CARACTERIZAÇÃO E PREVALÊNCIA DA TENSÃO PRÉ- MENSTRUAL EM MULHERES JOVENS Danielle de Oliveira Ribeiro; Barbara Evelyn Barros Guimarães; Aline Fernanda Perez Machado; Rogério Eduardo Tacani; Pascale Mutti Tacani Introdução: A Síndrome pré-menstrual (SPM) é um complexo de sintomas que surge entre 10 e 14 dias antes da menstruação e desaparece com o início do fluxo, só se caracterizando como doença se afetar o dia-a-dia da mulher (APPOBATO et. al, 2001). Já foram catalogados mais de 150 sintomas, que incidem de maneira variada e constante (NOGUEIRA; SILVA, 2000). O edema pré-menstrual é um sintoma frequente, atingindo 92% das mulheres, nas mamas, face, glúteos e abdômen, porém não há referência aos membros inferiores na literatura, região de grande queixa na prática clínica (FERREIRA et. al, 2010). Os sintomas também apontados desta fase são influenciados pelas alterações hormonais que fazem parte do ciclo ovariano (FRAGOSO; GUIDONE; CASTRO, 2009). Com o levantamento dessas informações, pode-se prescrever o tratamento fisioterapêutico mais adequado para as áreas de queixa, além de direcionar o programa para a redução do edema, e contemplar as demais alterações como a irritabilidade, fadiga e o ganho de peso, para propiciar não apenas a melhora física, mas também psicológica, favorecendo a qualidade de vida da mulher nesta fase. Objetivos: Identificar a prevalência de mulheres com tensão pré-menstrual, os sintomas e as áreas corporais com edema neste período. Materiais e métodos: Estudo clínico, prospectivo, observacional, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário São Camilo sob nº 104/011, do qual participaram 60 mulheres brasileiras entre 20 e 40 anos e com sintomas
característicos da síndrome. Excluíram-se aquelas com amenorreia, uso de corticóides, disfunção da tireóide e as gestantes. Foram submetidas a duas avaliações fisioterapêuticas, sendo a primeira realizada entre 1º e 3º dia e a segunda, entre 21º e 28º dia do ciclo menstrual. Foram obtidos peso, altura, índice de massa corporal, biotipo corporal e perimetria dos membros, tronco, face e a escala de Steiner (STEINER, 2000) foi utilizada para caracterização dos sintomas. Os dados foram apresentados em porcentagem, média e desvio padrão. Teste T-Student Pareado foi utilizado para comparação da variável perimetria e Teste de Igualdade de Duas Proporções para análise da distribuição da frequência relativa da prevalência de TPM e dos sintomas. O nível de significância foi considerado de 5% (p 0,05). Resultados Na população estudada observou-se que a prevalência da Tensão Pré- Menstrual (TPM) foi alta, apresentando 91,7% (n=55) contra apenas 8,3% de participantes que não demonstraram (n=5), conforme a escala de Steiner (STEINER, 2000) que identifica a sua prevalência de acordo com os sintomas listados. As características das 60 mulheres quanto à faixa etária, altura peso e IMC, são mostradas na Tabela 1: Tabela 1: Características das 60 mulheres quanto às variáveis faixa etária, altura, peso e IMC. Variáveis Média ± DP Idade 24,6±4,7 Altura (m) 1,64±0,07 Peso (Kg) 62±7,9 IMC (Kg/m²) 23,23±2,79 As queixas mais prevalentes, de acordo com a escala de Steiner (STEINER, 2000) para definir a presença ou ausência da TPM das mulheres, pode ser observada no gráfico 1. A queixa irritabilidade foi a que obteve maior prevalência, com 73,3%, sendo considerada como referência na comparação com as demais pelo teste de igualdade de duas proporções. Apesar disso, não houve
diferença significante dos 65,0% de estar fora do controle (valor de p<0,001) e dos 58,3% do sintomas físicos (valor de p=0,323), apenas em relação aos demais sintomas. estudadas. Gráfico 1: Prevalência das queixas apontadas pelas 60 mulheres Prevalência dos Sintomas Escala de Steiner Teste de Igualdade de Duas Proporções.Valor de p<0,05 considerado significante. Quanto a perimetria a região facial, cervical e tronco foi possível observar que houve diferença significante pelo teste nas regiões facial (p = 0,016), mamária (p = <0,001), epigástrica (p- = <0,001), umbilical (p= <0,001) e pubiana (p = 0,003), demonstrando aumento de volume dessas no período pré-menstrual, como observado no gráfico 2: Gráfico 2: Perimetria de face, cervical e tronco:
Perimetria de face, cervical e tronco Teste T-Student Pareado. Valor de p<0,05 considerado significante. Nos membros superiores, a maioria das comparações para MSD encontraram-se com diferença média significante pelo teste T-student pareado, não ocorrendo apenas em +15 cm e 0 cm à direita. Porém, para MSE duas medidas em braço (+20 cm e +5 cm) e duas em antebraço (-10 cm e -5 cm) não tiveram diferenças significantes como observado no gráfico 3. Gráfico 3: Perimetria de MMSS: Teste de T- Student Pareado. Valor de p<0,05 considerado significante.
Nos membros inferiores, a maioria das comparações encontraram-se com diferença média significante pelo teste T-student pareado, não ocorrendo apenas em -7 cm para MID e 0 cm e -28 cm para MIE, como pontuado no gráfico 4. Gráfico 4: Perimetria de MMII: Teste de T- Student Pareado. Valor de p<0,05 considerado significante. Conclusão Concluiu se que na população estudada houve alta prevalência da tensão pré - menstrual, apresentando como principais sintomas a irritabilidade, sintomas físicos e a ansiedade. Também apresentam edema nesta fase, principalmente nas regiões facial, mamária, umbilical e pubiana, bem como terço médio do braço e distal do antebraço para ambos os MMSS e terço proximal dos MMII(coxa).
Referências Appobato MS, Silva CDA, Perini GF, Miranda TG, Fonseca TD, Freitas VC. Síndrome pré- menstrual e desempenho escolar. Rev Bras Ginecol Obstet. 2001;23(7):459 62. Ferreira JJ, Machado AFP, Tacani R, Saldanha MES, Tacani PM, Liebano RE. Drenagem linfática manual nos sintomas da síndrome pré-menstrual: estudo piloto. Fisioter Pesq. 2010;17(1):75 80. Fragoso YD, Guidone ACR, Castro LBR. Characterization of headaches in the premenstrual tension syndrome. Arq Neuro-Psiquiatr. 2009;67(1):40 42. Nogueira CWM, Silva JLP. Prevalência dos sintomas da síndrome pré-menstrual. Rev Bras Ginecol Obstet. 2000;22(6):347 51. Steiner M. Premenstrual syndrome and premenstrual dysphoric disorder: guidelines for management. J Psychiatry Neurosci. 2000;25(5):459 68