Efeitos da nutrição mineral na competição inter e intraespecífica de Eucalyptus grandis e Brachiaria decumbens: 1- crescimento



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Transcrição:

SCIENTIA FORESTALIS n. 58, p. 49-57, dez. 2000 Efeitos da nutrição mineral na competição inter e intraespecífica de Eucalyptus grandis e Brachiaria decumbens: 1- crescimento Effects of mineral nutrition on inter- and intra-specific competition of Eucalyptus grandis and Brachiaria decumbens: 1- plant growth Rodrigo Alves Brendolan Marcello Tadeu Pellegrini Pedro Luís da Costa Aguiar Alves ABSTRACT: The present work was conducted with the objective to study the effects of mineral nutrition on Eucalyptus grandis and Brachiaria decumbens (#BRADC) growth, when submitted to inter- and intra-specific competition. The treatments consisted of two plants of Eucalypts/pot, two plants of BRADC/pot, and one plant of each species/pot. The plants were nourished with the Hoagland e Arnon (1950) complete solution; with no K, P or N; or only with either N, P or K. Sixty days after growing side by side, no effect of the inter- and intra-specific competition on eucalypts plant high, branch number and leaf dry mass was observed. When mineral nutrition did not limit plant growth (complete solution or solution with no K), intra-specific competition reduced on average, 23% of eucalypts root length, leaf area, and stem and root dry mass, and inter-specific competition reduced, on average, 75% of BRADC dry mass. When mineral nutrition became a limiting factor, no plant competition effect on the parameters studied was detected. KEYWORDS: Eucalyptus, Interference, Development, Brachiaria decumbens RESUMO: O presente experimento foi conduzido com o objetivo de estudar os efeitos da nutrição mineral sobre o crescimento de Eucalyptus grandis e Brachiaria decumbens (#BRADC), quando submetidos à competição inter e intraespecífica. Os tratamentos foram duas plantas de eucalipto/vaso, duas plantas de BRADC/vaso e uma de cada/vaso, sendo estas nutridas com soluções de Hoagland e Arnon (1950): completa, sem K ou P ou N, só com N ou P ou K. Após 60 dias de convivência não se constatou efeito das competições inter e intraespecíficas sobre a altura, número de ramos e massa seca (MS) de folhas do eucalipto. Quando a nutrição não foi um fator limitante ao crescimento das plantas (solução completa ou sem K), a competição intraespecífica reduziu, em média, 23% o comprimento das raízes, a área foliar e a MS do caule e da raiz do eucalipto e a competição interespecífica reduziu, em média, 75% a MS da BRADC. Quando a nutrição mineral passou a ser um fator limitante ao crescimento das plantas, não mais se constatou efeito das competições. PALAVRAS-CHAVE: Eucalipto, Interferência, Desenvolvimento, Capim-braquiária

50 n Competição entre eucalipto e braquiária INTRODUÇÃO Atualmente o Brasil ocupa o quarto lugar no mundo em implantação de florestas homogêneas, com área de oito milhões de hectares plantados, com incrementos anuais em torno de 400 mil hectares (SBS, 1992). Essas plantações concentram-se nas regiões Sul, Leste e Nordeste, onde a cobertura florestal está sob intensa pressão de extinção e onde se concentram as maiores densidades demográficas e importantes atividades econômicas do país (Ferreira, 1989). As culturas florestais, como qualquer população natural, estão sujeitas a uma série de fatores ecológicos que, direta ou indiretamente, podem afetar o crescimento das árvores e a produção de madeira, carvão e celulose. Didaticamente, estes fatores podem ser divididos em abióticos e bióticos. São considerados abióticos aqueles decorrentes da ação dos fatores físicos ou químicos do ambiente, como a disponibilidade de água e nutrientes do solo, ph do solo, luminosidade e outros. Os bióticos são aqueles decorrentes da ação dos seres vivos, como a competição, o comensalismo, a predação e outros (Pitelli e Marchi, 1991). Segundo Porcile et al. (1995), cada região apresenta características definidas de topografia, solo e inclusive microclimas particulares que determinam formações vegetais diferenciadas. A atividade agrícola e a pecuária intensiva, alteram a cobertura vegetal nativa e numerosas espécies aumentam sua população, constituindo-se em plantas daninhas. Estas alcançam lugares com uma notória agressividade, interferindo na implantação e no desenvolvimento dos cultivos florestais como é o caso da Brachiaria decumbens (Porcile et al., 1995). Diversos autores sugerem que a principal forma de interferência da comunidade infestante sobre as plantas florestais, é a competição pelos recursos essenciais do crescimento e desenvolvimento das árvores. Os recursos mais freqüentes e passíveis de competição são: nutrientes, água, luz, espaço físico, oxigênio e gás carbônico, sendo que só se estabelecerá competição quando um desses recursos não for suficiente para suprir as necessidades das plantas que habitam o mesmo ambiente, limitando assim, o desenvolvimento das plantas envolvidas no processo (Donald, 1963; Pitelli et al., 1988; Vellini, 1991). Considerando que, além de forrageira, a Brachiaria decumbens é uma invasora de elevada agressividade e, portanto, de difícil controle, estudos sobre competição por nutrientes com o eucalipto são de grande importância, visando fornecer subsídios para o programa de manejo da interação cultura e planta daninha. O presente trabalho tem por objetivo estudar a competição inter e intraespecífica entre Eucalyptus grandis e Brachiaria decumbens, por nutrientes minerais. METODOLOGIA Para instalação e condução do experimento, utilizou-se uma casa de vegetação pertencente ao Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP no Campus de Jaboticabal, SP. As sementes de Brachiaria decumbens foram coletadas em área de produção da Fazenda de Ensino e Pesquisa da FCAV da UNESP no Campus de Jaboticabal, SP, e colocadas para germinar. As mudas de Eucalyptus grandis foram obtidas junto à Votorantin Celulose e Papel. Os tratamentos constaram de diferentes combinações de densidades, tanto interespecífica quanto intraespecífica, ou seja,

Brendolan, Pellegrini e Alves n 51 foram utilizadas duas plantas de eucalipto/vaso ou, duas plantas de braquiária/vaso ou uma planta de eucalipto para uma de braquiária/vaso. As mudas de eucalipto foram desenvolvidas em substrato composto de uma mistura de vermiculina (35%), bagaço de cana (35%), terra (20%) e turfa (10%), sendo este fertilizado com 8kg/m 3 do adubo formulado 6-28-20 2 1kg/ m 3 de FTE, até os 120 dias após a semeadura, a aplicação de 0,022g/tubete do adubo formulado 10-30-15. Por ocasião do transplante, as mudas de eucalipto estavam com aproximadamente 55cm de altura. As mudas de braquiária obtidas foram transplantadas com 2 a 4 folhas totalmente expandidas, mas com a raiz nua. As mudas foram mantidas sob observação por um período de 10 dias após o transplante, período esse em que ocorreu a substituição das mudas inadequadas até que todas estivessem adaptadas, ou seja, sem haver mortalidade. Ambas as espécies foram transplantadas para recipientes plásticos contendo 5,0 litros de areia de rio lavada e peneirada, utilizando-se uma tamis de 0,25 cm de abertura. Ao final do período de adaptação, foi iniciada a imposição das condições de nutrição às plantas, utilizando a solução nutritiva proposta por Hoagland e Arnon (1950) e modificada de acordo com o tratamento, a saber: ausência de K, ou P ou N, e somente N, ou P ou K e solução completa (Tabela 1). Esta imposição iniciou-se com a concentração de 25% da solução por 7 dias, aumentando-se para a concentração de 50% por mais 7 dias. Após esse período, foi adotada solução nutritiva com 100% de sua concentração, e as plantas foram assim mantidas até o término do período experimental (60 dias), sendo acrescentado, diariamente, 50 ml de solução por vaso. A manutenção da umidade do substrato foi realizada com irrigações periódicas com água destilada. Cada uma das combinações de densidade de plantas foi submetida a diferentes condições de nutrição, conforme descritas na Tabela 1. Até término do período experimental, a solução completa forneceu, por vaso: 103 g de Ca, 72 g de N (NO 3 ), 120 g de K, 25 g de Mg, 33 g de S (SO 4 ) e 16 g de P (PO 4 ); a solução sem K forneceu: 155 g Ca,54 g de N (NO 3 ), 25 g de Mg, 33 g de S (SO 4 ) e 1 g de P (PO 4 ); a solução sem P forneceu: 154 g de Ca, 54 g de N (NO 3 ), 10 de K, 25 g de Mg, 41 g de S (SO 4 ); a solução sem N forneceu: 14 g de Ca, 10g de K, 6 g de Mg, 12 g de S (SO 4 ) e 8 g de P (PO 4 ); a solução só com N forneceu: 103 g de Ca e 72 g de N (NO 3 ); a solução só com K forneceu: 10 g de K e 8 g de S (SO 4 ); a solução só com P forneceu: 1g de Ca e 1 g de P (PO 4 ). Todas essas solu- Tabela 1. Tratamentos experimentais com as respectivas denominações. Jaboticabal, SP, 1997. (Experimental treatments with the respective denominations) Condição de competição Nutrição - N - P intraespecífica - K eucalipto x eucalipto N P K solução completa - N - P intraespecífica - K braquiária x braquiária N P K solução completa - N - P interespecífica - K eucalipto x braquiária N P K solução completa

52 n Competição entre eucalipto e braquiária ções seguiram o balanço proposto por Hoagland e Arnon (1950). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com os tratamentos em 4 repetições. Os tratamentos experimentais foram dispostos num esquema fatorial 2 x 7 para cada espécie de planta, onde as duas condições de interferência e as sete de nutrição constituíram os fatores principais. Durante a condução do experimento, foram realizadas avaliações mensais dos parâmetros de desenvolvimento do eucalipto, ou seja, altura e número de folhas por planta. Ao término dos 60 dias de condução do experimento foram avaliadas nas plantas de eucalipto os seguintes parâmetros: altura (comprimento) da parte aérea, área foliar (Área Meter, LI-COR, Mod.LI-3000A), comprimento do sistema radicular (medida da raiz principal ou da mais comprida com régua milimetrada), número de ramos. Em seguida, as plantas foram divididas em suas diferentes partes e assim postas para secar (estufa com circulação forçada de ar a 70 o C), obtendo-se o peso de matéria seca por parte (caule, raiz e folhas). Nas plantas de capim-braquiária foram avaliados o comprimento da parte aérea e do sistema radicular e a biomassa seca dessas partes. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 2 estão apresentados os valores médios do comprimento de parte aérea e raiz, o número de ramos, a área foliar e o peso da matéria seca do caule, raiz e folha das plantas de E. grandis resultantes do desdobramento dos graus de liberdade dos efeitos das variáveis principais do fatorial proposto. Dentre essas características, apenas para comprimento da parte aérea, número de ramos e matéria seca de folhas não foi constatado efeito significativo da interação entre as variáveis principais.(tabela 2) Para o comprimento de parte aérea, não se verificou diferença entre os efeitos da competição intra e interespecífica. Com relação aos efeitos da nutrição, independentemente dos da competição, verificou-se que as plantas nutridas com solução sem nitrogênio (-N) ou só com potássio (K) ou só com fósforo (P) apresentaram-se menores que as demais. Com relação ao número de ramos, não se verificou efeito diferenciado das condições de nutrição das plantas. Por outro lado, plantas nutridas sem N (-N) ou só com N, ou só P ou só K continham menos ramos que as demais, principalmente quando comparadas à solução completa, sendo que as plantas -N continham número de ramos semelhante ao das -P e -K. A matéria seca das folhas também não foi afetada de modo diferenciado pelas condições de competição, independentemente da nutrição à qual foram submetidas. Contudo, verificouse que as plantas nutridas com solução completa ou -K ou -P apresentaram maior biomassa seca de folhas que as demais, sendo que as plantas nutridas só com N apresentaram maior biomassa seca de folhas do que as nutridas só com P ou K e as nutridas sem N. Observou-se que a competição intraespecífica reduziu o comprimento radicular das plantas de eucalipto nutridas com as soluções completas, sem N e só K (Tabela 3). Nas demais condições de nutrição das plantas de eucalipto não se constatou efeito diferenciado entre as condições de nutrição. Dentro da situação de competição intraespecífica, verificou-se que a nutrição só com K resultou em raízes mais curtas do que aquelas sem K,

Brendolan, Pellegrini e Alves n 53 Tabela 2. Efeitos da competição intra e interespecífica e das condições de nutrição mineral sobre algumas características de crescimento de E. grandis aos 60 dias após a convivência. (Effects of intra and interespecific competition and mineral nutrition conditions on some characteristics of growth of E. grandis at 60 days after the coexistence) VARIÁVEL Comprimento (cm) Número Área Biomassa seca(g) P.A. Raiz de Ramos foliar (cm 2 ) Caule Raiz Folhas Competição (C) Intra 71.07a 39.97b 6.41a 397.31b 2.48a 2.56a 2.35a Inter 70.69a 44.96a 6.89a 441.42a 2.50a 2.93a 2.48a Nutrição (N) Completa 77.09a 44.21ab 15.31a 828.84a 3.92a 3.74a 4.33a - K 78.78a 45.50ab 11.93ab 756.88a 3.84a 4.00a 4.51a - P 76.56a 42.52ab 10.25ab 736.14a 3.57a 4.37a 4.33a - N 62.32b 46.93a 0.31c 50.87c 1.05c 1.57b 0.46c N 72.53a 39.78ab 8.12b 430.90b 2.58b 2.55b 2.27b P 63.31b 37.06b 0.31c 60.09c 1.22c 1.45b 0.48c K 65.56b 41.18ab 0.31c 71.81c 1.24c 1.57b 0.56c F C 0.12ns 10.87** 0.20ns 6.47* 0.02ns 3.80ns 0.74ns F N 23.46** 2.92* 20.27** 243.34** 81.11** 25.50** 94.47** F C X N 0.55ns 3.25* 0.60ns 3.15* 4.23** 3.43** 0.56ns CV % 5.78 13.33 59.54 15.46 16.49 25.81 23.35 Ns-Não significativo pelo teste F - *,** Significativo ao nível de 5 e 1% de probabilidade pelo teste F, respectivamente. Tabela 3. Efeitos da interação das condições de competição e de nutrição mineral sobre o comprimento do sistema radicular, área foliar e massa seca de caule e raiz de E. grandis aos 60 dias após a convivência. (Effects of the interaction of the competition conditions and mineral nutrition on the length of the radicular system, foliar area and drymass of stem and root of E. grandis at 60 days after the coexistence). Competição Nutrição Completa - K - P - N N P K Comprimento sist. radicular (cm) Intra B 39.43ab A 47.50a A 41.43ab B 42.00ab A 38.06ab A 38.25ab B 33.12b Inter A 49.00a A 43.50ab A 43.75ab A 51.87a A 41.50ab A 35.87b A 49.25a Área foliar (cm 2 ) Intra B 742.5a 1 B 690.0a A 710.5a A 58.7c A 456.1b A 50.4c A 72.8c Inter A 915.1a A 823.7ab A 761.71b A 43.0d A 405.7c A 69.8d A 70.9d MS caule (g) Intra B 3.25ab A 3.90a A 3.77a A 1.19c A 2.57b A 1.32c A 1.37c Inter A 4.59a A 3.79ab A 3.37bc A 0.92d A 2.60c A 1.12d A 1.11d MS raíz (g) Intra B 3.10ab B 3.32a B 3.66a A 1.67b A 2.90ab A 1.63b A 1.67b Inter A 4.37a A 4.68a A 5.08a A 1.47b A 2.20b A 1.28b A 1.48b 1- Médias seguidas por mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, sendo que letras maiúsculas comparam os efeitos da competição dentro de cada condição de nutrição e, minúsculas, comparam os efeitos da nutrição dentro de cada competição.

54 n Competição entre eucalipto e braquiária enquanto as demais condições de nutrição proporcionaram raízes com comprimentos intermediários. Sob as condições de competição interespecífica, plantas nutridas com solução sem P apresentaram raízes mais curtas da aquelas nutridas com as soluções completa, - N e só K. A competição intraespecífica proporcionou menor área foliar das plantas de eucalipto do que a interespecífica, quando as plantas foram nutridas com as soluções completa e -K. Nas demais condições de nutrição, não foi observada diferença entre os efeitos das competições. Sob condições de competição intraespecífica, plantas nutridas com as soluções completa, -K e -P apresentaram maior área foliar do que as das demais condições de nutrição, enquanto sob competição interespecífica esse efeito foi observado nas plantas nutridas com as soluções completa e -K. Nas duas condições de competição, plantas nutridas só com N apresentaram maior área foliar do que as nutridas sem esse elemento ou só com P e só com K. Observou-se diferença entre os efeitos das competições sobre a matéria seca do caule das plantas de eucalipto, apenas quando as plantas foram nutridas com solução completa, sendo que a competição intraespecífica resultou em plantas com menor biomassa. Sob condições de competição intraespecífica, plantas nutridas com as soluções completa, -K e -P apresentaram menos matéria seca nos caules que as das demais condições de nutrição. O mesmo ocorreu sob condições de competição interespecífica, porém mais acentuadamente quando nutridas com soluções completa e -K. Nas duas condições de competição, plantas nutridas só com N apresentaram maior matéria seca nos caules do que as nutridas com soluções sem N, só P e só K. Para a matéria seca das raízes, verificouse que a competição intraespecífica proporcionou menor massa que a interespecífica quando as plantas foram nutridas com as soluções completa, -K e -P. Nas demais condições de nutrição, não se constatou efeito diferenciado entre as competições. Tanto sob condições de competição intraespecífica como das de interespecífica, plantas nutridas com as soluções completa, -K e -P apresentaram mais matéria seca nas raízes do que as das demais condições de nutrição, sendo que a nutrição só com N amenizou esse diferença. Com relação às plantas de capimbraquiária, verificou-se interação significativa entre os efeitos das condições de competição e de nutrição apenas sobre a biomassa seca da parte aérea e das raízes (Tabela 4). O comprimento da parte aérea dessas plantas não foi afetado pelas competições, independentemente das condições de nutrição das plantas. Plantas de capim-braquiária nutridas com as soluções completa e -K eram maiores do que as nutridas com as demais soluções, independentemente das condições de competição em que se encontravam. Com relação ao comprimento do sistema radicular, também não se verificou efeito das duas condições de competição, independentemente das condições de nutrição. Por outro lado, plantas nutridas com solução completa eram maiores do que as das demais condições de nutrição, embora tenham se assemelhado àquelas nutridas com solução -K. Essa nutrição resultou em plantas maiores quando comparadas às nutridas com as soluções só com N, só P e só K. Plantas de capim-braquiária sob condições de competição interespecífica apresentaram menos matéria seca na parte aérea do que as sob condições de nutrição de competição intraespecífica, somente quando foram nutridas com solução sem K. (Tabela 5). Nas demais condições de nutrição não foi constatado efeito diferenciado entre as competições. Quando sob condições de competição intraespecífica, plantas nutridas com soluções

Brendolan, Pellegrini e Alves n 55 Tabela 4. Efeitos da competição intra e interespecífica e das condições de nutrição mineral sobre algumas características de crescimento de B. decumbens aos 60 dias após a convivência. (Effects of intra and interespecific competition and mineral nutrition conditions on some characteristics of growth of B. decumbens at 60 days after the coexistence). VARIÁVEL Comprimento (cm) Peso de Matéria seca (g) Parte aérea Sistema radicular Parte aérea Sistema radicular Competição (C) Intra 16.21a 35.57a 0.43a 0.74a Inter 13.78a 34.14a 0.22b 0.22b Nutrição (N) Completa 30.75a 53.43a 0.94a 1.24a - K 23.75a 42.12ab 0.88a 1.11a - P 10.68b 30.25bc 0.10b 0.18b - N 12.06b 35.87bc 0.11b 0.37b N 9.31b 27.50c 0.10b 0.17b P 9.31b 27.68c 0.07b 0.17b K 9.12b 27.12c 0.07b 0.13b F C 2.86ns 0.43ns 11.26** 87.53** F N 20.87** 11.89** 24.09** 41.16** F C X N 1.01ns 1.53ns 4.61** 19.47** CV % 35.78 23.23 70.06 43.86 Ns-Não significativo pelo teste F - *,** Significativo ao nível de 5 e 1% de probabilidade pelo teste F, respectivamente. completa e -K apresentaram mais matéria seca na parte aérea do que as das demais condições de nutrição, que não diferenciaram entre si. O mesmo comportamento foi verificado quando sob competição interespecífica. Para a matéria seca das raízes, verificou-se que a competição interespecífica proporcionou menor massa que a intraespecífica, somente quando as plantas foram nutridas com as soluções completa e -K. Nas demais condições de Tabela 5. Efeitos da interação das condições de competição e de nutrição mineral sobre a massa seca da parte aérea e do sistema radicular de B. decumbens aos 60 dias após a convivência. (Effects of the interaction of the competition conditions and mineral nutrition on the drymass of the aerial part and radicular system of B. decumbens at 60 days after the coexistence). Competição Nutrição Completa - K - P - N N P K MS PA (g) Intra A 1.10a 1 A 1.36a A 0.13b A 0.15b A 0.17b A 0.06b A 0.06b Inter A 0.79a B 0.40ab A 0.07b A 0.09b A 0.04b A 0.09b A 0.09b MS Raiz (g) Intra A 1.90a A 1.94a A 0.27b A 0.50b A 0.30b A 0.15b A 0.17b Inter B 0,59a B 0,29ab A 0,09b A0,25ab A 0,57b A0,20ab A 0,08b 1- Médias seguidas por mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, sendo que letras maiúsculas comparam os efeitos da competição dentro de cada condição de nutrição e, minúsculas, comparam os efeitos da nutrição dentro de cada competição.

56 n Competição entre eucalipto e braquiária nutrição, a redução não se mostrou significativa. Quando sob condições de competição intraespecífica, a nutrição com as soluções completa e -K proporcionaram mais matéria seca nas raízes do que as demais condições de nutrição. Quando sob competição interespecífica, esse efeito foi observado principalmente nas comparadas às nutridas com soluções -P, só N e só K. Não se constatou efeito diferenciado das interferências intra e interespecífica sobre a altura, comprimento radicular, número de folhas, área foliar e massa da matéria seca das diferentes partes das plantas de eucalipto e os comprimentos da parte aérea e do sistema radicular das plantas de capim-braquiária depois de 60 dias em que conviveram. Esses resultados demonstraram que a interferência intraespecífica foi tão prejudicial ao crescimento do eucalipto quanto a interespecífica, quando se considera a convivência com plantas de capim-braquiária. Bezutte et al. (1993) verificaram que a presença do capim-braquiária não afetou o diâmetro do caule, o número de folhas e ramos do eucalipto, embora apresentasse tendência de aumento na porcentagem de redução com aumento do período de convivência. Marchi (1989) e Dinardo (1996) relatam que as plantas de eucalipto, na fase inicial de desenvolvimento, são bastante afetadas pela interferência imposta pelas plantas de capimbraquiária. CONCLUSÕES Após 60 dias de convivência, período em que a nutrição não foi um fator limitante ao crescimento das plantas, ou seja quando essas foram nutridas com solução completa ou deficiente em K, os efeitos deletérios da interferência intraespecífica sobre o crescimento do eucalipto, particularmente área foliar e raízes, foram mais acentuados do que os da interespecífica. Para o capim-braquiária, a interferência interespecífica foi mais acentuada. Quando a nutrição mineral passou a ser um fator limitante ao crescimento das plantas, não mais se constatou efeito das interferências. AUTORES E AGRADECIMENTOS RODRIGO ALVES BRENDOLAN é acadêmico do Curso de Biologia no Centro de Excelências Barão de Mauá, Ribeirão Preto, SP, e estagiário junto ao Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária da FCAV Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP - Via de Acesso Paulo Donato Castellani, km 05 s/n - Jaboticabal, SP - 14870-000 E-mail: ralvesb@fcav.unesp.br MARCELLO TADEU PELLEGRINI é Engenheiro Agrônomo, bolsista de aperfeiçoamento junto ao Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária da FCAV Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP - Via de Acesso Paulo Donato Castellani, km 05 s/n - Jaboticabal, SP - 14870-000 PEDRO LUÍS DA COSTA AGUIAR ALVES é Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fisiologia Vegetal e Professor Assistente Dr. do Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária da FCAVJ - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP - Via de Acesso Paulo Donato Castellani, km 05 s/n - Jaboticabal, SP - 14870-000 E-mail: plalves@fcav.unesp.br

Brendolan, Pellegrini e Alves n 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEZUTTE, A.J. et al. Efeitos de períodos de convivência das plantas daninhas sobre o crescimento inicial da cultura do eucalipto. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HERBICIDAS E PLANTAS DANINHAS, 19, Londrina, 1993. Resumos. Londrina, 1993a. p.51. DINARDO, W. Efeito da densidade de plantas de Brachiaria decumbens Stapf., Panicum maximum Jacq. sobre o crescimento inicial de mudas de Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden. Jaboticabal, 1996. 92p. (Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP Campus de Jaboticabal). DONALD, C.M. Competition among crop and pasture plants. Advances in agronomy, v.15, p.1-118, 1963. FERREIRA, F.A. Patologia florestal: principais doenças florestais no Brasil. Viçosa: SIF/Sociedade de Investigações Florestais, 1986. 570p. HOAGLAND, D.R.: ARNON, D.I. The water-culture method for growing plants without soil. Circular of the California Agricultural Experimental State, p.1-347, 1950. MARCHI, S.R. Estudos básicos das relações de interferência entre plantas daninhas de eucalipto. Jaboticabal, 1989. 57p. (Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP Campus de Jaboticabal). PITELLI, R.A. et al. Efeitos de período de convivência e do controle de plantas daninhas na cultura de Eucalyptus. In: SEMINÁRIO TÉCNICO SOBRE PLANTAS DANINHAS E O USO DE HERBICIDAS EM REFLORESTAMENTO, 1, Rio de Janeiro, 1988. Anais. Rio de Janeiro, 1988. p.110-123. PITELLI, R.A.; MARCHI, S.R. Interferência das plantas invasoras nas áreas de reflorestamento. In: SEMINÁRIO TÉCNICO SOBRE PLANTAS DANI- NHAS E O USO DE HERBICIDAS EM REFLORES- TAMENTO, 3, Belo Horizonte, 1991. Anais. Belo Horizonte, 1991. p.1-11. PORCILE, FJ.F. et al. Importância de las malezas en lactofen produccion florestal. In: CONGRESSO LATINO AMERICANO DE MALEZAS, 12, Montevideo, 1995. Resumos. Montevideo, 1995. p.137. SBS - SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA. A quantas anda o setor florestal brasileiro? Silvicultura, v.12, n.42, p.6-9, 1992. VELLINI, E.D. Comportamento de herbicidas no solo. In: CONGRESSO DE PLANTAS DANINHAS EM OLERÍCOLAS, Botucatu, 1991. Anais. Botucatu, 1991. p.105-128.