PALAVRAS-CHAVE: Mobilidade Urbana, Transporte não motorizado, Engenharia de Tráfego, Rio Paranaíba, Transportes.



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Transcrição:

Segurança viária em cidades de pequeno porte: Estudo em Rio Paranaíba MG. Luana Ferreira Borges¹; Vinícius Martins Vieira²; Camila Canhestro Guimarães³; Aline Monteiro dos Santos 4 ; Antônio José Prata Amado da Silva 5 ; 1,2,3,4 Universidade Federal de Viçosa Campus de Rio Paranaíba. Graduandos em Engenharia Civil. Rodovia MG 230 Km 7, Rio Paranaíba MG. CEP: 38810-000. Caixa Postal 22. Tel.: ++55 34 38559300. luana_f.borges@hotmail.com 1 ; viniciussmv@hotmail.com 2 ; cristimila@gmail.com³; aline-monteiro-santos-@hotmail.com 4 ; 5 Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Diretoria de Educação Profissional e Tecnológica Departamento de Transportes- Av. Amazonas, 5253, Belo Horizonte, MG, CEP: 30426-169 Tel.: ++55 31 3319 7107. antonio@pratabh.com 5 RESENHA Este trabalho apresenta resultados do estudo realizado na área urbana de Rio Paranaíba MG, sobre os temas Engenharia de Tráfego e Mobilidade Urbana e propõe soluções para os problemas encontrados, na busca de diminuir o número de acidentes e trazer uma maior acessibilidade aos moradores. PALAVRAS-CHAVE: Mobilidade Urbana, Transporte não motorizado, Engenharia de Tráfego, Rio Paranaíba, Transportes. INTRODUÇÃO O presente artigo mostra as experiências vivenciadas por quatro graduandos de Engenharia Civil orientados pelo Professor Antônio Prata. Realizaram-se um estudo do sistema viário com embasamento teórico, pesquisas e escolheram uma intersecção viária a ser tratada, com o objetivo de diminuir os conflitos e a taxa de acidentes. Também apresentam propostas referentes à acessibilidade, com enfoque aos transportes não motorizados (pedestres e bicicletas) na cidade de Rio Paranaíba, Minas Gerais, Brasil. Rio Paranaíba é uma cidade de pequeno porte do estado de Minas Gerais que é localizada no Alto Paranaíba, fica a 320 quilômetros de Belo Horizonte e 532 de Brasília. A população, segundo o IBGE (2010), é de 11.885 habitantes e a área é de 1.352 quilômetros quadrados. Segundo IBGE apud Terra (2011), a economia desta cidade se destaca no setor agropecuário, sendo que o PIB agropecuário é o 46º do país. Destaca-se que em 2007 tiveram início as atividades acadêmicas da Universidade Federal de Viçosa Campus Rio Paranaíba, fato que contribui para a existência de uma população flutuante significativa e que influencia no trânsito local. Para a escolha da área de estudo, levamos como base as informações fornecidas pela Polícia Militar de Rio Paranaíba MG, que foi questionada sobre quais eram as esquinas onde havia o maior número de acidentes. Passaram-nos os nomes das interseções, que estão disponíveis no tópico Diagnóstico, Proposições e Resultados. Escolhemos uma das interseções onde havia maior número de acidentes, que foi a interseção entre a rua Vereador João Mariano e a rua Antônio de Carvalho. DIAGNÓSTICO Dados Apresentados pela Polícia Militar As interseções apresentadas pelos policiais militares de Rio Paranaíba, como sendo as com maior índice de acidentes foram: - Interseção da rua Coronel Teodomiro Rocha com a Rua João Leandro (esquina da Choperia Bangalô). - Interseção da rua Treze de Janeiro com a rua João Leandro (esquina da Auto Escola Arvelos). - Interseção da rua Treze de Janeiro com a rua Capitão Franklin de Castro (esquina do Posto do Geraldinho II);

- Interseção da rua Vereador João Mariano com a rua Antônio de Carvalho (esquina da praça de esportes Foi a interseção escolhida para estudo). - Interseção da rua Francisco Pereira do Nascimento com a rua Capitão Franklin de Castro - Interseção da rua José de Souza Barros com a rua Coronel Teodomiro Rocha (esquina da Escola Municipal Dona Avelina). - Interseções da Praça do Rosário. Classificação Hierárquica do sistema viário Segundo Eduardo Alcântara de Vasconcellos (2005), os caminhos físicos por onde circulam as pessoas e os veículos são as vias, e as calçadas fazem parte delas, o Código de Trânsito Brasileiro CTB classifica as vias urbanas em: - vias de trânsito rápido: são vias longas, com duas ou mais pistas e sem interrupção de semáforos, permitindo velocidades mais altas; servem tráfegos volumosos e percorrem áreas urbanas de uso do solo misto. - vias arteriais: são vias longas, normalmente com duas pistas, que servem tráfego mais volumoso. Têm interseções semaforizadas, percorrendo áreas com uso do solo misto. - vias coletoras: como o próprio nome diz, são aquelas que coletam o tráfego das áreas residenciais ou de atividades e o levam até a via arterial, podem percorrer área de uso do solo misto ou residencial. - vias locais: são aquelas que servem ás áreas residenciais; são mais estreitas e tendem a ter apenas o tráfego local dos moradores. (VASCONCELLOS, 2005, p.15) A maioria das ruas da cidade é classificada como locais, existindo algumas coletoras, que é o caso, por exemplo, das principais ruas da cidade, são elas: Rua Capitão Franklin de Castro e Rua João Leandro. Diagnóstico do Tráfego na Interseção Escolhida para Estudo A metodologia utilizada na contagem dos veículos foi a de coletar dados levando em consideração os horários de pico. Dentro de cada horário de pico, coletamos dois períodos de quinze minutos, contando o número de automóveis, motos, bicicletas, ônibus e caminhões para cada tipo de movimento na interseção. Também contamos os conflitos que ocorreram. Para encontrar o fluxo total para cada hora de pico, fizemos a média dos dois períodos de quinze minutos coletados e multiplicamos por quatro para representar uma hora. Esse processo foi feito para quatro horários de pico, sendo das 06 às 07 horas, de 11 à 12 horas, de 12 à 13 horas e de 15 às 16 horas. A contagem dos carros foi feita em maio de 2012. 2 FIGURA 01: Esquema da interseção estudada Foi feito o diagnóstico do tráfego na interseção analisada e a classificação dos conflitos existentes.

Para fazer o estudo do trânsito na interseção analisada foi utilizado o método de Webster. Fernando Pessoa (2008) explica que cada tipo de veículo possui um tamanho diferente, sendo necessário que eles recebam pesos diferentes e que, no Brasil, os pesos mais utilizados são os apresentados por Webster. Pelo fato de este ser o mais utilizado no país, foi escolhido para a realização dos estudos. TABELA 01: Pesos propostos por Webster Fonte: Fernando Pessoa, 2008 Tipo de veículo Peso Autos 1,0 Ônibus 2,25 Caminhões 2,0 Motos 0,33 Bicicletas 0,24 O horário de pico, ou seja, o horário onde foi possível observar o maior fluxo equivalente foi de onze horas ao meio dia, quando o fluxo total na interseção foi de 216,08 veículos por hora. A média total dos maiores volumes foi: O horário de pico, ou seja, o horário onde foi possível observar o maior fluxo equivalente foi de onze horas ao meio dia, quando o fluxo total na interseção foi de 216,08 veículos por hora. A média total dos maiores volumes foi: 3 GRÁFICO 01: Média dos maiores volumes por hora na interseção analisada Utilizando o método de Webster encontramos também os maiores volumes médios de cada via da interseção analisada, ou seja, a média dos maiores fluxos equivalentes correspondentes à quantidade de veículos que passou em cada via. Na rua Vereador João Mariano o valor encontrado foi 121,41 veículos por hora e na rua Antônio de Carvalho foi 153,045 veículos por hora. Sobre o maior volume médio de cada movimento na via estudada foram encontrados os seguintes valores, através do método de Webster: TABELA 02: Maior volume médio para cada tipo de movimento na interseção (Método de Webster) Tipo de movimento Fluxo equivalente (veic / hora) 1 2 8,78 1 3 41,06 1 4 14,82 2 1 7,74 2 3 6,445 2 4 23,685 3 1 35,525 3 2 8,855

4 3 4 6,43 4 1 10,395 4 2 26,985 4 3 6,9 Para melhor entender o significado do tipo de movimento apresentado na tabela 02, recomenda-se analisar a figura 01, que é a representação da interseção estudada. Conflitos existentes FIGURA 02 : Tipos de cruzamento Fonte: Manual de Projeto de Interseções Os conflitos, de acordo com o Manual de Projeto de Interseções (2005), são divididos em quatro tipos e podem ser representados pela figura 02, que foi apresentada anteriormente. De acordo com o manual citado, o conflito de convergência é quando dois veículos saem de pontos distintos chegando ao mesmo destino (Figura 2-c); o conflito de divergência é quando dois veículos saem do mesmo ponto, mas partem para destinos diferentes (Figura 2-d); segundo Fernando Pessoa (2008), o conflito de cruzamento é dividido em dois tipos de movimentos: movimentos entrelaçantes e movimentos conflitantes, nesses dois movimentos, os veículos saem de pontos diferentes e chegam a pontos diferentes, se cruzando no caminho, um exemplo do entrelaçante é a figura 2-a e um exemplo do conflitante é a figura 2-b. O primeiro citado não forma um ângulo de 90º, já o segundo citado pode formar. O conflito predominante na interseção analisada foi o conflito de cruzamento do tipo movimento conflitante, que aconteceu com maior frequência. PROPOSIÇÕES E RESULTADOS Alternativas - Engenharia de Tráfego As alternativas propostas neste tópico foram elaboradas através do estudo do Manual de Sinalização Horizontal, Manual de Sinalização Vertical de Regulamentação, Manual de Sinalização Vertical de Advertência e Manual de Sinalização Semafórica.

A primeira alternativa é modificar a preferência das ruas, tornando a rua Antônio de Carvalho a preferencial, pois, com base nos dados analisados, ela possui maior tráfego, além de possuir um aclive acentuado. Já existe uma lombada na rua Vereador João Mariano, próximo a interseção. Caso a mudança de preferência seja realizada, nota-se que a existência desta lombada é essencial para diminuir a velocidade e dar preferência, de fato, à rua Antônio de Carvalho. Seria necessário acrescentar a placa de sinalização vertical de regulamentação R1: PARE na rua Vereador João Mariano e pintar na via da mesma rua a inscrição PARE acompanhada de linha de retenção. Essa alternativa é importante porque a sinalização horizontal tem a propriedade de transmitir mensagens aos condutores e pedestres, possibilitando sua percepção e entendimento, sem desviar a atenção do leito da via. (Manual de sinalização horizontal, 2007, p.3). A linha de retenção limita o local de parada do veículo, de forma que ele consiga visualizar a interseção com seus devidos fluxos e que não invada a mesma. Outra solução apresentada é colocar no pavimento uma marca delimitadora de parada de veículos específicos, pois, uma parte da pista seria destinada à operação exclusiva de parada. Aconselha-se também fazer uma marca delimitadora para ônibus, já que a interseção analisada é um ponto de ônibus dos estudantes do Campus Rio Paranaíba da Universidade Federal de Viçosa e também é próxima a Escola Municipal Padre Goulart, onde vários ônibus param frequentemente. Seria interessante colocar apenas uma MVE e esta atenderia os ônibus da escola e também da UFV, já que seus fluxos são em horários diferentes. Seria interessante colocar essa marca delimitadora na Rua Antônio de Carvalho, em frente ao portão da praça de esportes. Para isso também deve ser utilizada a placa vertical de regulamentação R6-a: Proibido Estacionar, que, de acordo com o manual de sinalização vertical de regulamentação, mostra que o estacionamento neste local é prejudicial por motivos de segurança. A placa R6-a poderia vir com horário de restrição, considerando os horários de parada de ônibus da escola e também da UFV. 5 Alternativas Mobilidade Urbana As alternativas propostas neste tópico foram elaboradas através do estudo do Guia Plan Mob Caderno de Referência para a elaboração do Plano de Mobilidade Urbana e também de outros documentos considerados importantes e relacionados ao assunto. Estudamos anteriormente uma interseção viária do município de Rio Paranaíba, porém, as medidas propostas nesta seção são com ênfase em todo município. É importante conhecer a lei nº 12587, de 03 de janeiro de 2012, que classifica os transportes em motorizados e não motorizados, sendo que os últimos são os que utilizam esforço humano ou tração animal. A lei objetiva a integração entre os diferentes modos de transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do Município. (Lei 12587, 2003). Os princípios da Política de Mobilidade Urbana devem ser seguidos, principalmente o da Acessibilidade Universal e Segurança no deslocamento de pessoas. Conforme apresentado no Guia PlanMob (2008), a ECO92 Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento e depois a Agenda 21 denunciaram a necessidade de alterar o comportamento do setor de transportes, investindo, por exemplo, em sistemas de circulação que reduzam os impactos ambientais associados ao assunto. É necessário buscar um tipo de transporte ambientalmente sustentável. Sobre este tema, Gondim (2001) afirma que com a diminuição do uso do automóvel nas cidades sustentáveis, haverá menos poluição, congestionamentos e acidentes, porém, para que isto ocorra é preciso oferecer boas condições de mobilidade para pedestres e ciclistas. Propomos rampas na interseção estudada, e em outros locais da cidade em que tenha grande movimentação, para melhorar a acessibilidade dos deficientes físicos, porém, para isso seria necessário também colocar faixas de pedestres próximo as interseção, acompanhando as rampas, de forma que um cadeirante atravesse com segurança, tendo acessibilidade. A infraestrutura das calçadas é inadequada, não só nas proximidades da interseção estudada, como também em alguns locais da cidade, devido principalmente à falta de fiscalização pela não existência do código de obras na cidade. O PlanMob cita que a construção e conservação das calçadas deve ser compartilhada entre o poder público (prefeitura) e os proprietários dos imóveis. O Plan Mob cita que o poder público deve

determinar padrões para construção das calçadas (Exemplos: Evitar uso de materiais inadequados e escorregadios; Eliminar barreiras arquitetônicas; Dimensões mínimas; Declividade máxima; Especificações para degraus; Tipo de pavimento; Localização de equipamentos urbanos ou privados, entre outros) e que os proprietários devem seguir estes padrões, mas em Rio Paranaíba isto não ocorre, pela não existência de plano diretor. Segundo Gondim (2001), as calçadas devem ter espaço que permita a circulação de deficientes (cadeirantes) e também a arborização, já que esta é necessária para minimizar os efeitos das elevadas temperaturas e impactos da poluição. Ela explica também que a conservação das calçadas é importante, já que muitas vezes os pedestres sofrem pequenos acidentes devido, por exemplo, a existência de buracos e má qualidade do pavimento. Como foi proposta na parte de Engenharia de Tráfego a criação de uma parada de ônibus, propõe-se aqui, na Mobilidade Urbana uma infraestrutura adequada para os usuários de tais veículos, sendo elas, guaritas e rampas para deficientes terem acesso aos ônibus, visto que a maioria dos usuários são estudantes da Universidade Federal de Viçosa e, devido ao grande aglomerado de pessoas acabam ocupando também a rua. Sobre os ciclistas, com base na análise do PlanMob, sugere-se a destinação de recursos orçamentários para investimento em infraestrutura viária específica para bicicletas e também a criação de um espaço cicloviário, contendo ciclovias, paraciclos, bicicletários e outros elementos que garantam a segurança dos ciclistas; através de Gondin (2001), propomos a criação de uma ciclorrota, ligando pontos de interesse da cidade. Com essas medidas, serão criadas condições de conforto e segurança para os ciclistas, que disputam espaço com transportes motorizados (carros, ônibus) em completa desigualdade. Segundo Geipot apud Gondim (2001), a distância ideal para o transporte de bicicletas é entre 800 metros e 3 quilômetros. Em Rio Paranaíba, por ser uma cidade pequena, nota-se que o uso da bicicleta, com base nestes valores, seria muito vantajoso. Gondim (2001) explica que o desenho urbano da rede viária (espaços de circulação de bicicleta) irá determinar o nível de segurança e conforto para os ciclistas e que isto irá estimular ou desestimular o uso desta modalidade de transporte. Portanto, é importante investir nesta área. Conforme apresentado na Constituição Federal e no Estatuto das Cidades, a elaboração de plano diretor é obrigatória para municípios com população acima de 20.000 habitantes, porém, nota-se que com a vinda do Campus da UFV, o município de Rio Paranaíba teve um crescimento considerável e que, ao que tudo indica, continuará crescendo, pois existe a possibilidade de abertura de novos loteamentos. O Plano Diretor, feito com profissionais de várias áreas do conhecimento, irá contribuir para que esse crescimento seja feito de maneira ordenada. Em nossos estudos notamos a grande falta que a ausência do plano diretor ocasiona, dificultando, por exemplo, a fiscalização de obras e normas técnicas a serem seguidas. A criação de um Plano de Mobilidade Urbana também seria interessante, focando no desenvolvimento da cidade, que deveria priorizar os transportes não motorizados (pedestres e bicicletas). Este plano, conforme apresentado no Artigo 24, 1º da lei 12.587 de 2012, deve ser integrado e compatível com o plano diretor. Para a criação deste Plano, devem ser seguidos os princípios, objetivos e diretrizes da lei 12.587, principalmente aqueles apresentados em seu artigo 24. Com base na análise da Resolução ONU nº 2 de 2009 das Propostas para o Brasil na Década da Segurança ONU (2011-2020), dois dos seis pilares do Plano Nacional de Redução de Acidentes para a década são a fiscalização e a segurança viária. O documento cita que a fiscalização deve ser feita de maneira eficiente e eficaz e que a segurança viária deve ser feita de modo a priorizar o transporte coletivo e os não motorizados, garantindo segurança a todos os usuários da via, principalmente os mais vulneráveis. Achamos que a fiscalização deve ser feita priorizando as ruas mais movimentadas. Na interseção estudada, por exemplo, notamos que, mesmo a preferência sendo da rua Vereador João Mariano, muitos condutores 6

que vêm da rua Antônio de Carvalho não respeitam essa preferência, avançando a parada obrigatória, o que é um potencial gerador de acidentes. É importante citar que em maio de 2013 foi realizada a segunda reunião proposta pela Polícia Civil de Rio Paranaíba através do CONSEP Conselho de Segurança Pública de Rio Paranaíba que discutiu a instalação de câmeras de segurança em pontos estratégicos da cidade. Esta medida é muito importante, pois irá contribuir na fiscalização. CONCLUSÕES Com este estudo os autores (alunos e professor orientador) podem trazer vários benefícios para a população, já que se tornam agentes modificadores dentro da sociedade, devido ao desenvolvimento do censo crítico sobre as regras e a utilização correta do trânsito. Por isso podem propor melhorias na acessibilidade e mobilidade urbana. Com base no diagnóstico do tráfego foi possível apresentar alternativas para trazer maior conforto aos usuários e para obter uma redução de acidentes na área de estudo de acordo com a engenharia de tráfego e mobilidade urbana. Notamos que é necessário priorizar os transportes não motorizados (pedestres e ciclistas) e que é importante a existência de um Plano Diretor e do Plano de Mobilidade Urbana, integrados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL (1998) CTB Código de Trânsito Brasileiro, DENATRAN, 1998, Brasília, DF. BRASIL. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Diretoria de Planejamento e Pesquisa. Manual de projeto de interseções. 2.ed. Rio de Janeiro, 2005. 528p. BRASIL (2008) Guia PlanMob para orientação aos órgãos gestores municipais na elaboração dos Planos Diretores de Transporte e Mobilidade, 2ª Ed., Fevereiro de 2008, Ministério das Cidades, Brasília,DF. BRASIL. Lei nº 12587, de 03 de janeiro de 2012. Institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana; revoga dispositivos dos Decretos-Leis nos 3.326, de 3 de junho de 1941, e 5.405, de 13 de abril de 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, e das Leis nos 5.917, de 10 de setembro de 1973, e 6.261, de 14 de novembro de 1975; e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 03 de janeiro de 2012. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12587.htm> BRASIL (2007) Manual de Sinalização Horizontal, DENATRAN, 2007, Brasília, DF. BRASIL (2007) Manual de Sinalização Vertical de Regulamentação, DENATRAN, 2007, Brasília, DF. BRASIL (2007) Manual de Sinalização Vertical de Advertência, DENATRAN, 2007, Brasília, DF. BRASIL (2007) Manual de Sinalização Semafórica, DENATRAN, 2007, Brasília, DF. BRASIL. Resolução ONU nº 2, de 2009 Década de ação pela segurança no trânsito 2011 2020. Proposta do Brasil para redução de acidentes em Segurança Viária. São Paulo, maio de 2011, p.1-42. Confira as 100 cidades brasileiras com os maiores PIBs da agropecuária. In: TERRA. Acesso em 11 de outubro de 2012. Disponível em: <http://www.terra.com.br/economia/infograficos/pib-agropecuario/> Relatório UFV: Graduação, número de matriculados e diplomados, por área, curso e sexo. UFV 1º e 2º semestres de 2012. In: UFV Universidade Federal de Viçosa. Acesso em 14 de outubro de 2012. Disponível em: <http://www.cpd.ufv.br/relatorioufv/tabela16_crp.asp> 7

Rio Paranaíba, MG. In: IBGE Cidades. Acesso em 11 de outubro de 2012. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=315550> GONDIM, Mônica Fiuza. Transporte não motorizado na legislação urbana no Brasil. 2001. 201f. Tese (Mestre em Engenharia de Transportes). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001. PESSOA, Fernando. Curso de Especialização em Transportes e Trânsito. CEFET-MG Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, 2008. VASCONCELLOS, Eduardo Alcântara de. A Cidade, o Transporte e o Trânsito. São Paulo: ProLivros Ltda, 2005. 8