CONSCIENTIZAÇÃO DA POPULAÇÃO SOBRE MALES QUE OS CARRAPATOS PODEM CAUSAR A CÃES E DONOS BAYLÃO, Mayara Leão 1 ; FONTANA, Vera Lúcia Dias da Silva 2 ; ANTUNES, Maria Paula Gomes 1 ; JÚNIOR, Sidney Aniceto Rezende 3 ; FONTANA, Cássio Aparecido Pereira 2 1- Acadêmicas Medicina Veterinária- UFG/Campus Jataí - mlb_rv@hotmail.com; 2- Professores Medicina Veterinária- UFG/Campus Jataí cassiovera@ibest.com.br; 3- Técnico de laboratório- UFG/Campus Jataí. Palavras-chaves: Rhipicephalus sanguineus, erliquiose, cães, saúde pública Introdução Nos últimos anos, no Laboratório de Análises Clínicas Veterinária do Campus Jataí da Universidade Federal de Goiás, cada vez mais são frequentes os achados positivos para pesquisa de hemoparasitoses em cães nos hemogramas solicitados pelos médicos veterinários. Como é de conhecimento que o carrapato colabora com a transmissão de diversos parasitos e é grande a procura dos proprietários de cães com infestações de carrapatos. Estes, em virtude dos seus hábitos alimentares hematófagos, têm grande importância na Medicina Humana e Veterinária, pois podem transmitir uma variedade de agentes patogênicos tanto para os animais como para o homem. As hemoparasitoses são doenças de grande importância para a higidez animal e de saúde pública. Possuem ampla distribuição nas zonas tropicais e subtropicais, dependendo naturalmente de artrópodes vetores para completar seu ciclo. No Brasil o vetor com ampla distribuição geográfica e com maior potencial de transmissão de hemoparasitos é o carrapato ixodídeo Rhipicephalus sanguineus (LEIBY & GILL, 2004). Na região Centro-Oeste são abundantes, o que favorece a ocorrência de altas taxas de incidência destas enfermidades e condiciona o caráter endêmico destas mesmas na região (LOULY et al., 2007). Ele habita ambientes cosmopolitas e tem hábitos nidícolas (LABRUNA & PEREIRA, 2001). As erliquioses são causadas por bactérias pleomórficas Gram negativas intracelulares obrigatórias que parasitam leucócitos de muitas espécies de animais, inclusive o homem (MCDADE, 1990; SILVA & GALVÃO, 2004). Resumo revisado pelo Coordenador da Ação de Extensão Conscientização da população sobre os males que os carrapatos podem causar a cães e donos, CAJ- 606, Vera Lúcia Dias da Silva Fontana
Protozoários do gênero Babesia também já foram identificados causando infecções em humanos caracterizados como patógenos de grande importância em cães (CACCIO et al., 2002). Hepatozoon canis foi identificado no Brasil como agente etiológico da hepatozoonose canina, tendo o carrapato Rhipicephalus sanguineus como artrópode vetor (O DWYER & MASSARD, 2001). A rangeliose é uma infecção que acomete caninos, descrita somente no Brasil (LORETTI & BARROS, 2004), causada por um protozoário Rangelia vitalli. ALMOSNY (2002) relatou infecções humanas causadas por Ehrlichia spp, Babesia spp, Haemobartonela spp e Hepatozoon spp, principalmente em crianças, idosos e imunossuprimidos, destacando esses parasitos no contexto da saúde pública. Diante dos fatos anteriormente relatados este trabalho teve como objetivos: promover a conscientização sobre os males dos carrapatos através da informação e a interação entre alunos, sociedade e professores, favorecendo o ensino e a aprendizagem com a utilização de palestras e folders, auxiliando a prevenir a população sobre os riscos que os animais parasitados trazem para a saúde humana no município de Jataí/GO e avaliar a prevalência de hemoparasitoses na cidade de Jataí/GO através de pesquisa de hemoparasitos, Metodologia Utilizaram-se amostras de sangue total com EDTA 10% de 128 cães, independentemente de raça, sexo e idade, todos domiciliados no município de Jataí, GO e no período de agosto de 2011 a março de 2012. A pesquisa de hemoparasitos seguiram a técnica do Panótico (New Prov). Todo material foi processado no Laboratório de Análises Clínicas Veterinária/CAJ/UFG. O método de diagnóstico laboratorial de rotina da Ehrlichia spp foi feito pela demonstração microscópica direta de inclusões intracitoplasmáticas, mais conhecidas como mórulas, em células mononucleares sanguíneas, a partir de preparações coradas de esfregaço sangüíneo ou do creme leucocitário (WOODY & HOSKINS, 1991). O diagnóstico definitivo da Babesia ssp baseiou-se na identificação de parasitas grandes (2,5 a 3 X 5Qm) piriformes em hemácias do hospedeiro em esfregaços sanguíneos corados (JAIN, 1993; TABOADA, 1998).
O diagnóstico do Hepatozoon sp realizado rotineiramente é a avaliação morfológica de neutrófilos e monócitos a procura de gamontes em esfregaço de sangue periférico corado (BANETH & WEIGLER, 1997). Foram ministradas palestras para estudantes do Ensino Fundamental das Escolas do Município de Jataí expondo sobre a taxonomia dos carrapatos, as doenças transmitidas para os animais e o homem, modos de contaminação e métodos de prevenção. Ao fim de cada palestra, foram distribuídos panfletos confeccionados de modo a se ter esclarecimentos sobre os assuntos da palestra. Foram distribuídos panfletos aos proprietários de cães atendidos no laboratório e a população que participava do evento da Câmara Itinerante realizado pela Câmara de Vereadores de Jataí, com o intuito de polarizar os riscos do carrapato para a saúde animal e do homem. Resultados e Discussão Em 128 lâminas analisadas, obtivemos 41 positivas no diagnóstico para hemoparasitos, representando dos hemogramas realizados 32,03%, sendo este achado semelhante à prevalência de hemoparasitos em cães capturados pelo Centro de Zoonoses de Anápolis GO em 2007 onde foi verificado 33,96% pesquisa de positividade (MUNDIM et al., 2008). Quatro gêneros de hemoparasitas foram identificados, sendo que a bactéria do gênero Ehrlicha sp. obteve maior prevalência em relação aos demais hemoparasitos. Ehrlichia sp. apresentou prevalência de 27,34%. Este resultado mostrou-se elevado em relação aos achados de ALBERNAZ et al. (2007), cujo índice foi de 13,89%. No presente estudo a Babesia sp evidenciou prevalência de 3,12%, sendo considerada a de segunda maior prevalência, estando discretamente superior com o resultado de pesquisa de MUNDIM et al. (2008) que verificaram 2% de prevalência. Hepatozoon sp. e Rangelia vitalli mostraram prevalência de 0,78%. De acordo com MUNDIM et al. (2008), Hepatozoon sp. apresentou prevalência de 0,5%, sendo o valor inferior ao encontrado no presente estudo. Não encontrou-se co-infecção de hemoparasitos Fornecimento de esclarecimentos sobre os males dos carrapatos para aproximadamente 260 pessoas, dentre alunos de ensino fundamental e
proprietários. Na realização do processo de conscientização desvendamos alguns mitos sobre a vida e o controle dos carrapatos, utilização de produtos carrapaticidas no animal e no ambiente e sintomas das diferentes hemoparasitoses. Segundo COLLARES e MOISÉS (1989) a escola é o local onde os programas de educação e saúde pode ter maior e melhor repercussão porque podem abordar e influenciar o educando nas fases mais importantes de suas vidas. O desenvolvimento de um projeto de conscientização, envolvendo educação permitirá a aquisição de diferentes comportamentos e posicionamentos frente ao conhecimento científico adquirido. Conclusões Concluiu-se que os hemoparasitos continuam sendo altamente prevalentes, com grande importância para clínica veterinária. Sendo assim, o controle de carrapato e a conscientização da população sobre os males desse artrópode, torna-se imprescindível considerados seus potenciais transmissores de doenças para o homem e outros animais. Foi demonstrado que a Ehrlichia sp foi o hemoparasito com maior prevalência. Referências Bibliográficas ALBERNAZ, A. P.; MIRANDA, F. J. B.; MELO, JR. O. A.; MACHADO, J. A. FAJARDO, H. V. Erliquiose canina em Campos dos Goytacazes. Ciência Animal Brasileira, Rio de Janeiro, v. 8, n. 4, p. 799-806, 2007. ALMOSNY, N. R. D. Hemoparasitoses em pequenos animais domésticos e como zoonose. 1. ed. Rio de Janeiro: L. F., 2002, p. 135. BANETH, G.; WEIGLER, B. Retrospective case-control study of hepatozoonosis in dogs in Israel. Journal Vet. Int. Med., v.11, p.365-370,1997. CACCIO, S.M.; ANTUNOVIC, B.; MORETTI, A.; MANGILI, V.; MARINCULIC, A.; BARIC, R.; SLEMENDA, S.; PIENIAZEK, N.,. Molecular characterization of Babesia canis canis and Babesia canis vogeli from naturally infected European dogs. Vet. Parasitol. v.106, p. 285 292, 2002. COLLARES, C. A. L.; MOISÈS, M. A.. Educação, saúde e Formação da Cidadania, Revista Educação e Sociedade, 10 (32), abr. 1989. JAIN, N. C. Essentials of Veterinary Hematology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1993, 417p. LABRUNA, M. B.; PEREIRA, M. C. Carrapatos em cães no Brasil. Clínica Veterinária. São Paulo, v. 30, p. 24-32, 2001.
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