ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA O TERMO DE REFERÊNCIA DO EIA/RIMA DOS TRECHOS SUL, LESTE E NORTE DO RODOANEL Em atendimento ao estipulado no acordo judicial (Apelação n. 2003.61.00.025724-4) ABRIL 2005 O presente documento é endossado pelas seguintes entidades: Conselho Comunitário Santana Tucuruvi CTI - Centro de Trabalho Indigenista E.C.F.F. Fundação SOS Mata Atlântica GPME Grupo de Proteção dos Mananciais do Eldorado IAPD Aruanda Ambiente IBIOCA Nossa Casa na Terra Instituto Socioambiental ISA Movimento Defenda São Paulo Pólis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Públicas PROAM Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental Sindicato dos Advogados de São Paulo SAJEP - Sociedade dos Amigos do Jardim Europa e Paulistano Sociedade Ecológica Amigos de Embu SOS Mananciais
Estudos Complementares para o Termo de Referência do EIA/RIMA dos trechos Sul, Norte e Leste do Rodoanel Tendo em vista o item V do acordo judicial realizado nos autos da apelação civil 2003.61.00.025724-4, perante o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que prevê que a SMA incorporará ao Termo de Referência, em complementação às exigências nele constantes os conteúdos indicados pelo IBAMA e outros aspectos considerados pertinentes, à vista das contribuições apresentadas pela sociedade civil, universidades, pelo Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual. Considerando que o IBAMA deve se manifestar sobre questões atinentes à Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo, Ecossistema da Mata Atlântica e área indígena da Barragem- Krukutu; Considerando a reunião técnica sobre indução à ocupação em mananciais realizada na SMA em 4.04.05 e as contribuições de representantes de instituições científicas e atuantes na área, bem como os pedidos específicos feitos pelos especialistas presentes na reunião; Considerando que o estudo denominado Avaliação Ambiental Estratégica do Rodoanel Mario Covas, não contempla nenhuma avaliação sobre o trecho oeste, em funcionamento desde 2002; Considerando as discussões realizadas na presente audiência pública; As entidades signatárias vêm por meio desta requerer que os seguintes estudos complementares - a serem realizados por instituições indicadas pela SMA e CONSEMA - sejam incorporados ao Termo de Referência para a elaboração do EIA/RIMA dos trechos Sul, Leste e Norte do Rodoanel: 1. Sobre questões de logística, transportes e mobilidade urbana: 1. Estudo de alternativas para a solução dos problemas de logística e transporte de carga, transporte coletivo e mobilidade urbana geral, considerando: Diretrizes para o estabelecimento de uma política de logística na RMSP, compreendendo: estratégias de médio e longo prazo para recepção, escoamento e distribuição de produtos; modalidades de transportes a serem privilegiadas; detalhamento da proposta do Ferroanel; incentivos para deslocamento de empresas e propostas de regulação do uso e ocupação do solo. Alternativas operacionais para o transporte de carga, no sentido de reduzir seus impactos na mobilidade geral e na qualidade ambiental, considerando, dentre elas, alternativas de restrição ao tráfico de caminhães em determinados períodos e regiões da cidade.
2. Levantamento atualizado das principais rotas e da origem/destino do transporte de carga na RMSP, relacionando os fluxos de logística. 3. Atualizar os benefícios a serem obtidos com o empreendimento sobre redução de número de caminhões em circulação, em função das mudanças recentes na legislação do município de São Paulo que tratam da restrição da circulação de caminhões em determinados horários. 4. Avaliar redução do número de caminhões em circulação na cidade com o funcionamento do trecho oeste. 2. Sobre potencial de indução à ocupação em área de mananciais e de importância ambiental: 1. Avaliar as tendências e principais causas de expansão urbana metropolitana revendo, neste contexto, o potencial de indução do Rodoanel. 2. Avaliar a efetividade na aplicação dos atuais instrumentos de controle dessa expansão quanto aos governos estadual e municipais têm conseguido controlar dessa expansão? Qual a política governamental estadual para o exercício desse controle? - incluindo nessa avaliação: 3. Estudo integrado de todos os planos diretores dos municípios afetados direta e indiretamente pelo Rodoanel, compreendendo a avaliação das intenções de expansão da mancha urbana e identificação de conflitos potenciais, bem como, dos instrumentos de controle territorial e manejo fundiário propostos. 4. Estudo detalhado sobre as alterações recentes no uso e ocupação do solo na região do Trecho Oeste, compreendendo as dinâmicas fundiárias e mobiliárias, identificando possíveis focos de intensificação de ocupações formais e informais, e avaliando o grau de efetividade de Rodovia Classe 0 em área urbana. 5. Considerar os cenários de construção de acessos além dos previstos no projeto, como por exemplo com a Av. Sadamu Inoue, como subsídio ao processo de tomada de decisão futura sobre os mesmos. 3. Sobre levantamento e avaliação de impacto sobre vegetação e fauna: 1. Realizar levantamento detalhado sobre vegetação afetada direta e indiretamente pelo Rodoanel, contemplando: mapeamento detalhado e em escala gráfica maior; identificação dos diferentes estágios de sucessão da vegetação, separando áreas de várzea com legendas diferenciadas, considerando também a vegetação herbácea e arbustiva. 2. Revisão das informações apresentadas pelo empreendedor sobre fragmentos e corredores, incorporando metodologia reconhecidas no meio científico, como por exemplo projeto Biota/Fapesp, realizado na região do Morro Grande (Ecologia/USP Coord. Prof. Jean Paul Metzger). 3. Realizar levantamento dos fragmentos e maciços afetados direta ou indiretamente pelo Rodoanel, contemplando: as diferentes relações entre os fragmentos e entre estes e os maciços existentes e as áreas de várzea; avaliação da viabilidade dos fragmentos e dos maciços a longo prazo, considerando as diferentes áreas atingidas pelo Rodoanel.
4. Incluir a totalidade da área ocupada pela várzea do Rio Embu Mirim como área de proteção a ser implantada com o Rodoanel, de forma a garantir conectividade da paisagem, a sustentabilidade da várzea e acesso à fauna. 5. Realizar avaliação de impacto do trecho oeste sobre vegetação existente e corredores de fauna, como por exemplo o Parque do Jaraguá, bem como das compensações realizadas neste. 6. Destacar a importância biológica da vegetação e fauna regional, espécies raras e/ou ameaçadas e medidas para garantir a sua conservação na área de impacto do empreendimento; 7. Incorporar nos estudos dos impactos diretos e indiretos do Rodoanel o impacto sobre as áreas prioritárias para conservação da Mata Atlêntica definidas pelo MMA (Avaliação e Ações Prioritárias para a conservação da biodiversidade da mata atlântica e campos sulinos. 8. Avaliar a perda geral de vegetação que vem ocorrendo na RMSP e seus impactos na perda de serviços ambientais, como a produção de água, a atenuação da ilha de calor, a contenção de cheias, a redução dos efeitos da poluição do ar e da água, entre outros, considerando nesse contexto, os impactos diretos e indiretos do Rodoanel levantados nos estudos acima referidos, bem como a utilização da metodologia da Avaliação Ecossistêmica do Milênio para análises de múltiplas escalas. 4. Sobre situação atual dos reservatórios de abastecimento da RMSP: 1. Avaliar o quadro de degradação em que se encontram os mananciais de abastecimento da região metropolitana e os riscos decorrentes para a saúde da população, identificando o impacto direto e indireto do Rodoanel nesse contexto. 2. Apresentar estudo sobre condição atual, tendências de evolução e riscos para o abastecimento e saúde da população, a partir da avaliação da capacidade de suporte dos reservatórios de abastecimento que estão na área de influência direta e indireta do Rodoanel, considerando: qualidade da água; regime hídrico; fontes de poluição interna e externa às suas bacias; carga poluidora existente; níveis de assoreamento dos reservatórios; qualidade e origem dos sedimentos; operação dos sistemas de reservatórios e o nível de tratamento de suas águas; grau de proteção da cobertura vegetal de suas bacias; avaliação das políticas, programas e obras com potencial de degradação das áreas de mananciais; e finalmente, diretrizes para a tomada de decisão quanto à prioridade de investimentos necessários para sua recuperação e conservação. 5. Estudo sobre as áreas indígenas potencialmente afetadas pelo Rodoanel: 1. Avaliação dos Impactos nas Terras Indígenas Barragem, Krukutu e Jaraguá, respeitando os procedimentos administrativos instaurados pela Portaria 735 / Pres. FUNAI de 05/08/2002 de Revisão de Limites, para inclusão de áreas tradicionalmente ocupadas pelas comunidades Guarani. 2. Análise dos efeitos e pressões (ambientais, sociais e culturais) do empreendimento na Terra Indígena Jaraguá, não contemplada no EIA RIMA - trecho oeste. 3. Análise da viabilidade do empreendimento e de medidas mitigadoras para conservação das áreas de uso e ocupação tradicional Guarani, tais como trilhas
de ligação entre aldeias do planalto e litoral sul, coleta para fins medicinais, artesanais e alimentares, relativo às Terras Indígenas Barragem e Krukutu. 6. Sobre patrimônio cultural e arqueológico: 1. Realizar levantamento detalhado com a identificação de todas as áreas de preservação de sítios arqueológicos e históricos. 2. Realizar avaliação do traçado e das instalações do empreendimento, de forma a garantir preservação de sítios arqueológicos e históricos e evitar impactos diretos que resultem em liberação de áreas, que por sua importância, devem ser preservadas. 3. Realizar consulta junto aos órgãos municipais responsáveis pela preservação do patrimônio e garantir sua participação ativa na tomada de decisões referentes às áreas identificadas e que possam sofrer influência direta ou indireta do empreendimento. 4. Submeter à decisão desses órgãos a guarda dos acervos documentais e materiais gerados pelas pesquisas históricas e arqueológicas, na área direta e indiretamente afetada pelo Rodoanel, incluindo o trecho oeste. 7. Análise e incorporação das informações apresentadas durante consultas e audiências públicas do processo de licenciamento ambiental do Rodoanel: 1. Parecer sobre o Rodoanel Mário Covas produzido pelo Comitê Transitório da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, datado de 19 de setembro de 2002. 2. Relatório de Impacto Ambiental do Rodoanel Metropolitano de São Paulo Trecho Oeste feito pela Faculdade de Saúde Pública da USP. 3. Documento Questionamentos sobre o documento Avaliação Ambiental Estratégica Rodoanel, produzido pelo Instituto Socioambiental ISA, pela Associação Capivari-Monos, Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Polis-Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Públicas, entregue em setembro de 2004; 4. Transcrições das reuniões realizadas na sede da Agência de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. 5. Transcrição da Reunião Técnica sobre potencial de indução à ocupação, organizada pelo Consema em 04 de abril do presente ano, na Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo. Por fim, requer-se : 8. a resposta motivada da SMA e IBAMA a respeito das solicitações acima e o encaminhamento à análise de técnicos das entidades signatárias, do Ministério Público e empreendedor; 9. A convocação de reunião técnica com a participação de especialistas indicados pela SMA, IBAMA, sociedade civil, universidades e o empreendedor para a discussão dos estudos complementares solicitados e respostas motivadas da SMA e IBAMA;
10. A requisição por parte da SMA da apresentação de metodologia e orçamento para a elaboração dos estudos elencados que deverão ser contratados pela SMA, mas custeados pelo empreendedor; 11. A suspenção da designação da audiência pública para a avaliação do impacto do trecho sul do Rodoanel até a incorporação dos estudos solicitados no termo de referência do Rodoanel. Att: Exmo. Dr. José Goldemberg Secretário do Estado do Meio Ambiente Presidente do CONSEMA c/c: Exmo. Dr. Germano Seara Filho Secretário Executivo do CONSEMA c/c: Exmo. Dr. Pedro Stech Chefe do Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental DAIA c/c: Exma. Dra. Analice de Novaes Pereira Gerente Executiva do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA no Estado de São Paulo c/c: Exma. Dra. Ana Cristina Bandeira Lins Procuradora do Ministério Público Federal de São Paulo c/c: Exmo. Dr. Geraldo Rangel da França Neto Promotor do Ministério Público do Estado de São Paulo c/c: Exmo. Dr. Paulo Tramboni Secretário Adjunto de Transportes Dersa Desenvolvimento Rodoviário S.A. Estudos Complementares para o EIA/RIMA dos trechos Sul, Leste e Norte do Rodoanel p. 6