ESTUDO DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE CARIACICA- ES: CONTRIBUIÇÃO PARA O PLANEJAMENTO MUNICIPAL

Documentos relacionados
UNIDADES ECODINÂMICAS DA PAISAGEM DO MUNICÍPIO DE JEREMOABO- BA.

Fragilidade Ambiental Método auxílio multicritério à tomada de decisão

ANÁLISE DA FRAGILIDADE AMBIENTAL NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO PORECATU NO MUNICÍPIO DE MANDAGUAÇU-PR

Fragilidade Ambiental Método: Processo Hierárquico Analítico (AHP)

MAPEAMENTO DA INSTABILIDADE GEOMORFOLÓGICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PEQUENO/PR

Fragilidade Ambiental Potencial e Emergente da Região Administrativa Nordeste da Sede do Município de Santa Maria RS - Brasil

ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA DO MUNICÍPIO DE JARDIM OLINDA - PR

Palavras-chaves: relevo; morfodinâmica; mapeamento; Presidente Prudente; Brasil.

ELEMENTOS GEOMORFOLÓGICOS E ANTRÓPICOS NA AVALIAÇÃO DA FRAGILIDADE DA REGIÃO NORDESTE DA SEDE DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA-RS

AVALIAÇÃO EMPÍRICA DE PARÂMETROS AMBIENTAIS APLICADOS AO MUNICÍPIO DE CRISTINÁPOLIS, SERGIPE

UTILIZAÇÃO DO SIG NO CONTOLE DE EROSÃO EM ÁREAS SUCPTÍVEIS A INSTABILIDADE DE ENCOSTAS: BARRAGEM SERRO AZUL PALMARES (PE)

UNIDADES DE RELEVO DA BACIA DO RIO PEQUENO, ANTONINA/PR: MAPEAMENTO PRELIMINAR

MAPEAMENTO DE DECLIVIDADE DE VERTENTES: APLICAÇÃO NA APA DE GUARATUBA / PARANÁ

ELABORAÇÃO DE MAPA GEOMORFOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE SP.

ANÁLISE DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DE FRANCA/SP UTILIZANDO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS

Debora Cristina Cantador Scalioni Jessica Villela Sampaio

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA GEOMORFOLOGIA BÁSICA E ESTRUTURAL - GB 128 TEMA 1

DINÂMICA GEOMORFOLÓGICA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS SERRA NEGRA E TAGAÇABA LITORAL PARANAENSE CUNICO, C. 1 OKA-FIORI, C. 2

1 INTRODUÇÃO. PALAVRAS-CHAVE: Erosão, Carta de Suscetibilidade, Geoprocessamento, SIG.

9º SINAGEO - Simpósio Nacional de Geomorfologia 21 à 24 de Outubro de 2012 RIO DE JANEIRO / RJ

ANÁLISE DA VULNERABILIDADE À EROSÃO NO MUNICÍPIO DE BARRA BAHIA ANÁLISE DA VULNERABILIDADE À EROSÃO NO MUNICÍPIO DE BARRA BAHIA

IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS SUSCEPTÍVEIS AOS PROCESSOS EROSIVOS NA REGIÃO DO VALE DO PARAÍBA

ANÁLISE DOS PROCESSOS EROSIVOS PLUVIAIS EM ARGISSOLOS ATRAVÉS DE PARCELAS EXPERIMENTAIS PARA O MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE - SP.

APLICAÇÃO DO MODELO SHALSTAB PARA A DEMARCAÇÃO DE ÁREAS SUSCETÍVEIS A ESCORREGAMENTOS NO MUNICÍPIO DE ITATIAIA-RJ

CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS LINEARES DAS ÁREAS RURAIS DO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE-SP, BRASIL.

DETERMINAÇÃO DA FRAGILIDADE POTENCIAL A EROSÃO LAMINAR NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AREIAS

2 Área de Estudo Meio Físico Localização e características gerais

DETERMINAÇÃO DA SUSCETIBILIDADE À EROSÃO LAMINAR NA BACIA DO RIO ARAGUARI MG A PARTIR DA ANÁLISE MULTIFATORIAL

FORMULÁRIO PARA CRIAÇÃO DE DISCIPLINAS

COMPARTIMENTAÇÃO MORFOLÓGICA DA BACIA DO RIO SÃO THOMÉ, MUNICÍPIOS DE ALFENAS, SERRANIA E MACHADO (MG)

MAPEAMENTO TEMÁTICO DIGITAL VISANDO A ANÁLISE SÓCIO- AMBIENTAL DA PROVÍNCIA PEGMATÍTICA DA BORBOREMA NOS ESTADOS DO RIO GRANDE DO NORTE E PARAÍBA

ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO MÉDIO-BAIXO CURSO DO RIO ARAGUARI

OS COMPARTIMENTOS DE RELEVO E A OCUPAÇÃO URBANA EM SÃO SEBASTIÃO NO LITORAL NORTE DE SÃO PAULO

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - REGIONAL JATAÍ UNIDADE ACADÊMICA ESPECIAL DE ESTUDOS GEOGRÁFICOS PLANO DE ENSINO

Modelo potencial de ocupação e uso do solo para implantação de florestas plantadas de Eucaliptus sp. na região do Vale do Paraíba/SP

SOBRINHO, J. Falcão ; ROSS, J. L. S.. O Processo de Erosão em Ambiente de Superfície Sertaneja - Varjota (CE). Geousp, v. 21, p.

USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA ANALISE GEOMORFOLÓGICA USANDO O USO E COBERTURA DE TERRA NO MUNICÍPIO DE NITERÓI-RJ.

Geomorfologia Aplicada

ANÁLISE DA VULNERABILIDADE POTENCIAL E EMERGENTE DA BACIA DO RIO BAIANO ASSIS CHATEAUBRIAND/PR

ANÁLISE ECODINÂMICA DA PAISAGEM DO MUNICÍPIO DE RODELAS - BAHIA ANÁLISE ECODINÂMICA DA PAISAGEM DO MUNICÍPIO DE RODELAS - BAHIA

FUNCIONAL DO MUNICÍPIO DE SÃO VICENTE-SP

Rozely Ferreira dos Santos

Relação Pedogênese x Morfogênese. em Regiões Tropicais

Atividades. As respostas devem estar relacionadas com o material da aula ou da disciplina e apresentar palavras

IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS VULNERAVEIS A EROSÃO LAMINAR NA BACIA DO RIO VERMELHO

USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA O MAPEAMENTO DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DA SUB-BACIA DO RIO PIANCÓ, PB.

NOTAS SOBRE OS SOLOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO JOÃO LEITE

ESTUDO DE VULNERABILIDADE GEOTÉCNICA ATRAVÉS DE ANÁLISE INTEGRADA EM AMBIENTE SIG. Resumo

A CARTOGRAFIA DO RELEVO COMPARADA: APLICAÇÕES NA BACIA DO RIBEIRÃO ESPIRITO SANTO (JUIZ DE FORA, MG)

¹ Estudante de Geografia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estagiária na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP).

Figura 07: Arenito Fluvial na baixa vertente formando lajeado Fonte: Corrêa, L. da S. L. trabalho de campo dia

RELAÇÃO SOLO / COBERTURA VEGETAL NATIVA NA BACIA DO RIBEIRÃO SANTO ANTÔNIO MUNICIPIO DE IPORÁ. RESUMO

Palavras-chave: Vulnerabilidade Ambiental, UHE Barra dos Coqueiros, Sensoriamento

O PAPEL DOS PROCESSOS MORFODINÂMICOS E O USO E OCUPAÇÃO DA ÁREA DE TRÊS COMUNIDADES PERI-URBANAS DA RMC - REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

Profa. Dra. Fernanda Sayuri Yoshino Watanabe

MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE ARAXÁ MG, UTILIZANDO TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO ROCHA, M. B. B. 1 ROSA, R. 2

MAPEAMENTO DE FRAGILIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GUARAQUEÇABA/APA DE GUARAQUEÇABA/PR

ESTUDO DE CASO DA VULNERABILIDADE À OCUPAÇÃO URBANA DO MUNICÍPIO DE BLUMENAU (SC-BRASIL) COM APLICAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG) 1

ZONEAMENTO DE UNIDADES MORFOLITOLÓGICAS PARA O MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS, RS

Alterações no padrão de cobertura da terra na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro/RJ nos anos de 1985 e DOMINIQUE PIRES SILVA

SUSCEPTIBILIDADE E POTENCIALIDADE À EROSÃO LAMINAR NA BACIA DO CÓRREGO BARREIRO - GOIÂNIA GO

Orogênese (formação de montanhas): o choque entre placas tectônicas forma as cordilheiras.

II Semana de Geografia UNESP / Ourinhos 29 de Maio a 02 de Junho de 2006

CAPÍTULO 7 EXEMPLO DE MANIPULAÇÃO EM LEGAL

RELAÇÃO ENTRE EXPANSÃO URBANA E O RELEVO LOCAL O CASO DO MUNICÍPIO DE SOROCABA (1)

DISCIPLINA: GEOMORFOLOGIA ESCULTURAL E APLICADA - GB 060. PROF. DR. LEONARDO JOSÉ CORDEIRO SANTOS

UFABC- Universidade Federal do ABC- PROEXT 2011/2012. Gestão de Riscos Geológicos em Ambiente Urbano: Escorregamentos e Processos Correlatos

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

GEOPROCESSAMENTO. Bases conceituais e teóricas. Prof. Luiz Henrique S. Rotta

ÁREAS DE RISCO AO USO/OCUPAÇÃO DO SOLO NA SUB-BACIA DO CÓRREGO DO SEMINÁRIO, MUNICÍPIO DE MARIANA MG. COSTA, R. F. 1 PAULO J. R. 2

Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016)

MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE SP, BRASIL.

SOLOS. Prof Robert ROC

O SENSORIAMENTO REMOTO NA PESQUISA GEOMORFOLÓGICA: APLICAÇÕES NO MUNICÍPIO DE ANTONINA, PARANÁ

Banco de dados georreferenciado da bacia hidrográfica do rio Brígida no sertão pernambucano. Sara Fernandes de Souza¹. Roberto da Boa Viagem Parahyba¹

IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS COMPARTIMENTOS GEOMORFOLÓGICOS DA UNIDADE GEOMORFOLÓGICA DO TABULEIRO INTERIORANO DE FEIRA DE SANTANA-BA

EIXO TEMÁTICO: TÉCNICA E MÉTODOS DE CARTOGRAFIA, GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO, APLICADAS AO PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAIS

ESTUDO DA MORFODINÂMICA DA MICROBACIA DO CÓRREGO DO CHAFARIZ NA ÁREA URBANA DE ALFENAS- MG: PROPOSTA DE RECUPERAÇÃO

ANÁLISE DA SUSCETIBILIDADE A ESCORREGAMENTOS NO MUNICÍPIO DE GUARATINGUETÁ/SP

RELAÇÃO SOLO/GEOMORFOLOGIA NA SUB-BACIA SANTO ANTÔNIO DO MARATUÃ SILVA JARDIM/RJ

MODELAGEM POR GEOPROCESSAMENTO DA CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NOS SOLOS DO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO/AC

GEOMORFOLOGIA E PLANEJAMENTO AMBIENTAL: MAPEAMENTO DO RELEVO E DELIMITAÇÃO DAS CLASSES DE DECLIVIDADE NO MUNICÍPIO DE CAMPOS GERAIS - MG

A GEOMORFOLOGIA NO CONTEXTO DO PLANEJAMENTO AMBIENTAL: ESTUDO DO USO E OCUPAÇÃO DA SERRA BARRA DO VENTO SERRINHA/BA

MAPEAMENTO DAS UNIDADES DE RELEVO EM MUNICÍPIOS DA QUARTA COLÔNIA: AGUDO, DONA FRANCISCA, FAXINAL DO SOTURNO, NOVA PALMA, PINHAL GRANDE - RS

GEOMORFOLOGIA E USO DE GEOTECNOLOGIAS NA CARTOGRAFIA DO ALTO SERTÃO SERGIPANO

ANÁLISE DA FRAGILIDADE AMBIENTAL E SUSCETIBILIDADE AOS RISCOS NOS BAIRROS BARROSO, CAJAZEIRAS E JANGURUSSU: CIDADE DE FORTALEZA CEARÁ

DEFORMAÇÃO NEOTECTÔNICA DOS TABULEIROS COSTEIROS DA FORMAÇÃO BARREIRAS ENTRE OS RIOS PARAÍBA DO SUL (RJ) E DOCE (ES), NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL

ANÁLISE DO PADRÃO DE USO E COBERTURA DA TERRA ASSOCIADO AOS ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS NO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO-BAHIA

Sales, L.B. 1 ; Santos, J.O. 2 ; CEARÁ 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

VULNERABILIDADE NATURAL AOS PROCESSOS EROSIVOS NO AGLOMERADO MORRO DAS PEDRAS EM BELO HORIZONTE-MG

EMENTAS DAS DISCIPLINAS /2 (em ordem alfabética)

Diretrizes para mapeamento de inundações no Estado do Rio de Janeiro PATRICIA R.M.NAPOLEÃO CARLOS EDUARDO G. FERRIERA

Mapeamento geomorfológico da bacia hidrográfica do Rio Mundaú

Costa, B.L. 1 ; PALAVRAS CHAVES: Planejamento ambiental; Geoprocessamento; Geomorfologia

FRAGILIDADE AMBIENTAL DA BACIA DO RIO IPIRANGA PR. SANTOS, P. A. F.¹ ¹ Bolsista PIBIC/CNPq UFPR, (41) ,

CAPÍTULO III CARACTERIZAÇÃO DA VITICULTURA POR MEIO DA GEOMORFOLOGIA NA REGIÃO DE REFERÊNCIA DA IG MONTE BELO

CARACTERIZAÇÃO DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA GI8, PE

GEOPROCESSAMENTO APLICADO AO MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE ITABI-SE

O GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA DE IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO THE GEOPROCESSING AS SUBSIDY OF IDENTIFICATION AREAS OF PRESERVATION

DETERMINAÇÃO DO PREÇO DA TERRA EM GOIÁS A PARTIR DO USO DE GEOESTATÍSTICA

Transcrição:

AMANDIO GONÇALVES DE OLIVEIRA FILHO amgfilho12@yahoo.com.br ESTUDO DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE CARIACICA- ES: CONTRIBUIÇÃO PARA O PLANEJAMENTO MUNICIPAL 1. INTRODUÇÃO O avanço das relações da sociedade com o meio físico, acompanhado do aumento da exploração dos recursos naturais e desenvolvimento da agricultura e da industrialização tem promovido pressão constante e crescente sobre o meio ambiente. Neste sentido, Ross (1994) aponta que em função de problemas ambientais decorrentes das diferentes práticas econômicas e socioculturais presentes no Brasil, a gestão e planejamento territorial municipal em nível ambiental são urgentes. Nesta direção, as preocupações dos gestores políticos, e também da sociedade em geral, não devem se pautar apenas sobre o desenvolvimento econômico e técnico-científico, mas, também em uma visão que vislumbre tanto as potencialidades quanto as fragilidades do meio físico natural. Esta pesquisa baseia-se na metodologia de Ross (1994) de estudos de Zoneamento Ambiental e nos pressupostos teóricos de Tricart (1977) acerca do conceito de Unidades Ecodinâmicas. Dentro desta concepção, as relações que se processam na natureza são regidas segundo ordens de trocas de energia e matéria, de forma dinâmica e em equilíbrio (Teoria de Sistemas). De acordo com esta visão, se processam na natureza duas situações dinâmicas distintas, de um lado um sistema natural em equilíbrio conservando as trocas de energia e matérias, de outro um ambiente antropizado, no qual as intervenções promovidas pelo homem, como desmatamentos, produção agrícola e industrial promovem instabilidade no fluxo natural de energia e matéria. Segundo a proposta de Ross (1994) a fragilidade do relevo dentro do ordenamento das unidades ecodinâmicas estáveis ou instáveis é sistematizada em cinco classes que variam de muito fraca (1) a muito forte (5), conforme o Organograma 1, sendo que a fragilidade ambiental potencial centra-se nas características naturais sem a presença do homem, e a emergente considera a ação humana na paisagem. 1

Unidades Ecodinâmicas Estáveis Instáveis Instabilidade Ambiental Potencial Instabilidade Ambiental Emergente Muito Baixa (1) Baixa (2) Intermediária (3) Alta (4) Muito Alta (5) Muito Baixa (1) Baixa (2) Intermediária (3) Alta (4) Muito Alta (5) Organograma 1: Metodologia da pesquisa. 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Elaborar estudo da fragilidade ambiental do município de Cariacica. 2.2 Objetivos específicos Analisar a importância do estudo da fragilidade ambiental no contexto do planejamento municipal; apontar a contribuição da geomorfologia em estudos de fragilidade ambiental e verificar a eficiência do emprego do geoprocessamento em estudos de fragilidade ambiental. 2

3. ÁREA DE ESTUDO O município de Cariacica está situado na Região Metropolita da Grande Vitória, limitandose a leste com a Capital Vitória e Vila Velha, a oeste com Domingos Martins, a nordeste com Serra, a sul com Viana e a noroeste com Santa Leopoldina. As rodovias federais BR 262 e BR 101 constituem as principais vias de ligação da cidade com os municípios vizinhos. Cariacica possui uma área aproximada de 280 km², sendo a maior porção da cidade ocupada pela zona rural, entretanto, esta parcela não reflete a ocupação da cidade, pois aproximadamente 95% dos habitantes ocupam a área urbana. Figure 1: Mapa de localização de Cariacica-ES. 4. METODOLOGIA 3

A etapa inicial da pesquisa consistiu na elaboração das informações base para a correlação e classificação do relevo segundo suas fragilidades. Nesta etapa, em um ambiente de Sistema de Informações Geográficas (SIG), em que os diferentes níveis de informações foram agrupados em Planos de Informações (PI), em formato matricial. Todos os PI: declividade do relevo, padrão de formas do relevo, dissecação do relevo, unidades geomorfológicas, pedologia e uso da terra e cobertura vegetal foram classificados (receberam um valor numérico) segundo as cinco classes de fragilidades adotadas. Adequada a base cartográfica, os passos seguintes acompanharam os preceitos da álgebra de mapas para a correlação das diferentes informações, a fim de se obter as cartas sínteses de fragilidade potencial e emergencial do relevo de Cariacica-ES. Cordeiro et al. (2001) definem álgebra de mapas como operações matemáticas sobre mapas, que representam procedimentos de análise espacial em geoprocessamento que produz novos dados a partir do relacionamento entre diferentes mapas, podendo ser também a manipulação de diferentes atributos em um único mapa. 4.1 Sobre as variáveis Dentre as informações utilizadas nesta modelagem a declividade constitui uma das principais variáveis na modelagem dos mapas de fragilidade, por facilitar a compreensão e a análise dos processos morfodinâmicos que ocorrem no relevo. A declividade das encostas constitui importante influência no controle dos eventos dinâmicos de retirada de material do solo (erosão) e deposição, além de estar diretamente associada aos eventos morfodinâmicos de deslizamentos de massa e enxurradas, que são impulsionados pelo fator gravidade, que implica nos movimentos descendentes dos materiais da erosão e das águas pluviais. Neste sentido, a disposição das inclinações das vertentes está diretamente associada aos processos morfodinâmicos que atuam sobre o relevo, revelando a capacidade e velocidade de deslocamento de materiais sobre as encostas (SILVEIRA et al., 2005). 4

A classificação segundo os graus de declividade é apresentada na Tabela 1. Tabela 1: Classes de Declividade Classes de declividade Instabilidade Ecodinâmica Peso 3 6% (1,72º - 3, 43º) Muitobaixa 1 6 12% (3, 43º - 6,85º) Baixa 2 12 20% (6,85º - 11, 31º) Intermediária 3 20-30% (11, 31º - 16, 70º) Alta 4 > 30% (>16, 70º) Muito Alta 5 As demais variáveis presentes na modelagem seguiram o mesmo critério de operacionalização, sendo classificadas segundo seu grau de contribuição para a vulnerabilidade do relevo. A variável de dissecação do relevo foi ordenada segundo a proposta de Ross(2006), sendo adotados maiores pesos para os índices mais altos de dissecação, baseada na correlação entre distâncias interfluviais e entalhamento de talvegue, o que revela as áreas com predomínio de processos geomorfológicos de erosão e deposição. Para a variável tipos de relevo foi adotada classificação semelhante à de declividade, sendo que os pesos foram distribuídos segundo as maiores amplitudes das formas associadas às maiores declividades, revelados pelos diferentes modelados do relevo: rampas, colinas, morrotes, morros com encostas suavizadas, morros e montanhas mapeados segundo a proposta de Pires Neto (1991 apud Goulart, 1992). Para o ordenamento dos pesos da variável unidades geomorfológicas foi levado em consideração o arranjo estrutural das formas individualizadas e principalmente a dinâmica morfogenética atuante sobre o modelado, para as unidades presentes em Cariacica mapeadas por Oliveira Filho (2010): patamares escalonados, colinas costeiras e planícies litorâneas, foram adotadas as classes de fragilidade muito alta, intermediária e intermediária, respectivamente. 5

Os solos constituem importante fator no desenho da fragilidade ambiental em função de suas características de textura, estrutura, grau de coesão das partículas e espessuras dos horizontes, o que revela suas particularidades de maior ou menor susceptibilidade aos processos morfodinâmicos. Nesta direção, com base no mapa de solos da Embrapa de 1978, as faixas de solos presentes em Cariacica receberam os respectivos valores: argissolos (3), gleissolo melânico (4), gleissolo sálico (5), cambissoloháplico (3), latossolo vermelhoamarelo (2), neossolo flúvico (3) e neossolo quartzarênico (5), além da adoção de peso 5 para as áreas de afloramentos de rochas. Observando a proposição de Ross (1994) de ordenamento ecodinâmico das rochas baseado na resistência das mesmas à morfogênese e susceptibilidade a processos de fraturas, falhamentos e foliação, para as unidades litológicas presentes em Cariacica, identificadaspela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM, 2004), foram adotados os seguintes pesos: paraíba do sul (1,5), tonalitos tipo jequitibá (2), depósitos flúvico-lagunares (5), enderbitos santa tereza (1,5) e suíte máfica (3). A compilação e correlação das variáveis descritas propiciaram a geração da Carta de Fragilidade Ambiental Potencial da área de estudo, que serviu de base para a etapa seguinte de geração da Carta de Fragilidade Ambiental Emergente de Cariacica, que é o resultado do cruzamento do produto de fragilidade potencial com a variável de uso e cobertura da terra. Para o cálculo das varáveis envolvidas no mapa de Fragilidade Ambiental Potencial foi adotada a soma simples dos pesos atribuídos a cada informação, seguida da média dos valores em função do número de variáveis envolvidas. Para efeito de arredondamentos foi adotado que valores acima de 0,5 seriam arredondados para 1, e valores inferiores para 0. O mapa de uso e cobertura da terra de Cariacica foi elaborado a partir da digitalização em ambiente SIG do mapa de Uso do Solo e Cobertura Vegetal de Cariacica disponibilizado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), seguido da verificação da interpretação 6

utilizando como base fotos aéreas georreferenciadas da área de estudo do ano de 2008, adquiridas junto ao Geobases (Sistema Integrado de Bases Geoespaciais do Estado do Espírito Santo). Os dados de uso e cobertura da terra de Cariacica foram agrupados e classificados conforme a Tabela 2 com destaque para a influência da cobertura vegetal na mitigação da fragilidade potencial do relevo, por outro lado a ocupação urbana representa fator importante para potencializar a fragilidade ambiental. Tabela 2: Uso da Terra e Cobertura Vegetal de Cariacica Fragilidade Ambiental Uso da Terra e Classede Peso Cobertura Vegetal Fragilidade Afloramento Alta 4 Alagado Muito Alta 5 Cultura Intermediária 3.5 FlorestaPlantada Baixa 2 Manguezal Muito Alta 5 Mata MuitoBaixa 1 Mineração Muito Alta 5 Pastagem Intermediária 3 Urbano Alta 4 Água Alta 4.5 5. RESULTADOS O primeiro resultado gerado foi a Carta de Fragilidade Ambiental Potencial, revelando que 19,97% do território cariaciquense apresenta grau de fragilidade potencial baixo, outros 39,09% intermediário, 38,04% alto e 2,90% muito alto.com base na análise da Figura 2 é possível identificar que aproximadamente 40% da área municipal de Cariacica apresentam altas ou muito altas fragilidades, associada especialmente as porções de relevo com maiores 7

amplitudes e fortes declividades, localizados no setor oeste da cidade. Estas áreas são do ponto de vista morfodinâmico mais vulneráveis aos processos de erosão. Aproximadamente 60% da área da cidade apresentam de baixa a intermediária fragilidade potencial, estando situado sobre relevo de colinas suaves a onduladas na parte leste e central do município, com inclinações menos abruptas, e solos mais desenvolvidos e mais bem drenados, o que garante a estes espaços menor vulnerabilidade ambiental. Figure 2: Carta de Fragilidade Ambiental Potencial de Cariacica. A Carta de Fragilidade Ambiental Emergente (Figura 3)é o resultado da média entre a Carta de Fragilidade Ambiental Potencial e as variáveis de uso da terra e cobertura vegetal, em que a contribuição do fator antrópico é avaliada neste modelo. É possível observar uma mudança substancial na espacialização da vulnerabilidade ambiental, onde grande parte da 8

cidade que apresenta de alta a muito alta fragilidade natural, devido às variáveis naturais do relevo, como declividade, pedologia e características geomorfológicas, passam a ser classificadas como de muito baixa à intermediária fragilidade, devido, especialmente, à presença de vegetação. Por outro lado, ambientes que apresentam baixa fragilidade potencial, passam a apresentar fragilidade ambiental intermediária, isto devido à presença da urbanização da terra e áreas de mineração. Esta diferenciação observada na fragilidade ambiental da cidade, devido ao uso da terra e a cobertura vegetal reside no grau de proteção que estas variáveis atribuem aos ambientes naturais em função dos diferentes usos da paisagem, em que a atuação antrópica, seja com atividades de mineração, agropecuária, ou com elementos urbanos tendem a aumentar a fragilidade do meio. A Carta de Fragilidade Ambiental Emergente demonstra que as atividades humanas culminam com a intensificação da vulnerabilidade ambiental da cidade em setores, que do ponto de vista natural são mais estáveis. 9

Figure 3: Carta de Fragilidade Ambiental Emergente de Cariacica. Com relação à proposta metodológica empregada de mapeamento das unidades ecodinâmicas instáveis, os resultados foram satisfatórios, por permitirem a identificação das áreas naturais potencialmente mais vulneráveis e analisar a influência da presença humana neste cenário. Neste aspecto, o uso do SIG foi essencial, mostrando-se eficiente para o mapeamento das feições de interesse, facilitando os processos de coleta, armazenamento, manipulação, correlação e apresentação dos dados empregados. De forma geral, os produtos apresentados podem ser utilizados pelos gestores públicos para identificar os setores potencialmente vulneráveis frente aos agentes morfodinâmicos naturais confrontados com a ação antrópica sobre o meio ambiente. 10

6. REFERÊNCIAS CORDEIRO, J. P.; BARBOSA, C. C. F.;CÂMARA, G.; Álgebra de mapas. In: CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO, A. M. V. (Org.). Introdução à ciência da geoinformação: INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2001 Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/introd/>. Acesso: 12 de junho de /2013 CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL. Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo: sistema de informações geográficas-sig. Folha SF.24 Vitoria. [Geological Map of Brazil 1:1.000.000 scale: geographic information system-gis]. Brasília: CPRM, 2004. CD ROM 37/41. Programa Geologia do Brasil. ISBN 85-7499- 009-4 11

GEOBASES Sistema Integrado de Bases Georreferenciadas do Estado do Espírito Santo. 2008. GOULART, A. C. O.; Análise integrada do relevo: subsídios ao planejamento ambiental urbano. Monografia apresentada ao curso de geografia da Universidade de São Pulo. 1992. IJSN- Instituto Jone dos Santos Neves. Espírito Santo em mapas. Uso e cobertura da terra, 2010. Disponível em: <http://www.ijsn.es.gov.br/sitio/index.php?option=com_wrapper&view=wrapper&itemid= 109> OLIVEIRA FILHO, A. G.; Estudo geomorfológico do município de Cariacica-ES com uso de sistemas de informações geográficas. Trabalho de conclusão de curso (Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Geografia), Vitória, 2010. EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Projeto Espírito Santo Solos. Disponível em <http://mapoteca.cnps.embrapa.br> Acesso em 12 de setembro de 2010. ROSS, J. L. S. Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados. Revista do Departamento de Geografia.n.8, p.63-74. 1994. ROSS, J. L. S.; Geomorfologia aplicada aos Eias-Rimas. In:. Geomorfologia e meio Ambiente. (Orgs). Antônio José Teixeira Guerra e Sandra Baptista da Cunha. 6ª Ed. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2006. cap. 6. p. 291-336. SILVEIRA, C. T.; FIORI, A. P.; OKA-FIORE, C.; Estudo das unidades ecodinâmicas de instabilidade potencial na APA de Guaratuba: subsídio para o planejamento ambiental. Boletim Paranaense de Geociências, n. 57, p. 9-23, 2005. Editora UFPR TRICART, J. Ecodinâmica. IBGE-SUPREN: Rio de Janeiro, 1977. p. 91. 12