classificação anestésica ASA e condição de urgência/emergência. Em 5 anos, a mortalidade por qualquer causa variou conforme a patologia, com taxas de 8, 4,9 e 3,2 mortes por 100 pacientes/ano, respectivamente para aneurismas, dissecções agudas e dissecções crônicas. Para a mortalidade relacionada à aorta, as taxas foram de 0,6, 1,2, e 0,4 mortes por 100 pacientes/ano, para as mesmas patologias. O estudo indica que os desfechos de médio prazo, após implante de endoprótese na aorta torácica, estão associados ao tipo de patologia, a comorbidades e ao modo de admissão. A

5 despeito disto, os resultados quanto à mortalidade relacionada à aorta podem ser considerados excelentes. Cirurgia de revascularização miocárdica versus implante de stents farmacológicos, em pacientes diabéticos. Percutaneous Coronary Intervention Versus Coronary Bypass Surgery in United States Veterans With Diabetes. J Am Coll Cardiol 2013;61:808 16. No presente ensaio clínico, pacientes diabéticos com doença coronária multiarterial foram randomizados para angioplastia com stents farmacológicos ou cirurgia de revascularização, em 21 hospitais de veteranos, nos EUA. Devido a dificuldades de arrolamento, o estudo foi interrompido em 2 anos, após a inclusão de 207 casos, mas seus resultados preliminares foram interessantes. A mortalidade por qualquer causa foi de 5% nos pacientes operados vs 21% nos submetidos a angioplastia (RC 0,30 95%IC 0,11-0,80) figura abaixo, enquanto o risco de infarto não fatal foi de 15% vs 6,2% (RC 3,3 95%IC 1,07-10,30). O desfecho composto de morte ou infarto do miocárdio foi de 18,4% na CRM e de 25,3% para angioplastia (RC 0,89-95%IC 0,47-1,71). Apesar do baixo poder estatístico advindo da interrupção precoce do estudo, estes achados corroboram os resultados de estudos prévios,

6 que apontam a revascularização cirúrgica como preferencial, para diabéticos com doença coronária complexa. Metanálise avalia desempenho da cirurgia de revascularização miocárdica, e do implante de stents farmacológicos, em pacientes com insuficiência renal crônica. Meta-analysis of clinical studies comparing coronary artery bypass grafting with percutaneous coronary intervention in patients with end-stage renal disease. Eur J Cardiothorac Surg 2013;43: 459-67. doi: 10.1093/ejcts/ezs360. Na presente metanálise, avaliam-se os resultados da cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) e da angioplastia coronária, em pacientes com doença renal crônica dialítica. Foram incluídos 16 estudos com seguimento mínimo de 1 ano, totalizando 32.350 pacientes.

7 Quando comparada à intervenção percutânea, a CRM foi associada a menor mortalidade (RR 0,90 95%IC 0,87-0,93), menor taxa de infarto do miocárdio (RR 0,64 95%IC 0,61-0,68), menor necessidade de nova revascularização (RR 0,22 95%IC 0,16-0,31), e mais baixa taxa de eventos cardiovasculares maiores (RR 0,69 95%IC 0,65-0,73), a despeito da maior mortalidade hospitalar (RR 1,98 95%IC 1,51-2,60). Os autores concluem que é sombrio o prognóstico a longo prazo dos pacientes renais crônicos, submetidos a revascularização coronária, e que a revascularização cirúrgica deve ser o método preferencial. Em pacientes diabéticos, a cirurgia de revascularização miocárdica é mais custoefetiva do que o implante de stents, confirma subanálise do ensaio FREEDOM. Cost-Effectiveness of Percutaneous Coronary Intervention With Drug Eluting Stents Versus Bypass Surgery for Patients With Diabetes Mellitus and Multivessel Coronary Artery Disease: Results From the FREEDOM Trial. Circulation 2013;127:820-31. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.112.147488. O estudo FREEDOM randomizou, entre 2005 e 2010, 1900 pacientes diabéticos com doença coronária multiarterial, para receberem angioplastia com stents farmacológicos (n=953) ou

8 cirurgia de revascularização miocárdica (n=947). Uma análise de custo baseada nos parâmetros do Medicare americano, e utilizando o questionário de qualidade de vida EuroQOL 5, e um modelo de simulação com tábuas de vida, projetou a relação de custoefetividade por tempo de vida útil, para cada uma das intervenções. Embora a cirurgia de revascularização tenha apresentado um custo hospitalar total U$ 8.622 mais alto, do que a angioplastia, ao longo de 5 anos, o custo dos pacientes com implante de stents foi progressivamente mais alto do que o da CRM, devido a necessidade de novas internações e/ou novas intervenções. Quando projetado no horizonte o tempo de longevidade, a CRM demonstrou substancial ganho de anos de sobrevivência e de qualidade de vida, em relação à angioplastia. Ao autores afirmam que, embora com um custo inicial mais alto, a cirurgia de revascularização miocárdica é uma intervenção mais custo-efetiva, do que o implante de stents, em diabéticos com doença coronária multiarterial. Tempo é vida: Mortalidade precoce na dissecção aórtica tipo A: dados do Registro Internacional de Dissecção de Aorta (IRAD). TIME IS LIFE : EARLY MORTALITY IN TYPE A ACUTE AORTIC DISSECTION: INSIGHTS FROM THE IRAD REGISTRY.

9 JACC 2013;61: E1516. http://content.onlinejacc.org/ on 03/16/2013 Dados da década de 50 demonstraram que a mortalidade na dissecção tipo A nas primeiras 24 horas eram de 1-2% por hora. Na atualidade existem dados limitados da mortalidade nas primeiras 24 horas e o impacto do tratamento cirúrgico. Nesta atualização do IRAD, foram revistos os sintomas, tratamento definitivo e a mortalidade da dissecção tipo A, entre janeiro de 1996 e fevereiro de 2012. Os casos sem o início claro dos sintomas ou morte sem o inicio dos sintomas adequadamente registrado foram excluídos. Curvas de Kaplan-Meier foram feitas para todos os pacientes baseando-se nos achados iniciais das 24 horas. Resultados: de 2456 pacientes com dissecção do tipo A, 1969 pacientes foram incluídos no estudo (idade média 61 anos, 68% homens, e 195 tratados apenas medicamente). A mortalidade nas primeiras 24 horas foi maior no grupo com tratamento médico exclusivo, comparados com os pacientes tratados cirurgicamente (18,5% vs 3,7%, p<0,001). A mortalidade por hora nas primeiras 24 horas foi de 0,22% para todos os casos, 0,15% para os casos tratados cirurgicamente e de 0,77% para os tratados medicamente. Entre os tratados medicamente, estes foram assim tratados por causa da idade (41,7%), comorbidades (64,8%) e recusa do paciente (27,1%) ou outras causas (21,3%).

10 Conclusão: Nos tempos atuais, a dissecção tipo A ainda tem mortalidade alta de pelo menos 0,22% por hora durante as primeiras 24 horas, e de 0,77% por hora nos pacientes tratados apenas medicamente. Efeitos da Cirurgia de revascularização do miocárdio com circulação extracorpórea e sem circulação extracorpórea após um ano. Effects of Off-Pump and On-Pump Coronary-Artery Bypass Grafting at 1 Year. N Engl J Med 2013. DOI: 10.1056/NEJMoa1301228 Este trabalho é o seguimento do estudo CORONARY, que comparou a CRM com e sem circulação extracorpórea com seguimento até 30 dias. O estudo anterior não observou

11 diferenças no desfecho primário composto por morte, infarto, acidente vascular e insuficiência renal com necessidade de diálise após 30 dias de cirurgia de revascularização comparando com o uso ou não da circulação extracorpórea. O presente trabalho compara a qualidade de vida, a função cognitiva e os resultados clínicos após um ano do procedimento de revascularização com ou sem CEC. Para isto foram avaliados 4752 pacientes que aleatoriamente foram operados com ou sem o uso de circulação extracorpórea em 79 hospitais de 19 paises. Foram avaliados a qualidade de vida, função cognitiva na alta, 30 dias e um ano após com a avaliação dos resultados clínicos também. Um ano após a cirurgia. não houve diferença entre o uso ou não da circulação extracorpórea, quando considerado o desfecho composto primário (morte, infarto, acidente vascular cerebral e insuficiência renal). Houve uma tendência de menor necessidade de nova revascularização no grupo com CEC (1,4% vs. 0,8%; P=0,07). Não houveram diferenças entre os grupos quanto a qualidade de vida e disfunção cognitiva. Os autores concluem que não há diferenças significativas entre o uso ou não de CEC considerando o desfecho composto, qualidade de vida e função cognitiva.

12 Fechamento de rotina do apêndice atrial esquerdo durante cirurgias cardíacas pode evitar fibrilação atrial e acidente vascular cerebral relacionado à este evento. Routine left atrial appendage ligation during cardiac surgery may prevent postoperative atrial fibrillation-related cerebrovascular accident. J Thorac Cardiovasc Surg 2013;145:582-9. Este trabalho avalia se a ligadura do apêndice atrial esquerdo de forma rotineira durante cirurgias cardíacas, pode reduzir a ocorrência de fibrilação atrial no pós operatório, e acidentes vasculares cerebrais relacionados a ocorrência da fibrilação atrial. Por meio de uma revisão da experiência do serviço de 2001 a 2010, os autores avaliaram a classificação CHADS(2) e os desfechos pós operatórios até 30 dias da cirurgia. Em uma população de 2067 pacientes, foi possível em 631 um pareamento com os casos em que o apêndice atrial foi fechado. Os autores observaram que a fibrilação atrial no pós operatório era 2,4 vezes mais frequente quando a cirurgia era valvar, 2,11 vezes mais frequente com idade maior que 75 anos e 1,36 vezes mais frequente quando o apêndice atrial esquerdo era fechado. No grupo com fechamento do apêndice atrial esquerdo (n=145), nenhum paciente apresentou acidente vascular cerebral, ao passo que no grupo sem fechamento do apêndice atrial (n=115), houve 7 casos de AVC (0 vs. 6,1%; p=0,003).

13 Os autores concluem que, apesar da fibrilação atrial ser uma complicação ainda frequente, há uma diminuição de acidentes vasculares cerebrais quando a ligadura do apêndice é realizada de rotina. Esta pode ser uma medida segura em qualquer tipo de cirurgia, mas necessita de estudos mais amplos e controlados. Implante de valva aórtica transcateter para insuficiência aórtica pura, em valva aórtica nativa. Transcatheter Aortic Valve Implantation for Pure Severe Native Aortic Valve Regurgitation. J Am Coll Cardiol 2013. dx.doi.org/10.1016/j.jacc.2013.01.018 Este estudo avalia o uso de valva transcatéter aórtica em pacientes com insuficiência aórtica pura com a valva nativa onde a cirurgia não foi realizada por serem os pacientes considerados inoperáveis. Os autores fizeram um estudo retrospectivo com 43 pacientes de 14 diferentes hospitais. A idade média foi de 73 anos com um EuroScore médio de 26,9% e um STS escore de 10,2 %. Todos os pacientes tinham insuficiência aórtica pura sem estenose, e em 17(39%) havia algum grau de calcificação do anel. O acesso foi femoral em 35 pacientes, subclávio em 4, direto pela aorta em 3 e pela carótida em um paciente. O implante foi realizado em 42 pacientes, e 8 necessitaram de uma segunda válvula por

14 insuficiência aórtica muito grave residual. Todos os que necessitaram de uma segunda válvula não tinham nenhum grau de calcificação. No pós operatório a insuficiência aórtica residual grau I estava presente em 34 pacientes (79%). Após 30 dias da cirurgia, o acidente vascular cerebral ocorreu em 4,7% e a mortalidade geral foi de 9,3%. Após 12 meses de cirurgia a mortalidade foi de 21%. Os autores concluem que o procedimento é possível e em pacientes selecionados poderá ser uma opção. Cinco anos de experiência com o implante transapical de válvula mitral, em prótese biológica disfuncionante ( valve-in-valve mitral. Five-Year Experience with Transcatheter Transapical Mitral Valve-in-Valve Implantation for Bioprosthetic Valve Dysfunction. JACC 2013. Doi: 10.1016/j.jacc.2013.01.058 Este trabalho unicêntrico canadense relata a experiência de até 5 anos, com o implante transapical de valvula transcatéter, em prótese biológica mitral prévia deteriorada. Os autores relatam a experiência de 2007 a 2012, com 23 pacientes. A estenose pura estava presente em 6 pacientes, insuficiência pura em 9, e dupla disfunção em 8 pacientes. Todos os pacientes eram idosos com idade média de 81 anos, e com o STS escore médio de 12,1%. Em todos os pacientes foi possível implantar a valvula pelo ápice do coração sem complicações maiores intraoperatórias. Um paciente apresentou acidente vascular cerebral,

15 e 6 tiveram sangramentos que necessitaram transfusão. O gradiente transmitral médio diminuiu de 11,1 para 6,9 mmhg. Após 30 dias, todos os pacientes estavam vivos. no seguimento médio de 753 dia, a sobrevida de de 90,4%. Um paciente necessitou de reintervenção por migração da prótese dois meses após o procedimento. Todos os pacientes ficaram em classe funcional I/II. Os autores acreditam que este procedimento em valvas biológicas disfuncionantes, pode ser uma opção com resultados a médio prazo bem razoáveis.