Autora: Rita de Cássia de Almeida Santos. Universidade Federal de Pernambuco. Co-autor (1): Maria Helena Sobral de Lima

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Transcrição:

CONTRIBUIÇÕES DOS JOGOS E BRINCADEIRAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM INFANTIL: UM OLHAR PARA AS CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NO AMBIENTE ESCOLAR Autora: Rita de Cássia de Almeida Santos Universidade Federal de Pernambuco r-cassia11@live.com Co-autor (1): Maria Helena Sobral de Lima Universidade Federal de Pernambuco helena.sobral25@gmail.com Co-autor (2) Marta Cordeiro da Silva Gomes Universidade Federal de Pernambuco martacne_cristo@hotmail.com Orientadora: Dra. Ana Maria Tavares Duarte Universidade Federal de Pernambuco familliaduarte@uol.com.br Resumo: Este artigo vem apresentar as contribuições dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento da aprendizagem infantil, voltando o olhar para as crianças com necessidades especiais no ambiente escolar. O artigo volta-se também, para as discussões sobre a garantia da aprendizagem e interação das crianças com necessidades especiais. Abordaremos, ainda, qual seja a importância dos professores favorecerem espaços onde o jogo e a brincadeira estejam presentes e qual a implicação dessa prática na vida escolar dessas crianças. O referente estudo se trata de uma pesquisa bibliográfica e teve como percurso metodológico, leituras de trabalhos que tratam da temática e que foram discutidos em disciplinas do curso de graduação em pedagogia os quais discutem sobre a importância do brincar para as crianças com necessidades especiais. Os resultados desse estudo evidenciaram que de fato, as experiências com jogos e brincadeiras vivenciadas por esses sujeitos na escola, trazem contribuições significativas para o seu desenvolvimento intelectual, social e cognitivo. Palavras-chave: Aprendizagem, Brincar, Inclusão.

1- Introdução Pode-se dizer, que a inserção das crianças com necessidades especiais no ambiente escolar se configura como um fator preocupante, devido ao despreparo de alguns profissionais da Educação. Isso pode sobrevir, da falta de formação continuada, déficit de discussão sobre educação especial durante a formação inicial de muitos professores, e isso acontece, muitas vezes na falta de motivação para a busca de alternativas didáticas que os auxiliem nesse processo de inclusão de tais crianças. Um dos principais obstáculos, no que se refere a esse tocante não se concentra no acesso à educação nas escolas públicas, mas quanto à garantia das condições necessárias para que se efetive sua permanência nessas instituições. Mediante estudos sobre essa temática, percebemos que uma das principais dificuldades enfrentadas pelos professores tem sido trabalhar os conteúdos curriculares e propor atividades lúdicas onde haja a participação e o envolvimento entre as crianças com necessidades especiais e as demais que compõem o universo da sala de aula. Nessa direção, Soares (2010) vem apresentar as contribuições do lúdico no processo de inclusão pontuando que: Qualquer tipo de atividade lúdica seja ela brincadeiras, jogos, brinquedos cantados, favorecem o processo de inclusão, pois durante a brincadeira há o processo de integração entre as crianças, elas estão aprendendo a compartilhar, a serem cooperativas umas com as outras, a respeitar os limites impostos por elas mesmas que participam da brincadeira ou jogo (SOARES,2010, p.18). A autora não nos apresenta um modelo de como trabalhar com crianças com ou sem necessidades especiais, mas nos direciona a pensar o desenvolvimento de algumas atividades com tais sujeitos, principalmente se essas crianças estiverem em níveis de aprendizagem muito distintos. O lúdico, a brincadeira e jogos podem contribuir para a aproximação, inserção e produção de conhecimento, considerando que O brincar favorece a imaginação, desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da criatividade e da concentração. É através das atividades lúdicas, dos jogos e brincadeiras que se dá o contato físico e significativo com outros colegas [...] (TRINCA e VIANNA, 2014, p.162). Mediante as leituras de trabalhos que discutem a importância da brincadeira no processo de desenvolvimento das crianças com necessidades especiais, concebemos que é por meio do lúdico e do brincar que se constrói o lado social da criança, é a partir da interação com seus pares que ela começa a descobrir o mundo em que vive e sua representação neste, por isso é fundamental que a

criança seja estimulada à brincadeira, assim, será despertada a vontade de estar com o outro, de se relacionar com esse outro que faz parte de seu cotidiano. Para chegarmos à essa compreensão, nos apoiamos em autores como: Kishimoto (2009), Borba (1997), Soares (2010) e Trinca e Vianna (2014). Este artigo tem como objetivo geral, apresentar as contribuições que os jogos e brincadeiras podem proporcionar a aprendizagem das crianças com necessidades especiais e como objetivos específicos: Discutir sobre a importância de favorecer espaços para que as crianças com necessidades especiais possam ter contato com a brincadeira, caracterizar o papel do jogo e da brincadeira na aprendizagem das crianças com necessidades especiais bem como, fomentar os estudos acerca da temática sobre a ludicidade e o trabalho com crianças com necessidades especiais na escola. 2-Metodologia Para o desenvolvimento desse trabalho fizemos uso de uma pesquisa bibliográfica, de trabalhos que discutiam a importância do brincar e trabalhos que discorriam sobre a política de inclusão, que visa ampliar o atendimento educacional especializado para crianças com necessidades especiais. Tomamos como base teórica as leituras dos textos e as discussões realizadas nas disciplinas de inclusão social e arte e educação, essa primeira que vem discutir e problematizar, como as crianças com necessidades especiais se encontram nas escolas públicas de nosso país, e como os educadores incluem essas crianças com as demais tidas como normais. E para compreender a importância do brincar fizemos leituras dos textos e debates explorados na disciplina arte e educação, que vem apresentar as contribuições do brincar, dos jogos e do lúdico para todas as atividades, principalmente para as crianças no processo de formação. Diante de ambas discussões, decidimos articular as contribuições dos dois componentes curriculares, tendo em vista que além de estruturas técnicas/físicas e de formação para a atuação dos professores com crianças especiais, existe uma dificuldade de inseri-las ativamente na participação das atividades em sala de aula, dificultando dessa forma, a interação e novos aprendizados, que vão além, dos conteúdos que o professor possa ensinar.

Mediante essas questões, acreditamos que o brincar pode se apresentar como um princípio fundamental para que as crianças especiais não sejam excluídas ou simplesmente inseridas 1 no âmbito escolar, mas que estas sintam-se parte do ambiente escolar e que, portanto, sintam-se igualmente incluídas por todos participantes/membros e alunos no espaço escolar. Além das leituras realizadas nos diversos textos no decurso das aulas das disciplinas acima mencionadas, bem como das discussões ocorridas nas mesmas, realizamos uma pesquisa bibliográficas em outras fontes que também versam a respeito da temática, para acentuarmos nosso entendimento sobre as contribuições dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento da aprendizagem das crianças com necessidades especiais. 2- Delineando algumas concepções 2.1 A importância do brincar para a criança O ato de brincar desenvolve um papel intersocial, pois é resultado das relações estabelecidas pelas crianças com seus pares. Nesse sentido, a brincadeira se constitui como uma manifestação cultural que proporciona a interação social das crianças, e é por meio dela, que estas trocam experiências e vão recriando sua identidade. Por meio das brincadeiras e interação com outras crianças é que elas vão assumindo seus primeiros papéis na sociedade, vão construindo suas maneiras de ser e estar no mundo. É necessário proporcionar ambientes onde o jogo e as brincadeiras ocorram, a fim de promover a interação social, enriquecendo assim a vivência das crianças. Nesse sentido, sabemos que os jogos, assim como as formas de brincar estão carregados de definições de papéis sociais, e transitam entre a fantasia e a realidade, as crianças no processo de imitar os adultos, vão recriando e reelaborando suas próprias formas de enxergar o mundo, se tornando cada vez mais autônomas. A criança interpreta todo e qualquer elemento que constitui o ambiente onde a brincadeira é desenvolvida e acaba incorporando características dele para o seu brincar, em um processo de constante e inconsciente adaptação por parte dela. Assim, também é o jogo, que está enraizado na cultura de cada sociedade e traz características importantes de cada grupo social, permitindo que as crianças criem representações da realidade em que vivem. 1 Inserir: colocar, ofertar, disponibilizar o acesso. Incluir: fazer parte, relacionar.

Os jogos têm um aspecto social, favorecem a troca de relações entre as crianças e seus pares, o momento da brincadeira é onde vai surgir a resolução dos primeiros conflitos, exigindo que as crianças já comecem a assumir alguns papéis sociais. É de suma importância a construção de uma cultura lúdica, ou seja, propiciar momentos em que as crianças possam usar a imaginação e a criatividade, reconstruindo a realidade em que está inserida ou reproduzindo alguns recortes da mesma. É através da brincadeira que a criança consegue se inserir em um processo de construção cultural, as interações sociais que ela desenvolve em tais atividades são o principal método de afirmação desse processo. É brincando que a criança se constitui enquanto agente de sua própria experiência social, ela aprende a conviver socialmente e a participar coletivamente também. O brincar é uma riquíssima e importantíssima experiência cultural, não apenas para os primeiros anos da infância, mas também para todo o percurso de vida do ser humano, e como tal deve ser garantido em todas as etapas da formação do indivíduo. Uma interessante perspectiva do brincar é a brincadeira tida como importante elemento de emancipação cultural do sujeito, elemento por meio do qual o indivíduo se vê como parte integrante de um meio social com outros em comum. Cabe à escola, portanto, a responsabilidade de assumir o fundamental papel de garantir à criança o direito de brincar, pois o que vemos é uma gradativa diminuição dos espaços de socialização e brincadeira nas escolas, reflexo direto de uma sociedade cada vez mais distanciada do lazer. Precisamos proporcionar as crianças espaços onde elas possam criar. Tendo em vista que, cada vez mais cedo as crianças adentram/frequentam o espaço escolar (creches, hotelzinho 2 ), a infância é uma etapa de descobertas e significações e a criança necessita explorar suas potencialidades, seu poder de reinvenção da realidade por meio da brincadeira, manifestação cultural que favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, assim como a linguagem infantil. 2.2 O papel do jogo e da brincadeira na aprendizagem das crianças com necessidades especiais 2 Hoteizinhos são espaços privados, que atende os mais variados seguimentos, entre eles crianças nos primeiros anos iniciais.

A brincadeira é uma manifestação cultural que proporciona a interação social das crianças. É por meio do ato de brincar, que elas trocam experiências e vão recriando suas identidades, além de desenvolver as capacidades cognitivo-motoras e a linguagem. Oliveira (2007, p.160) vem caracterizar a brincadeira como propiciadora de aprendizagens múltiplas, assinalando que Ao brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção, representação, memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligados. Oliveira (2007, p. 160) ainda acrescenta que A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para o processo de apropriação de signos sociais. Nessa direção podemos identificar o quão o brincar se configura de suma importância para as crianças com necessidades especiais, e que os jogos e brincadeiras devem ser estimulados pelos pais, que por vezes inocentemente superprotegem seus filhos principalmente se os mesmos tiverem alguma necessidade especial. Não queremos aqui, culpabilizar os professores, entendemos que por vezes, os educadores privam as crianças com necessidades especiais, com receio que essas se machuquem, principalmente se não tiverem uma formação especializada para trabalhar com elas. Assim, compreendemos que não cabe somente aos professores essa formação, mas que estes não devem esperar apenas pelo Estado, prefeituras e espaços de formação. Entendemos, ser de suma importância que os educadores procurem estudar cada vez mais e conhecer sobre as necessidades das crianças, e que esses possam compreender cada vez mais que o brincar não é apenas distração, nem tão pouco desperdício do tempo pedagógico, mas sim, que o brincar é interação, desenvolvimento e aprendizado, que os jogos e brincadeiras sejam, portanto, estímulos e meios de interação para as crianças com necessidades especiais como para as demais crianças. As contribuições e benefícios que os jogos e brincadeiras podem trazer para as crianças são inúmeros, tendo em vista que por meios dessas podem ser trabalhadas a cognição, aspectos emocionais e psicomotores. É relevante ainda destacar que se faz necessário um olhar atento para essas brincadeiras e jogos, assim, como para as especificidades de cada criança, para que o brincar não se torne atividade traumática, mas sim, que os jogos e brincadeiras se apresentem como atividades prazerosas que remetam alegria, diversão e aprendizado. Estácio (2008, p.2) vem pontuar que No brincar a criança estabelece e vive relações, cria regras, se estrutura, reconhece o outro, enfim começa a se colocar no mundo: Através do brincar a criança se apropria do mundo e de tudo que está envolvido nele [...]. Diante das contribuições de

Estácio podemos identificar que consequentemente a criança ao brincar desenvolve sua autonomia, e essa última se faz necessário, respeitando as especificidades e possibilidades da criança. 3. Algumas considerações A fim de tecer algumas considerações acerca do referido estudo, podemos dizer que conceber a sala de aula como um espaço heterogêneo, ainda consiste em uma dificuldade para muitos professores da educação básica. Saber lidar com as diferenças e necessidades de cada aluno, tem se configurado como um desafio para professores e demais pessoas envolvidas com a educação. Tem se discutido muito acerca da educação especial e da inclusão, é um tema que está no seio de debate das políticas públicas, tem sido pauta na agenda dos gestores escolares, na formação continuada de professores, que anseia pais e familiares, enfim, em toda a esfera social. Garantir o ingresso dessas crianças no ambiente escolar, não caracteriza, portanto, que a escola seja inclusiva. Vital se faz problematizar e discutir qual concepção de inclusão está subjacente a garantia de acesso das crianças especiais, ou seja, o que se discute hoje no campo da educação especial e como está sendo materializada a permanência e qualidade de ensino dessas crianças que possuem necessidades educacionais especiais. Nessa direção, é que trouxemos para a discussão e deixamos como objeto de reflexão dos próximos estudos, a importância de se favorecer a todas as crianças e nesse caso àquelas com necessidades especiais, o espaço para o jogo e a brincadeira, como uma forma de dinamizar esse ensino, assim como apresentar as contribuições que o exercício interacional do brincar traz para esses sujeitos(as), que a cada dia lutam por sua permanência no ambiente escolar. Referências KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.) Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 12 ed. São Paulo: Cortez, 2009. BORBA, Ângela Meyer: O brincar como um modo de ser e estar no mundo. Brasília - Ministério da Educação-Secretaria da Educação Básica-1997, (p.33 à 45).

ESTACIO, M.M.S. A criança e o brincar: estudo de caso em Natal/RN. Natal : Universidade Federal do Rio Grande do Norte,2008. OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação infantil: Fundamentos e métodos. - 3.ed.- São Paulo: Cortez, 2007. (Coleção Docência em Formação). SOARES, Edna Machado. A ludicidade no processo de inclusão de alunos especiais no ambiente educacional. São Gonçalo: Universidade do Estado do Rio de Janeiro,2010. TRINCA, J.R; VIANNA P.B.M. O lúdico como estratégia de inclusão. Rio Grande do Sul, 2014.