Proposta de Pesquisa da Prática Educativa de Professores em Cursos de Engenharia

Documentos relacionados
Discutindo a prática docente aliada às novas tendências educacionais. Claudinei de Camargo Sant Ana

ETNOMATEMÁTICA E LETRAMENTO: UM OLHAR SOBRE O CONHECIMENTO MATEMÁTICO EM UMA FEIRA LIVRE

Eixo Temático 3-Currículo, Ensino, Aprendizagem e Avaliação

SABERES E COMPETÊNCIAS NECESSÁRIOS À DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR

RECIPROCIDADE NA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES: PROPOSTA EM DISCUSSÃO

Ingrid Janaína dos Santos Ferreira 1 ; Paulo Cézar Pereira Ramos 2 ; Maria Aparecida dos Santos Ferreira 3 INTRODUÇÃO

7. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

09/2011. Formação de Educadores. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

PROGRAMA DE COMPONENTE CURRICULAR

FUTUROS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DESENVOLVENDO ATIVIDADES PEDAGÓGICAS NÃO FORMAIS Anemari Roesler Luersen Vieira Lopes - UFSM

PLANO DE CURSO 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

FORMAÇÃO INICIAL NOS CURSOS DE LICENCIATURA E PEDAGOGIA: QUAL O SEU IMPACTO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE UM BOM PROFESSOR?

A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA: Realidade da Rede Pública de Educação de Ouro Fino MG RESUMO

ETNOMATEMÁTICA NO GARIMPO: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso Licenciatura em Matemática. Ênfase

FORMAÇÃO CONTINUADA NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: A EXTENSÃO QUE COMPLEMENTA A FORMAÇÃO DOCENTE. Eixo temático: Educación, Comunicación y Extensión

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UM PROCESSO QUE MERECE UM OLHAR ESPECIAL

A avaliação da aprendizagem no curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina: um olhar sobre a formação discente

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

Palavras-chave: formação continuada; prática docente; metodologia de ensino.

Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas - CCE Departamento de Matemática

UM OLHAR PARA O CONTEXTO SOCIOCULTURAL E POLÍTICO DO ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA DO CURSO PROCAMPO - URCA

Palavras Chaves: Ensino de Matemática, Material Digital, Tecnologia.

O ENSINO DE MATEMÁTICA COM O AUXÍLIO DO SOFTWARE GEOGEBRA: UMA AÇÃO DO PIBID/MATEMÁTICA/CCT/UFCG

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: 2017

COORDENAÇÃO GERAL DE ENSINO. RS 377 Km 27 Passo Novo CEP Alegrete/RS Fone/FAX: (55)

Plano de Ensino Docente

Discutindo o trabalho docente aliado às novas tendências educacionais De 25 à 29 de Maio de 2009 Vitória da Conquista - Bahia

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO CAMPO NAS PESQUISAS ACADÊMICAS

A prática como componente curricular na licenciatura em física da Universidade Estadual de Ponta Grossa

Plano de Ensino Docente

Acadêmica do curso de graduação em Pedagogia da UNIJUÍ e bolsista PIBIC/CNPq, 3

SABERES DOCENTES NECESSÁRIOS À PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL TECNOLÓGICA

Habilidades Cognitivas. Prof (a) Responsável: Maria Francisca Vilas Boas Leffer

OS DESAFIOS DA PESQUISA NA FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA OFERECIDO PELA PLATAFORMA FREIRE, NO MUNICÍPIO DE BOM JESUS DA LAPA BA

PLANO DE ENSINO FORMAÇÃO CONTINUADA: OFICINAS PEDAGÓGICAS. Profª. Msc. Clara Maria Furtado

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: Disciplina: Avaliação Educacional e Institucional Carga horária: 40

O ALUNO CEGO E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NO CAMPO DA MATEMÁTICA: A PERCEPÇÃO DE DOIS EDUCADORES.

EDM METODOLOGIA DO ENSINO DE MATEMÁTICA I LIC. EM MATEMÁTICA 2017

A CONTEXTUALIZAÇÃO COMO AGENTE FACILITADOR NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

Educação, tecnologia, aprendizagem exaltação à negação: a busca da relevância

Conferência MODELAGEM MATEMÁTICA: EXPERIÊNCIAS PARA A SALA DE AULA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS CENTRO DE TEOLOGIA E HUMANIDADES CURSO DE FILOSOFIA

IV EDIPE Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino 2011 FORMAÇÃO DE FORMADORES EM CABO VERDE PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES RESUMO

DIDÁTICA E FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSOES: INTERFACE NECESSÁRIA E SIGNIFICATIVA À PRÁTICA DOCENTE

O PAPEL DAS INTERAÇÕES PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

familiares) interferem, não como influências absolutas, mas como facilitadores ou dificultadores do processo de aprendizagem da profissão.

O CURSO DE PEDAGOGIA COMO LÓCUS DA FORMAÇÃO MUSICAL INICIAL DE PROFESSORES Alexandra Silva dos Santos Furquim UFSM Cláudia Ribeiro Bellochio UFSM

Índice. 1. Professor-Coordenador e suas Atividades no Processo Educacional Os Saberes dos Professores...4

Zaqueu Vieira Oliveira Sala 128 do bloco A

A DOCENCIA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: UM OFÍCIO PRODUTOR DE MESTRES NO ENSINO E NAS PROFISSÕES

IMPACTOS DA EXPERIÊNCIA DA PESQUISA UNIVERSITÁRIA NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO COMO FUTURO PROFESSOR

PLANO DE ENSINO. CURSO Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais MATRIZ 763

APROXIMANDO UNIVERSIDADE E EDUCAÇÃO BÁSICA PELA PESQUISA NO MESTRADO

Resultados e discussão

Plano de Ensino Docente

NOVAS METODOLOGIAS DE ENSINO: UMA PESQUISA SOBRE O USO DO SOFTWARE GEOGEBRA NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES NA EJA: DIFICULDADES ENCONTRADAS POR LICENCIADOS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM MATEMÁTICA NA UESB

A ETNOMATEMÁTICA EM DIFERENTES ESPAÇOS SOCIOCULTURAIS

RESENHA. Acir Mario Karwoski Benedita Kátia de Araújo Santos

PROGRAMA DE DISCIPLINA

FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NO ENSINO SUPERIOR: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

A IMPORTÂNCIA DE PROJETOS DE PESQUISA NA FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

PROGRAMA DE ENSINO CÓDIGO DISCIPLINA OU ESTÁGIO SERIAÇÃO IDEAL/PERÍODO FIS0716 DIDÁTICA 2ª S / 4º P

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA NO CONTEXTO DA UAB: O ACOMPANHAMENTO DO TUTOR

CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: ANALISANDO AS DIFICULDADES DOS ALUNOS DE UM CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

CÓDIGO: SÉRIE / FASE DO CURSO:

FORMAÇÃO CONTINUADA DE DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR: POSSIBILIDADES DE CONSTRUÇÃO GRUPAL DE SABERES DOCENTES EM INSTITUIÇÃO PARTICULAR DE ENSINO

PLANO DE CURSO CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR

ENSINO MÉDIO: INOVAÇÃO E MATERIALIDADE PEDAGÓGICA EM SALA DE AULA 1. Palavras-Chave: Ensino Médio. Inovação Pedagógica. Pensamento docente.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS IFMG

Palavras-chave: Laboratório de Matemática; Pibid; Práticas Pedagógicas.

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO ESPORTE CEFID

DIDÁTICA MULTICULTURAL SABERES CONSTRUÍDOS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM RESUMO

Educador A PROFISSÃO DE TODOS OS FUTUROS. Uma instituição do grupo

VII CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENSINO DA MATEMÁTICA O USO DE VIDEOAULAS COMO INSTRUMENTO DIDÁTICO NA APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

O ENSINO DE ÁLGEBRA NUM CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE DISCIPLINA

PROJETO ROBÓTICA EDUCACIONAL

ANÁLISE DAS PRÁTICAS DOCENTES: BUSCANDO O SENTIDO DADO À FORMAÇÃO MATEMÁTICA

Uma reflexão sobre o uso de materiais digitais em atividades de Matemática

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA DOCENTE: ALESSANDRA ASSIS DISCENTE: SILVIA ELAINE ALMEIDA LIMA DISCIPLINA: ESTÁGIO 2 QUARTO SEMESTRE PEDAGOGIA

FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES: CONCEPÇÃO E PRÁTICA DE ALFABETIZAÇÃO EM QUESTÃO NO ÂMBITO DO PIBID

A docência no ensino superior: a formação continuada do professor-formador e a reflexão crítica da sua ação docente

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Geane Apolinário Oliveira UEPB Senyra Martins Cavalcanti UEPB (Orientadora) INTRODUÇÃO

FORMAÇÃO DOCENTE NO BRASIL: UM ESTUDO ANALÍTICO DE SEUS INDICADORES

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES E A EXPERIÊNCIA DO PIBID EM UMA IES COMUNITÁRIA: CAMINHOS PARA A CONSOLIDAÇÃO DE UMA CONCEPÇÃO DE TRABALHO DOCENTE

FUNDAMENTOS DA SUPERVISÃO ESCOLAR

Sugestões para a melhoria da formação pedagógica nos cursos de licenciatura da UFSCar, extraidas dos respectivos relatórios de auto-avaliação

Palavras-Chave: Formação de Professores; Desenvolvimento Profissional; Pesquisa.

PRODOCÊNCIA UEPB: PROFISSÃO DOCENTE, INOVAÇÃO E TECNOLOGIA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

ATITUDES EM RELAÇÃO AO PROFESSOR E AOS ALUNOS 27 Demonstrar compromisso com a profissão

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS JAGUARÃO CURSO DE PEDAGOGIA

Palavras-Chave: Prática Formativa. Desenvolvimento Profissional. Pibid.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS IFMG

2016 Curso: Disciplina: Conteúdos e Metodologia do Ensino de Matemática Carga Horária Semestral: Semestre do Curso: 1 - Ementa (sumário, resumo)

O ENSINO DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NAS ESCOLSA ESTADUAIS DE DOURADOS/MS RESUMO INTRODUÇÃO

Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Câmpus Ponta Grossa PLANO DE ENSINO

Transcrição:

Proposta de Pesquisa da Prática Educativa de Professores em Cursos de Engenharia Iêda do Carmo Vaz João Bosco Laudares Resumo: Este artigo objetiva apresentar uma proposta de investigação da prática educativa do professor de Matemática em cursos de Engenharia e de professores de disciplinas específicas dos mesmos cursos, com a identificação de parâmetros à formação inicial e continuada de professores de Matemática. Busca entender como esses profissionais fazem a transposição do conhecimento matemático para o saber tecnológico, nos cursos de Engenharia. A partir do estudo da ciência, a Matemática apresenta-se como requisito conceitual científico. Nesse contexto, pretende-se observar a interação da Educação Tecnológica com a Educação Matemática, pela ação efetiva do educador matemático e do educador tecnológico. Pretende-se acompanhar o fazer desses educadores dos cursos tecnológicos, no trabalho e na interação dos conceitos fundamentais do Cálculo, com as disciplinas tecnológicas tais como: Função, Limite, Derivada, Integral, e verificar como é dado o tratamento destes conceitos. Palavras-chave: Prática Educativa. Educação Matemática. Educação Tecnológica.. Introdução Neste artigo é apresentada uma proposta de investigação da prática educativa do professor de Matemática em cursos de Engenharia e de professores de disciplinas específicas dos mesmos cursos, com a identificação de parâmetros à formação inicial e continuada de professores de Matemática, a partir de algumas reflexões teóricas. A Matemática é uma disciplina científica, trabalhada nos cursos de área tecnológica. Investigar, acompanhar e entender as metodologias e estratégias utilizadas pelos professores, na maneira de ler e interpretar a sala de aula (TARDIF, 2005) dos cursos tecnológicos, bem como nas abordagens conceituais, operacionalizações (utilização dos algoritmos) e aplicações dos conteúdos estudados, em situações que oportunizem os educandos a entender o querer dizer do professor, é de fundamental importância para o entendimento dos processos cognitivos. Perceber como esse profissional faz a transposição do conhecimento Matemático (científico) para o saber tecnológico, nos cursos de Engenharia, é de fundamental importância dentro dos estudos da Educação Matemática, que se insere nos estudos da Educação Tecnológica. 1

Há uma forte relação entre os saberes escolares e os saberes experienciais dos professores, no trabalho e no modo como é vivenciado e recebe significado por ele e para ele (TARDIF, 2005). Nessa trajetória de estudos e pesquisas, são levantadas algumas questões: Na educação inicial do professor como são tratados os conceitos matemáticos? E na educação continuada, como se dá o trabalho com os conceitos matemáticos na regência de sala de aula? Qual a metodologia utilizada? Educação Matemática no Contexto da Educação Tecnológica Hoje, pesquisas se desenvolvem no campo da Educação Matemática, e buscam entender as estratégias de aprendizagem que os educandos desenvolvem para aprender Matemática (FROTA, 2001). As apreensões dos conceitos matemáticos acontecem a partir de experimentações, e descrições são feitas juntamente com conceitos anteriormente adquiridos. As construções de gráficos acontecem para fornecer imagens visuais, que são utilizadas para verificação das afirmações e dos teoremas estudados. Há uma tensão entre a coerência da matemática elementar e a conseqüência da matemática formal, num movimento do descrever para o definir (FUSARO, 2001). A Educação crítica, descrita por Skovsmose(2004,p.15), tem forte associação com o entendimento de humanismo e sociedade de Karl Marx. Nela, Skovsmose cria dois postulados básicos: -É necessário intensificar a interação entre a Educação Matemática e a Educação Crítica, para que a Educação Matemática não se degenere em uma das maneiras mais importantes de socializar os estudantes em uma sociedade tecnológica e, ao mesmo tempo, destruir a possibilidade de se desenvolver uma atitude crítica em direção a essa sociedade tecnológica. -É importante para a Educação Crítica interagir com assuntos das ciências tecnológicas e, entre eles, a Educação Matemática, para que a Educação Crítica não seja dominada pelo desenvolvimento 2

tecnológico e se torne uma teoria educacional sem importância e sem crítica. Essa proposta educacional evidencia a importância da relação entre professor-aluno e enfatiza que os parceiros devem ser iguais. No diálogo professor-aluno, emerge o que Paulo Freire(1972) chama de pedagogia emancipadora, em que o professor-dosestudantes e os estudantes-do-professor se desfazem e um novo termo se constrói; professor-estudante e estudantes-professores. No diálogo que se estabelece nesse novo contexto, as duas partes são responsáveis por um processo no qual todos crescem. Aliado a esses estudos espera-se do professor a criação de um novo ambiente escolar do questionamento, encorajando o estudante a propor soluções, explorar possibilidades, levantar hipóteses, justificar seu raciocínio, fazer simulações, entrar em rede, analisar e justificar resultados utilizando a Matemática como instrumental na resolução de problemas, surgidos da construção e da criatividade em situações de trabalho, da técnica, do econômico e do social(laudares, 2004:p.294). Na validação ou concepção de um curso de Graduação universitária, procura-se a formação, não apenas profissional, mas a inserção do estudante na academia, formando-o para a profissão, mas com embasamento teórico, numa dupla abrangência técnico/científica. Nessa perspectiva, a Matemática além de ser requisito ao desenvolvimento do raciocínio lógico-dedutivo do estudante, o municia de instrumentos para o entendimento e a construção da tecnologia. A atual sociedade do conhecimento, onde o científico está vinculado ao raciocínio causal, organizado, sistêmico e lógico, a Matemática acontece como requisito conceitual científico. Se fazer ciência é matematizar os fenômenos, realizando sua leitura e compreensão pelo raciocínio lógico-dedutivo, essência da estruturação Matemática, a Educação Tecnológica ou para a Tecnologia, se faz numa interação estreita com a Educação Matemática. Nessa interação tecnológica com a matematização da realidade, a Educação Matemática se apropria da Etnomatemática (D AMBROSIO,1998) tomando os princípios socioculturais, 3

hoje, de uma sociedade tecnizada, e utiliza a modelagem, segundo Bassanezi(2002) para interpretação do real e do fenômeno, através do instrumental matemático. Isso constitui o fundamento pedagógico para a Educação Tecnológica e Educação Matemática, que se integram no processo educacional pela ação efetiva do educador matemático e do educador tecnológico. Ambos estão a serviço da formação e capacitação do homem para sua inserção social no mundo do trabalho, e sua integração cultural para viver numa sociedade impregnada da ciência e da tecnologia. Proposta de uma Pesquisa Esta é uma proposta que servirá de base para o PROJETO DE PESQUISA, o qual está sendo elaborado junto ao Mestrado em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-MG. a) Tipo de pesquisa A pesquisa a ser desenvolvida será qualitativa. Segundo Lüdke e André (1986, p.13) entre as várias formas que pode assumir uma pesquisa qualitativa, destacam-se a pesquisa do tipo etnográfico e o estudo de caso. Ambos vêm ganhando crescente aceitação na área de educação, devido principalmente ao seu potencial para estudar as questões relacionadas à escola. Ainda segunda as mesmas autoras, na pesquisa qualitativa os pesquisadores matem um contato estreito e direto com a situação, onde os fenômenos ocorrem influenciados por um contexto. A preocupação com o processo é maior do que com o produto. O interesse do pesquisador é determinado pela verificação do que se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas. É o que se pretende fazer nessa proposta de pesquisa utilizando-se principalmente de dois recursos, que são a observação em sala de aula e a entrevista semi-estruturada. 4

b) Autores da pesquisa A autora desta proposta de pesquisa é graduada em Matemática e especialista em Educação Matemática. Participa do grupo de pesquisa Práticas investigativas em ensino de Matemática - PINEM, da PUC-MINAS. É estudante do curso de Mestrado em Educação Tecnológica do CEFET-MG, investigando na Linha de Pesquisa Processos Formativos em Educação Tecnológica. É orientada pelo Professor Doutor João Bosco Laudares, que também é autor desse artigo. Essa Linha de pesquisa tem por objetivo avaliação e construção de projetos de formação, qualificação e requalificação do trabalhador, face ao estágio atual de desenvolvimento tecnológico, na empresa e na escola. c) Sujeitos da pesquisa A proposta dessa pesquisa terá como sujeitos os professores dos Cursos de Engenharia Mecânica e Elétrica do CEFET-MG, das disciplinas técnicas da parte específica do currículo e os professores de Matemática que ministram aulas nesses cursos. d) Objeto / Objetivo da Pesquisa O objeto de estudo será o tratamento dado aos conceitos matemáticos em alguns tópicos do programa proposto para esses cursos: função, limite, derivada, integral. Estes quatros conceitos são básicos para todo o estudo de Cálculo Diferencial e Integral em cursos da área tecnológica, especialmente de Engenharia. O objetivo da pesquisa é identificar o tratamento metodológico utilizado pelo professor de Matemática ao introduzir estes conceitos básicos do Cálculo e verificar como os professores de disciplinas específicas dos cursos de Engenharia utilizam estes mesmos conceitos na resolução de problemas, na modelagem dos fenômenos físicos e tecnológicos. Questionar então, como os docentes dos cursos de Engenharia fazem o tratamento destes conceitos fundamentais, assim especificados: Função, especialmente o traçado de gráficos e sua leitura e interpretação; 5

Limite de uma função, como é entendido a partir da definição de vizinhança e como é calculado; Derivada, especialmente a interpretação como taxa de variação e estudo do procedimento de um fenômeno; Integral, sua definição e aplicação a partir da soma de infinitésimos. Apesar da pesquisa qualitativa não exigir a elaboração de hipóteses, a prática educativa do trabalho com Matemática se faz muitas vezes restrito a operacionalização e algebrização, apelando-se para memorização de fórmulas e algoritmos. Pretende-se então, verificar qual é a ênfase que tem sido dada ao entendimento de conceitos matemáticos e a sua compreensão no sentido de dar significação e aplicação objetivas, fazendo da Matemática um instrumental válido para a construção do conhecimento da Engenharia. e) Recursos Metodológicos A metodologia a ser trabalhada no decorrer dessa pesquisa consiste em acompanhar e observar professores em sala de aula, nos cursos de Educação Tecnológica de nível superior, realizar entrevistas semi-estruturadas com os professores da área tecnológica e os professores de Matemática. Verificar como é elaborado e aplicado os materiais didáticos utilizados no tratamento dos conceitos referidos. Considerações Finais A pesquisa a ser realizada se refere à prática educativa de professores de Matemática e professores de disciplina específica dos cursos de Engenharia, com intuito de buscar parâmetros à formação e qualificação de professores de Matemática. A formação tradicional dos professores dos cursos de licenciatura muitas vezes não tem foco na reflexão crítica da conceituação e se tornam cursos mais voltados à aplicação e desenvolvimento de padrões algébricos. A organização curricular da educação profissional requer, como princípios básicos, a implementação da flexibilidade, interdisciplinaridade e contextualização, condições 6

fundamentais para integração da Educação Tecnológica ou Profissional com a Educação Matemática e com a Educação Básica ou Geral. Pretende-se então, buscar a correlação da Educação Matemática com outras áreas baseado no tratamento dos fenômenos da vida real e da Tecnologia. A aprendizagem da Matemática ligada à compreensão para a apreensão dos significados dos conceitos. Assim a Matemática significativa resulta das interações entre as demais disciplinas e o cotidiano do estudante. Finalmente, ao buscar as conexões por um processo interativo, permanente e contínuo da Educação Matemática com a Educação Tecnológica, serão criados parâmetros para que o estudante aprenda, interprete, analise e critique o fenômeno tecnológico como fundamento para construção da técnica. 7

Referências bibliográficas BASSANEZI, Rodney Carlos. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática. São Paulo: Contexto,2002. BLANCO, Maria Mercedes Garcia. A Formação inicial de professores de Matemática: fundamentos para a definição de um curriculum. IN: Formação de professores de Matemática: Explorando novos caminhos com outros olhares. Campinas, SP: Mercado de letras, 2003. D AMBROSIO, Ubiratan. Etnomatemática. São Paulo: Ática, 1998. FIORENTINI, Dario (Org). Formação de professores de Matemática: Explorando novos caminhos com outros olhares. Campinas, SP : Mercado de letras, 2003. FROTA, Maria Clara Resende. Duas abordagens distintas da estratégia de resolução de exercícios no estudo de cálculo. IN: Educação Matemática: a prática educativa sob o olhar de professores de cálculo. Belo Horizonte: FUMARC, 2001. LAUDARES, João Bosco. A Matemática e a estatística nos cursos de graduação da área tecnológica e gerencial um estudo de caso da PUC-Minas. IN: Disciplinas Matemáticas em cursos superiores: reflexões, relatos, propostas. Helena Cury(Org.). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. LÜDKE, Menga. ANDRÉ, Marli E.D.A..Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. PINTO, Márcia Maria Fusaro. Discutindo a transição dos cálculos para a análise real. IN: Educação Matemática: a prática educativa sob o olhar de professores de cálculo. Belo Horizonte: FUMARC, 2001. SKOVSMOSE, Ole. Educação Matemática Crítica: A questão da Democracia. Campinas, SP: Papirus, 2001. 8

TARDIF, Maurice e LESSARD, Claude. O trabalho docente: Elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Petrópolis, RJ : Editora Vozes, 2005. 9

10