DOENÇA RENAL CRÔNICA E SUBJETIVIDADE: IMPLICAÇÕES CLÍNICAS DA DIFERENÇA ENTRE SER E TER UMA DOENÇA



Documentos relacionados
VIVER BEM OS RINS DO SEU FABRÍCIO AGENOR DOENÇAS RENAIS

Transplante de rim. Perguntas frequentes. Avitum

A IMPORTÂNCIA DO PRÉ-NATAL

Homeopatia. Copyrights - Movimento Nacional de Valorização e Divulgação da Homeopatia mnvdh@terra.com.br 2

Faculdade de Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Educação RESUMO EXPANDIDO DO PROJETO DE PESQUISA

Você conhece a Medicina de Família e Comunidade?

Corte nas remunerações e alterações na mudança de local de trabalho sem o acordo do trabalhador Pág. 1

CURSO: LICENCIATURA DA MATEMÁTICA DISCIPLINA: PRÁTICA DE ENSINO 4

CURSO PRÉ-VESTIBULAR UNE-TODOS: CONTRIBUINDO PARA A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO *

PSICODIAGNÓSTICO: FERRAMENTA DE INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA¹

CONCEITOS E MÉTODOS PARA GESTÃO DE SAÚDE POPULACIONAL

Palavras Chaves: material didático, cartografia, bacias hidrográficas, lugar.

CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EXPERIÊNCIA PSICANALÍTICA. Periodicidade: Anual. Coordenação: Clarice Gatto. Objetivos do Curso

O olhar do professor das séries iniciais sobre o trabalho com situações problemas em sala de aula

(Prof. José de Anchieta de Oliveira Bentes) 3.

O conceito de assistência à saúde...

A continuidade da vida Roteiro 3

COMO SE PREPARA UMA REPORTAGEM i DICAS PARA PREPARAR UMA REPORTAGEM

Avaliação Psicossocial: conceitos

O que é diabetes mellitus tipo 2?

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Programa de Desenvolvimento Local PRODEL. Programa de Extensão Institucional

SAÚDE E EDUCAÇÃO INFANTIL Uma análise sobre as práticas pedagógicas nas escolas.

SUGESTÕES PARA ARTICULAÇÃO ENTRE O MESTRADO EM DIREITO E A GRADUAÇÃO

Aprendendo a ESTUDAR. Ensino Fundamental II

Doença de Alzheimer sob um olhar bidimensional. ABRAz Caxias do Sul-RS Coordenação: Silvana Poltronieri Lamers Fernanda Bianca Ortiz

A influência das Representações Sociais na Docência no Ensino Superior

OTRABALHO NOTURNO E A SAÚDE DO TRABALHADOR: ESTUDO EXPLORATÓRIO EM TAUBATÉ E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Políticas de saúde: o Programa de Saúde da Família na Baixada Fluminense *


IDENTIFICAÇÃO MASCULINA E SUAS ARTICULAÇÕES COM O RECALCAMENTO. o processo de constituição do psiquismo. A discussão será feita à luz das idéias

INTRODUÇÃO O atual modelo econômico e social tem gerado enormes desequilíbrios ambientais. O

1

Informação pode ser o melhor remédio. Hepatite

Azul. Novembro. cosbem. Mergulhe nessa onda! A cor da coragem é azul. Mês de Conscientização, Preveção e Combate ao Câncer De Próstata.

Luciano Silva Rosa Contabilidade 03

PRÁTICA PROFISSIONAL INTEGRADA: Uma estratégia de integração curricular

silêncio impresso pela família. Os sentimentos são proibidos por serem muito doloridos e causarem muito incômodo. O medo e a vergonha dominam.

W W W. G U I A I N V E S T. C O M. B R

DICA PEDAGÓGICA EDUCAÇÃO INFANTIL

BOLETIM INFORMATIVO JAN/FEV.

Saiba quais são os diferentes tipos de diabetes

ENTREVISTA Coordenador do MBA do Norte quer. multiplicar parcerias internacionais

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ALUNO COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA NO ENSINO REGULAR

Trabalho em Equipe e Educação Permanente para o SUS: A Experiência do CDG-SUS-MT. Fátima Ticianel CDG-SUS/UFMT/ISC-NDS

BOLETIM INFORMATIVO MAR/ABRIL 2013 [Edição 6]

ATUAÇÃO DO MÉDICO DO TRABALHO. Profa. Lys Esther Rocha

Cefaleia crónica diária

CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E LIMITAÇÕES. 1. Conclusões e Recomendações

O COMPORTAMENTO DE CONSUMO VIRTUAL COMO EXPRESSÃO DA SUBJETIVIDADE NA CONTEMPORANEIDADE

Software. Gerenciamento de Manutenção

Sistemas de Comunicações Móveis

Conheça mais sobre. Diabetes

O que são Direitos Humanos?

Chamada para proposta de cursos de Mestrado Profissional

OS CUIDADOS PALIATIVOS EM PORTUGAL. Resultados Quantitativos

Homens. Inteligentes. Manifesto


Ebook Gratuito. 3 Ferramentas para Descobrir seu Verdadeiro Potencial

QUALIFICAÇÃO DA ÁREA DE ENSINO E EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: FORMAÇÃO PEDAGÓGICA PARA PROFISSIONAIS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

Estado da Arte: Diálogos entre a Educação Física e a Psicologia

ABRIL 2012 RELATÓRIO DE ATIVIDADES PRÉ - VESTIBULAR

José Fernandes de Lima Membro da Câmara de Educação Básica do CNE

CONSIDERAÇÕES SOBRE USO DO SOFTWARE EDUCACIONAL FALANDO SOBRE... HISTÓRIA DO BRASIL EM AULA MINISTRADA EM LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA

PARECER N.º 81/CITE/2012

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO. Prevenção das Lesões por Esforços Repetitivos L E R

Disciplina: Didática do Ensino Superior Docentes: Silvana Ferreira e Rina

Chegar até as UBS nem sempre foi fácil...

REGULAMENTO DO ESTÁGIO FORMATIVO CURSOS VOCACIONAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO

Saúde da mulher em idade fértil e de crianças com até 5 anos de idade dados da PNDS 2006

Como organizar um processo de planejamento estratégico

Conhecendo o Método C3

O eu e o outro no grupo Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida

Elementos para construção de um briefing

DOENÇAS CARDÍACAS NA INSUFICIÊNCIA RENAL

MATEMÁTICA: DESENVOLVENDO ATIVIDADES ENIGMÁTICAS COM MATEMÁGICA E LÓGICA PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

CHECK-LIST COMO AVALIAR FRANQUIAS NUMA FEIRA. Passo 1 Preparando-se para o evento. A. Decida que tipos de negócios mais lhe atraem

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. PARECER COREN-SP 037/2012 CT PRCI n /2012 Tickets n , , e 297.

MODELO MALTHUSIANO APLICADO AO CRESCIMENTO POPULACIONAL DO MUNICÍPIO DE MANOEL VIANA/RS

Concurso Público Psicologia Clínica Caderno de Questões Prova Discursiva 2015

Oração. u m a c o n v e r s a d a a l m a

Psicoterapia e Internet: Terapia à Distância

RESPOSTA RÁPIDA 435/2014

Você é comprometido?

RELAÇÃO MÃE-BEBÊ: UMA COMPREENSÃO PSICANALÍTICA

Um outro objetivo ajudar os doentes a atingirem a aceitação da vida vivida e a aceitarem morte! Ter medo da morte é humano

PROMOÇÃO DA SAÚDE COM FOCO EM DIABETES MELLITUS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

1. O que é gordura trans?

A indicação de afastamento do trabalho e de aposentadoria tornou-se

PALAVRAS-CHAVE Grupo SERmais. Autores de Violência. Lei Maria da Penha.

RELATO DE EXPERIÊNCIA: PROJETO DE EXTENSÃO PRÁTICA DE ENSINO E FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

24 O uso dos manuais de Matemática pelos alunos de 9.º ano

A LIBERDADE COMO POSSÍVEL CAMINHO PARA A FELICIDADE

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

Projeto O COLUNIsta. PROJETO DE PESQUISA PIBIC/CNPq. Orientador: Vanessa Lacerda da Silva Rangel

POSSIBILIDADES DE DIFUSÃO DO PENSAMENTO REICHIANO COM BASE NAS TIC S: SOBRE AS PUBLICAÇÕES ONLINE EM PORTUGUÊS

ESTADO DE GOIÁS PREFEITURA MUNICIPAL DE CAVALCANTE SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE PROJETO ALEITAMENTO MATERNO

A EVITABILIDADE DE MORTES POR DOENÇAS CRÔNICAS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS AOS IDOSOS

Reconhecida como uma das maiores autoridades no campo da análise infantil na

Transcrição:

DOENÇA RENAL CRÔNICA E SUBJETIVIDADE: IMPLICAÇÕES CLÍNICAS DA DIFERENÇA ENTRE SER E TER UMA DOENÇA Priscila Rodrigues da Silva * Prof. Ms. Clovis E. Zanetti ** RESUMO: A doença renal crônica é considerada como um grande problema de saúde pública devido às altas taxas de morbimortalidade, e recebe grande atenção dos profissionais na área da saúde. Contudo, no campo da psicologia são poucos os estudos que aprofundam aspectos clínicos da subjetividade do paciente submetido à hemodiálise, demarcando a especificidade da escuta psicológica. O objetivo deste projeto de pesquisa é investigar a posição subjetiva do paciente renal crônico diante do adoecimento, expressa pela diferença entre ser e ter uma doença articulada com a diferença das concepções de corpo na medicina e na psicanálise. PALAVRAS-CHAVE: Doença renal crônica, subjetividade, psicanálise, corpo, ser e ter uma doença. REFERÊNCIAL TEÓRICO A Sociedade Brasileira de Nefrologia revela cerca de 54,5 mil o número aproximado de pessoas em programa de hemodiálise. (SBN, 2012). A insuficência renal crônica é o comprometimento da função renal, podendo ser acometido os dois ou apenas um dos rins, porém, se o resultado final for a falência de ambos os órgãos, ou seja, insuficiência terminal, o resultado final, imprecindivelmente, será o tratamento de hemodiálise. A hemodiálise, por sua vez, consiste na diálise promovida por uma máquina que filtrará o sangue fora do organismo do paciente, ou seja, desempenhará a função que os rins exercia. Esse tratamento acaba sendo uma tarefa árdua e intensa, pois o período que o paciente cumprirá será em média de três a quatro vezes por semana, dependendo da necessidade física de cada indivíduo, favorecendo assim um cotidiano restrito, com atividades limitados e mudanças, tanto físicas quanto psicológicas. * Discente do 4º ano de Psicologia - Disciplina Estágio em Pesquisa. priscilarodrigues.psic@hotmail.com ** Docente do Centro Universitário Filadélfia UniFil. clovis.zanetti@unifil.br

Para entender os múltiplos fatores que podem prejudicar o funcionamento renal ao ponto de deixar de funcionar é necessário entender alguns fatores considerados fatores de risco para a função renal, são eles: hipertensão arterial, diabetes mellitus, glomerulonefrite e história familiar de doença renal crônica. Há também os motivos de risco médio, não menos importantes, que são: enfermidades sistêmicas, infecções urinárias de repetição, litíase urinária repetida, uropatias, crianças menores de 5 anos, adultos com mais de 60 anos e mulheres grávidas. Entretanto, do ponto de vista das relações entre corpo e subjetividade é preciso se levar em conta outros fatores que podem contribuir para o adoecimento em questão mais além dos acima citados. Moretto (2006) estabelece que é preciso tratar, no doente, da sua posição subjetiva em relação a sua doença. Há uma distância que precisa ser considera nessa relação que é a distancia entre o corpo tal como ele é, e o corpo simbolicamente representado. A relação que o doente fará com essa distância do corpo real, a matéria, para a forma como ele é subjetivamente representado por um sujeito no contexto de uma história que precede e determina sua posição diante das questões com a vida e a morte. É considerando essa diferencia que se pode avaliar do ponto de vista clínico como um determinado sujeito se relacionará com seu corpo doente. Sabemos que, quando o corpo dá sinal, é hora de procurar intervenção médica, pois algo então não vai bem. Contudo, segundo Moretto (2006, p. 123), quando os órgãos nos chamam a atenção o impacto é bem maior, causa de angústia e estranhamento com algo familiar porém desconhecido que habita em cada sujeito (FREUD apud MORETTO, 2006, p. 120), Porém, apesar da estranheza, há sempre a impressão de isso diz algo de nos mas não podemos dizer exatamente o que e como. Observa-se que mudanças físicas acontecem em uma grande maioria de pacientes que iniciam o tratamento de hemodiálise, como escurecimento da cor da pele, algumas manchas, a fístula aparente em um dos braços, entre outra. Condições estas que podem angustiar o paciente, onde então podemos entender a questão do estranho, a partir da relação que o paciente faz com o espelho, ele se olha e o que enxerga é algo diferente do que ele era.

Seguindo a idéia de Moretto (2006), o homem costuma estar bem quando seu corpo está normal, saudável, logo, se o corpo está bem então tudo vai bem. No caso do doente renal ele sabe 24h por dia que o seu corpo real não está bem, que algo dentro dele não funciona, como então ficar bem? Quando este corpo matéria sofre alterações o corpo simbólico, por sua vez, é convidado a se posicionar. Um reposicionamento subjetivo diante das alterações orgânicas que muitas vezes são causa de angústia e depressão (Thomas e Alchieri, 2005). Contudo, do ponto de vista clínico o conflito fundamental que aflige o doente é aquele que diz respeito a dificuldade em assumir a doença como sendo sua, e de se responsabilizar por ela. Essa posição de assumir a doença e aceitá-la como parte que integra o seu ser vai além do paciente querer ou ser convencido, é preciso que ele tenha uma estrutura que lhe permita isso, ou seja, não é a nível de consciênci. Segundo Moretto (2006) a argumentação lógica não promove mudança de posição na estrutura psíquica, este então, é o campo de intervenção da psicanálise, tentar operar uma mudança que implique a passagem da posição de ser uma doença, fazendo dela parte de sua identidade, para outra posição que é a de ter uma doença, e assim poder assumir e responsabilizar-se por seu tratamento. Este projeto de pesquisa, tem a psicanálise como referencia fundamental, não se restringirá apenas ao psiquismo do paciente, mas também o sofrimento que decorre, nem tanto de sua doença em si, mas de sua posição diante dela, de seu corpo, por conta da constatação da existência de um órgão dentro dele não desenvolver mais suas funções naturais; ou até mesmo porque este órgão precisou ser retirado em função de complicações e comprometimentos. OBJETIVOS O objetivo geral que o projeto irá propor será o de investigar o que acontece com o paciente quando esse assume uma posição de sujeito frente à doença, como alguém que assumiu ter algo que é a doença, e o que acontece quando se assume uma posição de objeto, ou seja, se identifica com a doença e passa a ser a doença.

Os objetivos específicos serão o de analisar como foi receber a notícia do diagnóstico médico, analisar as mudanças que o paciente percebe após ter iniciado o tratamento de hemodiálise tendo como referencia a diferença e as implicações recíprocas entre: corpo simbolicamente representado e corpo como organismo, com seus órgãos e sistemas. Além desta contribuição clinica, o estudo também permitira demarcar a especificidade da escuta psicanalítica diante de outras modalidades de escuta utilizadas por outras praticas e profissionais da área da saúde. MÉTODO Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva que fará uso da especificidade da escuta psicológica como método terapêutico e instrumento de pesquisa, cujo referencial teórico é a psicanálise. A pesquisa prevê a coleta de dados mediante a realização de entrevistas semi-dirigidas com pacientes renais crônicos em tratamento de hemodiálise. REFERÊNCIAS FIGUEIREDO, A. C. Vastas confusões e atendimentos imperfeitos: a clínica psicanalítica no ambulatório público. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1997. MORETTO, M.L.T. O outro em si: O transplante como risco e renascimento. In: QUAYLE, J.; LUCIA, M.C.S. (Organizadoras) Adoescer: compreendendo as interações do doente com sua doença. p. 117-131.São Paulo: Atheneu, 2007.. O psicanalista num programa de transplante de fígado: a experiência do outro em si. 2006. 251 p. Tese (Doutorado). Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. SBN SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. Rede Credenciada. Brasil. Ministério da Saúde. 2012. Disponível em: <http://www.sbn.org.br/leigos/index.php?insuficienciarenal&menu=24>. Acessado em 16 abr. 2012.

SZPIRKO, J. Ser doente, ter uma doença. In: Sonia Alberti e Luciano Elia (orgs.). Clínica e pesquisa em psicanálise. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2000. THOMAS, C.V.; ALCHIERI, J.C. Qualidade de vida, depressão e características de personalidade em pacientes submetidos à Hemodiálise. In. Avaliação Psicológica 4(1). Rio Grande do Norte. p. 57-64. 2005. ZANETTI, C. E. Psicanálise e o desenvolvimento de dispositivos clínico-institucionais no atendimento integral a saúde. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, dez. 2010. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1516-08582010000200006&lng=pt&nrm=iso>. Acessado em: 21 de abril de 2012.