Taxas e Índices. Ana Maria Lima de Farias Dirce Uesu Pesco

Documentos relacionados
Taxas e Índices. Ana Maria Lima de Farias Dirce Uesu Pesco

Taxas e Índices. Ana Maria Lima de Farias Dirce Uesu Pesco

(ir para o fim da apostila-anexa)

PRÓ-TRANSPORTE - MOBILIDADE URBANA - PAC COPA CT /10

Curso técnico Integrado de Administração

EVOLUÇÃO SALARIAL. Categoria: Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo. Material de suporte para categorias em data-base.

EVOLUÇÃO SALARIAL. Categoria: Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo INPC-IBGE. junho de 2014

EVOLUÇÃO SALARIAL. Categoria: Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo. Material de suporte para categorias em data-base.

EVOLUÇÃO SALARIAL. Categoria: Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo. Material de Suporte para Categorias em Data-Base INPC-IBGE

EVOLUÇÃO SALARIAL. Categoria: Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo INPC-IBGE. abril de 2013

EVOLUÇÃO SALARIAL. Categoria: Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo INPC-IBGE. junho de 2013

EVOLUÇÃO SALARIAL. Categoria: Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo INPC-IBGE. dezembro de 2014

EVOLUÇÃO SALARIAL. Categoria: Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo INPC-IBGE. dezembro de 2012

EVOLUÇÃO SALARIAL. Categoria: Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo. Material de suporte para categorias em data-base.

EVOLUÇÃO SALARIAL. Categoria: Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo. Material de suporte para categorias em data-base.

1 Conceito. 2 Aplicações. 3 Construção de números índices. 4 Índice de preços ao consumidor. 5 Deflacionamento de valores.

INSTRUMENTOS ANALÍTICOS: INFLAÇÃO E NÚMEROS ÍNDICE Parte 2

Valores de ATR e Preço da Tonelada de Cana-de-açúcar - Consecana do Estado de São Paulo

DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DE APOSENTADORIA - FORMAÇÃO DE CAPITAL E ESGOTAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES

PRÓ-TRANSPORTE - MOBILIDADE URBANA - PAC COPA CT /10

INSTRUMENTOS ANALÍTICOS: INFLAÇÃO E NÚMEROS ÍNDICE

INADIMPLÊNCIA BELO HORIZONTE. Periodicidade: OUTUBRO/2018

Monitor da Taxa Básica de Juro e dos Juros Pagos pelo Setor Público

BOLETIM DE DIVULGAÇÃO MENSAL

INADIMPLÊNCIA BELO HORIZONTE. Dezembro 2018

INADIMPLÊNCIA BELO HORIZONTE. Periodicidade: JANEIRO/2019

BOLETIM DE DIVULGAÇÃO MENSAL

BOLETIM DE DIVULGAÇÃO MENSAL

Coordenação Geral Kennya Beatriz Siqueira Alziro Vasconcelos Carneiro

EVOLUÇÃO SALARIAL. Categoria: Sindipetro RJ. Petroleiros do Rio de Janeiro. Deflatores: IPCA-IBGE INPC-IBGE. julho de 2012

SONDAGEM INDUSTRIAL. Demanda fraca volta a preocupar empresário

CNC - Divisão Econômica Rio de janeiro

Coordenação geral Kennya Beatriz Siqueira Alziro Vasconcelos Carneiro

Divulgação dos Resultados 4T08 e ano de Março de 2009

SEQUÊNCIAS E PROGRESSÕES. Iva Emanuelly Rafael Carvalho

SONDAGEM INDUSTRIAL. Evolução da produção nos meses de janeiro ( ) Índice de difusão (0 a 100 pontos)* 48,6 47,4

DELEGACIA REGIONAL TRIBUTÁRIA DE

SONDAGEM INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

Queda no salário médio de admissão do brasileiro já é maior de que na crise de 2009

BOLETIM DE DIVULGAÇÃO MENSAL

Série 108 Relatório de Acompanhamento do CRI 31-jan-15

DICAS PARA CÁLCULOS MAIS RÁPIDOS ARTIGO 04

Unidade 2 - Matrizes. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa. 9 de agosto de 2013

Resultados de julho 2017

MEDIDAS DE DISPERSÃO

FEA RP USP. Matemática Financeira e Inflação

EMPREGO DE ATIVIDADES DE TURISMO DO ESTADO DO CEARÁ (CE) - MAIO Elaboração: Francisco Estevam Martins de Oliveira, Estatístico

Resultados de março 2016

(versão preliminar) exceto possivelmente para x = a. Dizemos que o limite de f(x) quando x tende para x = a é um numero L, e escrevemos

22 de maio de

TABELA PRÁTICA PARA CÁLCULO DOS JUROS DE MORA ICMS ANEXA AO COMUNICADO DA-46/12

EMPREGO E SALÁRIO DE SERVIÇOS DE MACEIÓ (AL) - AGOSTO

Pesquisa Mensal de Comércio - PMC

Prof. Dr. Lucas Santana da Cunha de abril de 2018 Londrina

GDOC INTERESSADO CPF/CNPJ PLACA

CAPÍTULO 4 - OPERADORES E EXPRESSÕES

Material exclusivo para o livro ESTATÍSTICA (São Paulo, Pleiade, 2008). Proibida a reprodução, sob pena da lei.

EMPREGO E SALÁRIO DE SERVIÇOS DE SALVADOR (BA) - AGOSTO

Resultados de maio 2017

Resultados de setembro

Cenários Econômicos que Pautam as Decisões de Investimento Individuais Victoria Coates Werneck 12 de setembro de 2018

CNC - Divisão Econômica Rio de janeiro

ÍNDICES DE PREÇOS DO SETOR DE SERVIÇOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA (CE) - SETEMBRO

UNIÃO GERAL DE TRABALHADORES

BOLETIM DO ÍNDICE DE CUSTO DA CESTA BÁSICA DE ALIMENTOS ICCB. ICCB UNISANTOS: Índice do Custo da Cesta Básica de Alimentos

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 3º trimestre de 2013

Portal da OBMEP. Material Teórico - Módulo Progressões Geométricas. Primeiro Ano

Resultados de abril 2017

EVOLUÇÃO SALARIAL. Categoria: Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo. Material de suporte para categorias em data-base INPC-IBGE

Resultados de outubro

Material Teórico - Inequações Produto e Quociente de Primeiro Grau. Inequações Quociente. Primeiro Ano do Ensino Médio

taxa Indicadores IBGE Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Fevereiro de 2016 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE

FUNPRESP-JUD. Treinamento. Benefício Especial. Migração. Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Judiciário

FUNPRESP-JUD. Treinamento de 22/2/2018. Benefício Especial. Migração

Resultados de outubro

Coordenação geral Kennya Beatriz Siqueira Alziro Vasconcelos Carneiro

2ª AVALIAÇÃO TRADICIONAL/2017 3ª SÉRIE / PRÉ-VESTIBULAR MATEMÁTICA RESOLUÇÃO

Índice de Preços Turístico

DATA DIA DIAS DO FRAÇÃO DATA DATA HORA DA INÍCIO DO ANO JULIANA SIDERAL T.U. SEMANA DO ANO TRÓPICO

Coordenação Geral Equipe Técnica ano 1 Nº9 30/setembro/2011 COMO CITAR:

CNC - Divisão Econômica Rio de janeiro

IAPC VALE DO PARANHANA

EVOLUÇÃO SALARIAL (Não considerando a incorporação da Gratificação Nova Escola como reajuste)

SONDAGEM INDUSTRIAL. Recuperação da atividade. Utilização da capacidade instalada efetiva em relação ao usual Índice de difusão (0 a 100 pontos)*

PANORAMA ATUAL DA ECONOMIA GOIANA

Junho/2015. Apresentação ECO034 - Macro

Chamaremos AC de vetor soma (um Vetor resultante) dos vetores AB e BC. Essa soma não é uma soma algébrica comum.

SONDAGEM INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 2º trimestre de 2013

Exemplo e Exercícios. Exemplo

SONDAGEM INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

Cálculo II (Primitivas e Integral)

DESEMPENHO da ECONOMIA de CAXIAS DO SUL

UNIÃO GERAL DE TRABALHADORES

Dados Estatísticos Portabilidades. Setembro/2013

Gestão Financeira. Conceitos Gerais Juros Simples Regimes de Capitalização. Matemática Financeira Prof. Fabio Lima - fabionl.wordpress.

Março/2012. NEPOM Núcleo de Estudos de Política Monetária do IBMEC/MG

Transcrição:

Taxas e Índices Ana Maria Lima de Farias Dirce Uesu Pesco Introdução Nesse texto apresentaremos conceitos básicos sobre índices e taxas. Embora existam aplicações em diversos contextos, nessas notas utilizaremos exemplos relacionados a índices econômicos, tendo em vista o estudo de juros simples e compostos. Sendo assim, analisaremos variações de grandezas ao longo do tempo. Sejam e 2 as quantidades de determinado bem consumidas em dois instantes de tempo. Analogamente, sejam P e P 2 os preços unitários e V e V 2 os valores totais gastos com esse bem nos mesmos instantes de tempo. As letras P, e V serão usadas como subscritos para indicar a qual das três grandezas estamos nos referindo. Base de comparação Índices e taxas envolvem comparações de grandezas. Assim, é fundamental que se defina a base de comparação. Por exemplo, na comparação do Produto Interno Bruto de diversos países, se tomarmos os Estados Unidos como base de comparação, o índice do Brasil certamente será menor que ; isso não ocorrerá se a base de comparação for o Uruguai, por exemplo. Nessas notas nossa base de comparação será o instante de tempo t =. Variação absoluta Define-se a variação absoluta como a diferença entre os valores das grandezas. VA = Como a base está definida no período, tiramos de a quantidade, para ver o quanto sobra. Exemplo: Consideremos o consumo (em kg) de arroz de duas famílias em dois instantes de tempo, conforme resumido na tabela seguinte:

Família Silva = Pereira 2 2 = A variação absoluta é a mesma para as duas famílias. Mas podemos ver que essa variação de kg tem importância diferente para as duas famílias. Como medir isso? Variação relativa Uma forma de quantificar essa diferença é vendo o quanto a variação absoluta representa no valor da grandeza no período base. Define-se, então, a variação relativa como VR, = É usual indicar os períodos sendo comparados, bem como o tipo de índice que se está calculando. Assim, no subscrito aparecem os períodos base () e de análise () e no sobrescrito indica-se com o fato de estarmos calculando índices de quantidade. A variação relativa é também chamada taxa de variação e é usual apresentá-la em forma percentual: VR, A variação relativa para a família Silva é VR Silva, = =, = = % e para a família Pereira é VR Pereira, 5 = =,5 = = 5% 2 Família VA =, VR, =

Silva =, = % Pereira 2 2 =,5 = 5% Índice de variação Note que a variação relativa pode ser escrita como VR, = = A razão é outra medida de variação relativa, chamada índice de variação:, = O índice nos diz quantas vezes é maior ou menor do que. Para a família Silva temos um índice de, e para a família Pereira, o índice é,5. Família 2 VA =, VR, =, = Silva =, = %, Pereira 2 2 =,5 = 5%,5 Índice versus taxa Das definições acima, tem-se a seguinte relação: VR = O índice de variação é sempre não negativo; valores menores que indicam um decréscimo, enquanto valores maiores que indicam acréscimo. O índice será igual a quando não houver variação entre as grandezas. Para essas três situações, a taxa será negativa, positiva ou nula, respectivamente. Uma característica fundamental de índices e taxas é que eles são medidas adimensionais, ou seja, eles não dependem da unidade de medida dos dados originais.

Alguns resultados sobre índices de preço, quantidade e valor Da mesma forma que definimos índices e taxas de variação de quantidade, podemos definir índices e taxas de preços e valores. Se P denota o preço unitário de certo item, então o valor gasto com esse item é dado por V = P Continuando com nosso exemplo, considere as seguintes informações sobre o preço do arroz pago pelas duas famílias. Família P (R$/kg) V (R$) P (R$/kg) V (R$) Silva 2,85 28,5 2,8 3,8 Pereira 3,2 3,2 2 3,35 6,7 Para a família Silva temos:, P, = =, 2,8 = =,9824564 2,85 V, 3,8 = =,8775 28,5 Para a família Pereira temos:, 2 = = 2, P, 3,35 = =,46875 3,2 V, 6,7 = = 2,9375 3,2 Note que,9824564, =,8775 e 2,46875 = 2,9375. Decomposição das causas Note o seguinte:

V P P = = = = V P P V P,,, Da mesma forma que o valor é dado pelo produto do preço e da quantidade, o índice de valor é o produto dos índices de preço e de quantidade. Índices em cadeia Considere a seguinte sequência de índices em cadeia: A multiplicação desses índices resulta em 2 n ; ; ; n 2 n = n n Suponhamos que, para a família Silva, tenhamos Fazendo,2 2 = =,5 =,,5 =,2765 2 resulta que o aumento da quantidade entre os meses 2 e foi de 27,65%. Esse resultado nos permite, por exemplo, calcular a inflação acumulada em determinado período a partir dos índices mensais. Esses e outros resultados são importantes no estudo da teoria de números índices, mas com esses conceitos iniciais você poderá desenvolver a atividade e ganhar experiência básica no tratamento das medidas de variação entre grandezas.

Taxa média Vimos acima que a multiplicação dos índices em cadeia resulta no índice de variação entre o último e o primeiro períodos. Na expressão 2 n há n termos. Considere a raiz de ordem n desse produto: n IM 2 = n n n Essa raiz é um índice. Note que, multiplicando n vezes esse índice, obtemos novamente n, ou seja, obtemos o mesmo índice de variação global, só que a partir de índices parciais constantes. Esse é o índice médio, a partir do qual se gera a taxa média. Assim, o índice médio é dado pela média geométrica dos índices parciais. Exemplo Considere as seguintes taxas de variação mensal relativas à quantidade de leite consumida pela família Silva: Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Taxa mensal (%) 5, 4,8 6,3 7,2 5,9 6,5 Cada uma dessas taxas representa a variação relativa ao mês anterior. Por exemplo, em março, a família consumiu uma quantidade 6,3% maior que a quantidade consumida em ereiro. Para que possamos fazer comparações, é preciso que os índices estejam na mesma base de comparação. Analisando os dados acima em termos de índice, temos os seguintes valores: jan mar mai jun =,5 =,48 =,63 =,72 =,59 =,65 dez jan mar ma Encadeando esses índices obtemos todos os índices com base em dezembro:

jan mar mai jun =,5 jan = = =,5,48 dez dez jan jan = mar = mar =,5,48,63 dez dez jan jan = = mar =,5,48,63,72 dez dez jan mai jan = mai = mar mai =,5,48,63,72,59 dez dez jan mai jun jan = = mar mai jun =,5,48,63,72,59,65 dez dez jan mar mai Agora, veja o resultado da divisão de dois desses índices, por exemplo: dez = = dez Assim, a divisão de dois desses índices nos dá o índice de variação entre os meses em questão. Se queremos saber qual foi a variação no segundo trimestre, basta dividir jun por. mar Bibliografia Farias, A. M. L.; Laurencel, L. C. Números Índices. Apostila. Departamento de Estatística. Niterói: UFF 28 (versão para download em http://www.professores.uff.br/anafarias/numindice_28.pdf IBGE. Para compreender o INPC: um texto simplificado. Coordenação de Índices de Preços, 5a. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 26. (versão para download em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/inpc26.pd f