ARTIGO COM APRESENTAÇÃO ORAL - ENGENHARIA AMBIENTAL AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS NA PRAIA DO CRISPIM, MARAPANIM-PA

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do acúmulo de resíduos (sobretudo os orgânicos, animais mortos, borrachas, plásticos, papeis, etc.), causando desconforto socioambiental.

Transcrição:

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO ORAL - ENGENHARIA AMBIENTAL AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS NA PRAIA DO CRISPIM, MARAPANIM-PA DEYVERSON PANTOJA SOARES, ANDRÉ LUIZ DE CASTRO PARAENSE, JÉSSICA FERREIRA PEREIRA, YNGRID NEVES HAICK, RUY NEY GÓES DA PAIXÃO O presente trabalho avalia os impactos no ambiente costeiro na localidade da Praia do Crispim, no município de Marapanim, no Pará. A pesquisa foi desenvolvida em três etapas: pesquisa in loco, aplicação de questionários e avaliação socioeconômica da área de estudo. Em Crispim observamos os ecossistemas de mangue e restinga, além da formação de dunas. Essas áreas são consideradas áreas de preservação permanente, porém percebemos a ocorrência de diversos impactos presentes nesses ambientes. Palavras-chave: Diagnóstico Ambiental; Ambiente Costeiro; Área de Preservação Permanente. INTRODUÇÃO. O litoral paraense é conhecido por suas belas praias, de notável beleza cênica, que atraem turistas do mundo inteiro, que buscam nas praias o lazer do banho, a prática de esportes e a culinária regional. No nordeste paraense a praia do Crispim possui riquezas biológicas que são responsáveis por garantir o equilíbrio ecológico dos ecossistemas regionais. A relevância de fazer pesquisas que possibilitem uma abordagem sobre a qualidade ambiental é bastante pertinente, pois se trata de uma área de preservação permanente (APP), o que atraí os pesquisadores da área ambiental e órgãos governamentais preocupados em manter o equilíbrio ambiental e preservação das espécies de fauna e flora e o seu habitat. A avaliação desses impactos gerados pelas ações antrópicas e naturais serão abordados neste trabalho com o auxílio do diagnóstico ambiental que caracteriza a qualidade ambiental

atual da área de abrangência do estudo ambiental, de modo a fornecer conhecimento suficiente para embasar a identificação e a avaliação dos impactos nos meios físico (praia, mangues, restingas e as dunas), biológico (espécies da fauna e flora) e socioeconômico (usos e ocupação do solo, atividades econômicas, relação do homem-natureza, atividades culturais, educação e saúde). OBJETIVOS OBJETIVO GERAL O presente estudo teve como objetivo avaliar o ambiente costeiro da praia do Crispim, Marapanim-PA, no que concerne aos impactos gerados pelas atividades antrópicas e naturais sobre os sistemas ambientais locais. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Avaliar qualitativamente os impactos ambientais nos meios biótico, físico e socioeconômico; Avaliar a situação socioeconômica da área de estudo. METODOLOGIA A Praia do Crispim é localizada no município de Marapanim (Mapa 1), às coordenadas geográficas Latitude 00º35 03 S e Longitude 47º39 08 W (Mapa 2). Dista aproximadamente 122 km do município de Belém, capital do Estado.

Mapa 1 - Localização do município de Marapanim.

Mapa 2 Localização da praia do Crispim. A área da Comunidade é de 0,15 km², sendo a faixa litorânea da Praia do Crispim possui 4,8 km de comprimento. A pesquisa foi desenvolvida em novembro e dezembro de 2015, na Praia do Crispim, Marapanim PA, realizada em 3 (três) etapas, conforme o Fluxograma 1.

Fluxograma 1 Etapas da pesquisa. A 1ª Etapa consistiu na visita ao local em um período de dois dias, nos quais foram realizadas as percepções ambientais dos meios biótico e físico, registros fotográficos e entrevistas aos moradores da Praia de Crispim. Na 2ª Etapa foram aplicados 17 questionários para obter informações acerca da situação socioeconômica da população e na 3ª Etapa foi realizada a avaliação desta situação populacional por meio de gráficos. RESULTADOS USO E OCUPAÇÃO DO SOLO A costa litorânea do município de Marapanim passa por um processo de ocupação, com a construção de casas e estabelecimentos comerciais em Crispim e na Vila de pescadores de Camará, que avançam sobre as áreas de restingas, lagoas naturais e dunas (MARAPANIM, 2015). Em relação ao saneamento básico, não há sistema de drenagem, os resíduos são coletados por um funcionário da prefeitura diariamente, porém, uma vez por semana pelo veículo de coleta. De acordo com informações de Marapanim (2015), nos períodos de veraneio e feriados prolongados, os serviços de limpeza são reforçados, com a contratação de trabalhadores temporários para a realização dessas atividades. A água é obtida por poços artesianos, armazenada em caixas d água que abastecem grande parte da comunidade. A água é doce e utilizada em diversos usos, inclusive para preparação de alimentos e ingestão. Não há qualquer tipo de tratamento da água para o

consumo, e os custos para sua obtenção, como o consumo de energia elétrica na utilização do motor bomba e custos de manutenção, são arcados e divididos por toda a comunidade. O esgotamento sanitário é tratado na maioria das residências pelo sistema de tratamento com fossa séptica (Figura 1). Segundo a presidente da associação da comunidade, essas fossas sépticas possuem uma capacidade de armazenamento, e quando elas atingem seu limite, é feita a retirada dos efluentes por uma empresa especializada. Figura 1 - Tratamento de esgoto da Praia do Crispim. As habitações mais próximas à praia são, em sua grande maioria, suspensas e feitas de madeira (Figura 2), porém há residências construídas em alvenaria. Muitas habitações presentes na comunidade são casas de veraneio, o que torna o trabalho de conscientização mais difícil, já que os donos dessas propriedades não convivem diariamente com os problemas e desafios da comunidade. Figura 2 Habitações construídas próximas à praia.

O acesso à comunidade é bem sinalizado e a estrada apresenta ótimas condições de pavimentação, facilitando o acesso à praia (Figura 3). Figura 3 - Pavimento asfáltico sinalizado. AVALIAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA ÁREA DE ESTUDO De acordo com visita in loco, foi possível observar que a região do Crispim não apresenta Centros Educacionais, Escolas e/ou Colégios que atendam à demanda de moradores da Comunidade. Sem nenhum local de estudo, é necessário que as crianças e adolescentes se locomovam aproximadamente 18,68 km até o centro do município de Marapanim ou aproximadamente 8,33 km até a entrada do Distrito de Marudá, o qual apresenta certa infraestrutura local.

O nível de escolaridade da população é principalmente Ensino Médio e Ensino Fundamental incompleta, apresentando baixo nível de escolaridade. Também foi observado que na região não há posto de saúde e nem qualquer tipo de local que possa ser realizado algum atendimento médico, com o mínimo de equipamentos essenciais, previstos na Lei nº 8080/90 (BRASIL, 1990). Em período de férias escolares, o atendimento de emergência fica sob a responsabilidade dos bombeiros militares. Um ponto importante observado, é que a grande maioria da população não é natural da comunidade, onde apenas 8% dos entrevistados moram a mais de 15 anos em Crispim. A atividade pesqueira é uma das mais frequentes, principalmente de espécies como corvina pratiqueira, anchova, uritinga e pirapema. Também há coleta de crustáceos como caranguejo e siri. Essas atividades são para a subsistência local e para venda em restaurantes da própria comunidade. Mesmo sendo uma área litorânea bem conservada e com grande beleza cênica, não há atividades de turismo ecológico, ou o incentivo a praticar esportes aquáticos, atividades que poderiam atrair um maior número de turistas. Apesar disto a Praia do Crispim apresenta o kitesurf como uma das principais atividades esportivas procuradas pelos turistas, assim como o banho nas águas claras da Praia e a culinária típica da região (caldeirada e mariscos), preparados diretamente do pescado tradicional. IMPACTOS AMBIENTAIS A praia do Crispim faz parte da zona costeira do estado do Pará e é uma grande atração para o turismo. Ao longo do tempo, a praia vem sofrendo forte degradação ambiental devido aos impactos antrópicos, principalmente os ligados à pressão constante da atividade turística no local. Pode-se separar os impactos ambientais ligando-os a dois tipos de agentes: a população local e os turistas. Os moradores possuem em suas casas uma espécie de fossa séptica simples (na verdade é uma caixa de concreto ou madeira onde o esgoto sanitário é guardado e depois retirado). As caixas de concreto foram projetadas pelo órgão ambiental do estado do Pará (SEMA-PA) e consequentemente provocam menos impactos ambientais por estarem bem vedadas. Enquanto que, as caixas de madeira são construídas pelos próprios moradores e causam mais impactos, pois essas estruturas não possuem fundo retentor, acarretando na

infiltração dos efluentes e consequentemente a contaminação do solo e dos lençóis freáticos (Figura 5). Figura 6 Fossas sépticas. Apesar de algumas casas destinarem o esgoto sanitário na fossa séptica, os efluentes provenientes de outros locais como pias do banheiro e da cozinha (oriundos de residências e bares), por exemplo, são jogados diretamente no solo, ocasionando, logicamente, poluição. Em relação aos turistas, os problemas de despejo irregular são bem parecidos. As casas por serem de pessoas de maior poder econômico possuem fossas sépticas de concreto, mas os outros efluentes originados de pias de banheiro e cozinha, por exemplo, são jogados diretamente no solo. Verificou-se que os quintais de muitos bares e casas da população local são repletos de resíduos sólidos dos mais variados tipos, como, por exemplo, partes de eletrodomésticos, lençóis, sacos plásticos, garrafas, latas, entre outros (Figura 6). Figura 62 - Despejo irregular de resíduos sólidos.

Quanto à população extra local notou-se que despejam em excesso os resíduos sólidos de forma desregrada quando desenvolvem suas atividades de turismo e lazer na praia, jogando os seus resíduos diretamente no chão. De acordo com Brasil (1988), no parágrafo 4º do artigo 225, da Constituição Federal, a zona costeira é considerada patrimônio nacional, devendo sua ocupação e exploração dar-se de modo ecologicamente sustentável. Além disso, a zona costeira contém ambientes naturais especialmente protegidos e com intervenções restritas, como se pode observar nos termos dos art. 4º e 8º da Lei 12.651 de Brasil (2012), os quais enquadram as dunas, o manguezal e a restinga na condição de Área de Preservação Permanente (APP) e dispões sobre a intervenções de tal áreas. As ocorrências de impactos nas áreas de APP estão relacionadas principalmente à necessidade habitacional e aos hábitos culturais da população local, ao construírem casas essas áreas e até promoverem a retiram madeira, de mangues e restingas, para utilizar na construção das casas, e ao hábito que possuem os moradores nativos de queimar o excesso de resíduos sólidos e restos vegetais nos seus quintais (Figura 737). Além do mais, percebe-se que existem grandes áreas queimadas nos ecossistemas de restingas e mangues (Figura 8). Figura 73 Incineração de resíduos sólidos e restos vegetais nos quintais Figura 8 - Degradação da área de proteção permanente.

Tanto a população local quanto a população turística têm impactado de forma negativa a zona costeira com construções de habitações irregulares, pois implantam moradias de forma desregrada nas áreas de APP, restingas e mangues, (

Figura 949) e de acordo com a legislação, não pode ocorrer a ocupação habitacional nesses ecossistemas. Observa-se ainda mais agravantes que são as ocorrências de queimadas das restingas e aterramentos dos mangues para o desenvolvimento dessas moradias.

Figura 94 - Construção de moradias próximas áreas de preservação permanente. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa realizada na praia do Crispim, Marapanim-PA, mostrou que a região pode ser considerada pouco alterada pelo homem em virtude da baixa concentração populacional e do número reduzido de visitações. No entanto há problemas socioeconômicos e ambientais presentes na área, indicando a falta de planejamento e fiscalização da Gestão Pública, no que tange à conservação de uma área considerada patrimônio natural e à infraestrutura inexistente para a população local e turistas que visitam a praia do Crispim. Além disso, os impactos decorrentes da atividade turística têm contribuído para a perda da fauna e flora. Para remediar a situação existente é importante que os projetos de infraestrutura e educação ambiental promovidos pelo município de Marapanim e órgãos competentes sejam estendidos à comunidade do Crispim, de forma mais eficiente, afim de promover a saúde e a qualidade de vida. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Constituição [da] República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/>. Acesso em: 28 nov. 2015.. Lei Nº 12.651, 25 de maio de 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em: 28 nov. 2015.. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em: 28 nov. 2015.

IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO. Sema leva projeto Verão Legal a sete municípios nas férias de julho. 2011. Disponível em: <http://www.ioepa.com.br/portal/noticias.aspx?id=67>. Acessado em: 02 de dez. 2015. MARAPANIM. Lei orgânica do município. 1990. Disponível em: <http://www2.mp.pa.gov.br/sistemas/gcsubsites/upload/41/lei%20organica%20do%20 MUNIC%C3%83_PIO%20DE%20MARAPANIM(1).doc>. Acesso em: 1 dez. 2015.. Prefeitura Municipal de Marapanim. 2015. SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E FINANÇAS. Estatística Municipal. 2013. Disponível em: <http://www.idesp.pa.gov.br/paginas/produtos/estatisticamunicipal/pdf/marapanim.pdf>. Acesso em 18 nov. 2015.