Composição mineral e sintomas de deficiência de macronutrientes em melancia cultivada em solução nutritiva

Documentos relacionados
Composição mineral e sintomas de deficiência de macronutrientes em melão cultivado em solução nutritiva.

Influência de doses de fósforo e de nitrogênio na produção de abobóra híbrida, tipo tetsukabuto, na região norte de Minas Gerais

OMISSÃO DE MACRONUTRIENTES EM JUNCO( 1 )

1 Identificar os sintomas de carência em Ν, Ρ, K, Ca, Mg e S. 2 Determinar os níveis de carência, através da análise química das folhas.

DIAGNÓSTICO DE SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA DE MACRONUTRIENTES EM PIMENTEIRA DO REINO (Piper nigrum, L.)

Caracterização de Sintomas de Deficiências de Nutrientes em Paricá (Schizolobium amazonicum Huber ex. Ducke)

João Felipe AMARAL, Laércio Boratto de PAULA.

e Heráclito Eugênio Oliveira da Conceição 4

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS PLANTAS

KEYWORDS: INTRODUÇÃO

002

OMISSÃO DE MACRONUTRIENTES EM PLANTAS DE AMENDOIM ( 1 )

Sintomas de deficiência de alguns nutrientes na cultura do milho

MICRONUTRIENTES NA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR: ESTUDOS DE CALIBRAÇÃO, DIAGNOSE NUTRICIONAL E FORMAS DE APLICAÇÃO

Diagnose Foliar na Cultura do Maracujazeiro e do Abacaxizeiro

Absorção de nutrientes pela abóbora híbrida na região Norte de Minas Gerais

PLANO DE AULA Nutrição das Plantas Autores: Ana Paula Farias Waltrick, Stephanie Caroline Schubert;

ANÁLISE DO TECIDO VEGETAL DO PINHÃO MANSO, SUBMETIDOS A FONTES E DOSES DE FERTILIZANTES

NATUREZA E TIPOS DE SOLOS ACH-1085

Comunicado Técnico 90

Desequilíbrios nutricionais ou sintomas semelhantes aos causados por doenças infecciosas.

NUTRIÇÃO MINERAL DA MACIEIRA. I. CARÊNCIAS NUTRICIONAIS *

Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 6658

ESTADO NUTRICONAL DA PLANTA DE ALGODÃO ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DE DOSES CRESCENTES DE N EM DIFERENTES MODO DE APLICAÇÃO

PRÁTICA Nº. 6.5 NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS

TEOR DE MACRONUTRIENTES EM FOLHAS DE MUDAS DE MAMONEIRA CULTIVADAS EM DIFERENTES SUBSTRATOS

Diagnose Foliar na Cultura do Cacau

DEFICIÊNCIA DE MACRONUTRIENTES EM ESTÉVIA: SINTOMAS VISUAIS E EFEITOS NO CRESCIMENTO, COMPOSIÇÃO QUÍMICA E PRODUÇÃO DE ESTEVIOSÍDEO 1

Calendário de Reposição de Nutrientes Para Alface Cultivar Vera em Cultivo Hidropônico no Período de Inverno.

DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E ANÁLISE FOLIAR

Série tecnológica cafeicultura. Deficiências nutricionais Macronutrientes

Teores de N, P, K, Ca, Mg e S em Gravioleiras Cultivadas em Solução Nutritiva com Omissão de Macronutrientes.[1] Introdução

Sintomas de deficiência de macronutrientes e produção de massa seca em plantas de mogno (Swietenia macrophylla)

ESTADO NUTRICIONAL DE CAFEZAIS DA REGIÃO SERRANA FLUMINENSE EM FUNÇÃO DO ANO DE AMOSTRAGEM. I. MACRONUTRIENTES

Cupuaçuzeiro: Nutrição, Calagem e Adubação. Introdução. Objetivo

Efeito da Omissão de Macronutrientes no Crescimento, Nos Sintomas de Deficiências Nutricionais e na Composição Mineral de Gravioleiras[1] Introdução

OMISSÃO DE MACRONUTRIENTES E FERRO EM PLANTAS DE GERGELIM CULTIVADO EM AMBIENTE PROTEGIDO

Camucamuzeiro Nutrição, calagem e adubação

DIAGNOSE FOLIAR NA CULTURA DO ABACATEIRO

DIAGNOSE FOLIAR EM MILHO E SORGO

Revista Agrarian ISSN:

Adubação orgânica do pepineiro e produção de feijão-vagem em resposta ao efeito residual em cultivo subsequente

mail:

Concentrações de Nutrientes no Limbo Foliar de Melancia em Função de Épocas de Cultivo, Fontes e Doses de Potássio.

Marcelo Cleón de Castro Silva; Marcelo de Almeida Guimarães; Jaeveson da Silva; Leandro Bacci; Juliano Marcos Possamai.

Produção de cultivares de almeirão, em hidroponia, em função das concentrações de ferro na solução nutritiva.

the lowest mass was found with the

AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO

EXPERIMENTAÇÃO (Parte prática) DIAGNOSE DE DEFICIÊNCIA NUTRICIONAL EM CULTURAS

III SIMPÓSIO Brasileirosobre

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Campus Experimental de Dracena Curso de Zootecnia MICRO UTRIE TES. Prof. Dr.

Crescimento e acúmulo de macro e micronutrientes pela melancia em solo arenoso

DIAGNOSE FOLIAR. Aureliano Nogueira da Costa Pesquisador Incaper

RESPOSTA A DOSES CRESCENTES DE POTÁSSIO PARA OS CULTIVARES DE ALGODOEIRO IAC 24 E DELTAOPAL NA REGIÃO DE SELVÍRIA-MS

Crescimento e desordem nutricional em pimenteira malagueta cultivada em soluções nutritivas suprimidas de macronutrientes

EXTRAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE NUTRIENTES PELA CULTURA DO SORGO FORRAGEIRO. C. A. Vasconcellos, J. A. S. Rodrigues, G.V.E. PITTA e F.G.

Conceitos Básicos sobre Fertilidade de Solo

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Jaboticabal. Curso 37 - Zootecnia. Ênfase. Disciplina 9136TP - NUTRIÇÃO DE PLANTAS FORRAGEIRAS (OPT)

Acúmulo e exportação de nutrientes em cenoura

18 PRODUTIVIDADE DA SOJA EM FUNÇÃO DA

o experimento foi conduzido em casa de vegetação da Embrapa Amazônia Oriental, localizada no Município

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL VALORIZA. VALORIZA/Fundação Procafé

MANEJO DA ADUBAÇÃO. Prof. Dr. Danilo Eduardo Rozane.

Comunicado Técnico 45

SINTOMAS DE DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS EM CUPUAÇUZEIRO (Theobroma grandiflorum) CULTIVADO EM SOLUÇÃO NUTRITIVA

ABSORÇÃO FOLIAR. Prof. Josinaldo Lopes Araujo. Plantas cultivadas dividem-se em: Folhas Caule Raízes

Caracterização Visual da Deficiência de Boro em Girassol (Helianthus annuus L.)

NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS. Prof. Dr. Osmar Souza dos Santos UFSM

OMISSÃO DE MACRONUTRIENTES NO CRESCIMENTO E NO ESTADO NUTRICIONAL DE PLANTAS DE REPOLHO CULTIVADO EM SOLUÇÃO NUTRITIVA

Avaliação mineral do feno de Tyfton 85 (Cynodon spp.) irrigado em quatro idades de corte

13 AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE NUTRIÇÃO VIA

Série tecnológica cafeicultura. Deficiências nutricionais Micronutrientes

Teores de nutrientes na melancia hibrido Olimpia fertirrigada. Nutrient concentration in watermelon hybrid olimpia fertirrigated

Diagnose Foliar na Cultura da batata. Prof. Dr. Jerônimo Luiz Andriolo Universidade Federal de Santa Maria

17 EFEITO DA APLICAÇÃO DE MICRONUTRIENTES NA

SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA DE MICRONUTRIENTES EM PLANTAS

ABSORÇÃO E MOBILIDADE DE BORO EM CULTIVARES DE ALGODOEIRO CULTIVADO EM SOLUÇÃO NUTRITIVA * INTRODUÇÃO

Disciplina Nutrição de Plantas Curso: Zootecnia. EXPERIMENTAÇÃO (Parte prática) DIAGNOSE DE DEFICIÊNCIA NUTRICIONAL EM CULTURAS

DESCRIÇÃO DOS SINTOMAS VISUAIS DE DEFICÊNCIA NUTRICIONAL NA MAMONEIRA. 1. NITROGÊNIO, FÓSFORO, ENXOFRE E MAGNÉSIO

ANÁLISE FOLIAR E DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL

ADUBAÇÃO MINERAL E ORGÂNICA DA ABÓBORA HÍBRIDA II. ESTADO NUTRICIONAL E PRODUÇÃO 1

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

Comunicado Técnico. Guia de identificação de deficiências nutricionais em Brachiaria brizantha cv. marandu. Introdução

ABSORÇÃO DE NUTRIENTES PELA CULTURA DO FEIJOEIRO ( 1 )

RELAÇÃO K/CA NA SOLUÇÃO NUTRITIVA PARA O CULTIVO HIDROPÔNICO DE SALSA

Valor nutritivo do feno de Tifton 85 (Cynodon spp.) sequeiro em cinco idades de corte

ESTADO NUTRICIONAL DE CAFEZAIS DA REGIÃO NORTE FLUMINENSE EM FUNÇÃO DO ANO DE AMOSTRAGEM. II. MICRONUTRIENTES

RESULTADOS PRELIMINARES DA ANÁLISE FOLIAR EM TOMATEIRO, COM REFERÊNCIA AO FÓSFORO ( 1 2 ).

Acúmulo de macronutrientes em roseiras em função do manejo do solo

SINTOMAS DE DEFICIÊNCIAS DE MACRONUTRIENTES EM PLANTAS DE JABORANDI (Pilocarpus microphyllus Starf.)

Desordens nutricionais no feijoeiro por deficiência de macronutrientes, boro e zinco

15 AVALIAÇÃO DOS PRODUTOS SEED E CROP+ EM

Análise Comparativa de Métodos de Extração de Nutrientes de Tecidos Vegetais

Keywords: INTRODUÇÃO

ESTUDOS SOBRE A NUTRIÇÃO MINERAL DO SORGO GRANÍFERO. V. EFEITOS DAS DEFICIÊNCIAS DE MICRONUTRIENTES (NOTA) *

Soluções nutritivas e experimentos. Pergentino L. De Bortoli Neto

Descrição dos Sintomas Visuais de Deficiência de Macronutrientes e Boro na Mamoneira

ESTUDOS SOBRE A NUTRIÇÃO MINERAL DO FEIJÃO MACASSAR (Vigna sinensis (L.) ENDL.) II. EFEITOS DAS

Prof. Paulo Hercílio Viegas Rodrigues

Transcrição:

Composição mineral e sintomas de deficiência de macronutrientes em melancia cultivada em solução nutritiva Sanzio Mollica Vidigal¹; Carla Santos²; Paulo Roberto Gomes Pereira³; Dilermando Dourado Pacheco¹; Cláudio Egon Facion¹ ¹ EPAMIG, C.P. 216, CEP 36.570-000, Viçosa-MG; ²UFV, Estudante Especial do Dept de Fitotecnia, Viçosa-MG;³ UFV, Professor do Dept de Fitotecnia, Viçosa-MG. E-mail: sanziomv@epamig.br RESUMO O experimento foi conduzido em condições de casa-de-vegetação com plantas de melancia, cv. Crimson sweet, cultivadas em vasos contendo 8 L de solução nutritiva de Hoagland completa. Aos 20 dias após o transplante foi iniciada a aplicação dos tratamentos: solução nutritiva completa e as omissões individuais de N, P, K, Ca e Mg, mantendo as plantas por mais 35 dias. Foram observados sintomas característicos de deficiência para todos os macronutrientes, sendo os teores nas folhas com sintomas de deficiência iguais a 15,3; 0,6 e 3,7 g.kg -1 para N, P e Mg, respectivamente. Os teores de N, P, K, Ca e Mg em folhas normais no tratamento completo foram 49,9; 6,7; 37,9; 59,1 e 10,7 g.kg -1. Palavras-chave: Citrullus lanatus; sintomas de deficiência; nutrição de plantas. ABSTRACT Mineral composition and symptoms of macronutrients deficiency in watermelon cultivated in nutritious solution The experiment was carried out in glasshouse with watermelon plants, cv. Crimson sweet, cultivated in vases contends 8 L of nutritious solution completes of Hoagland. To the 20 days after the transplant the application of the treatments was begun: nutritious solution completes and the individual omissions of N, P, K, Ca and Mg, maintaining the plants for more 35 days. Characteristic symptoms of deficiency were observed for all the macronutrients, being the content in the leaves with deficiency symptoms the same to 15,3; 0,6 and 3,7 g.kg-1 for N, P and Mg, respectively. The content of N, P, K, Ca and Mg in normal leaves in the complete treatment were 49,9; 6,7; 37,9; 59,1 and 10,7 g.kg-1. Keywords: Citrullus lanatus; deficiency symptoms; nutrition of plants. INTRODUÇÃO O diagnóstico do estado nutricional das plantas é uma importante ferramenta para se obter plantas com alta produção e alta qualidade de produtos. Entre os métodos de diagnóstico, a descrição dos sintomas de deficiência é importante, pois permite fazer um

diagnóstico no campo e assim direcionar ações para comprovar e corrigir a deficiência de algum nutriente. Para se caracterizar estas deficiências com maior segurança, sem a interação com outros fatores, o cultivo em solução nutritiva é uma excelente opção, permitindo associar os sintomas visíveis com a composição mineral do tecido avaliado. Embora os sintomas gerais de deficiência sejam conhecidos, a caracterização e registro em fotos em espécies e variedades de interesse contribuem para a melhoria no diagnóstico. Assim, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de caracterizar os sintomas visuais de deficiência de macronutrientes minerais e os seus teores associados com tais sintomas na cultura da melancia. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em condições de casa-de-vegetação com plantas de melancia, cv. Crimson sweet, cultivando-se uma planta por vaso contendo oito litros de solução nutritiva de Hoagland completa. Aos 20 dias após o transplante foi iniciada a aplicação dos tratamentos: solução nutritiva completa e as omissões individuais de N, P, K, Ca e Mg, mantendo as plantas por mais 35 dias, registrando-se os sintomas de deficiências nutricionais de cada nutriente. Na colheita foram avaliados os teores de N- orgânico pelo reagente de Nessler, após digestão sulfúrica, P pelo método da Vitamina C, K por fotometria de chama, Ca e Mg por espectrofotômetro de absorção atômica, após digestão nítrico perclórica. A composição mineral foi determinada em folhas normais sem sintomas e folhas com sintomas. Além da diagnose foliar, foram caracterizados os sintomas visuais de deficiências nutricionais mediante observações diárias das plantas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os teores de N em folhas normais sem sintomas em todos os tratamentos variaram de 29,2 a 53,4 g.kg -1 (Tabela 1). Estes teores foliares de N estão dentro da faixa de 25 a 50 g.kg -1 considerada adequada para plantas de melancia (Jones Jr. et al, 1991; Locascio, 1993). O teor de N em folhas normais foi igual a 49,9 g.kg -1 no tratamento completo e igual a 29,2 e 15,3 g.kg -1 em folhas normais sem sintomas e em folhas com sintomas, respectivamente, no tratamento com omissão de N. Também, observou-se que houve redução nos teores de P, K e Mg nas folhas normais sem sintomas no tratamento com omissão de N em relação ao tratamento completo, sugerindo que a deficiência de N reduz a absorção de P, de K e Mg ou aumentou a remobilização pelo floema. Estas hipóteses deverão ser testadas futuramente. Os sintomas visuais de deficiências de N observados no tratamento com omissão de N estão descritos na Tabela 2, juntamente com os teores foliares associados às deficiências.

Os teores de P em folhas normais sem sintomas em todos os tratamentos variaram de 0,3 a 9,1 g.kg -1 (Tabela 1). O menor valor foi observado em plantas no tratamento com omissão de P, que foi considerado inadequado para plantas de melancia por estar abaixo da faixa de 2,0 a 6,0 g.kg -1 considerada adequada para plantas de melancia (Jones Jr. et al, 1991; Locascio, 1993). Os teores de P observados nos tratamentos com omissão de Mg, omissão de K e completo apresentaram-se acima dessa faixa, evidenciando efeito de concentração. O teor de P em folhas normais foi igual a 6,7 g.kg -1 no tratamento completo e igual a 0,3 e 0,6 g.kg -1 em folhas normais sem sintoma e em folhas com sintomas no tratamento com omissão de P. Também, observou-se que houve redução nos teores de K, Ca e Mg nas folhas normais sem sintomas no tratamento com omissão de P em relação ao tratamento completo, sugerindo também que a deficiência de P reduz a absorção de K, de Ca e de Mg ou aumenta a remobilização. Os sintomas visuais de deficiências de P observados no tratamento com a omissão de P estão descritos na Tabela 2, juntamente com os teores foliares associados às deficiências. Os teores de K em folhas normais sem sintomas em todos os tratamentos variaram de 12,7 a 37,9 g.kg -1 (Tabela 1). O menor valor foi observado em plantas do tratamento com omissão de P, que foi considerado inadequado para plantas de melancia por estar abaixo da faixa de 20,0 a 60,0 g.kg -1 considerada adequada para plantas de melancia (Jones Jr. et al, 1991; Locascio, 1993). O teor de K em folhas normais sem sintomas no tratamento completo foi igual a 37,9 g.kg -1, não foi possível determinar os teores de K em folhas normais sem sintoma e nas folhas com sintoma no tratamento com omissão de K. Observou-se que houve redução nos teores de Ca e Mg nas folhas normais sem sintoma no tratamento com omissão de K em relação ao tratamento completo, sugerindo que a deficiência de K reduz a absorção de Ca e de Mg. Os sintomas visuais de deficiências de K observados no tratamento com a omissão de K estão descritos na Tabela 2. Os teores de Ca em folhas normais sem sintomas em todos os tratamentos variaram de 18,4 a 59,1 g.kg -1 (Tabela 1). Os menores valores foram observados em plantas no tratamento com omissão de K e com omissão de P, que foram adequados para plantas de melancia por estarem dentro da faixa de 10,0 a 20,0 g.kg -1 considerada adequada para plantas de melancia (Jones Jr. et al, 1991; Locascio, 1993). Os teores de Ca observados nos demais tratamentos apresentaram-se acima dessa faixa, evidenciando efeito de concentração. O teor de Ca em folhas normais sem sintomas foi igual a 59,1 g.kg -1 no tratamento completo e igual a 21,4 g.kg -1 em folhas normais sintomas no tratamento com omissão de Ca. Não foi possível determinar o teor de Ca em folhas com sintoma no tratamento com omissão de Ca. Também, observou-se que redução nos

teores de P e de K nas folhas normais sem sintomas no tratamento com omissão de Ca em relação ao tratamento completo, sugerindo que a deficiência de Ca reduz a absorção de P e de K. E, ainda que houve aumento no teor de Mg nas folhas normais sem sintomas no tratamento com omissão de Ca em relação ao tratamento completo, sugerindo que a deficiência de Ca, favorece a absorção de Mg. Os sintomas visuais de deficiências de Ca observados no tratamento com a omissão de Ca estão descritos na Tabela 2. Os teores de Mg em folhas normais sem sintomas em todos os tratamentos variaram de 2,9 a 12,6 g.kg -1 (Tabela 1). O menor valor foi observado em plantas no tratamento com omissão de Mg, que foi considerado inadequado para plantas de melancia por estar abaixo da faixa de 3,0 a 6,0 g.kg -1 considerada adequada para plantas de melancia (Jones Jr. et al, 1991; Locascio, 1993). Os teores de Mg observados nos tratamentos com omissão de Ca, completo e omissão de N apresentaram-se acima dessa faixa, evidenciando efeito de concentração. O teor de Mg em folhas normais sem sintomas foi igual a 10,7 g.kg -1 no tratamento completo e igual a 2,9 e 3,7 g.kg -1 em folhas normais sem sintoma e em folhas com sintomas, respectivamente, no tratamento com omissão de Mg. Também, observou-se que não houve diferença entre os teores de N, P, K e Ca para folhas normais sem sintomas no tratamento com omissão de MG em relação ao tratamento completo. Os sintomas visuais de deficiências de Mg observados no tratamento com a omissão de Mg estão descritos na Tabela 2, juntamente com os teores foliares associados às deficiências. Foram observados sintomas característicos de deficiência para todos os macronutrientes, sendo os teores nas folhas com sintomas de deficiência iguais a 15,3; 0,6 e 3,7 g.kg -1 para N, P e Mg, respectivamente. Os teores de N, P, K, Ca e Mg em folhas normais no tratamento completo foram 49,9; 6,7; 37,9; 59,1 e 10,7 g.kg -1. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). LITERATURA CITADA JONES JUNIOR, J.B., WOLF, B., MILLS, H.A. Plant analysis handbook: a practical sampling, preparation, analysis and interpretation guide. Athens: Micro-Macro, 1991. 213p. LOCASCIO, S.J. Cucurbits: Cucumber, Muskmelon and Watermelon In: BENNETT, W.F. (Ed.). Nutrient deficiencies and toxicities in crop plants. APS Press: The American Phytopathological Society. St. Paul, USA. 1993. p.123-130.

Tabela 1 Teores de nutrientes em folhas normais de melancia sem sintomas cultivadas em solução nutritiva completa e com a omissão de nutriente. Epamig, 2004 Tratamentos Nutriente Completo* Sem N Sem P Sem K Sem Ca Sem Mg g.kg -1 N 49,9a 29,2b nd 50,9a 41,5a 53,4a P 6,7a 4,6b 0,3b 6,8a 3,4b 7,1a K 37,9a 26,6b 12,7b nd 30,4b 35,4a Ca 59,1a 30,6a 19,5b 18,4b 21,4b 39,4a Mg 10,7a 7,5b 4,0b 5,6b 12,6b 2,9b * Letras iguais na mesma linha, comparando cada tratamento com omissão de nutriente com o tratamento completo, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F. nd não determinado. Tabela 2 Descrição dos sintomas visuais de deficiência em plantas de melancia e os teores foliares em folhas com sintoma em função de tratamento com a omissão de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre. Epamig, 2004 Nutriente Sintoma Visual (Descrição) Teor na folha com sintoma (g kg -1 ) Nitrogênio Folhas mais velhas com coloração verde mais claro, 15,3 evoluindo para cor amarela, característico de plantas deficientes em nitrogênio. Redução de crescimento nas folhas mais novas, e ainda, aumento na distância entre as folhas novas. Fósforo Folhas com coloração verde mais escuro, apresentando 0,6 limbo mais rígido e redução no crescimento das folhas. Na seqüência, nas folhas mais novas apareceram manchas arroxeadas, característico de plantas deficientes em fósforo, evoluindo para necrose com cor escura. Potássio Clorose nas bordas das folhas mais velhas, evoluindo nd para necrose. Cálcio As folhas mais novas apresentaram-se distorcidas e encarquilhadas, com pontos necróticos nas margens das folhas, ocorrendo necrose internerval. No ápice da planta, pontos necróticos evoluíram para a morte dos tecidos, também ocorreu morte de radicelas. Houve um aumento no número de ramificações na base da planta. nd Magnésio As nervuras apresentaram-se raspadas, semelhante a 3,7 dano físico por abrasão, evoluindo para limbo internerval com manchas esbranquiçadas. As folhas também apresentaram enrolamento dos bordos para cima, evidenciando crescimento diferenciado entre epiderme inferior e superior, e ao final tornaram-se necrosadas e quebradiças. As raízes escureceram. nd não determinado