APELAÇÃO DESPROVIDA. A C Ó R D Ã O

Documentos relacionados
Nº COMARCA DE FELIZ A C Ó R D Ã O

2. Caso em que a família aduz não reunir condições para controlar, tratar ou submeter o filho a tratamento voluntário (fl. 2, verso).

NEGARAM PROVIMENTO. Nº COMARCA DE URUGUAIANA A C Ó R D Ã O

COMARCA DE PORTO ALEGRE Nº (Nº CNJ: ) P.R.M... S.G.F... APELANTE APELADO

APELAÇÃO PROVIDA. Nº COMARCA DE SÃO LEOPOLDO A C Ó R D Ã O

NEGARAM PROVIMENTO. A C Ó R D Ã O

A C Ó R D Ã O COMARCA DE CANOAS Nº (N CNJ: ) S.R... E.D.S... AGRAVANTE AGRAVADO

Nº COMARCA DE ERECHIM A C Ó R D Ã O

A C Ó R D Ã O Nº XXXXXXXXX (N CNJ: XXXXXXXXXXXX) COMARCA DE VIAMÃO T.T.T.T... K.K.K... AGRAVANTE AGRAVADO

APELAÇÃO DESPROVIDA. A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos os autos.

APELAÇÃO PROVIDA. A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos os autos.

RMLP Nº (Nº CNJ: ) 2017/CÍVEL

LFBS Nº (Nº CNJ: ) 2016/CÍVEL

QUINTA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Sétima Câmara Cível

APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL - SERVIÇO DE APOIO À JURISDIÇÃO AMAURI DE OLIVEIRA SALES A C Ó R D Ã O

APELAÇÃO PROVIDA. Nº COMARCA DE PASSO FUNDO A C Ó R D Ã O

APELO DESPROVIDO. Nº COMARCA DE CACHOEIRA DO SUL ANTONIO PEIXOTO DA CRUZ BARCHET E CIA LTDA ACÓRDÃO

RECURSO IMPROVIDO. Nº COMARCA DE PELOTAS A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos os autos.

Nº COMARCA DE SÃO GABRIEL A C Ó R D Ã O

MUNICIPIO DE OSORIO A C Ó R D Ã O

Nº (Nº CNJ: ) COMARCA DE PORTO ALEGRE APELANTE/APELADO APELANTE/APELADO APELADO

PODER JUDICIÁRIO RS

CCM Nº (Nº CNJ: ) 2017/CÍVEL

Nº (N CNJ: COMARCA DE PELOTAS

Nº COMARCA DE CAMAQUÃ MUNICIPIO DE ARAMBARE GREMIO ESPORTIVO NAVEGANTES

LFBS Nº (Nº CNJ: ) 2016/CÍVEL

ACÓRDÃO Nº COMARCA DE CAMPINA DAS MISSÕES E.J.K. APELANTE.. H.S.K. APELANTE.. A.J. APELADO.. LFBS Nº /CÍVEL

Dados Básicos. Ementa. Íntegra

ENIO PROTASIO MEINHART ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Nº COMARCA DE SANTA VITÓRIA DO PALMAR A.P.R.C. APELANTE.. A.P.A. APELADO.. A C Ó R D Ã O

ACÓRDÃO Nº COMARCA DE ALVORADA CALECA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO E AGROPECUÁRIA LTDA APELANTE LIFE INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA

A C Ó R D Ã O Nº COMARCA DE SÃO GABRIEL J.S.L... L.R.V... APELANTE APELADO. Vistos, relatados e discutidos os autos.

AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos os autos.

MUNICIPIO DE PORTO ALEGRE

COMARCA DE PORTO ALEGRE Nº (Nº CNJ: ) L.H.P.A... M.G... APELANTE APELADO

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE A C Ó R D Ã O

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), RÔMOLO RUSSO E LUIZ ANTONIO COSTA.

Poder Judiciário da União TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. 2ª Turma Cível. Órgão

I EXPOSIÇÃO DOS FATOS

A C Ó R D Ã O Nº XXXXXXXX (N CNJ: XXXXXXXXXXXX) COMARCA DE XXXXXXXXXXX R.G.M... A.M... G.R... C.P... APELANTE APELADO APELADO APELADO

A C Ó R D Ã O Nº XXXXXXXXX (N XXXXXXXXXXXXXXXXXXX) COMARCA DE XXXXXXXXXX VVVVVVV.. YYYYYYY.. AGRAVANTE AGRAVADO

CLEVERSON AUGUSTO FLORES BRUM. Vistos, relatados e discutidos os autos.

RIO GRANDE ENERGIA S A

Apelo desprovido. APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL - REGIME DE EXCEÇÃO Nº (N CNJ: COMARCA DE SÃO GABRIEL

A C Ó R D Ã O Nº (N CNJ: ) COMARCA DE SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA

A C Ó R D Ã O Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE MARIOM DE MATTOS VEIGA BANCO IBI S A - BANCO MULTIPLO ASSOCIACAO COMERCIAL DE SAO PAULO APELADO

Nº COMARCA DE GUAÍBA A C Ó R D Ã O

SEGUNDA CÂMARA CÍVEL RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL Nº 8785/2004 CLASSE II COMARCA DE SINOP APELANTE: BRASIL TELECOM S. A.

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE POLICARPO MENDES DE OLIVEIRA A C Ó R D Ã O

BANCO BRADESCARD S A EDSON CARDOSO DO CARMO A C Ó R D Ã O

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 4ª CÂMARA CÍVEL Relator: Desembargador SIDNEY HARTUNG

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

ACÓRDÃO PODER JUDICIÁRIO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores RICARDO FEITOSA (Presidente) e FERREIRA RODRIGUES.

AGRAVO EM EXECUÇÃO SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL - REGIME DE EXCEÇÃO COMARCA DE JAGUARÃO

Apelação Cível n , da Capital Relator: Des. Henry Petry Junior

SEGUNDA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

CHOCOLATE DO PARKE LTDA ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos os autos.

DLDT Nº (N CNJ: ) 2014/CRIME AGRAVO EM EXECUÇÃO. VISITA POR

Nº (Nº CNJ: ) COMARCA DE PORTO ALEGRE L.D... S.M.D... P.J.S.D... APELANTE APELANTE APELADO

A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos os autos.

A C Ó R D Ã O Nº (Nº CNJ: ) COMARCA DE PASSO FUNDO

OITAVA CÂMARA CÍVEL Nº XXXXXXXX COMARCA DE XXXXXXXXXXXXXX A C Ó R D Ã O

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

@ (PROCESSO ELETRÔNICO) ALCPV Nº (Nº CNJ: ) 2017/CÍVEL

ESPOLIO DE INGEBORG SCHOTT

MARCELO DE SOUZA INCHAUSPE A C Ó R D Ã O

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE A C Ó R D Ã O

Nº COMARCA DE FELIZ DBM FACTORING LTDA ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADO DO PARANÁ

APELAÇÃO PROVIDA. Nº COMARCA DE PELOTAS A C Ó R D Ã O

SEXTA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº BENEDICTO ABICAIR APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA.

APELAÇÃO CÍVEL Nº SOROCABA. APELANTES e reciprocamente APELADOS:

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Nº COMARCA DE SÃO LEOPOLDO VALMIR ORTÁCIO PEREIRA, ACÓRDÃO


APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE PATERNIDADE SOCIOAFETIVA COM

APELAÇÃO CÍVEL APELO PROVIDO. Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE SUSICLER DO VAL MOURA A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação n , da Comarca de Jundiaí, em que é apelante GABRIEL SILVA RODRIGUES sendo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

A Ré, às fls. 70/78, argui preliminar de nulidade por julgamento extra petita e, no mérito, insurge se em relação a declaração de sucessão e quanto a

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

RECURSO DESPROVIDO. A C Ó R D Ã O

Nº COMARCA DE LAJEADO CREDFACTOR FOMENTO COMERCIAL LTDA.

Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

APELAÇÃO PROVIDA. Nº COMARCA DE ALVORADA L. G. L. APELANTE R. C. C. L. APELADO R. W. C. L. APELADO A C Ó R D Ã O

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ANDERSON BAGE FONTOURA A C Ó R D Ã O

RMLP Nº (Nº CNJ: ) 2017/CÍVEL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Nº COMARCA DE BENTO GONÇALVES A C Ó R D Ã O

CENTAURO VIDA E PREVIDENCIA S/A VILMAR JOSE ALVES DA SILVA A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos os autos.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Tupã, em que é apelante ELÍDIA RODRIGUES

Transcrição:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE REGISTRO CIVIL DE NASCIMENTO. VÍCIO DE CONSENTIMENTO. COMPROVAÇÃO. RECONVENÇÃO. ALIMENTOS. IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. 1) No caso, provado que o reconhecimento da paternidade não foi livre e consciente, por haver incorrido em erro o autor, não comporta reparos a sentença que acolheu o pleito anulatório. 2) Por conseguinte, mantém-se a improcedência do pedido reconvencional de fixação de pensão alimentícia. APELAÇÃO DESPROVIDA. APELAÇÃO CÍVEL Nº XXXXXXXXXXX (N CNJ: XXXXXXXXXXXXX) V.V.V... CC.M.M... OITAVA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE XXX XXXXXXXXX APELANTE APELADO A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao apelo, nos termos dos votos a seguir transcritos. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. RUI PORTANOVA (PRESIDENTE E REVISOR) E DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS. Porto Alegre, 12 de dezembro de 2013. DES. RICARDO MOREIRA LINS PASTL,

Relator. R E L A T Ó R I O DES. RICARDO MOREIRA LINS PASTL (RELATOR) Trata-se de recurso de apelação interposto por VVV, representado pela genitora, contra sentença que julgou procedente o pedido formulado na ação negatória de paternidade proposta por CCMM, para declarar que o apelante não é filho do apelado, julgando improcedente o pedido de alimentos formulado na reconvenção. Refere que o apelado o registrou de forma voluntária e sem qualquer ameaça ou coação. Afirma que, embora não exista vínculo socioafetivo, sabe que o recorrido é seu pai, reconhecendo-o nas fotografias. Sustenta que o arrependimento do autor não pode prevalecer. Alega que faz jus ao benefício da gratuidade judiciária, pedido que menciona não ter sido apreciado no 1 Grau. Colacionando precedentes, requer o provimento do recurso, a fim de que seja julgado improcedente o pedido formulado na ação e procedente o da reconvenção (fls. 90/96). Apresentadas as contrarrazões (fls. 99/103), os autos foram remetidos a esta Corte, opinando a Procuradoria de Justiça pelo desprovimento do reclamo (fls. 105/106). Registro que foi observado o disposto nos artigos 549, 551 e 552, do Código de Processo Civil, tendo em vista a adoção do sistema informatizado. É o relatório.

V O T O S DES. RICARDO MOREIRA LINS PASTL (RELATOR) Eminentes colegas, conheço da apelação, que é própria e tempestiva (interposta no último dia do prazo legal). Concedo o benefício da gratuidade de justiça, ainda não apreciado na origem, tendo em vista a declaração de fl.16. Como relatado, sustenta o apelante que o autor o registrou como filho, de forma livre e consciente, não podendo ser admitido o arrependimento agora externado. Pede a manutenção do vínculo, bem como a fixação de alimentos, tal como postulado na reconvenção (1 salário mínimo). Todavia, após examinar detidamente os autos, constato que razão não lhe assiste, porquanto há prova do erro substancial em que incorreu o autor quando do reconhecimento da paternidade. Cumpre rememorar que, na petição inicial, relatou o autor que manteve relacionamento amoroso com a genitora do recorrente por período de 6 meses e, ao nascer VVV, prontamente o registrou como filho, acreditando ser o pai do menino, surgindo, posteriormente, dúvidas quanto ao vínculo biológico pelo fato de, após o término da relação, a mãe não mais permitir contato com o infante, nem mesmo por telefone. Em sede de contestação, a representante e genitora do menino, que hoje conta 7 anos de idade (fl. 7), reforçou que o autor é o pai do menor e que o exame de DNA é a forma mais exata de provar o vínculo entre as pessoas e este interesse é especialmente da própria criança, na busca pela verdade biológica, pois seu bem estar passa pela segurança jurídica já que seu pai alega dúvida quanto à paternidade e a confirmação desta se dará após a realização do referido exame, momento em que não restará mais dúvidas ao requerente em relação a paternidade de VVV (grifei, fl. 13).

Efetuado o exame de DNA, a paternidade biológica, contrariando a tese da genitora do menino, foi afastada (fls. 58/60). No estudo social realizado com a genitora e com VVV, na entrevista, ZZZZ contou que conheceu CCMM em junho de 2005 e com ele teria mantido relacionamento, sem no entanto conviverem sob o mesmo teto, acrescentando que em uma das crises teriam se separado por algum tempo, afirmando ter mantido com outra pessoa um único encontro íntimo, sendo agora sabedora de que este muito provavelmente seria o pai biológico de seu filho VVV, ao contrário do que sempre acreditou de que este seria fruto do relacionamento que manteve com o requerente (fl. 78, verso). Adiante, consta que a genitora segue descrevendo tal situação, dizendo visivelmente emocionada estar sentindo alívio, com resultado do exame de DNA, pela necessidade que teria ao longo do tempo sentido de que fosse definitivamente esclarecida a questão da paternidade biológica do filho, uma vez que via a criança crescer sem que tal questão estivesse completamente resolvida, afirmando que procurara o ex-namorado o qual acredita ser o pai biológico, no intuito de conversar sobre o assunto (fl. 79). Desses esclarecimentos reveladores extraio que a própria genitora acreditava que o menino era efetivamente filho biológico de CCMM e, até a sentença, nem por um momento foi ventilado nos autos que o autor registrou o infante eventualmente sabendo que não era o genitor. Esta não é a tese de ZZZ. É ZZZ mesma quem afirma ter dito a CCMMG que ele era o pai biológico do garoto, pois acreditava nisso, como reconheceu expressamente em suas manifestações. Em outras palavras, a própria mãe reconheceu que o demandante, convicto de que era o pai biológico, tanto quanto ela, registrou a criança. Contudo, como visto, o vínculo biológico não se confirmou na perícia genética, causando surpresa para a própria mãe.

Assim, patente o defeito no consentimento do autor no momento do registro, já que acreditou equivocadamente ser o genitor de VVV, tal como confirmado por ZZZ. Na linha do que aqui está sendo preconizado, vale citar: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE RECONHECIMENTO, INCORRETAMENTE DENOMINADA "NEGATÓRIA DE PATERNIDADE". CERCEAMENTO DE DEFESA QUE, EMBORA OCORRENTE, NÃO SE DECLARA, POR FORÇA DO ART. 249, 2º, DO CPC. VÍCIO DE VONTADE (ERRO) QUE CONTAMINA O RECONHECIMENTO EFETUADO, QUE, POR ISSO, NÃO PODE SUBSISTIR. 1. Há, em tese, nulidade processual, decorrente do cerceamento de defesa. No entanto, dado o encaminhamento que, no mérito, se dá ao recurso, incide a regra instrumental do 2º do art. 249 do CPC, para que não seja declarada. 2. É certo que o reconhecimento voluntário da paternidade é irrevogável (art. 1.609 do CC). No entanto, no caso, ao efetuar o reconhecimento do réu como seu filho, o autor agiu na crença de que isso correspondia à verdade biológica, e não com a vontade livre e consciente de assumir uma paternidade que sabia não estar calcada nessa realidade. Agiu, portanto, com vício de vontade (erro) e essa circunstância contamina o vínculo gerado, que não pode subsistir tendo por base uma mentira. DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70041327818, Oitava Câmara Cível, TJRS, Relator Luiz Felipe Brasil Santos, 30/06/2011) Por oportuno, consigno que é pouco relevante que o pai registral tenha assumido a posição jurídica de pai do menino, agindo como tal, já que, ante a prova de existência de consentimento viciado, não se pode sustentar perpetuamente uma relação que se afirmou de forma defeituosa. Ao cabo, a manifestação da genitora perante a Assistência Social espelha o sentimento de alívio que lhe acometeu com o desvendamento da verdade sobre a filiação, e, certamente, isso fará com que ela busque regularizar a paternidade de seu filho, que, como é consabido, tem o direito personalíssimo de saber a sua origem ancestral. Assim, diante da incidência em erro, configurada a hipótese delineada no art. 1.604 do CCB, revela-se irretocável a sentença.

ANTE O EXPOSTO, voto pelo desprovimento do apelo. DES. RUI PORTANOVA (PRESIDENTE E REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a). DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS - De acordo com o(a) Relator(a). DES. RUI PORTANOVA - Presidente - Apelação Cível nº XXXXXXX, Comarca de XXX XXXXXXX: "NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: