Karinna Tyara Schmidt. A comunicação Transmídia: Celebridades da TV nas mídias sociais, sua influência, contribuições e mudanças na comunicação



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Transcrição:

Karinna Tyara Schmidt A comunicação Transmídia: Celebridades da TV nas mídias sociais, sua influência, contribuições e mudanças na comunicação Universidade de São Paulo Escola de Comunicações e Artes Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo São Paulo 2011

Karinna Tyara Schmidt A comunicação Transmídia: Celebridades da TV nas mídias sociais, sua influência, contribuições e mudanças na comunicação Monografia apresentada ao Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, em cumprimento parcial às exigências do Curso de Especialização Latu Sensu em Gestão Integrada da Comunicação Digital para Ambientes Corporativos. Orientador: Profª. Drª. Carolina Frazon Terra São Paulo 2011 1

Nome: SCHMIDT, Karinna Tyara Título: A COMUNICAÇÃO TRANSMÍDIA: CELEBRIDADES DA TV NAS MÍDIAS SOCIAIS, SUA INFLUÊNCIA, CONTRIBUIÇÕES E MUDANÇAS NA COMUNICAÇÃO Monografia apresentada ao Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, em cumprimento parcial às exigências do Curso de Especialização Latu Sensu em Gestão Integrada da Comunicação Digital para Ambientes Corporativos. Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. Instituição: Julgamento: Assinatura: Prof. Dr. Instituição: Julgamento: Assinatura: Prof. Dr. Instituição: Julgamento: Assinatura: 2

DEDICATÓRIA A Deus por ter me dado a vocação de ser uma profissional de comunicação e a Santa Luzia por sempre me proporcionar momentos de superação. Aos meus pais Erlando e Edna, meu irmão Erlando Junior, meus avós maternos e paternos (em memória), meus tios Maura, Sueli, José Julio (em especial) e Adauto que tanto amo, e que sempre me ensinaram que o amor vai além de qualquer teoria criada pelo homem. Obrigada por serem minha família e estarem ao meu lado, apiando-me. Aos meus amigos pessoais: Priscylla, Vinícius, Michelle, Eduardo, Juliano, Mit, Guta, Mariana, Maristela, Pati e Foca, que sempre acreditaram em mim, estiveram por perto quando precisei, incentivaram e ajudaram no período desse curso. A minha colega de curso e hoje grande amiga, Barbara Forato, que compartilhou comigo esse momento importante de nossas vidas. E, por último, mas não menos importante, aos comunicadores que citei neste trabalho, que me fizeram amar ainda mais o campo da comunicação. 3

AGRADECIMENTOS Agradeço à minha orientadora Carolina Terra que, com dedicação, paciência, disposição, disponibilidade e conhecimento me ajudou a conduzir este trabalho do início ao fim. Obrigada! A Beth Saad, por coordenar e disponibilizar um curso tão importante e inovador dentro da Universidade de São Paulo e que certamente produzirá grandes frutos para a comunicação digital no decorrer dos anos. A cada um dos meus colegas de curso que são verdadeiros e grandes profissionais da comunicação digital, em especial a Ana Maria Pereira, Jennifer Monteiro e Fernanda Abreu. A cada um dos professores que cumpriram com a honrosa missão de transmitir o conhecimento. A McLuhan, Lévy e Jenkins, que quanto mais conheço mais me enriqueço. E, a Luciano Huck, por ter sido um objeto de estudo rico para que esta pesquisa acontecesse. 4

"You can design and create, and build the most wonderful place in the world. But you need people to make the dream a reality." Walt Disney 5

RESUMO SCHMIDT, K. T. A comunicação Transmídia: celebridades da TV nas mídias sociais, sua influência, contribuições e mudanças na comunicação. 2011. 89 f. Monografia - Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. Este projeto tem como objeto de estudo a comunicação transmídia analisada sob o aspecto dos pilares da nova influência de David Armano, tendo como campo de análise a presença do apresentador de TV, Luciano Huck, no Twitter e Facebook. Por meio das técnicas de pesquisa baseadas na observação não participativa e análise de conteúdo, o objetivo do projeto é analisar as mensagens postadas por Huck nas mídias sociais; acompanhar o programa de TV para verificar se há menção a essas mídias; e por fim se há contribuições e mudanças na comunicação pelo fato de uma celebridade da TV fazer uso de técnicas de comunicação transmídia. Palavras chave: transmídia, influência, TV, mídias sociais, celebridades. 6

ABSTRACT SCHMIDT, K. T. The transmedia Communication: TV celebrities in social media, influence, contributions and changes in communication. 2011. 89 f. Monografia - Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. This project aims to study the transmedia communication analyzed under the aspect of pillars of the new influence described by David Armano, the field of analysis is the presence of TV presenter, Luciano Huck, on Twitter and Facebook. Through research techniques based on non-participatory observation and content analysis, the project aims to analyze the messages posted by Huck in social media, monitor the TV program to verify if there are mentions of these media and finally if there are contributions and changes in communication as consequences of TV celebrities using transmedia communication techniques. Keywords: transmedia, influence, TV, social media, celebrities 7

SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........9 1. PROCESSO DE PESQUISA E METODOLOGIA.....11 1.1 OBJETO.....11 1.2 OBJETIVOS... 11 1.3 PROBLEMA DE PESQUISA.......11 1.4 HIPÓTESES......12 1.5 METODOLOGIA....13 1.5.1 Pesquisa bibliográfica.......13 1.5.2 Observação Não Participante... 13 1.5.3 Análise de Conteúdo........14 2. ENTENDENDO OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO COMO EXTENSÃO DO HOMEM E A RELAÇÃO DO HOMEM COM A TELEVISÃO......15 2.1 A ABRANGÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO BRASIL..... 15 2.2 A RELAÇÃO DO HOMEM COM OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO...17 2.3 A TELEVISÃO COMO EXTENSÃO FASCINANTE DO HOMEM...19 3. DO CIBERESPAÇO DE LÉVY À COMUNICAÇÃO TRANSMÍDIA DE JENKINS...23 3.1 O PANORAMA ATUAL DA INTERNET NO BRASIL...23 3.2. O CIBERESPAÇO E A CIBERCULTURA...24 3.3 TRANSMÍDIA...26 4. AS REDES SOCIAIS E A DINÂMICA DA INFLUÊNCIA...32 4.1 REDES SOCIAIS NO BRASIL...32 4.2 REDES...33 4.3 INFLUÊNCIA NA REDE E A TEORIA DE DAVID ARMANO...39 5. LUCIANO HUCK E OS FÃS...45 5.1 LUCIANO HUCK, UMA CELEBRIDADE TRANSMÍDIA...45 5.2 O ESPETÁCULO E OS FÃS...49 6. OS PILARES DA INFLUÊNCIA DE LUCIANO HUCK...52 6.1 AMOSTRA...64 6.2 RESULTADO DA PESQUISA E ANÁLISE...64 CONSIDERAÇÕES FINAIS...79 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...81 ANEXOS...84 8

INTRODUÇÃO A mídia clássica ou tradicional cada dia mais compartilha a atenção dos indivíduos com novas formas de comunicação, existentes graças ao crescimento do ciberespaço, um ambiente online que se expandiu graças a troca e a experimentação de idéias, experiências e informações. Essas novas formas de comunicação estão se estendendo em todas as áreas da sociedade e introduzindo uma nova cultura chamada de cultura da convergência, onde as novas e velhas mídias se complementam. Nessa cultura, os produtores de mídia são tão importantes quanto os consumidores, suas interações são o motor desse processo, e produzem novas formas de compartilhamento e produção de conteúdo. Com esse olhar da convergência na sociedade, fizemos um recorte focando as celebridades da mídia tradicional que estão presentes no ciberespaço por meio das mídias sociais. Procuramos entender se a celebridade obtém o mesmo sucesso da mídia tradicional nas mídias sociais, e quais mudanças a presença dessa celebridade, em dois ou mais meios, traz para as novas e velhas mídias. Neste projeto, o escolhido foi o apresentador de TV Luciano Huck, presente nas mídias sociais Twitter e Facebook com milhões de fãs e seguidores em seus perfis oficiais. No decorrer deste trabalho iremos falar com mais profundidade sobre a presença de Huck nas midias. Foi através do acompanhamento das redes sociais que Huck participa. E de seu trabalho na TV que procurou-se entender a que se deve seu sucesso nas mídias sociais, quais os aspectos da nova influência descritos por David Armano 1 se aplicam a ele e por fim, se podemos apontar mudanças nas mídias tradicionais e sociais com o resultado dessa análise. No primeiro capítulo desse trabalho, fala-se sobre os métodos de pesquisa e análise utilizados pela pesquisadora para cumprir os objetivos propostos e responder as hipóteses estabelecidas. No segundo capítulo, exploramos a relação do homem com os meios de comunicação, fazendo um recorte para a televisão, buscando 1 Disponível em: http://blogs.hbr.org/cs/2011/01/the_six_pillars_of_the_new_inf.html. Acesso em: 27 jan 2011. 9

entender como se deu o fascínio da sociedade por esse meio tão presente no cotidiano dos brasileiros. No terceiro capítulo, tratamos do surgimento da cultura da convergência, possibilitada pelo ciberespaço, e como a sociedade e as indústrias midiáticas estão e podem lidar com essas mudanças. O quarto capítulo é dedicado à compreensão dss redes sociais no ciberespaço, desde sua formação, quem as compõe e a dinâmica da influência que ocorre dentro da rede. Luciano Huck, uma celebridade da mídia tradicional, que tem-se destacado nas mídias sociais, sua relação com as mídias e uma visão sobre os fãs na cultura da convergência é o que compõe o quinto capítulo desse trabalho. E no sexto capítulo, analisamos as mensagens de Huck, no Twitter e Facebook sob os pilares da nova influência, buscando entender e justificar sua atuação nas redes e as contribuições e mudanças ocorridas na mídia tradicional e mídia social. 10

1. PROCESSO DE PESQUISA E METODOLOGIA Neste capítulo, serão analisados o objeto de pesquisa, problema de pesquisa, hipóteses e metodologia. 1.3 OBJETO O objeto de estudo deste trabalho é a comunicação Transmídia pela definição de Henry Jenkins (2008, p.138) analisada sob o aspecto dos seis pilares da nova influência de David Armano: Alcance (Reach), Proximidade (Proximity), Especialização (Expertise), Relevância (Relevancy), Credibilidade (Credibility) e Confiança (Trust). Analisamos a presença de Luciano Huck no Twitter e Facebook sob os pilares da nova influência. Constatamos quais os pilares tem maior incidência para Huck e as contribuições e mudanças que uma celebridade, fazendo uso de técnicas de comunicação transmídia, traz para a TV e as mídias sociais. 1.4 OBJETIVOS Entender a que se deve o sucesso de um comunicador, ícone da mídia tradicional, nas mídias sociais, ou seja, quais são os pilares da nova influência que podemos considerar para justificar o fenômeno de uma celebridade nas mídias sociais assim como é na mídia tradicional. Realizar pesquisa baseada na observação não participante e análise de conteúdo nas redes sociais Facebook e Twitter em que Luciano Huck possui perfis oficiais, para coleta das mensagens postadas. E acompanhar a exibição do programa de TV apresentado por ele, a fim de observar se há menções na mídia tradicional sobre os perfis das mídias sociais. 1.3 PROBLEMA DE PESQUISA Luciano Huck foi o primeiro brasileiro a atingir 1 milhão de seguidores 11

na rede social Twitter, fato ocorrido em setembro de 2009 2. Naquela época, Huck entrou para a lista dos 150 perfis mais seguidos do mundo, junto com celebridades americanas da TV, música e filmes que ocupavam o topo da lista. Em um país como o Brasil em que a TV ainda é o meio de comunicação mais utilizado, e que, ao mesmo tempo, possui um recente histórico de grande adesão às mídias sociais, como podemos explicar o fenômeno de Luciano Huck nas mídias sociais, sendo ele uma celebridade da mídia tradicional com presença nas mídias sociais pautada por normas da empresa na qual trabalha. Analisamos a presença de Luciano Huck no Twitter e Facebook sob os pilares da nova influência. É possível com estes dados apontar contribuições e mudanças que uma celebridade, fazendo uso de técnicas de comunicação transmídia, traz para a comunicação? E, ainda, fazendo uso dos pilares da nova influência, quais são os de maior influência para Huck, e como estes podem nos ajudar a entender o fenômeno do apresentador nas mídias sociais? Esse estudo visa a responder a essas perguntas. 1.4 HIPÓTESES - - - O fenômeno de Luciano Huck nas mídias sociais se deve ao fato do mesmo ser atualmente uma das celebridades mais influentes da TV brasileira, com um programa semanal no ar há mais de 10 anos na maior rede de TV do pais. As mensagens postadas por Luciano Huck nas mídias sociais em sua maioria são referentes ao seu trabalho na TV, por isso possui grande número de seguidores, já que os fãs acompanham seu programa. O fenômeno de uma celebridade da mídia tradicional na atual mídia digital vem mais uma vez exemplificar as teorias dos grandes filósofos da comunicação Marshal McLuhan, Pierre Lévy e Henry Jenkins de que a mídia de massa pauta o conteúdo em outras plataformas. 2 Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/luciano-huck-primeiro-brasileiro- milhaoseguidores-twitter. Acesso em: 15 out. 2010. 12

- O uso das técnicas de comunicação transmídia é o que justifica o grande número de seguidores de Luciano Huck nas mídias sociais. 1.5 METODOLOGIA A fim de colher e documentar as mensagens exibidas na TV e postadas nas mídias sociais, elegemos duas principais modalidades de pesquisa. A primeira, é a pesquisa bibliográfica, para o trabalho teórico, e a segunda é baseada na metodologia da observação não participante. Há ainda uma terceira, a ser considerada, baseada na análise de conteúdo. 1.5.1 Pesquisa bibliográfica A pesquisa bibliográfica é o plano inicial de todo trabalho de pesquisa, aqui compreendida na definição de Duarte & Barros (2010, p.54) como um conjunto de procedimentos para identificar, selecionar, localizar e obter documentos de interesse. Cada etapa da pesquisa bibliográfica se dá da seguinte forma (idem DUARTE & BARROS, 2010, p.55-60): identificação do tema e assuntos; seleção das fontes; localização e obtenção do material; leitura e transcrição dos dados. 1.5.2 Observação Não Participante Esse estudo utiliza, principalmente, a técnica de pesquisa baseada na observação, classificando-a como observação não participante, pois embora o pesquisador fizesse parte das duas redes pesquisadas, este não teve envolvimento direto no ambiente natural de ocorrência dos fenômenos, ou seja, não interagiu com a situação investigada. A observação se fez adequada para este trabalho, pois os ambientes de coleta de dados, isto é, as mídias sociais e o programa de TV, já eram de conhecimento do pesquisador. Para a coleta e registro dos dados, estabeleceram-se datas: de 9 de abril de 2011 a vinte de maio de 2011, tanto para as mídias sociais quanto 13

para o programa de TV. Todas as mensagens postadas nas redes no período determinado foram coletadas, e todos os programas de TV exibidos no período foram acompanhados e gravados. As mensagens das redes sociais podem ser vistas online (www.twitter.com/huckluciano e www.facebook.com/lucianohuck) assim como os programas de TV (www.caldeiraodohuck.globo.com). Para organizar as mensagens nas redes sociais, foram estipuladas categorias, pautadas nos pilares da nova influência descritos por David Armano, que podem ser vistos mais detalhadamente no capítulo 4 desse trabalho. 1.5.3 Análise de Conteúdo Utilizamos também a técnica de pesquisa inspirada na análise de conteúdo para auxiliar na extração dos aspectos latentes de cada uma das mensagens, para posterior categorização destas no contexto adequado dos pilares da nova influência. O uso dessa técnica se fez importante, pois houve necessidade de o pesquisador fazer uso da inferência para poder interpretar os conhecimentos entre o emissor e o(s) destinatário(s) da comunicação. Segundo Cecília Maria Krohiling Peruzzo (DUARTE & BARROS, 2010, p.125-145) a introdução do pesquisador na pesquisa participante implica a utilização de três estratégias que consistem na presença constante do observador no ambiente investigado para que ele possa ver as coisas de dentro ; no compartilhamento do investigador com as atividades do grupo ou com o contexto que está sendo estudado, de modo consistente e sistematizado (ou seja, ele se envolve nas atividades, além de co-vivenciar interesses e fatos); e, por fim, na necessidade do pesquisador assumir o papel do outro para atingir o sentido de suas ações. 14

2. ENTENDENDO OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO COMO EXTENSÃO DO HOMEM E A RELAÇÃO DO HOMEM COM A TELEVISÃO. No capítulo que se segue, vamos abordar com mais profundidade os meios de comunicação tradicionais e sua influência sobre o homem. Porém, antes, acreditamos ser importante conhecer os hábitos da população do Brasil em relação à comunicação e à obtenção de informações. Para isso mostramos a seguir alguns dados de pesquisa encomendada e divulgada pelo Governo Brasileiro em fevereiro de 2010 3. 2.1 A ABRANGÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO BRASIL. No trabalho aqui desenvolvido, analisamos a comunicação feita por uma celebridade que surgiu e trabalha na televisão, mas que também está presente nas mídias sociais da internet. Portanto os dados da pesquisa do Governo, que mais nos interessam, são os referentes a esses meios. Fizemos um recorte na pesquisa e mostramos aqui os dados sobre a televisão, para nos ambientar com os hábitos de comunicação e informação dos brasileiros em relação a esse meio. A pesquisa mostra que o meio de comunicação mais utilizado pela população brasileira é a TV. Dos entrevistados, 96,6% assistem A televisão. Desses quase 97%, a maioria costuma assistir apenas à TV aberta representando 77,2%, enquanto 16,1% assistem tanto à TV aberta quando à TV fechada. Na pesquisa, a importância da TV na vida do brasileiro é percebida facilmente, pois mostra que quase metade da população brasileira costuma assistir a TV de duas a seis horas por dia, representando 49,6% dos entrevistados. Nos outros pouco mais de 50%, estão representados 9% que assistem a TV por um período superior a seis horas diárias, e, 11,8% que o fazem por um período inferior a uma hora diária. 3 Disponível em: http://www.secom.gov.br/pesquisas/2010-12-habitos-ii/2010-12-habitos-deinformacao-e-formacao-de-opiniao-da-populacao-brasileira-ii.pdf. Acesso em mr. 2011. 15

Gráfico 1. Gráfico retirado da pesquisa Hábitos de Informação e Formação de Opinião da População Brasileira II 4, representando a média de horas que o brasileiro assiste televisão. Nesse trabalho, analisamos duas redes sociais da internet. Por isso, é válido compararmos o item, tempo mídia diário que as pessoas assistem a TV, com o mesmo item em relação ao acesso à internet. Nessa comparação, constatamos que a população brasileira que acessa a internet de duas a seis horas diárias, representa 35,2%, abaixo dos 49,6% referentes à TV. Mas se somamos os 11,9% referente aos que acessam internet mais de 6 horas diárias, a soma resulta em 47,1% de acesso diário à internet, de duas a mais de seis horas. No caso da TV, essa soma seria de 58,6%. Os outros, pouco mais de 52%, acessam a internet de uma a duas horas diárias, e 0,7% não responderam. Assim, notamos que o brasileiro ainda passa mais tempo assistindo a TV do que acessando a internet. Os programas de maior audiência na TV são os telejornais, representando 42,6%, seguidos pelas telenovelas com 31,1%. Os programas de auditório, como o apresentado por Luciano Huck na Rede Globo de Televisão representam 2,2% da população, colocando-se em 6º lugar. Os programas de auditório têm um público misto. Os homens representam 2,2% e as mulheres 2,1%, com a maioria das idades entre 16 a 16

24 anos representando 2,8%, seguida pela faixa dos 50 anos ou mais com 2,3%. Quanto à forma de capitação de sinal de TV, a pesquisa revela que a população com maior poder aquisitivo, ou seja, acima de 10 salários mínimos, possui como principais meio de captação de sinal a TV por assinatura sendo 40,3% ou via satélite com 24,6%. Da população com renda de até dois salários mínimos, 55,9% utiliza antena convencional, enquanto 40,2% recebem o sinal de TV através de antena parabólica. Em resumo, os dados acima nos dão a certeza de que a televisão no Brasil, ainda é o principal e mais influente meio de comunicação, abrangendo desde a população com maior até os de menor poder aquisitivo, dos mais jovens aos mais velhos, e que a diversidade da programação é o que alimenta a presença desse meio de comunicação na vida dos brasileiros. 2.2 A RELAÇÃO DO HOMEM COM OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO Marshal McLuhan (1964), um dos grandes filósofos da comunicação, há algumas décadas, trouxe ao nosso conhecimento conceitos que se tornaram essenciais à comunicação, principalmente para a compreensão da comunicação atual. Suas idéias estavam à frente de seu tempo, mas agora podem ser exemplificadas na relação atual do homem com os meios de comunicação. E isso é o que vamos abordar neste capítulo. Autor de conceitos como o meio é a mensagem e os meios de comunicação são extensões do homem que podem ser lidos em uma de suas obras mais conhecidas que leva o mesmo nome, Os meios de comunicação como extensões do homem (1964), McLuhan descreveu a amplitude que os avanços tecnológicos passaram e passariam a ter na vida dos homens, modificando as formas de comunicação. Para entender o conceito de o meio é a mensagem, interpretamos as idéias de McLuhan descritas na sua obra em questão. Os avanços tecnológicos proporcionaram a produção em massa dos meios de comunicação. Esses meios, ou tecnologias, tratam do local onde a comunicação se estabelece. Mas quando McLuhan diz que o meio é a mensagem, ele não se resume ao meio como local, pois, para ele, o meio é 17

a forma de comunicação que determina o conteúdo das mensagens que saem do meio. Cada meio usa todo o potencial que tem para comunicar uma mensagem. Assim, o conteúdo traz consigo características do meio. Já a mensagem é o conteúdo, o resultado do meio transmitido. Só conseguimos obter a mensagem desejada, se obtemos o meio. Assim, percebemos que a importância do meio e da mensagem é a mesma. Sobre o conceito os meios de comunicação são extensões do homem, McLuhan fala que os homens logo se tornam fascinados por qualquer extensão de si mesmos em qualquer material que não seja o deles próprios (1964, p.59), para ele, os meios se tornam parte integrante do corpo do homem de forma sensorial, sendo uma continuação e complementação de seus sentidos. Com isso, a relação do corpo e suas funções dentro de uma sociedade, em relação `as inovações tecnológicas, mudaram. Para McLuhan, os homens ficam perplexos diante dos meios, sendo suas extensões, pois potencializam os sentidos e funções básicas, restando apenas a opção do homem adotá-las e consequentemente ficar delas dependente. Neste trabalho, tais conceitos de McLuhan serviram de base para entendermos melhor a relação do homem com os meios de comunicação tradicionais de massa, representados aqui pela televisão, por meio do programa semanal Caldeirão do Huck. A seguir, analisamos melhor a televisão e percebemos como esta é um dos exemplos não só do conceito de o meio é a mensagem, mas também de os meios de comunicação são extensões do homem. McLuhan ainda diz que o conteúdo de qualquer meio ou veículo é sempre um outro meio ou veículo. (1964, p.22) apontando aqui a dependência e correlação entre um meio e os demais. Tópico que veremos mais a frente sob as teorias de Pierre Lévy e Henry Jenkins, que correlaciona a tecnologia, os velhos meios e os novos meios. A nosso ver, para McLuhan, o mundo é como uma grande aldeia, onde os indivíduos nela presentes possuem uma relação íntima e interação intensa com os meios de comunicação eletrônicos, o que o faz atingir um alto patamar de importância em suas vidas, a tal ponto que os torna dependentes. E a tendência é que os meios alcancem níveis de elementos fundamentais 18

para a realização de diferentes atividades na vida do homem, em todas as áreas que necessitem se realizar. Com essa introdução às idéias de McLuhan e à relação homem e meios de comunicação, podemos agora olhar mais de perto e entender por que a televisão é um meio tão importante de transmissão de mensagens, como é a dinâmica da influência, do fascínio e a dependência desse meio na vida do homem. 2.3 A TELEVISÃO COMO EXTENSÃO FASCINANTE DO HOMEM A continuação da análise da televisão como um meio de comunicação de massa será baseada na visão de Ciro Marcondes Filho, Professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e autor dos livros Televisão A vida pelo vídeo (São Paulo, 1988) e Televisão (São Paulo, 1994). Analisando o meio com uma visão mais antropológica, segundo Marcondes Filho (1994, p.8), podemos dizer que a TV atende a necessidades humanas muito antigas, isto é, o ato de assistir a televisão é um hábito ligado a fatos antigos da sociedade, como a necessidade do homem de olhar a natureza, objetos, cenas do cotidiano e a vontade de experienciar, desde essa época, imagens que o entretinham, traziam-lhe conhecimento, davamlhe algum tipo de resposta. Assim a televisão hoje supre essa necessidade de ver imagens, de entretee-se e obter informação. Em outras épocas, outros meios o faziam, como os livretos com histórias românticas e o rádio, fazendo as pessoas se envolverem, apaixonarem-se, ansiarem por ter cada vez mais histórias. Essa necessidade de entretenimento é descrita por Marcondes Filho (1988, p.7) como sendo fruto de dois mundos em que as pessoas vivem: o mundo das obrigações onde se trabalha, casa-se, reza-se, cumprem-se leis e o outro mundo de fantasias, que é subjetivo, feito de aspirações internas de cada indivíduo. A televisão se encaixa justamente no mundo de fantasia que trata dos assuntos do mundo das obrigações. Acrescenta-se ainda o uso da imagem que é a base da comunicação desse meio e faz-se mais fantasiosa ainda. 19

Pois, é a imagem que faz uso do sentido que direciona o homem, a visão, e se torna porta de abertura para um universo de fantasias. A televisão se tornou para a sociedade, em escala de massa, um grande mundo fantástico em todos os seus assuntos, das novelas aos telejornais. Vide a pesquisa apresentada no início desse capítulo. Mas, para chegar nesse ponto, além de entender o fascínio, é necessário entender também como se deu tal expansão. Desde sua criação, a expansão da TV aconteceu rapidamente, após a Segunda Guerra Mundial nos anos 40. Nessa época, o maior meio de entretenimento por imagens era o cinema, que tinha um grande público. Ir a uma sessão de cinema era e ainda é um evento social. Naquela época era um evento tão importante quanto ir a grandes espetáculos de balé. Ainda nesse período a TV se assemelhava mais ao rádio, pois eram vistos como meios de se atualizar, se entreter-se dentro das casas. Assistir a TV foi uma forma de entretenimento na comodidade do lar, sem esforço. Portanto, é visto como uma dádiva de entretenimento, tornando-se assim um membro da família, uma diversão com mensagens contínuas. Ainda segundo Marcondes Filho (1994, p.16), a TV se consolidou como o maior meio de transmissão de imagens. E se consolidou também como o maior meio de massa, ultrapassando o rádio e o jornal. Ainda no final do século XX, a TV sofreu uma grande mudança com a introdução da informática na sociedade, o que proporciona uma maior importância a essa área devido às novidades tecnológicas que trouxe. Nesse ponto do surgimento e ascensão da informática, no final do século XX, já era perceptível a importância da combinação TV e informática para as comunicações principalmente no que se dizia respeito ao entretenimento. A TV, por possuir essa assimetria complementadora com os sistemas tecnológicos da informática, se tornou um meio da era moderna mas também da era pós-moderna, em que componentes de interatividades característicos da informática se apresentam nela, segundo Marcondes Filho: A televisão significa um momento de passagem. Ela corporifica uma mudança de eras em que nos despedimos de uma era moderna e entramos em uma era técnica ou tecnológica, que altera completamente os componentes anteriormente conhecidos. (1994, p 18) 20

Mais a frente, abordamos com maior profundidade as mudanças que a internet e a informática proporcionaram aos meios de comunicação, mudando a forma do homem moderno se comunicar, tornando-o um homem pós moderno. Por agora, cabe a nós entendermos que, além das transformações ocorridas pela junção da televisão com as tecnologias da área da informática, é necessário entender também como se dá a influência de um meio de comunicação tradicional na sociedade. Por que a televisão influencia tanto? Para responder a essa pergunta é necessário entender a forma de comunicação utilizada pela TV. Esta utiliza uma forma totalizadora, ou seja, não inclui a criatividade do receptor pois fornece conteúdo terminado, fechado, completo. Nessa forma de comunicação, o indivíduo não entra com sua imaginação livre, ele apenas pode ser surpreendido por elementos que já compõem essa forma e até mesmo ser induzido a consumir algum produto mostrado de maneira publicitária. Por isso a TV busca sempre inovar nas atrações exibidas, apresentar novos ambientes, cenários, apresentadores, lugares, mostrar pessoas que são exemplos de vida. E a audiência percebe isso como modelos para suas vidas. Com isso, a TV trouxe novos assuntos para a sociedade, como debates de temas polêmicos abordados em suas novelas e seriados, que, até então, não era acostumada a ver tais temas na tela, mas agora ampliava os horizontes das discussões. Segundo Marcondes Filho, a TV atrai o receptor pelo o que está exibindo e depois o receptor incorpora a mensagem na sua vida dentro do seu entendimento. Porém, a TV por si só não é fascinante, o encantamento que ela traz é o mundo do outro lado da tela. No qual que as atrações exibidas nos permitem ver, e trazer à tona o universo das fantasias, cheio de criatividade, possibilidades e emoções misturado ao contexto da realidade das obrigações que é o mundo real. Assim, a TV foi cada vez mais penetrando no cotidiano de seus espectadores e o que se via na tela era sempre absorvido como espetáculo, um evento domiciliar de entretenimento. Dessa forma a influência da TV também foi crescendo na sociedade. O que se mostra na TV, desde seu 21

início até os dias atuais; é tido como verdade, segundo Marcondes Filho. Percebemos que, sejam reportagens e notícias no contexto jornalístico, sejam as roupas que seus apresentadores e as personagens da TV usam que viram moda e tendência, sejam exemplos de vida e de boa conduta, se as boas ações mostradas são feitas por pessoas já famosas aos olhos do público. As imagens exibidas na tela são as tidas como verdades e exemplos em diversas áreas na vida dos telespectadores e diante da sociedade. Para concluir esse capítulo, ainda segundo Marcondes Filho (1994, p.31), foi nos anos 80, que a atual influência da TV foi percebida mais claramente, pois se beneficiava da colocação que o meio lhe dava na vida e na sociedade, que passou a se posicionar como detentora do domínio total do mercado de informação e não mais só como uma janela para transmitir as imagens do mundo. Marcondes Filho diz A diferença agora é que ela não transmite o mundo, ela fabrica mundos (1994, p. 32) e, justamente por levar o telespectador para um mundo tão diferente do que ele vive, mas com semelhanças da vida real, a televisão tem essa influência na vida dos telespectadores. 22

3. DO CIBERESPAÇO DE LÉVY À COMUNICAÇÃO TRANSMÍDIA DE JENKINS No capítulo anterior, compreendemos melhor alguns aspectos fundamentais das mídias tradicionais para o desenvolvimento desse trabalho. Neste capítulo, desenvolve-se e compreende-se do que trata-se as novas mídias. Analisadas nesse trabalho, procuramos entender como surgiram e o que é a comunicação transmídia, para que todas as mídias convergem dentro de uma mesma cultura atual. Para isso, é necessário nos localizarmos melhor no tempo e espaço. Os dados a seguir são referentes ao crescimento da internet no Brasil nos últimos anos, nos auxiliando a entender como está se dando o advento das tecnologias da áreas da informática, incluindo a internet e como isso contribui com o homem em uma sociedade pós-moderna. 3.1 O PANORAMA ATUAL DA INTERNET NO BRASIL De acordo com pesquisa da ComScore 4, o Brasil é o país da América Latina que apresenta a maior população online, com mais de 40 milhões de visitantes únicos, e ocupando a oitava posição na audiência mundial. Número superior a muitos países da Europa. O perfil do internauta brasileiro é jovem, na faixa de 15 a 35 anos, representando 63% do total, maior que a média mundial (53%) nessa mesma faixa. As regiões sudeste e sul brasileiras têm o maior número de acesso com respectivamente 68% e 13% do total, mas é a região nordeste que passa o maior tempo conectada com 26,3 horas por mês. A população jovem, em relação ao tempo que passa conectada, não apresenta diferenças entre homens e mulheres na faixa de 15 a 24 anos, ambos passam em média 28,5 horas por mês conectados. 4 Disponível em: http://www.comscore.com/. Acesso em: 16 abr. 2011. 23

A pesquisa mostra, ainda que os números do Brasil em relação ao mundo só crescem nos últimos anos, seja no número de visitantes únicos, na população jovem conectada e no tempo médio que passam conectados. Podemos concluir que o ambiente virtual no Brasil cresce e tende a crescer ainda mais. 3.2. O CIBERESPAÇO E A CIBERCULTURA Visto que a audiência online cresce, seja no mundo ou fazendo um recorte apenas no Brasil, neste capítulo vamos entender melhor como se deu a criação do espaço e da cultura que comportam toda essa audiência. O filósofo francês Pierre Lévy (1999, p.17) contribui nesse trabalho para tal entendimento com suas definições sobre o ciberespaço e a cibercultura. Em seu livro Cibercultura, Lévy (1999) define o ciberespaço como um modelo de comunicação que tem transformado as culturas humanas, pois traz para a realidade o que antes era apenas visto como virtual. O ciberespaço é onde se pratica uma comunicação interativa, recíproca, comunitária e intercomunitária. Isso quer dizer que o usuário pode se organizar individualmente ou em grupos, para discutir assuntos que dizem respeito a diversos temas, incluindo assuntos de elevada importância para a sociedade. Ao se organizar em grupos e promover uma discussão, todos os membros obtêm espaço e contribuem se posicionando como agentes ativos. Podem se relacionar também com outros grupos que compartilham de idéias parecidas ou divergentes. Essa prática promove a descentralização das informações que antes estavam centradas apenas nos meios de comunicação mais tradicionais, como a televisão, conforme vimos no capítulo anterior, o que evidência esse novo espaço gerado para ser independente e comunitário. Com essa dinâmica de disseminação da informação todos para todos, o ciberespaço é o meio por meio do qual as pessoas podem partilhar a inteligência coletiva, que, segundo descreve Lévy, é uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada, coordenada em 24

tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva (2007, p.28) e que nos leva a discutir sobre diferentes temas simultaneamente sem qualquer tipo de censura.competências. Sobre inteligência coletiva, Lévy diz ser uma sinergia entre as memórias comuns, competências, processos e atos de cooperação que dão poder de decisão igualitário a todos (1999, p. 21). A prática da cibercultura é uma prática de compartilhamento, no qual pessoas do mundo todo trocam conteúdos de uma forma organizada e muitas vezes hierarquizadas de forma evidente, sempre dentro de um ambiente criado adequadamente para essa prática. Lévy também evidencia a criação de uma nova cultura dentro desse espaço, que é um dos principais motores para sua sustentação, denominada cibercultura. Para ele as palavras de ordem desta cultura são: interconexão, criação de comunidades virtuais e a inteligência coletiva. As conexões são as formas de contato que os indivíduos têm dentro de uma comunidade e entre comunidades. Essas conexões promovem o que se diz ser uma civilização de telepresença generalizada. Nesse ponto, lembramos Marshall McLuhan com sua idéia de aldeia global onde o mundo está interligado e conectado de forma a diminuírem as distâncias e percebemos que o ciberespaço é um exemplo dessa aldeia, e que, mais uma vez, McLuhan viu o futuro da comunicação muito antes de se tornar realidade. Todo fortalecimento dessa cultura não proporcionam apenas a descentralização das informações como citado anteriormente, mas também potencializou o engajamento dos indivíduos em grandes e pequenas causas, em campanhas globais de auxílio aos seus membros mesmo que estes não participem efetivamente do ambiente mas que de alguma forma afeta e contribui para a filosofia e cultura do grupo engajado. Nesse trabalho a cibercultura além de contextualizar, o tipo de cultura que encontramos na rede, vem nos dar uma idéia da sua dimensão, para que no decorrer da dissertação das ideias possamos entender os diferentes graus de influencia dentro de uma comunidade em rede. 25

Fazendo menção ao capítulo anterior e procurando fundamentar o próximo ponto desse tópico, buscamos saber o que Lévy (1999, p.79) diz sobre as mídias tradicionais. E ele diz que essas mídias dão continuidade à linguagem cultural do universo totalizante iniciado pela escrita (1999, p.116), igualmente disse Marcondes Filho (1988, p.21) que esta também é a linguagem da televisão, pois visa a cobrar de seus receptores o mínimo da sua capacidade interpretativa diante de alguma atração, não havendo quase nenhuma atividade de interação. Lévy ainda diz que a carga emocional que um meio como a televisão tem com seus telespectadores, como nas transmissões ao vivo, combinada com outras mídias, potencializa a criação de uma onda emocional que abrange indivíduos presentes em todas as mídias envolvidas. Essa idéia é nossa introdução ao próximo tópico desse capítulo onde descrevemos o que é a comunicação transmídia, que e utiliza diversas plataformas de comunicação. E por conta do surgimento e junção de diversas plataformas de comunicação para transmitir uma mesma mensagem, facilitada e proporcionada pela cibercultura, é que Lévy (1999) vê a necessidade de deixar claro que o ciberespaço não veio eliminar outros meios de comunicação como a televisão, ele apenas possibilita novas formas e mais práticas de conhecimento, de relacionamento e interação que facilitam a vida cotidiana. 3.3 TRANSMÍDIA Em continuidade à idéia da junção de diversas plataformas de comunicação levando uma mesma mensagem aos receptores, introduzimos nesse estudo as teorias do pesquisador de mídias e professor da University of Southern California, Henry Jenkins. Ao fazer uso dos conceitos de Jenkins (2008) é que definimos o que é a comunicação Transmídia e a Cultura da Convergência, que são as bases deste trabalho. Segundo Jenkins (2008, p.29), a Cultura da Convergência descrita em seu livro que leva o mesmo nome é: 26

Onde as velhas e as novas mídias colidem, onde mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam, onde o poder do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras imprevisíveis. No mundo da convergência das mídias todos os usuários são atingidos por comunicações em múltiplas plataformas. Isso representa uma transformação cultural, e faz com que os indivíduos busquem novas informações e conexões em diferentes canais. Essa nova cultura se inicía dentro dos cérebros, passa pelas interações sociais e também dentro das mídias. É como um fluxo de imagens, idéias, histórias, sons, marcas e relacionamentos através do maior número de canais midiáticos possíveis. Para Jenkins na convergência (2008, p.189), todos são participantes, embora todos os participantes tenham diferentes graus de status e influência, diferentemente da cultura tradicional onde não há divisão clara de consumidores e produtores. Esse início da convergência só foi possível graças ao surgimento de novas tecnologias midiáticas que permitiram que um mesmo conteúdo fluísse por vários e diferentes canais, e recebido de maneiras diferentes pelos receptores presentes em cada um deles. Esse fluxo da comunicação, por meio da qual a narrativa leva um mesmo conteúdo para diferentes mídias é definida como comunicação ou narrativa Transmídia. Jenkins (2008, p.138) diz que uma narrativa transmídia se desenvolve da seguinte forma: Uma história transmídia desenrola-se através de múltiplas plataformas de mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo. Na forma ideal da narrativa transmídia, cada meio faz o que faz de melhor a fim de que uma história possa ser introduzida num filme, ser expandida pela televisão, romances e quadrinhos; seu universo possa ser explorado em games ou experimentado como atração de um parque de diversões. Cada acesso à franquia deve ser autômono, para que não seja necessário ver o filme para gostar do game, e vice-versa. Cada produto determinado é um ponto de acesso à franquia como um todo. A compreensão obtida por meio de diversas mídias sustenta uma profundidade de experiência que motiva mais consumo. 27

Podemos perceber que, para Jenkins, a comunicação ou narrativa transmídia é um ciclo de conteúdo, entretenimento, participação dos indivíduos e diferentes mídias que se retro-alimentam e envolvem profundamente quem entra em contato ou consome a história, querendo sempre obter mais conteúdo e participação. No campo da pesquisa sobre transmídia, Jenkins é o principal nome acadêmico. No entanto existem, outros nomes do mercado que possuem sua definição de transmídia, como Jeff Gomez (2010). Jeff Gomez é fundador da Starlight Runner, empresa do ramo do entretenimento que faz uso da comunicação transmídia nos projetos que desenvolve para seus clientes. Gomez é visto pelo mercado como o pioneiro na criação de projetos de narrativa transmídia, já que o faz, desde meados dos anos 90, conforme expôs em entrevista concedida ao site da revista Isto É Dinheiro em abril de 2010 5. Nessa mesma entrevista, Gomez, ao ser questionado como ele definiria transmídia disse: Transmídia é um termo que não gosto de usar de forma isolada. Porque há uma certa ambiguidade sobre o que ele significa e poderia ser o mesmo que multi-plataforma ou crossmedia. Quando você o usa de forma isolada, há esse problema. Entretanto, narrativa transmídia é o termo que me sinto mais confortável em usar, porque você estabelece a noção de que está comunicando mensagens, conceitos, histórias de forma que cada plataforma diferente de mídia possa contribuir com algo novo para uma narrativa principal. Além disso, ela convida o público a participar de alguma forma ou em algum momento. Então, uma boa narrativa transmídia é aquela que se espalha por diferentes mídias, sendo que uma delas é a principal em que a maioria das pessoas vai acompanhar e se divertir, sem a necessidade de seguir o todo, mas quem o fizer terá uma experiência mais intensa. Em consequência do surgimento e evidência de diferentes tecnologias e mídias, que podem ser usadas em uma narrativa transmídia, muitos teóricos da comunicação e especuladores apostaram no fim dos meios de comunicação mais antigos. No entanto Jenkins (2008, p.41) é categórico ao defender que os velhos meios não morrem, nem desaparecem, o que muda e 5 Disponível em: http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/21622_o+poder+da+narrativ A+TRANSMIDIA Acesso em: 2 jun. 2011. 28

morre são as ferramentas que temos para acessar os conteúdos nesses meios. Diz ele: O cinema não eliminou o teatro. A televisão não eliminou o rádio. Cada meio antigo foi forçado a conviver com os meios emergentes. É por isso que a convergência parece mais plausível como uma forma de entender os últimos dez anos de transformações dos meios de comunicação do que o velho paradigma da revolução digital. Os velhos meios de comunicação não estão sendo substituídos. Mais propriamente, suas funções e status estão sendo transformados pela introdução de novas tecnologias. Por isso, a convergência é uma transformação capaz de agrupar diferentes canais e de alterar a indústria midiática, e consequentemente os consumidores dos conteúdos dessas mídias, sendo um processo de constantes transformações e não um ponto final para os meios. Jenkins (2008, p.41) diz que não há uma convergência dos meios para um único meio ou aparelho, vamos continuar tendo diversos aparelhos, pois a convergência se trata de uma produção, veiculação e consumo das mídias, não apenas em relação aos aparelhos em que consuminos a produção. Nesse ponto relembramos Lévy (1999), quando afirmou ter o ciberespaço possibilitodo a união dos meios velhos e novos mesmo estando estes em espaços diferentes, e também Marshall McLuhan (1964), quando postula que o meio é a mensagem, e nos leva refletir como a convergência nos possibilita vislumbrar com clareza como as mensagens quando transmitidas importam características significativas dos meios, assim imprimindo em cada uma delas uma personalidade, função e impacto diferentes dependendo do meio de onde vieram mesmo tendo o conteúdo igual. Em Cultura da Convergência (2008), em diferentes exemplos, Jenkins demonstra que a indústria do entretenimento foi a primeira a fazer grande uso da convergência das mídias para expandir a experiência narrativa de suas produções junto aos fãs. Dessa forma os fãs foram os primeiros a terem seus cérebros atingidos pela convergência, já que para continuarem obtendo informações sobre o objeto de admiração, vão a qualquer lugar, ou seja, a qualquer meio. 29

Jenkins que também é um estudioso de como os fãs se organizam e se comportam em diferentes mídias para obter informações, constatou que o capital mais valioso nos fandons, os grupos de fãs, é a inteligência coletiva, expressão que vimos no início desse capítulo com Pierre Lévy. Diz Jenkins (2008, p. 30) sobre isso: Nenhum de nós pode saber tudo, cada um de nós sabe alguma coisa, e podemos juntar as peças, se associarmos nossos recursos e unirmos nossas habilidades. A inteligência coletiva pode ser vista como uma fonte alternativa de poder midiático. Portanto, as indústrias midiáticas, principalmente as grandes indústrias tradicionais de mídia, graças ao ciberespaço e a convergência, têm em suas mãos a possibilidade de aproveitar essa fonte alternativa de poder para se enriquecer do ponto de vista comunicacional por meio de uma inteligência que é constantemente alimentada, organizada e extremamente rica de informações de forma gratuita. Para Jenkins (2008, p.190), quando a produtividade dos fãs se torna pública, as indústrias midiáticas não podem mais ignorá-los, pois a web empurrou essa produção para a superficie da exposição do conteúdo. Com base em um dos exemplos citados por Jenkins (2008, p.103), em que aborda um reality show exibido na TV americana, e que serve para complementar nosso pensamento em relação à mídia tradicional, ele diz que a indústria da televisão concentra-se cada vez mais em compreender os consumidores que tenham uma relação prolongada e um envolvimento ativo com o conteúdo e que mostrem interesse em acompanhar tais informações em outras plataformas. Esses consumidores não apenas assistem, como também compartilham o que assistem, seja através de uma camiseta ou postando mensagens na web. Portanto, as indústrias de mídia tradicionais, de maneira geral, principalmente as tidas como mídia de massa, necessitam aprender a identificar e aproveitar o que os novos meios de comunicação e os seus usuários podem ajudar e beneficiar seus produtos. De acordo com Jenkins (2008, p.56), a cultura da convergência e a cultura de massa se completam, podemos dizer que uma depende da outra, 30

pois, o que se passa no ambiente de convergência vem da pauta da massa, como se fosse um motor que promove a troca e circulação das informações dentro do ambiente da cultura da inteligência coletiva. É com esse pensamento que procuramos desenvolver esse trabalho e a pesquisa proposta. Para entendermos ainda melhor os novos meios de comunicação, o próximo capítulo traz uma visão de como se dá a organização desses meios, como são e o que são as redes sociais online e como se dá a influência dentro desses ambientes. 31

4. AS REDES SOCIAIS E A DINÂMICA DA INFLUÊNCIA Vimos que a internet no Brasil tem uma população muito jovem e que o acesso à internet tende ao crescimento. Com isso, o avanço das redes sociais no país também está em franca expansão. Neste capítulo, vamos entender melhor como se dá a dinâmica das redes sociais dentro da internet, desde quem a constitui até como se dá a influência dentro desse ambiente. Para abrir esse capítulo, mostramos dados ainda da pesquisa ComScore, focando na situação atual das redes sociais no país. 4.1 REDES SOCIAIS NO BRASIL As redes sociais no Brasil crescem mais do que a média mundial. No ano de 2010, o percentual de crescimento mundial foi de 70,5% enquanto que no Brasil esse número chegou a 85,3%. Se compararmos ao ano anterior, de 2009 para 2010 o crescimento mundial das redes sociais foi de 4% e no Brasil de 10%. O Orkut, rede social administrada pelo Google, ainda é a maior rede do Brasil com 78% dos usuários, seguido pelo Facebook que está em franco crescimento, mas representa 30%. O Facebook cresceu 258% no Brasil em 2010, número espantosamente maior do que o número de crescimento global que é de 41%. O Twitter também aparece nos dados fornecidos pela ComScore, crescendo no país. Em outubro de 2010, o Brasil atingiu a segunda colocação em utilização da rede social, alcançando o primeiro lugar ainda nesse período devido às eleições presidenciais. Como podemos perceber, o Brasil é um país que apresenta uma forte adesão às redes sociais e, é com esse cenário, que entendemos melhor, o que são as redes sociais na internet e como se deu o seu surgimento. 32

4.2 REDES Manuel Castells, em sua obra A Sociedade em Rede, faz uma descrição da importância das transformações tecnológicas para a sociedade. Diz Castells que vivemos em um mundo que se tornou digital, pois as descobertas ocorridas pelo advento da tecnologia da informação, apesar de desenvolvidas como extensões das tecnologias mais importantes já existentes, tornaram-se altamente relevantes e provocaram a difusão em massa dessas tecnologias em diferentes áreas para diferentes aplicações, com alta acessibilidade e baixo custo. Por isso, a revolução tecnológica que vivemos em relação às tecnologias da informação, processamento de dados e comunicação é um evento histórico, assim como a revolução industrial do século XVIII, transformando também a economia, a sociedade e a cultura atual. As características dessa revolução tecnológica estão baseadas na aplicação do conhecimento e da informação para gerar cada vez mais esses dois elementos e também dispositivos que auxiliem esse processo de se movimentar, o que, sem dúvida, vem a fomentar áreas importantes como a inovação e os diferentes usos das tecnologias. Ainda segundo Castells, o desenvolvimento das tecnologias passaram por três estágios distintos na sociedade para chegarem onde estão agora, que foram, a automação das tarefas, experiências de usos e a reconfiguração das aplicações das tecnologias. Nos dois primeiros, o progresso da inovação fundou-se no aprender com o uso das tecnologias, no terceiro estágio os usuários aprenderam a usar a tecnologia produzindo-a. Isso resultou em uma reorganização e reconfiguração das redes e consequentemente na descoberta de novas aplicações tecnológicas. Podemos exemplificar mais algumas das características dessa revolução tecnológica, citando três exemplos: o primeiro é o uso das tecnologias sobre a informação e não mais a informação para agir sobre a tecnologia, ou seja, os processos individuais e coletivos agora são moldados pelo uso da tecnologia; a lógica da formação das conexões agora se dá em qualquer conjunto de relações fazendo sempre uso de tecnologias emergentes, mostrando assim a flexibilidade dos processos dentro de uma 33