IV Simpósio de Ciências da UNESP Dracena. V Encontro de Zootecnia Unesp Dracena

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Transcrição:

TOXOCARA VITULORUM E EOSPORA CA I UM PARASITAS DE BUBALI OS (BUBALUS BUBALIS) TOXOCARA VITULORUM A D EOSPORA CA I UM PARASITES OF BUFFALOES (BUBALUS BUBALIS) Fruchi, V. M. 1 ; Andrighetto, C. 2 ; Rocha, R. A. 2 ; Hishi, E. 1 1 UNESP/Campus de, SP Discente, e-mail: vifrutti@dracena.unesp.br 2 UNESP/Campus de, SP Docente. RESUMO Os búfalos são animais domésticos utilizados para a produção de carne e leite destinados ao consumo humano. Embora sejam reconhecidamente mais resistentes a determinadas enfermidades, os bubalinos são acometidos basicamente pelos mesmos parasitas que os bovinos. As criações de búfalos podem apresentar alta mortalidade de bezerros devido à infecção por parasitas que podem causar grandes prejuízos à criação. Palavras-Chave: Búfalos (Bubalus bubalis). Parasitas. Toxocara vitulorum e eospora Caninum. ABSTRACT Water buffaloes are domestic animals used for the production of meat and milk for human consumption. Though admittedly more resistant to certain diseases, buffaloes are affected primarily by the same parasites that cattle. The buffalo breeding may have high mortality of calves due to the infection by parasites that can cause substantial losses to farming. Key Words: Water buffaloes (Bubalus bubalis). Parasites. Toxocara vitulorum and eospora Caninum. I TRODUÇÃO Os búfalos são animais que possuem temperamento dócil e rusticidade, adaptando-se a diversas condições ambientais, o que facilita sua criação e manejo. Os maiores índices de morbidade e mortalidade dos bubalinos ocorrem nos primeiros meses de vida. Em rebanhos leiteiros, aproximadamente 70% das mortes são de animais lactantes. Isto porque os neonatos, totalmente desprovidos de resistência imunológica, ao enfrentarem as hostilidades do meio ambiente, tornam-se alvos fáceis dos agentes patogênicos. A manutenção de elevados índices de imunoglobulinas, logo após o nascimento, através da ingestão do colostro, é um dos principais pré-requisitos para reversão desse quadro. O estado nutricional das vacas gestantes, as condições higiênicas de estabulação, além do correto esquema de vacinação e de vermifugação, também são fundamentais para a saúde dos recém-nascidos. Infecções por parasitas contribuem para a baixa produtividade, que afetam, sobretudo, a saúde dos animais jovens criados em pastagens. As perdas econômicas estão associadas a sinais clínicos severos e ainda

mais importante, com as infecções subclínicas, reduzindo o ganho de peso, crescimento retardado e diminuição da fertilidade. DESE VOLVIME TO Toxocara vitulorum Toxocara vitulorum é um parasita do intestino delgado de ruminantes, com prevalência e intensidade de infecção maiores nos bubalinos em relação aos bovinos, particularmente em bezerros bubalinos de um a três meses de idade, sendo responsável pelas elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (GUPTA; JOSHI; RAI, 1976), resultando em graves prejuízos econômicos. Este parasita é adquirido pelos bezerros quando se alimentam do colostro contaminado com larvas infectantes de vacas infectadas que ingeriram ovos encistados. Em búfalas gestantes, as larvas crescem no fígado e no pulmão um a oito dias antes do parto e migram para a glândula mamária próximo ao momento do parto e, em seguida, passam para o leite durante os primeiros 26 dias após o parto (STARKE; MACHADO; ZOCOLLER, 1992). É comum encontrar bezerros bubalinos altamente infectados entre 15 a 90 dias de idade, com pico de produção de ovos ocorrendo 31 a 45 dias pósinfecção (ROBERTS; FERNANDO; SIVANATHAN, 1990). O ciclo de vida do hospedeiro é sincronizado com o ciclo de vida do T. vitulorum para o benefício do parasita, resultando em infecção à prole durante a gravidez. Enquanto os parasitas adultos são relativamente fáceis de remover do intestino por anti-helmínticos, as larvas são difíceis de matar, especialmente as encistadas na massa muscular e do cérebro. Barriga e Omar (1992), sugerem o uso de anti-helmínticos nas hospedeiras para matar as larvas nos tecidos antes destas serem transferidas para os bezerros, para poder controlar este parasita. Anticorpos de T. vitulorum foram detectados em vacas bubalinas e bezerros naturalmente infectados com o parasita, indicando que a infecção com T. vitulorum pode estimular o sistema imunológico do búfalo (STARKE-BUZETTI; MACHADO; ZOCOLLER-SENO, 2001). Souza et al. (2004), realizaram estudo para medir a resposta imune humoral de búfalos naturalmente infectados com T. vitulorum. Os autores observaram que em bezerros, anticorpos adquiridos passivamente apresentaram maiores concentrações 24 h após o nascimento, e permanecendo em níveis elevados até 45 dias, coincidente com o pico de infecção T. vitulorum. A rejeição dos vermes pelos bezerros ocorreu simultaneamente com a diminuição dos níveis de anticorpos, que atingiram os seus níveis mais baixos entre 76 e 150 dias. Posteriormente, provavelmente devido à estimulação dos adultos pelas larvas, os bezerros adquiriram imunidade ativa e os anticorpos começaram a aumentar ligeiramente. As vacas bubalinas desenvolveram imunidade e mantiveram elevados níveis de anticorpos contra os antígenos de T. vitulorum e os anticorpos foram transferidos para os seus bezerros através de o colostro. Esta imunidade passiva adquirida não protege contra a aquisição da infecção pelos bezerros, mas esses anticorpos, passiva ou ativamente adquiridos, podem ter um papel importante durante a rejeição do verme por parte dos bezerros e de prevenção da reinfecção intestinal. Para entender o desenvolvimento das respostas imunes em bezerros bubalinos, Starke-Buzetti; Machado; Zocoller-Seno (2001), estudaram níveis de anticorpos em um extrato solúvel de antígeno de larvas infectantes de T. vitulorum em bezerros bubalinos e no período do periparto em vacas bubalinas. De todas as amostras examinadas, o nível do anticorpo foi o mais baixo e mais elevado nos bezerros com um dia da idade antes e depois da sucção do colostro, respectivamente, sugerindo que a origem dos anticorpos fosse o colostro. Ao comparar as respostas imunes destes animais com o seu estado parasitológico, considerou-se possível

determinar se os anticorpos foram passivamente adquiridos ou produzidos ativamente desde a proteção contra a infecção. Alto número de ovos de T. vitulorum nas fezes indicou que anticorpos adquiridos passivamente não forneceram proteção contra a infecção. Entre 60 e 120 dias, quando foi detectada redução de anticorpos, mas em níveis estáveis, os nematódeos adultos foram expulsos do intestino e não foram mais encontrados ovos de T. vitulorum, sugerindo desenvolvimento de resistência adquirida. Segundo estudo realizado por Neves; Starke-Buzetti;Castro (2003), para compreender a evolução da resposta inflamatória na parede do tubo digestivo, amostras de tecidos foram retirados do duodeno, jejuno e íleo de bezerros bubalinos naturalmente infectados com T. vitulorum durante o início da infecção, no pico da produção de ovos, bem como durante os períodos de rejeição dos vermes e pós-rejeição. Nos bezerros bubalinos infectados, a população de mastócitos aumentou significativamente, por duas vezes na mucosa do duodeno e quatro vezes no jejuno proximal; mas estes aumentos foram estatisticamente significativos apenas no auge da infecção, porém os dados não foram significativamente diferentes dos controles. O número de eosinófilos aumentou na mucosa do duodeno e jejuno proximal durante o período da infecção. A infecção de T. vitulorum suscitou mastocitose em tecidos e eosinofilia no duodeno proximal e jejuno, bem como eosinofilia no fluxo sangüíneo, durante o início, no pico e durante a rejeição dos vermes. Após a rejeição dos vermes, o número destas células voltou ao normal, sugerindo que estes níveis de células podem ter um papel no processo de rejeição de T. vitulorum pelo hospedeiro. eospora caninum eospora caninum causa morbidade e mortalidade em cães, bovinos, eqüinos, caprinos, ovinos e veado. É uma das importantes causas de aborto em bovinos. Os seus hospedeiros definitivos são cães domésticos e coiotes. Anticorpos deste agente também foram relatados em búfalos, cervos, camelos, gatos selvagens e outros canídeos selvagens. No entanto,. caninum tem sido isolado a partir de apenas cães, bovinos e ovinos (DUBEY; SREEKUMAR, 2003). Rodrigues et al. (2004), realizaram pela primeira vez, tentativas de isolar. caninum de búfalos naturalmente infectados (Bubalus bubalis) do Brasil. Cérebros de seis búfalos com anticorpos de. caninum foram usados para isolar o parasita. A dinâmica da produção dos oocistos nos cães indicou que os búfalos são hospedeiros intermediários naturais para o. caninum. Em outro estudo realizado por Rodrigues et al. (2005), respostas sorológicas a. caninum foram estudadas em búfalos infectados experimentalmente e naturalmente no Brasil. Todos os búfalos inoculados desenvolveram níveis de anticorpos elevados até sete semanas pós-inoculação. Os níveis de anticorpos caíram em todos os seis búfalos depois de 12 meses pós-inoculação. Os níveis de anticorpos de. caninum permaneceram em indetectáveis em búfalos controle não inoculados. Para seguir a dinâmica dos anticorpos de. caninum, soros de 29 búfalos e os seus bezerros foram coletados durante um ano e analisados; 23 de 29 de bezerros foram soropositivos de um a dois dias de idade. Destes 23 bezerros, 17 permaneceram soropositivos durante do estudo, ao mesmo tempo seis se tornaram soronegativos aos quatro (dois bezerros), seis (um bezerro) sete (dois bezerros) e oito (um bezerro) meses de idade. Estes resultados sugerem uma alta taxa de transmissão de neonatal. caninum em búfalos. Guarino et al. (2000), analisaram 1377 amostras de soro de búfalos em 50 fazendas no sul da Itália para testar a presença de anticorpos. caninum. Os autores verificaram prevalência da infecção nos animais em 34,6%. A prevalência aumentou em relação à idade dos indivíduos e a maioria dos rebanhos analisados (82%)

foram encontrados infectados. Foram relatadas em duas fazendas abortos e sinais neurológicos. Não foram observadas lesões inflamatórias expostas e, poucos protozoários na forma de cistos foram observados em tecidos fetais. Fujii et al. (2001), analisaram anticorpos de. caninum em fêmeas bubalinas no Vale do Ribeira, Estado de São Paulo, Brasil. Os resultados indicam uma alta prevalência da exposição ao. caninum em búfalas no Brasil e garante um inquérito do papel do. caninum como um abortivo em búfalas. CO CLUSÕES A infecção de bezerros bubalinos por T. vitulorum e. caninum ocorre via materna, no entanto, após a aquisição de anticorpos os mesmos conseguem superar o parasitismo. Entretanto, as perdas causadas pelas parasitoses não são claramente estudadas, pois não causam alta mortalidade, como acontece com outras enfermidades, mas resultam como fator limitante ao desenvolvimento do rebanho. REFERÊ CIAS BIBLIOGRÁFICAS BARRIGA, O. O.; OMAR, H. M. Immunity to Toxocara vitulorum repeated infections in a rabbit model. Vet. Immunol. v. 65, p. 249 260, 1992. DUBEY, J.P.; SREEKUMAR, C. Redescription of Hammondia hammondi and its differentiation from Toxoplasma gondii. Int. J. Parasitol. v. 33, p.1437 1453, 2003. FUJII, T. U et al. Seroprevalence of eospora caninum in female water buffaloes (Bubalus bubalis) from the southeastern region of Brazil.Veterinary Parasitology, v. 99, p. 331 334, 2001. GUARINO, A et al. Neosporosis in water buffalo (Bubalus bubalis) in southern Italy. Veterinary Parasitology, v. 91, p. 15 21, 2000. GUPTA G. C.; JOSHI, B. P.; RAI, P. Some aspects of biochemical studies in calf diseases ascaridiasis and scour. Indian Vet. J. v. 53, p. 436 441, 1976. NEVES, M. F.; STARKE-BUZETTI, W. A.; CASTRO, A. M. M. G. Mast cell and eosinophils in the wall of the gut and eosinophils in the blood stream during Toxocara vitulorum infection of the water buffalo calves (Bubalus bubalis). Veterinary Parasitology. v. 113, p. 59 72, 2003. ROBERTS, J. A.; FERNANDO, S.T., SIVANATHAN, S. Toxocara vitulorum in the milk of buffalo (Bubalus bubalis) cows. Res. Vet. Sci. v. 49, p. 289 291, 1990. RODRIGUES, A. A. R et al. Shedding of Neospora caninum oocysts by dogs fed tissues from naturally infected water buffaloes (Bubalus bubalis) from Brazil. Veterinary Parasitology. v.124, p.139 150, 2004.

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