CONEXÃO FAMETRO: ÉTICA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE XII SEMANA ACADÊMICA ISSN: 2357-8645 AVALIAÇÃO DA DESCRIÇÃO DE ALERGÊNICOS EM PRODUTOS LÁCTEOS Aline Bezerra Moura, Carlos Humberto da Silva Araujo, Jéfferson Malveira Cavalcante. NEPEGAN Núcleo de Estudo e Pesquisa em Gastronomia e Nutrição FAMETRO Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza jefferson.malveira@fametro.com.br Sessão Temática: Políticas Públicas e Direitos Sociais RESUMO O leite, por conter proteína de alto valor biológico, tem grande importância nutricional. Na ausência da enzima da enzima lactose, o organismo passa a ser intolerante a lactose, na alergia, o organismo reconhece esse carboidrato como agente agressor, assim estimulando o sistema imune. Com o objetivo de garantir produtos de qualidade e informações necessárias para o consumidor, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio da RDC nº 26 de 2 de julho de 2015, estipula os requisitos de rotulagem para alimentos que possam causar alergias. Através de uma avaliação da rotulagem de produtos lácteos, feita por meio de um check-list com diversas marcas de produtos em um supermercado na cidade de Fortaleza-CE, pode-se observar que, ainda existem empresas que não seguem as normas em relação aos tipos alérgicos. Assim pondo em risco a saúde e bem-estar de seus consumidores. Palavras-chave: leite; lactose; intolerância; alergia; rótulo; 1
INTRODUÇÃO Leites de diferentes animais e seus derivados são consumidos em todo o mundo, desde o mais simples até os mais exóticos. A ingestão de leite tem importante papel para saúde, pois contém proteínas de alto valor biológico. Auxiliando na construção dos tecidos, preservação dos músculos e demais partes do corpo. Contem vitamina A, D e complexo B e minerais como zinco, magnésio e cálcio (FERNANDES, 2015). A lactose é um carboidrato classificado como dissacarídeo, conhecido como açúcar do leite. Facilita na absorção de alguns micronutrientes como magnésio, zinco e, principalmente, o cálcio que estão presentes no leite. Para que ocorra a digestão e absorção desse dissacarídeo, é necessária a presença da enzima que é responsável pela hidrólise da lactose em glicose e galactose, a lactase ou β-d-galactosidase. A absorção ocorre na mucosa intestinal em seguida metabolizada no fígado. Quando a lactose não é hidrolisada, este carboidrato passará diretamente para o cólon sofrendo ação de bactérias fermentadoras, assim produzindo ácidos orgânicos e gases (MATTAR, MAZO, 2010) Intolerância e alergia, apesar de serem usados como sinônimos, suas consequências e reações são bastante diferentes. Intolerância é uma reação adversa envolvendo a digestão e absorção, pela ausência da enzima. Alergia é quando o organismo reconhece o alimento como agente agressor. Portanto a diferença é que alergia ativa o sistema imune e intolerância é uma desordem metabólica (COSTA, OLIVEIRA, MAFRA, 2012). Rotulagem é de fundamental importância entre empresa e consumidor, pois descreve informações como ingredientes, fabricação, validade, tabela nutricional e tipos alergênicos, assim sendo aplicada a todos os produtos comercializados (MARINS, JACOB, PERES, 2008). Com o objetivo de garantir as informações necessárias e produtos de qualidade, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), regularizou a rotulagem de produtos industrializados no Brasil. De acordo com a RDC nº 26 de 2 de julho de 2015, foi estabelecido para as empresas os requisitos de rotulagem para alimentos que causam alergias. 2
DESENVOLVIMENTO / PERCURSO METODOLÓGICO Estudo de caso do tipo exploratório descritivo, com base na RDC de n 26 de 2 de julho de 2015, caracterizado pela avaliação da rotulagem, especialmente do grupo alergênico nos produtos lácteos, mostrando restrição dos ingredientes e avaliando a conformidade dos rótulos contidos nas embalagens. As análises das amostras foram obtidas através de um check-list, o qual foi dividido em marca; produtos: requeijão, iogurte, leite em pó, leite condensado, creme de leite, margarina e queijos; ingredientes; tipos de alérgenos. Foram avaliados todos os rótulos de marcas distintas e de acordo com a disponibilidade no supermercado. As amostras foram analisadas em supermercado no município de Fortaleza-CE em setembro de 2016. Os dados foram tabulados no Microsoft Excel 2016, por meio de gráficos, números e percentual. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Os dados obtidos por meio de check-list apresentam um percentual de análise dividido em: produtos que constam ou não em seu rótulo os tipos alergênicos (gráfico 1), mostrando que algumas empresas de forma errônea ainda não abraçaram a norma, podendo colocar seus clientes em risco. Percentual de análise 3
Com base nesses resultados, foi constatado que, dos produtos que apresentavam em seu rótulo os tipos alergênicos, apenas 77,27% a observação dos alergênicos estavam de forma destacada e 22,73%, por sua vez apresentavam o aviso, porém, de difícil visualização. Para que o consumidor tenha mais acesso as informações contidas no alimento, é necessário que as informações vistas nos rótulos sejam fidedignas, legíveis e de fácil acesso, como explanada na norma. Assim permitindo ao consumidor uma análise mais criteriosa Visualização 77,27% 22,73% Boa/ótima visualização Péssima visualização Vale ressaltar que a maioria das empresas se adequam, de forma positiva, ao estudo, apresentando em seu rótulo os tipos de alergênicos. Destacando ainda a presença de outros tipos de alimentos que se enquadram como alérgenos como por exemplo, glúten, soja, ovo, aveia, trigo e derivados. Por outro lado, algumas deixam a desejar, apresentando de forma não destacada ou, até mesmo, não apresentando. Por fim, é interessante que as empresas se adequem a esta norma, trazendo a seus clientes um maior conforto no que se diz comprar com segurança, pois se este possui alguma alergia ou intolerância dar-lhe a possibilidade de ajuda. A leitura do rótulo tem papel tão importante para os consumidores quanto à presença desse alerta, pois é de fundamental interesse, assim podendo evitar reações indesejáveis ao consumidor em relação ao produto. 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS É bem visível nos dias atuais, o aumento de pessoas com quadro de intolerância e alergias alimentares. Com o intuito de melhorar a qualidade e acessibilidade dos produtos industrializados, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, buscou normatizar os rótulos desses produtos. O presente trabalho buscou, com base na RDC n 26 de 2 de julho de 2015, dado um ano após esta data, onde a ANVISA orienta as empresas a colocar em seus rótulos o alerta de possíveis alergênicos que possam estar presentes no produto. Viabilizando aos consumidores a possibilidade de aquisição aos produtos e suas restrições. Sabendo disso foi realizada uma pesquisa de campo visando fiscalizar empresas que não estivessem adequadas a estas normas, o que foi coletado e seus resultados foram arquivados para análise. REFERÊNCIAS BRASIL, Resolução RDC n 26, de 2 de julho de 2015. Dispõe sobre os requisitos para rotulagem obrigatória dos principais alimentos que causam alergias alimentares. Diário oficial [da] República Federal do Brasil: Brasília, DF, 3 jul. 2015. COSTA, J.; OLIVEIRA, M. B. P. P.; MAFRA, I. Alergénios Alimentares: O que são, o que provocam e como detetá-los?. Química, v. 127, p. 33-38, 2012. MARINS, B. R.; JACOB, S. C.; PERES, F. Avaliação qualitativa do hábito de leitura e entendimento: recepção das informações de produtos alimentícios. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 28, p. 579-585, 2008. FERNANDES, T. F. Intolerância a lactose. Revista ABCFARMA, v. 72, p. 267-270, 2015. MATTAR, R.; MAZO, D. F. C. Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia molecular. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 56, p. 230-6, 2010. 5