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PRODUTOS EDUCACIONAIS NO ENSINO DE MATEMÁTICA - UMA FERRAMENTA AUXILIADORA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Naara Priscila Soares da Silva Universidade Federal de São Carlos UFSCar naara_soares@yahoo.com.br Resumo: Com base no projeto de pesquisa Produtos educacionais no Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática: itinerários de desenvolvimento e implementação, a partir da rede de pesquisa participante Escola-Universidade, propõe-se um estudo dos itinerários de desenvolvimento dos produtos educacionais presentes no ensino brasileiro e dos nossos próprios produtos em meio a uma rede de pesquisa participativa. Objetiva-se analisar a utilização de produtos educacionais no processo de ensino e aprendizagem, com a intenção de fazer um levantamento estatístico sobre o uso destes, pelos professores da cidade de São Carlos. Em vista do questionamento da eficácia desses produtos educacionais, é descrita a metodologia de cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP), apontando-se a articulação que existe entre este cálculo e a avaliação de conteúdos que seriam aprendidos pelos alunos mediante avaliações escritas (SARESP). Também são analisados dados do INEP referentes à adoção de livros e outros produtos educacionais no contexto nacional e da região Sudeste. Finalmente investiga-se a autonomia docente na elaboração e implementação de tais produtos na sala de aula. Palavras-chave: Produto Educacional; Rede de Pesquisa; Ensino de Matemática. 1. INTRODUÇÃO AO PROBLEMA É nítido o crescimento constante da diversidade de recursos didáticos a serem utilizados pelos professores. Nesse contexto, a figura do professor, ao se valer unicamente do método tradicional, quadro negro e giz, como instrumento de ensino poderia vir a ser posta em segundo plano. Mas procede tal expectativa? O trabalho tratará do uso de produtos educacionais no ensino, baseados em dados fornecidos por órgãos oficiais, dentre eles a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SEESP) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a fim de compreender as relações existentes (ou não) entre o uso dos produtos e a melhoria do ensino e da aprendizagem. 1

Para tanto, faremos uma análise estatística de alguns dados acerca da utilização de recursos pedagógicos pelos professores da Educação Básica, com especial atenção naqueles que ensinam Matemática. De outro lado, nos proporemos a compreender a política pública adotada pelo atual governo do estado de São Paulo, que tem atrelado a melhoria dos índices do ensino à utilização do material escrito destinado aos estudantes na forma de apostilas. O presente trabalho será concebido e realizado em conformidade com pesquisas desenvolvidas ao longo dos anos de 2009 e 2010, a partir do projeto intitulado: Produtos educacionais no Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Exatas e de Matemática: Itinerários de desenvolvimento e implementação, a partir da rede de pesquisa participante escola universidade vinculado ao Observatório da Educação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Participam do projeto, docentes da UFSCar, professores do ensino básico, pós-graduandos do Mestrado Profissional e licenciandos, todos eles pertencentes às áreas de Física ou Matemática. Não serão visadas conclusões em caráter definitivo, uma vez que os dados apresentados e a análise dos mesmos destinam-se ao subsídio de outras ações de pesquisa que ocorrerão no âmbito do projeto Observatório da Educação/CAPES UFSCar durante o período 2010-2012. 1.1 PRODUTOS EDUCACIONAIS Considerando as inúmeras classes que os produtos educacionais podem assumir vamos discutir algumas delas, da maneira mais breve possível. 1.1.1 O LIVRO DIDÁTICO O livro texto vem sendo utilizado praticamente desde que o ensino de ciências, dentre elas a Matemática, se disseminou na educação e tornou-se componente obrigatório do currículo escolar em diversos países do mundo. A discussão de como se implementar os produtos educacionais na educação formal não é recente. E ela não é exclusividade do Brasil. Diversas iniciativas nesse campo foram postas em prática, em certos períodos mais intensivamente do que em outros, por motivos 2

de caráter político, econômico e/ou outros que influenciaram positiva ou negativamente o desempenho dos projetos de ensino. Podemos considerar o livro didático a forma clássica do produto educacional. De fácil acesso, permite ao educador ter relativo controle sobre o conteúdo abordado em suas aulas, contém exercícios que a princípio deveriam ser elaborados pelo professor, fornecendo-lhe mais mobilidade para outras atividades a serem desenvolvidas em classe. E, com o ensino de Matemática não poderia ser diferente. O uso dos mesmos muitas vezes esteve vinculado a projetos educacionais elaborados por centros de pesquisa de universidades. Projetos estes tal como o Projeto Curricular da Rede Oficial de Ensino de São Paulo (2008), vinculado à SEESP, não corresponde ao uso do livro didático explicitamente, mas também propõe mudanças no currículo a partir de um produto educacional similar: apostilas. Aos professores de todas as áreas do conhecimento da rede pública estadual de ensino de São Paulo, foram distribuídas, desde 2008, edições bimestrais de apostilas, contendo sugestões de como se dariam as atividades na sala de aula. A partir de 2009, os alunos também passaram a receber as apostilas. A proposta está fundamentada nas idéias contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) onde a criação de habilidades e competências dos alunos é o objetivo principal, diferente da perspectiva tradicional, onde a quantidade de conteúdos adquiridos é uma referência significativa no momento de se avaliar e julgar se determinado ensino é eficaz. Diferentemente da proposta dos PCN, a SEESP oficializou uma proposta curricular e atrelou a sua execução à utilização das apostilas pelos professores. 1.1.2 OUTROS PRODUTOS EDUCACIONAIS MAIS UTILIZADOS: Podemos citar também outros produtos que fazem parte das práticas de ensino de Matemática na Educação Básica: as atividades experimentais, a utilização de mídias como computador (com os softwares educativos devidamente instalados), jornais e/ou revistas, retroprojetor, datashow (canhão de luz), brinquedos etc. 1.2 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ENSINO NO ESTADO DE SÃO PAULO: ÍNDICE IDESP 3

Ao lado de iniciativas que apostam na adoção do material apostilado como produto educacional privilegiado, a SEESP tem adotado metodologias para a medição da qualidade do ensino oferecido pelas escolas públicas estaduais de São Paulo. No Brasil, a questão do acesso está praticamente resolvida, uma vez que quase a totalidade das crianças ingressa no sistema educacional. Porém o problema ainda reside nas altas taxas de repetência e na elevada proporção de adolescentes que abandonam a escola sem concluir a educação básica (FERNANDES, 2007), em suma na qualidade do ensino. No momento, diversas ações de se medir a qualidade do ensino vêm sendo empreendidas, dentre elas, o IDEB, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e a Prova Brasil, ambos vinculados ao Ministério da Educação (MEC). No Estado de São Paulo, iniciativas semelhantes estão em curso, dentre elas o Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP). Os conteúdos desta avaliação eram, originalmente, Matemática e Língua Portuguesa. A partir de 2008, passaram a ser avaliados outras áreas do conhecimento, dentre elas, as Ciências. Outro sistema de avaliação existente em São Paulo é o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP). Nele, ao invés de se avaliar individualmente o aluno, sua proposta está em medir, por meio de parâmetros préestabelecidos pela SEESP, a qualidade do ensino oferecido pela escola. No ano de 2008, a SEESP divulgou o resultado do IDESP de 2007 das turmas de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental (EF) e a 3ª série do Ensino Médio (EM). Levam-se em conta dois parâmetros na aferição do índice: os denominados Índices de Desempenho (ID) e de Fluxo (IF). O primeiro toma como base o desempenho dos alunos no exame de proficiência do SARESP. Já o segundo se refere ao tempo que os alunos tiveram que aprender os conteúdos, isto é, ele está associado, entre outros fatores, como a repetência, por exemplo. O IDESP de cada escola é dado pela seguinte relação: IDESP = ID. IF (1) Vamos discutir separadamente cada um dos índices. 1.2.1 ÍNDICE DE DESEMPENHO (ID) Como dito anteriormente, esse parâmetro considera o desempenho dos estudantes de determinada escola, nos exames de Língua Portuguesa e Matemática no SARESP. A 4

partir da nota obtida, a SEESP criou níveis de proficiência em que os alunos podem eventualmente se enquadrar. São eles (IDESP): Abaixo do básico: Os alunos neste nível demonstram domínio insuficiente dos conteúdos, competências e habilidades requeridos para a série escolar em que se encontram; Básico: Os alunos neste nível demonstram desenvolvimento parcial dos conteúdos, competências e habilidades requeridos para a série escolar em que se encontram; Adequado: Os alunos neste nível demonstram desenvolvimento e domínio dos conteúdos, competências e habilidades requeridos para a série escolar em que se encontram; Avançado: Os alunos neste nível demonstram desenvolvimento e domínio dos conteúdos, competências e habilidades além dos requeridos para a série escolar em que se encontram; A defasagem (def js ) de cada componente curricular é dada pela distribuição dos níveis de proficiência dos alunos de acordo com a seguinte expressão: Onde os índices j e s se referem, respectivamente, a componente curricular e a etapa de escolarização; Ab, B, Ad e Av representam os quatros níveis de proficiência acima descritos. Pela equação (2), vemos que a defasagem aumenta conforme o desempenho Ab do SARESP por parte dos alunos de uma determinada escola também aumenta. O caso oposto ocorre quando a proporção de alunos com conceito Av é maior. O ID de cada componente curricular é crescente e varia numa escala de zero, que corresponde a uma defasagem é igual a três, até 10, quando a defasagem é nula. Com essas informações, é possível afirmar que o ID é dado por: O Índice de Desempenho geral obtido pela escola é dado pela média aritmética entre os IDs de cada componente curricular e etapa de escolarização: Onde ID LP representa o índice de desempenho de Língua Portuguesa e ID M o índice de desempenho de Matemática. 1.2.2. ÍNDICE DE FLUXO (IF) 5

A taxa média de aprovação dos alunos em cada etapa final de escolarização, coletada pelo Censo Escolar, corresponde ao parâmetro em que mede o Índice de Fluxo (IF). Matematicamente, o IF pode ser expresso da seguinte maneira: Na equação (5) temos que A i corresponde à taxa de aprovação na i-ésima série em que o aluno se encontra e n se refere ao número de séries presentes na etapa de escolarização do aluno. 1.2.3. CRITÉRIO PARA O ALCANCE DE METAS NO IDESP Como parte de um processo de avaliação para medir a qualidade do ensino dado pelas escolas da rede estadual, apenas a nota do IDESP de 2008 não bastaria para demonstrar a real situação do ensino. Para analisar a evolução das escolas, a SEESP estipulou metas a serem cumpridas pelas instituições escolares. Considerando que a utilização do material apostilado tem sido uma das principais ações da SEESP para a melhoria da qualidade de ensino, espera-se que ela tenha impacto positivo nas notas obtidas no SARESP e, portanto, nos índices de desempenho (ID) e de fluxo (IF). Ao lado do acompanhamento de professores que atuam nas escolas públicas estaduais de São Paulo, estaremos monitorando os índices IDESP das escolas localizadas na área de alcance do projeto Observatório da Educação/CAPES-UFSCar, com especial atenção para aquelas que participam do PIBID-UFSCar. 1.3 A CONTRIBUIÇÃO DO MESTRADO PROFISSIONAL NA VEICULAÇÃO DO PRODUTO EDUCACIONAL As tentativas em se buscar a melhoria do ensino de Matemática, foram e ainda são frutos de inúmeras discussões. Iniciativas como as do IDESP, anteriormente citado nesse trabalho, refletem a preocupação na qualidade da educação oferecida à população, mesmo que às vezes, esses sistemas de avaliação não estejam totalmente desprovidos de qualquer intenção política, ou ideológica de gestão (tanto pública quanto privada). Assim como nas últimas décadas o grande centro de discussão na área de ensino é a formação do estudante, 6

acreditamos que agora esse fator foi eclipsado pela formação continuada do professor. E quando se trata do professor de Matemática, essa discussão é muito mais intensa, sendo que o interesse por parcela significativa da população em se formar como cientista ou professor vem caindo drasticamente. O fluxo de produtos educacionais para o ensino de Matemática sempre esteve (em sua maior parte) direcionado desde os centros de ensino e pesquisa, desenvolvedores desses produtos, para os professores. Esses últimos, por sua vez, aplicariam os produtos educacionais nas suas práticas de ensino. Ou seja, os professores apenas executam idéias oriundas das universidades. Não elaboram o produto educacional que utilizam em sala de aula. Mas a ação reflexiva do professor, perante essa avalanche de produtos, é de certa maneira posta em segundo plano. Para romper com esse processo, é que foi criado o Mestrado Profissional no ensino de Ciências, na UFSCar. Em particular, o Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências Exatas (PPECE) da UFSCar, tem como um dos objetivos (http://www.progp.ufscar.br/progp/ppgece/): O perfil do profissional a ser formado é de um professor (...) que tenha espírito investigativo que possa buscar meios e métodos para melhoria de sua própria atuação profissional, e que possa produzir e disseminar conhecimentos e materiais para efetiva melhoria na qualidade de ensino ( ) Percebe-se, a partir da leitura desse trecho, uma mudança de paradigma quanto à prática do professor em sala de aula e a sua autonomia com respeito ao como ensinar. No texto Investigando o produto educacional participativo no mestrado profissional (vários autores, p.11) é dito que: (...) para fazer uso de inovações educacionais, (o professor) precisa estar inserido numa cultura participativa, onde ele seja protagonista na elaboração e implementação dos produtos educacionais de que irá dispor. A simples criação de novos instrumentos e técnicas de ensino aprendizagem para que estas sejam de pronto adotadas pelo professor parece, portanto, não surtir o efeito desejado, caso este não se configure como sujeito deste processo. Percebe- se que nos encontramos no paradigma do hands on (mãos na massa) direcionado aos docentes e às suas práticas 7

2. OBJETIVO GERAL O presente trabalho tem como principal objetivo investigar a utilização por professores da Educação Básica de produtos educacionais no ensino de matemática, nas escolas públicas do município de São Carlos, com especial atenção para aquelas que participam do PIBID-UFSCar, contribuindo assim na fase de planejamento e tomada das decisões da rede de investigação participativa (Observatório da Educação/CAPES-UFSCar) quanto aos produtos pedagógicos a serem desenvolvidos pelos professores. 2.1 QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO Temos como objetivos específicos, responder as seguintes questões: 2.1.1 O que são produtos educacionais? 2.1.2 Que uso os professores das escolas de São Carlos que lecionam Matemática fazem dos produtos educacionais? 2.1.3 Que uso as políticas públicas atuais tem feito dos produtos educacionais que por ventura tenham sido elaborados pelos professores que lecionam Matemática, particularmente na cidade de São Carlos? 3. METODOLOGIA O trabalho será orientado tendo como eixo a utilização dos produtos educacionais. A pesquisa envolve a análise de eventos quantitativos e qualitativos. A realização do projeto será da seguinte forma: Levantamento bibliográfico a partir do tema escolhido; Elaboração da problemática e das justificativas que levaram à escolha do tema; Estudo e análise do material selecionado no levantamento bibliográfico para o refinamento que resultará na bibliografia a ser utilizada na pesquisa; Levantamento, através de entrevistas semi-estruturadas (FIORENTINI, 2006), dos produtos educacionais efetivamente em uso nos ensinos de matemática, pelos professores da educação básica, na cidade de São Carlos, priorizando aqueles que lecionam nas escolas que participam do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID UFSCar; 8

Levantamento de pesquisas realizadas sobre a utilização de produtos educacionais, projetos de ensino, inovações didáticas, etc. 4. RESULTADOS ESPERADOS O Ensino de Matemática, assim como o de outras disciplinas, propicia uma gama imensa de aplicação de recursos e produtos educacionais. Porém, a qualidade da educação no Brasil segue precária. Isso pode ser averiguado, no caso do estado de São Paulo, pelo índice IDESP (SILVA, 2009) de algumas escolas públicas de São Carlos, após termos apresentado a metodologia de cálculo desses índices. A simples presença do produto educacional, como por exemplo, livros didáticos, software etc no ambiente escolar parece não ser suficiente para que os estudantes aprendam Matemática, já que em muitas vezes o professor não os utiliza (como no caso do computador nas escolas privadas brasileiras e do Sudeste, por exemplo) (SILVA, 2009). Certamente, existem inúmeras causas para a não utilização desses produtos. É importante destacar a formação dos professores, em particular os de Matemática, dado que a situação é realmente preocupante uma vez que, ou não há profissionais atuantes ou os que atuam não possuem formação específica na área de ensino de Matemática. Por outro lado, a redução das políticas públicas de melhoria da qualidade de ensino à utilização de produtos educacionais do tipo livro ou apostila se mostra inadequada, uma vez que os dados do INEP (SILVA, 2009) mostraram que os mesmos já fazem parte da rotina diária dos professores sem que haja constante melhora na aprendizagem dos alunos. Nossa perspectiva é de que a evolução dos dados do IDESP, nos próximos anos, releve a insuficiência da política de melhoria do ensino adotada, atualmente, pela SEESP. Acredita-se que a criação da rede participativa entre os educadores, apostando na autonomia docente e elaboração de atividades de ensino (Moura, 2001) é parte integrante dessa formação e, possibilitando a criação de produtos educacionais que vão além dos originalmente constituídos por terceiros e aplicados (ou não) pelos professores. 5. CRONOGRAMA DE TRABALHO Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Escolha do tema X Levantamento bibliográfico X X X X X 9

Elaboração da justificativa X Elaboração do problema X Estudo e análise da bibliografia X X X X X X X X X Levantamento dos produtos educacionais em uso X X X X X (entrevistas) Levantamento de pesquisas, projetos de ensino, inovações X X X X didáticas, etc. Transcrição das entrevistas X X X X X X Análise dos dados coletados X X X X X X Participação em grupo de pesquisa X X X X X X X X X Participação em eventos X X X X X Redação do Relatório Final X X X X X X 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP. Disponível em: http://www.inep.gov.br/estatisticas/default.asp. Ultimo Acesso em: 12/mar.2010. BRASIL. Ministério da Educação MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais PCN. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf. Ultimo Acesso em: 12/mar.2010. BRASIL. Nota Técnica do Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (IDESP). Disponível em: http://idesp.edunet.sp.gov.br/arquivos/notatecnicapqe2008.pdf. Ultimo acesso em 05/mar.2010. BRASIL. Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências Exatas (PPECE) da UFSCar. Disponível em: http://www.progp.ufscar.br/progp/ppgece/ Ultimo acesso em 19/mar.2010. BRASIL. Secretaria do Estado da Educação, Saresp 2007. Disponível em: http://saresp.edunet.sp.gov.br/2007/divulgacaodados/consultapublica.asp Ultimo acesso em: 12/mar.2010. BALKINS, M; CARDINAL, M. R.; ESTEFEN, F. A.; GARCIA, D.; LEODORO, M. P.; OLIVEIRA, N.; PALOMINO, R. C.; SILVA, O. Investigando o Produto Educacional 10

Participativo no Mestrado Profissional. Trabalho apresentado no X Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores. Disponível em: http://www.unesp.br/prograd/publicacoes.php. Ultimo acesso em 19/mar.2010. FERNANDES, R. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2007. FIORENTINI, D; LORENZATO, S. Investigação em Educação Matemática: Percursos Teóricos e Metodológicos. Campinas, SP, Autores Associados, 2006. MOURA, M.O. - A atividade de ensino como ação formadora in Ensinar a ensinar. São Paulo, Pioneira Thmson Learning, 2001 PALOMINO, R. C. Análise estatística de dados do INEP sobre a correlação entre o perfil profissional dos professores brasileiros que atuam na educação básica e a busca por formação continuada e inovação educacional: uma contribuição ao mestrado profissional. Monografia de Conclusão de Curso submetida ao Departamento de Física da UFSCar, 2009. SILVA, O. B. A utilização de produtos educacionais no ensino de Física um tratamento estatístico. Monografia de Conclusão de Curso submetida ao Departamento de Física da UFSCar, 2009. 11