Workshop: Boa Práticas nas Declarações para Memória Futura. Andreia Neves, Bárbara R. O. Fernandes, & Iris Almeida

Documentos relacionados
ENTREVISTA FORENSE EM PORTUGAL

COMISSÃO NACIONAL DE ESTÁGIO E FORMAÇÃO PROGRAMA

Título. Direção-Geral da Administração da Justiça

Aula nº. 38 PROVAS EM ESPÉCIE - INTERROGATORIO. Pergunta-se: INTERROGATORIO é meio de prova ou meio de defesa?

Odisseia da Psicologia. no(s) Espaço(s) da Saúde. I Simpósio de Psicologia do Centro Hospitalar de Coimbra. Complementaridades

Título. Direção-Geral da Administração da Justiça

FEDERATION INTERNATIONALE DES FEMMES DES CARRIERES JURIDIQUES

Código de Processo Penal Disposições relevantes em matéria de Comunicação Social

PROJETO DE LEI N.º./XIII/4.ª

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Regulamento REGULAMENTO. Artigo 1º

REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU. Lei n.º /2004. (Projecto de lei) Regime Probatório Especial Para a Prevenção e Investigação da.

Barómetro APAV INTERCAMPUS Perceção da População Portuguesa sobre os Direitos das Vítimas de Crime Preparado para: Associação Portuguesa de Apoio à

INTERVENÇÕES EM PROCESSOS JUDICIAIS E OUTROS PROCEDIMENTOS para efeitos de cumprimento do disposto nos números 1, 2 e 5 do artigo 22º

Sumário. Parte I Violência e Vitimização de Crianças e Adolescentes Vítimas de Abuso Sexual Intrafamiliar

PROCESSO PENAL PRÁTICAS

PROJETO DE LEI N.º 1151/XIII/4.ª 6.ª ALTERAÇÃO À LEI N

S. R. MINISTÉRIO PÚBLICO DEPARTAMENTO DE INVESTIGAÇÃO E AÇÃO PENAL DO PORTO DIREÇÃO OBJETIVOS 2016/2017 DIAP DO PORTO

CRIMINALIDADE 2016 CRIME DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA BREVE ANÁLISE

ALTERAÇÃO AO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. Foi publicada, no passado dia 14 de Abril de 2015, a Lei 27/2015, cujas alterações aos

OBJETIVOS ESTRATÉGICOS PARA O ANO JUDICIAL

ESCUTA ESPECIALIZADA DE CRIANÇAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA PROFª DRª IONARA RABELO

Prof. Marcelo Tavares, PhD

Psicóloga Judiciária Patrícia Lena Fiorin - CRP 09/5464 Entrevistadora Forense e Supervisora no Depoimento Especial do Setor de Oitiva Especial do

PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO. Alexsandro; Eduardo; Juciléia; Marco Antônio; Rosana.

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

ACORDO DE COOPERAÇÃO ENTRE A EGAS MONIZ COOPERATIVA DE ENSINO SUPERIOR, CRL E A PROCURADORIA DA REPÚBLICA DA COMARCA LISBOA OESTE

Procuradoria da República da Comarca de Lisboa Oeste

DECRETO N.º 327/XII. A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte: Artigo 1.

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular DIREITO PROCESSUAL PENAL Ano Lectivo 2011/2012

SECÇÃO III - Prestação de trabalho a favor da comunidade e admoestação

JORNADAS DA EMPREGABILIDADE

GRELHAS DE CORRECÇÃO

Mais informações e atualizações desta obra em

Código de Processo Civil

CNEF FASE DE FORMAÇÃO INICIAL SUMÁRIOS DE PRÁTICA PROCESSUAL PENAL. Proposta de programa a desenvolver em sumários:

OBJETIVOS ESTRATÉGICOS PARA O ANO JUDICIAL 2018

Título Direção-Geral da Administração da Justiça Direção-Geral da Administração da Justiça

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Normas relevantes em matérias de comunicação social. Artigo 86.º Publicidade do processo e segredo de justiça

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS. Proposta de Lei n.º 343/XII. Exposição de Motivos

DIREITO PROCESSUAL PENAL

CÓDIGO PENAL CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

I Seminário Nacional sobre o Protocolo Brasileiro de Entrevista Forense com Crianças e Adolescentes vítimas e testemunhas de Violência Sexual

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA Diário da República, 1.ª série N.º de setembro de 2015

ECLI:PT:TRC:2013: TAMGR.C1

PROPOSTA DE PLANO DE AÇÃO 2018

Declarações para Memória Futura

PROCESSO PENAL - PRÁTICAS FORENSES FICHA DA DISCIPLINA

LFG MAPS. INQUÉRITO POLICIAL 08 questões. qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.

PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO (RNE)

PARECER DO C.S.M.P. ( Proposta de Lei n.º 272/XII)

PROGRAMA. 4. O conceito de crime e o processo penal: pressupostos materiais e processuais da responsabilidade penal.

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS. Proposta de Lei n.º182/xiii. Exposição de Motivos

Parecer. Alcina da Costa Ribeiro. Proposta de Lei nº 339/XII com vista à alteração da Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo.

PROJETO DE LEI N.º 327/XIII/2.ª PROCEDE À PRIMEIRA ALTERAÇÃO AO REGIME GERAL DO PROCESSO TUTELAR CÍVEL

1º Ponto: O Ex.mo Sr. Procurador apresentou uma proposta quanto aos turnos de verão, proposta esta que oportunamente será objecto de discussão.

BSnOS ap SaJ!d ad!i!:j sjnl

PROVA DE AFERIÇÃO (RNE) Teórica

Pós Penal e Processo Penal. Legale

A nível nacional a definição evoluiu desde.

Práticas Processuais: Direito Civil

Segurança nas Diligências Judiciais

Direito Trabalhista 1

Marco legal. para jovens vítimas de violência

Lei n.º 93/99 de 14 de Julho

CONCEITO DE AUTORIDADE

Data Hora Módulo Tema Matéria Duração Teórico Docente Práticas

ESCOLA DE GESTÃO E DIREITO CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA. DISCIPLINA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO III PRÁTICA PENAL 1º Semestre 2019

Última actualização em 06/02/2008

CENTRO DE ESTUDOS JUDICIÁRIOS PROVA ESCRITA DE DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL

MUNICIPÍO DE FERREIRA DO ZEZERE LISTAGEM DE PROCESSOS JUDICIAIS PENDENTES E SUA EVOLUÇÃO PROCESSUAL (Em cumprimento do artigo 25.º, n.º 2, alínea c),

ENQUADRAMENTO PENAL CÓDIGO PENAL

O HOMICÍDIO EM CONTEXTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. O fenómeno da violência doméstica constitui uma das

Mediação de Conflitos. Fone: (11) /

DECISÃO. A situação em apreço desenvolve-se nos seguintes contornos de facto:

Audiência de instrução, debates e julgamento.

INTRODUÇÃO Capítulo 1 VÍTIMAS... 23

REGULAMENTO GERAL DA FORMAÇÃO

Lei n.º 130/2015 De 4 de Setembro

DEPARTAMENTO DE INVESTIGAÇÃO E AÇÃO PENAL de LISBOA 7ª Secção

Título. Direção-Geral da Administração da Justiça

19/08/2012 PROCESSO PENAL II

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Exame de Prática Processual Penal 23 de Janeiro de 2009

OBJETIVOS ESTRATÉGICOS E PROCESSUAIS - MP 2016/2017

SÚMULA. ESTATÍSTICAS APAV relatório anual

CENTRO DE ESTUDOS JUDICIÁRIOS PROVA ESCRITA DE DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL

PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO (RNE)

Título Direção-Geral da Administração da Justiça Direção-Geral da Administração da Justiça

AS CONTAS NAS CUSTAS PROCESSUAIS

Exame de Prática Processual Penal 1º Curso Estágio 2006

ASSEMBLEIA NACIONAL 1090 I SÉRIE Nº 37 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE 12 DE SETEMBRO DE 2005

ENCONTRO. Para uma resposta diferenciada na prevenção da reincidência e na educação para o direito. Lisboa, Novembro 2017

Realização: Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados Ministro Sálvio de Figueiredo ENFAM, Colégio Permanente de Direitos de

DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento Penal

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

PERÍCIA JUDICIAL CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Transcrição:

Workshop: Boa Práticas nas Declarações para Memória Futura Andreia Neves, Bárbara R. O. Fernandes, & Iris Almeida

(Milne & Bull, 2006; Sanders, 1986, citado por Dando & Milne, 2009) Inquirição a menores Maus tratos e Abuso sexual Durante uma investigação criminal, os agentes judiciais: o quê? quem? como? menor (testemunho como prova substancial) 2

Fases do processo-crime Crime Comunicação crime O Ministério Público decide Inquérito DPMF 3

Inquirição a menores Maus tratos e Abuso sexual Por exemplo, na fase inicial, tendem a relatar o que ocorreu e frequentemente fornecem uma descrição do agressor O testemunho implica a recordação e evocação da situação e tende a ser revitimizador para o menor. Por isso, os entrevistadores devem auxiliar a testemunha a prestar um depoimento completo e preciso. 4

(Kebbell & Milne, 1998; Zander & Henderson, 1993, citado por Dando & Milne, 2009; Dando & Milne, 2009) Inquirição a menores Maus tratos e Abuso sexual Assim, a forma como é dirigido o questionamento deve ter em conta a estrutura do processo de obtenção de informação, o tipo de perguntas e o modo como são feitas. Recordar um crime é um processo construtivo, porque a forma como a memória das testemunhas é acedida e construída, pode ser um determinante significativo, ao nível da quantidade e precisão das informações. 5

Estágios da Memória Atenção Recordação Reconhecimento Codificação Armazenamento Recuperação 6

(Goodman & Reed, 1986; Dent & Stephenson, 1979; Leippe et al., 1979; Marine et al., 1979, Davies, Tarrant & Flin, 1989; Leippe, Romanczyk & Marin, 1991; Holmes, Guth & Kovac, 1979; Braynerd & Reyna, 1990; Bruck & Ceci, 1999; Pozzulo & Warren, 2003; Lindholm, 2005, citado por Meissner et al., 2007; Read & Connolly, 2007) Inquirição a menores O testemunho de crianças Menores Adultos Relato tão preciso quanto o dos adultos Influenciáveis (sugestionabilidade; interações sociais; significado do acontecimento ) Relatos mais longos, com mais detalhes, menos influenciáveis (período retenção; sugestionabilidade ) Mais atentos aos acessórios (cinto, óculos ) Melhor desempenho a relembrar descrições de pessoas que correspondem à sua faixa etária (own-age effects) Mais atentos aos detalhes da face do que a características do corpo (e.g. peso, altura, estatura) e raça do perpetrador 7

Inquirição a menores Para boas práticas na inquirição a menores, cabe a todos os envolvidos no processo judicial, ajustar os seus procedimentos e estratégias comunicacionais às especificidades da criança, tais como a sugestionabilidade e as competências comunicacionais e desenvolvimentais. (Manita, & Machado, 2012; Goodman, & Schaaf, 1997) Como forma de diminuir o processo de revitimização, o artigo 271º do Código de Processo Penal, vem permitir que o menor preste declarações em fase de inquérito, para que posteriormente esse testemunho possa ser utilizado na fase de julgamento (DPMF). 8

Artigo 271º do Código de Processo Penal 1 - Em caso de doença grave ou de deslocação para o estrangeiro de uma testemunha, que previsivelmente a impeça de ser ouvida em julgamento, bem como nos casos de vítima de crime de tráfico de pessoas ou contra a liberdade e autodeterminação sexual, o juiz de instrução, a requerimento do Ministério Público, do arguido, do assistente ou das partes civis, pode proceder à sua inquirição no decurso do inquérito, a fim de que o depoimento possa, se necessário, ser tomado em conta no julgamento. 2 - No caso de processo por crime contra a liberdade e autodeterminação sexual de menor, procede-se sempre à inquirição do ofendido no decurso do inquérito, desde que a vítima não seja ainda maior. 3 - Ao Ministério Público, ao arguido, ao defensor e aos advogados do assistente e das partes civis são comunicados o dia, a hora e o local da prestação do depoimento para que possam estar presentes, sendo obrigatória a comparência do Ministério Público e do defensor. 4 - Nos casos previstos no n.º 2, a tomada de declarações é realizada em ambiente informal e reservado, com vista a garantir, nomeadamente, a espontaneidade e a sinceridade das respostas, devendo o menor ser assistido no decurso do acto processual por um técnico especialmente habilitado para o seu acompanhamento, previamente designado para o efeito. 5 - A inquirição é feita pelo juiz, podendo em seguida o Ministério Público, os advogados do assistente e das partes civis e o defensor, por esta ordem, formular perguntas adicionais. 6-7 - 8 - A tomada de declarações nos termos dos números anteriores não prejudica a prestação de depoimento em audiência de julgamento, sempre que ela for possível e não puser em causa a saúde física ou psíquica de pessoa que o deva prestar. 9

Inquirição a menores Maus tratos e Abuso sexual No Brasil, o projeto Depoimento sem dano é um exemplo de boas práticas neste contexto: Menores devem ser inquiridos por um profissional qualificado com formação em Psicologia/Serviço Social (Conselho Nacional de Justiça). *** A condução inadequada de uma inquirição a um menor, poderá resultar numa experiência traumática, insecurizante e desestruturante para a criança. Se bem conduzida, essa experiência pode ser vivida de forma positiva e ajudar a criança a superar os sentimentos de incapacidade e responsabilidade/culpabilidade. (Ribeiro, 2009; Ribeiro & Manita, 2007 citado por Manita, & Machado, 2012) 10

(Arnold & Fields, 2009; DeVoe & Taller, 2002; Magalhães & Ribeiro, 2007; Ribeiro, 2009, Citados por Manita, & Machado, 2012; Peixoto, Ribeiro & Alberto, 2013) Boas práticas nas DPMF Para uma recolha de informação de forma eficaz, espontânea e fiável, os intervenientes do sistema de justiça: a) Devem ser capazes de compreender e desenvolver protocolos de entrevista flexíveis e especializados (ex.: evitando as questões focalizadas, diretivas e sugestivas; evoluindo de questões gerais para específicas e de questões abertas para fechadas); b) Devem possuir formação especializada (ex.: desenvolvimento infantil, as dinâmicas e consequências do abuso, caraterísticas da memória e do testemunho em crianças); c) Devem ter conhecimento das implicações da repetição do testemunho para o menor. 11

Boas práticas nas DPMF Sugere-se que: no momento da inquirição o menor seja questionado por apenas uma pessoa todos os intervenientes do sistema de justiça devem reunir-se previamente e partilhar as questões que gostariam de ver esclarecidas Caso não seja possível reunir anteriormente, os intervenientes poderão fazer uma pausa na diligência, para partilhar as questões. Das condições mínimas, recomenda-se a ausência dos arguidos aquando a presença do menor nas instalações judiciais. Esta articulação irá proteger o menor e permitirá uma gestão eficaz do processo. (Caridade, Ferreira, & Carmo, 2011; Carmo, 2013) 12

Declarações para Memória Futura O objetivo da presença do técnico que acompanha o menor nas Declarações para Memória Futura é: evitar que o contacto com o sistema de justiça seja potenciador de maior desconforto e desequilíbrio emocional; possibilitar a otimização da qualidade e quantidade da narrativa do menor; contribuir para o apuramento dos factos, de forma válida e efetiva; e, essencialmente, diminuir ao máximo o risco de revitimização. Atendendo aos seus conhecimentos técnicos e científicos específicos, a direção da inquirição por profissionais da área da Psicologia Forense, poderão fornecer um contributo importante neste âmbito. (Caridade, Ferreira, & Carmo, 2011) 13

Declarações para Memória Futura Segundo as boas práticas, o técnico que efetua o acompanhamento do menor deve intervir em 3 fases: a) pré-inquirição (2 a 3 sessões) b) Inquirição (durante a inquirição) c) pós-inquirição (logo após a inquirição) (Caridade, Ferreira, & Carmo, 2011) É fundamental que a nomeação se processe em tempo útil e oportuno, para que o técnico reúna informação sobre o caso, avalie o desenvolvimento da criança e construa a sua intervenção. 14

Declarações para Memória Futura a) Momento pré-inquirição: Estabelecer relação com cuidador(es) e explicitar o âmbito da intervenção 15

Declarações para Memória Futura a) Momento pré-inquirição: Estabelecer uma relação de confiança, explicitar o âmbito da sua intervenção e avaliar as competências do menor [1 a 2 sessões*] Avaliar o desenvolvimento global do menor, averiguando as suas competências elementares à produção de um testemunho fidedigno: Objetivo: Linguagem; Informar e sensibilizar o Magistrado Conceitos básicos ( quem, o quê ) para que este possa ajustar a sua inquirição e/ou habilitar o técnico para Memória, atenção e capacidade narrativa preparar a sua intervenção (caso seja o (ex.: evocação espontânea ou não); inquiridor). Capacidade de corrigir o entrevistador e sugestionabilidade; Distinção entre verdade/mentira; Distinção fantasia/realidade. 16

Declarações para Memória Futura a) Momento pré-inquirição: Estabelecer uma relação de confiança, explicitar o âmbito da sua intervenção e informar os processos envolvidos nas DPMF [1 sessão*] Preparar o menor para a diligência DPMF, esclarecendo o significado do procedimento legal e intervenientes. Objetivo: Diminuir os níveis de ansiedade no menor por meio de informação, por forma a garantir a recolha de um testemunho com qualidade. *Quando não for possível efetuar as sessões, deverá o menor comparecer 2 horas antes da marcação da diligência, para que se possa proceder de acordo com o protocolo. 17

18

19

Declarações para Memória Futura b) Inquirição Cuidados com o setting local que garanta a reserva pessoal formalismos diminuídos (ex.: uso da beca e toga) Apenas um adulto a questionar o menor (restantes interlocutores judiciais devem visualizar a diligência através de espelho unidirecional) Durante a inquirição, o técnico deve: monitorizar o comportamento do menor monitorizar a forma como o menor é inquirido gerir o tempo de inquirição (solicitando paragens quando necessário) 20 (Caridade, Ferreira, & Carmo, 2011)

Declarações para Memória Futura c) Momento pós-inquirição Reforçar o desempenho do menor, diminuindo a tonalidade emocional do acontecimento (e.g. questionar acerca do que o menor vai fazer após sair dali) e contactar com os cuidadores/progenitores, aconselhando-os a não falar sobre a inquirição a não ser que o menor o faça. Reunir com os interlocutores judiciais, para analisar o desempenho do menor e discutir pontos positivos e negativos do questionamento, bem como futuras abordagens. (Caridade, Ferreira, & Carmo, 2011) 21

Conclusão A boa condução de uma inquirição poderá aumentar a qualidade e quantidade de informação, ajudando assim na busca da verdade. A articulação entre os interlocutores do sistema de justiça irá proteger o menor e permitirá uma gestão eficaz do processo. É importante que a experiência da inquirição seja percepcionada pelo menor como positiva. Qualquer inquirição deverá ter como principal preocupação adquirir informação mas de forma a ajudar o menor a superar os sentimentos de incapacidade e responsabilidade/culpabilidade. Não esquecendo assim o superior interesse da criança, bem como a sua estabilidade emocional e psicológica. 22

Obrigada pela atenção! Contacto: lcforenses@egasmoniz.edu.pt 23