PEQUENA EMPRESA: EMPREENDER OU ARRISCAR. PORQUE NÃO PLANEJAR?



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Transcrição:

PEQUENA EMPRESA: EMPREENDER OU ARRISCAR. PORQUE NÃO PLANEJAR? Hermedes Cestari Junior Universidade Federal de Santa Catarina - Mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas Florianópolis - Santa Catarina Cx. Postal 476 CEP 88.010-970 hermedes@bol.com.br Resumo: Este trabalho conceitua as pequenas empresas em suas diversas características existentes, não tendo a pretensão de especificar qual o melhor critério a ser adotado para classifica-las. Relata o conceito de empreendedor, verificando que, o que distingue o empreendedor das outras pessoas é a maneira como este percebe a mudança e lida com as oportunidades. E finalmente evidencia a necessidade de se efetuar um planejamento do negócio para que a pequena empresa possa atingir o destino desejado, conduzindo a mesma do ponto de partida à meta final. Palavras-chave: Pequena Empresa, Empreendedor; Planejamento, Empreendedorismo EMP - 17

1. INTRODUÇÃO A quantidade de pequenas empresas que se abre a cada ano é muito grande. Em sua grande maioria são empresas constituídas por pessoas com alguma economia, visualizando empreender um novo negócio. Muitos são vistos como pessoas com espirito empreendedor, ou ainda, como corajosos por abrir um negócio, mas este fator não determina o empreendedor, mas sim a pessoa inovadora, explorador de novas idéias, aquela que realmente sabe encontrar uma nova fatia de mercado que ninguém conseguiu visualizar. "O empreendedor é o agente do processo de destruição criativa que, de acordo com Joseph Shumpeter, é o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista, constantemente criando novos produtos, novos métodos de produção, novos mercados e, implacavelmente, sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros". DEGEN[1] Assim o presente artigo evidencia que o simples fato das pessoas, na sua grande maioria, buscarem realização e sucesso profissional, ao empreenderem sua pequena empresa, não deixa de lado a necessidade de efetuar um planejamento do negócio para que esta possa ter uma gestão eficaz e atingir suas metas. "O planejamento é o delineamento de um futuro desejável e dos caminhos efetivos para alcança-lo. É um instrumento usado pelo sábio, mas não por ele sozinho. Quando conduzido por homens inferiores, geralmente o planejamento transforma-se em um ritual irrelevante que produz tranqüilidade a curto prazo mas nunca o futuro almejado". ACKOFF[2] A primeira parte do artigo apresenta o conceito de pequenas empresa em seus diversos critérios de classificação. A segunda parte relata o conceito do empreendedor. A terceira e última parte evidência alguns conceitos do que o planejamento do negócio pode fazer pela pequena empresa e para o empreendedor, bem como outros fatores que auxilia a pequena empresa a sobreviver em um mercado competitivo, aprendendo a respeito do seu ramo de atividade, sobre o controle do negócio e conseguir competitividade. 2. CONCEITO DE PEQUENA EMPRESA Como parte da comunidade empresarial, as pequenas empresas contribuem inquestionavelmente para o bem estar econômico da nação. Elas produzem uma parte substancial do total de bens e serviços. Assim sua contribuição econômica geral é similar àquelas das grandes empresas. "As pequenas empresas, entretanto, possuem algumas qualidades que as tornam mais do que versões em miniatura das grandes corporações. Elas oferecem contribuições excepcionais, na medida, em que fornecem novos empregos, introduzem inovações, estimulam a competição, auxiliam grandes empresas e produzem bens e serviços com eficiência". LONGENECKER[3] "No Brasil as micro e pequenas empresas respondem por mais de 43 % dos empregos. Somando as empresas médias ( menos de 100 empregados, nos setores de comércio e serviços, ou menos de 500, na indústria), a taxa sobe para quase 60% dos empregos formais, de acordo com os dados do IBGE de 1994". MALUCHE [4] Na Ref.[4]especifica-se que no Brasil, as micro e pequenas empresas brasileiras correspondem a 97,11% do total de estabelecimentos do país, e são responsáveis por 59,38% do total da mão de obra empregada na indústria, comércio e serviços. Embora as pequenas empresas sejam um alvo constante de estudos e pesquisas muitas pessoas acabam confundindo a real definição do que seja uma pequena empresa. "Especificar qualquer padrão de tamanho para definir pequenas empresas é algo necessariamente arbitrário porque as pessoas adotam padrões diferentes para propósitos diferentes. Os legisladores, por exemplo, podem incluir as pequenas empresas de certas regulamentações e especificar dez empregados como limite. Além disso, uma empresa pode ser descrita como "pequena" quando comparada com empresas maiores, mas "grande" quando comparadas com menores". Ref.[3] Contudo cabe verificar a legislação vigente de cada país, para poder entender, isto é, arbitrar qual o critério utilizado pelo mesmo para poder fazer a distinção entre a pequena e grande empresa. Porém, o melhor critério a ser utilizado depende do propósito do usuário da informação. A seguir apresentamse alguns critérios utilizados, pelos autores para definir pequenas empresas: número de empregados volume de vendas valor dos ativos EMP - 18

índices financeiros Segundo a Ref.[3], nos Estados Unidos a Small Business Administration (SBA) apresentou os seguintes padrões de tamanho para exigências de empréstimos SBA e licitações de contratos governamentais : Padrões de tamanho para as exigências SBA - 1984 Tipo de negócio Agência de propaganda Minas de cobre Agência de emprego Lojas de móveis Contratantes gerais - casas com única família Agentes de seguros, corretores e serviços Fabricação de latas de metal Revendedores de traillers Jornais e gráficas Avícolas Oficinas de conserto de rádio e televisor Emissora de rádio Fonte: LONGENECKER (1997.P.28) Vendas em dólares ou número de empregados 500 empregados $ 17,0 milhões 1.000 empregados $ 6,5 milhões 500 empregados 509 empregados Para fins fiscais, a Secretária da Receita Federal no Brasil define pequena empresa de acordo com a Lei 9.317/96 - art 9º do SIMPLES, alterada pela lei nº 9732 de 14/12/98, Lei nº 9.779 de 20/01/99, conforme segue: Critério de classificação para fins fiscais segundo Lei do SIMPLES Porte Receita bruta anual R$ Microempresa 120.000,00 Empresa de Pequeno Porte 1.200.000,00 Fonte: Secretaria da Receita Federal Para fins comerciais, a Secretária da Receita Federal define pequena empresa de acordo com a Lei 9841 de 05/10/99, do SIMPLES, conforme segue: Critério de classificação para fins comerciais segundo Lei SIMPLES Porte Receita bruta anual R$ Microempresa 240.000,00 Empresa de Pequeno Porte 1.200.000,00 Fonte: Secretaria da Receita Federal "O Banco do Brasil através de entrevista à gerência de uma de suas agências na região de Florianópolis comunicou que o banco caracteriza como micro empresa aquela que faturar anualmente até R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e pequena empresa a que faturar até R$ 800.000,00 ( oitocentos mil reais) por ano". Ref.[4] O Ministério do Trabalho através da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) apresenta o critério número de empregados para classificar pequena empresa, de acordo com a seguinte tabela: Critério número de empregados segundo Ministério do Trabalho Número de empregados Porte De 0 a 19 Microempresa De 20 a 100 Pequena empresa De 101 a 500 Média empresa Acima de 501 Grande empresa "O SEBRAE - Serviço de apoio as micro e pequenas empresas de Santa Catarina de acordo com entrevista ao balcão SEBRAE, além do critério da lei do Simples da Receita Federal, utiliza, também, o critério de classificação número de empregados conforme segue". Ref. [4] Critério número de empregados segundo SEBRAE Porte Indústria Comércio Prestação de Serviços Micro 01-19 01-09 01-09 Pequena 20-99 10-49 10-49 EMP - 19

Média 100-499 50-99 50-99 Grande Acima de 500 Acima de 100 Acima de 1000 No Brasil o seu universo empresarial é composto essencialmente por pequenas e médias empresas que são de relevante importância ao desenvolvimento do país. Em consulta ao site do SEBRAE, obteve-se a seguinte informação: em 1998, 467.128 (quatrocentos e sessenta e sete mil, cento e vinte cinco) pequenas empresas foram constituídas no Brasil. O Sudeste foi a região que registrou o maior número: um total de 212.456 (duzentos e doze mil, quatrocentos e cinqüenta e seis) empresas constituídas. O Ministério do Trabalho, de acordo com estatísticas elaboradas através da RAIS de 1997, ofereceu a seguinte informação quanto ao número de empresas existentes no Brasil e no estado de Santa Catarina: Número de empresas ativas no Brasil Micro Pequena Média Grande Total 1.820.604 117.651 25.254 4.767 1.968.276 Fonte: Ministério do Trabalho Os quadros acima e abaixo expostos demonstram que o maior número de empresas ativas no Brasil eram as micro e pequenas empresas. Número de empresas ativas em Santa Catarina Micro Pequena Média Grande Total 88.011 5.331 984 173 94.499 Fonte: Ministério do Trabalho Portanto pode-se notar que as pequenas empresas no Brasil e no estado de Santa Catarina garantem grande parte da força de trabalho, e geram riqueza ao país. Esse segmento empresarial apresenta grande crescimento e por sua vez a grande necessidade de orientação para seu desenvolvimento de sobrevivência. 3. CONCEITO DE EMPREENDEDOR "Nos estudos e pesquisas realizados sobre o fenômeno do empreendedorismo observa-se que não há consenso entre os estudiosos e pesquisadores a respeito da exata definição do conceito de empreendedor". Ref.[3] "Segundo este autor os empreendedores são vistos como pessoas energizadoras que assumem riscos necessários em uma economia, em crescimento, produtiva. A cada ano, milhares de indivíduos desse tipo, de adolescentes a cidadãos mais velhos, inauguram novos negócios por conta própria e assim fornecem a liderança dinâmica que leva progresso econômico". "Talvez ainda mais importante do que isso, o espirito empreendedor pode promover de forma democrática a mobilidade social: por ser centrado em oportunidades, o espirito empreendedor não da a mínima para religião, cor de pele, sexo, naturalidade ou outras diferenças, e permitem que as pessoas busquem e realizem seus sonhos".(exame, agosto,2000) [5] O empreendedor em sua eterna busca por satisfazer suas necessidades de realização pessoal, disponibilidade para assumir riscos moderados e sua autoconfiança, acaba sendo atraído pelas recompensas de lucro, independência e um estilo de vida prazeroso. "Embora as compensações do empreendimento sejam tentadoras, também há desvantagens e custo ao negócio. Começar a operar um negócio próprio exige, tipicamente, muito trabalho, longas horas e muita energia emocional. Muitos empreendedores dizem que suas carreiras são excitantes mas exigem muito deles".[3] Argüi o autor citado que "a possibilidade de fracasso dos negócios é uma ameaça constante aos empreendedores". Embora nos estudos e pesquisas relacionados com empreendedor haja muitas diferenças e disparidades a respeito das definições, pode-se perceber que há um consenso entre os estudiosos de que, o que distingue o empreendedor das outras pessoas é maneira como este percebe a mudança e lida com as oportunidades. 4. PLANEJAMENTO DO NEGÓCIO A maior parte das empresas não se encaixa na definição de espírito empreendedor de Schumpeter (In: ref. [1]). Segundo uma sondagem feita em 1997 nos balcões do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), 32% dos novos empresários decidiram abrir seu negócio porque estavam desempregados ou insatisfeitos no emprego - um motivo legítimo, mas insuficiente para denotar o espírito empreendedor. Outra forte razão para abrir uma empresa (também 32%) foi "ter tempo disponível". Identificar uma oportunidade, que é a condição primordial para iniciar qualquer negócio, foi uma razão indicada por apenas 57% dos empresários na sondagem (a questão admitia mais uma resposta).ref.[5] EMP - 20

Ainda segundo a reportagem não é à toa que os índices de falência de empresas são tão altos. No mundo inteiro, toma-se como base uma estimativa segundo a qual 80% das empresas fracassam em três anos de vida. A estimativa é certamente exagerada, mas não está muito longe da verdade. Uma pesquisa por amostragem feita em 1997 pelo SEBRAE em 12 Estados mostra que o índice de falências varia entre 47% e 73% em três anos. Em São Paulo o Estado brasileiro que abriga mais empresas, os resultados foram: 35% de falências em um prazo de um ano, 47% em dois anos e 56% em três anos. Esta recente publicação da revista exame, evidência claramente os nossos empreendedores, são pessoas que estão dispostas a se aventurar ao empreender um negócio. Apenas a título de citação enumeramos alguns dos problemas encontrados nas pequenas empresas: Inexperiência do ramo de atividade; Problemas referentes a escassez do capital de giro e financiamento; Excessiva centralização administrativa; Elevação acelerada dos encargos trabalhistas; Burocracia e complexidade de legislação fiscal; Falta da capacidade gerencial, na administração e organização dos vários setores de atividades. Como pode-se observar a ordem de problemas existentes dentro das pequenas empresas é quase que incomensurável, onde se poderia concluir o artigo apenas com a descrição de todos os problemas existentes. Desta forma o que se verifica é que ao empreender um negócio o pequeno empresário não desenvolve um planejamento para sua pequena empresa comprometendo suas metas de longo prazo. "O planejamento é um processo que envolve a tomada e avaliação de um conjunto de decisões interrelacionadas antes que a ação se faça, em um momento em que se acredita que uma futura situação desejável provavelmente não ocorrerá a menos que alguma coisa seja feita, e que, sendo tomada a providência apropriada, a probabilidade de um resultado favorável pode ser aumentada". Ref [2] Assim sendo, a empresa de pequeno ou grande porte, nova ou já estabelecida o desenvolvimento de um planejamento de negócio possibilita: Tomar as decisões cruciais para a empresa, que enfoquem suas atividades e maximizem recursos. Compreender os aspectos financeiros de sua empresa, inclusive fluxo de caixa e pontos de equilíbrio Coletar informações sobre o ramo e o marketing Prever e evitar obstáculos que sua empresa possa provavelmente encontrar Adotar metas específicas e medidas de avaliação do progresso ao longo do tempo Expandir-se em novas direções que proporcionem lucratividade crescente Tornar-se mais persuasivo com fontes de recursos "Quando se abre ou expande um negócio, há muito mais do que tempo e dinheiro em jogo; você também está arriscando seus sonhos. Um planejamento do negócio ajuda você a realiza-los".(abrams, 1994)[6] Ainda segundo este autor um planejamento do negócio trata-se basicamente de um mapa para se atingir o destino desejado. Idealmente, ele o conduz do ponto de partida à meta final : do seu conceito básico de negócio a uma empresa saudável e bem sucedida. E da a você uma noção clara dos obstáculos à frente, indicando caminhos alternativos. O processo de planejamento empresarial é visto como uma desagradável rotina; mas, na realidade, ele se trata de uma oportunidade. Durante a criação do planejamento de negócio você tem a possibilidade de: 1) Aprender a respeito do seu ramo de atividade e do mercado; Através do planejamento a empresa passa a conhecer os seus pontos fortes, como uma vantagem de diferenciação proporcionando uma vantagem operacional no ambiente empresarial. Passa a conhecer seus pontos fracos, visualizando as desvantagens existentes no mercado empresarial. As oportunidades, favorecendo as suas ações de estratégicas de mercado sendo aproveitada enquanto perdurarem, bem como as ameaças de mercado, que cria obstáculos para sua ação estratégica, sendo possível ser evitada desde que conhecida em tempo hábil. 2) Ter controle sobre sua empresa; Conhecendo os seus pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças a empresa passa a obter um controle maior sobre si mesma, podendo atuar com uma margem de segurança maior para atingir suas metas finais 3) Conseguir competitividade. Conhecendo os seus pontos fortes e fracos e com metas e objetivos delimitados a empresa a trabalhar no mercado competitivo com mais segurança, podendo oferecer um produto com um maior qualidade a um preço menor. EMP - 21

Portanto um bom planejamento do negócio faz com que as metas requeridas possam ser atingidas, economizando tempo e dinheiro, delimitando o campo de atividades da empresa, possibilitando um maior controle das finança, do marketing, das operações diárias, e ajudando a empresa levantar o capital necessário, para poder empreender uma pequena empresa. 5. CONCLUSÃO Este artigo procurou mostrar que o maior equívoco do pequeno empresário reside no fato de que, ao empreender uma pequena empresa, não se efetua um planejamento do negócio. Na maioria das vezes, o que se vê são indivíduos arriscando suas expectativas e necessidades, à frente da necessidade primordial que deve conduzir um novo empreendimento, que é a de planejar. Como conseqüência, acaba perdendo o foco de seu empreendimento, seu dinheiro e diminuindo o próprio tempo de vida da empresa. Na tentativa de se recuperar o ciclo de vida de sua empresa, o que se vê são empreendedores servindo a seus empreendimentos e não empreendimentos servindo a empreendedores. Portanto ao iniciar um novo empreendimento, seja este uma grande ou pequena empresa, nova ou já estabelecida, o desenvolvimento de um planejamento é vital para que se possa tomar medidas antecipadas, compreender aspectos financeiros, adotar metas específicas bem como visualizar o mercado em que se pretende empreender. REFERÊNCIAS [1]DEGEN, Ronald Jean;O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial.ronaldjean Degen, com a colaboração de Alváro Augusto Araújo Mello. - São Paulo: McGraw-Hill. 1989. [2]ACKOFF, Russel L. Planejamento empresarial; tradução de José Maria Noronha. Rio de Janeiro, Livros técnicos e científicos, 1974. [3] LONGENECKER, Justin G. ; MOORE, Carlos W. PETTY, J. William. Administração de pequenas empresas: ênfase na gerência empresarial. São Paulo: Makron Books, 1997. [4] MALUCHE,Maria Aparecida.Modelo de controle de gestão para a pequena empresa como garantia da qualidade. Florianópolis, 2000. Dissertação (Mestrado Engenharia de Produção) - EPS, Universidade Federal de Santa Catarina. [5] Revista Exame. Como se faz gente que faz? São Paulo, nº17, agosto 2000, ed. 721. Ano 34. [6]ABRAMS, Rhonda M. Business plan : segredos e estratégias para o sucesso./ Tradução Andréa Dell Amore Santos, Kçauss Brandini Gerhardt. São Paulo : Érica, 1994. ANSOFF, H. Igor. Administração estratégica. Tradução de Márcio Ribeiro da Cruz; Revisão Técnica de Luis Gaj. São Paulo - Atlas, 1983 CHÉR, Rogério. A gerência das pequenas e médias empresas: o que saber para administrá-las / 2º ed. Ver. e ampl. - São Paulo: Maltese, 1991. CANCELLIER, E. L. P. L. Formulação de estratégias em pequenas empresas: um estudo de Em pequenas empresas industriais da grande Florianópolis. Florianópolis, 1998. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) EPS, Universidade Federal de Santa Catarina. CAVALCANTI, Marly; MELLO, A.A.A. Diagnóstico organizacional : uma metodologia para pequenas e médias empresas. São Paulo: Makron Books, 1993. DRUCKER, Peter Ferdinand. Inovação e espírito empreendedor (entrepreneurship) : prática e Princípios; tradução Carlos Malferrari. 2 ed. - São Paulo. Pioneira, 1987. GOLDE A. Roger. Planejamento prático para pequenas empresas. São Paulo: Nova Cultural 1986. TAVARES, Mauro Calixta. Gestão estratégica; São Paulo : Atlas, 2000 EMP - 22