Marcelo Cleón de Castro Silva; Marcelo de Almeida Guimarães; Jaeveson da Silva; Leandro Bacci; Juliano Marcos Possamai.
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1 Influência de Doses do Íon Cloreto no Crescimento e Desenvolvimento do Tomateiro em Solo e Solução Nutritiva. Marcelo Cleón de Castro Silva; Marcelo de Almeida Guimarães; Jaeveson da Silva; Leandro Bacci; Juliano Marcos Possamai. UFV Departamento de Fitotecnia, CEP Viçosa-MG. mdecastro70@hotmail.com RESUMO Conduziu-se experimento objetivando verificar a influência de doses do íon cloreto no crescimento e desenvolvimento do tomateiro em solo e solução nutritiva. Foi observada diferença significativa para característica de matéria seca na parte aérea, porém esta não foi conclusiva de acordo com a análise de regressão observada, verificou-se uma precocidade de crescimento de frutos quando se utilizou doses diferentes da que seria utilizada indiretamente de acordo com a análise de solo necessária, verificou-se queda na altura de plantas quando se utilizou doses diferentes da que seria utilizada indiretamente de acordo com a análise de solo necessária, foi observado sintoma típico de deficiência de fósforo na concentração mais alta de cloro em solução nutritiva. Palavras-chaves: Lycopersicum esculentum, análise foliar, cloro. ABSTRACT INFUENCE OF DOSES OF THE ION CHLORIDE IN THE GROWTH AND DEVELOPMENT OF THE TOMATO IN SOIL AND NUTRITIOUS SOLUTION. The experiment was carried out aiming to verify the influence of doses of the ion chloride in the growth and development of the tomato in soil and nutritious solution. Significant difference was observed for dry matter characteristic in the aerial part, however this was not conclusive in agreement with the analysis of observed regression, a precocity fruits growth was verified when it was used differents doses from the one that it would be used indirectly in agreement with the necessary soil analysis, it was verified decrease in plants height when used differents doses from the one that it would be used indirectly in agreement with the necessary soil analysis, typical symptom of phosphorus deficiency was observed in the higher concentration of chlorine in nutritious solution.
2 Key words: Lycopersicum esculentum, analysis to foliate, chlorine O tomateiro é uma hortaliça extensivamente trabalhada em inúmeras instituições. Diversas linhas de pesquisas já foram realizadas com esta hortaliça. Na área de nutrição mineral de plantas, muitos trabalhos foram e tem sido realizado com quase todos os elementos essenciais ao bom desenvolvimento desta cultura, porém, pouquíssimas informações se têm a respeito do cloro (como íon cloreto), micronutriente essencial, que é incorporado nos cultivos por adubações realizadas com potássio. A exigência é maior que a de qualquer outro micronutriente. Muitas plantas, geralmente absorvem cloro em concentrações muito maior do que aquelas necessárias para o crescimento normal. Em plantas que recebem doses médias de KCl como fonte de potássio, encontram-se milhares de mg.kg -1 de cloro, o que não deve refletir, entretanto, necessidade nutricional. O requerimento para o ótimo crescimento está entre 200 a 340 mg.kg -1, níveis compatíveis com o dos micronutrientes, porém normalmente encontram-se teores de cloro nos tecidos das plantas entre 2000 a mg.kg -1, níveis típicos dos macronutrientes (Marschner 1995). Sua deficiência em campo parece nunca ter sido relatada em plantas de tomateiro, sendo muito mais freqüente os relatos de toxicidade do elemento. Plantas deficientes em cloro desenvolvem murchas na ponta das folhas seguida por uma necrose geral das folhas, podendo estas apresentar uma coloração bronzeada. Raízes de plantas deficientes podem aparecer atrofiadas e espessadas próximo das pontas (Marschner 1995). A toxidez produz sintomas como queima das pontas e margens das folhas, bronzeamento, amadurecimento precoce e abscisão das folhas (Marschner 1995). Este trabalho teve por objetivo fornecer maiores informações a respeito da influência de doses do micronutriente cloro (na forma de íon cloreto) no crescimento e desenvolvimento do tomateiro em solo e solução nutritiva. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado na Universidade Federal de Viçosa, em casa de vegetação do Departamento de Fitotecnia. Foram conduzidas, simultaneamente, em solo e em solução nutritiva, plantas de tomate cultivar Santa Clara. Cada meio de condução (solo e
3 solução nutritiva) se constituiu de um experimento, sendo que ambos foram conduzidos no delineamento em blocos casualizados com quatro repetições. No experimento realizado em solo, foram realizados seis tratamentos, constituídos por seis diferentes doses de Cl: 0, 50, 100, 150, 200 e 250 mg.dm -3 de solo, na forma de KCl. Também como fonte de potássio (100 mg.dm -3 ) foi utilizado K 2 SO 4 (Engel et al., 2001), somente e como complemento, nos vasos que receberão 0 e 50 mg.dm -3 de Cl, respectivamente. Foram utilizados vasos de 3,0 L, preenchidos com solo peneirado que recebeu calcário dolomítico (PRNT 92%), na dose de 3,5 g.dm -3 de solo, além de P, N, Zn, Mo, B e Cu, nas doses de 400; 200; 2,5; 0,3; 2 e 2 mg.dm -3, na forma de superfosfato simples, sulfato de amônio, sulfato de zinco, molibidato de sódio, ácido bórico e sulfato de cobre, respectivamente. Após o transplante, o solo foi mantido com umidade próxima à capacidade de campo. Cada vaso recebeu uma muda. Para o experimento conduzido em solução nutritiva, os tratamentos também se constituirão de seis diferentes doses de Cl: 0; 2,5; 5; 8; 12 e 15 mmol.l -1, na forma de KCl. A solução nutritiva continha ainda, em todos os vasos 4,600; 2,300; 1,150; 7,080; 1,770 e 1,325 mmol.l -1 de K, Ca, Mg, N, P e S na forma de MgSO 4.7H 2 O, KH 2 PO 4, KNO 3, Ca(NO 3 ) 2.4H 2 O, CaSO 4.2H 2 O, respectivamente. As concentrações de micronutrientes seguirão as recomendações de (Martinez 1999), nas formas de H 3 BO 3, CuSO 4, MnSO 3, (NH 4 ) 2 Mo 7 O 24, ZnSO 4 e FeCl 3. Os vasos plásticos, com capacidade de 8,0 L de solução nutritiva, receberam uma muda de tomate cada. Foi realizada uma análise do solo quanto sua fertilidade. Nas plantas, foram obtidos os comprimentos da planta (região compreendida entre o colo e a gema apical), comprimento da raiz (para solução nutritiva), número de folhas, número de flores no primeiro e segundo cacho (45 dias), número de frutos no primeiro cacho (45 dias), foram atribuídas notas de 0 a 5 pontos para caracterizar o aspecto geral da planta em termos visuais, realizou-se ainda descrição de sintomas de toxidez e/ou deficiência de Cl, aos 28, e 45 dias após o transplantio. Aos 45 dias após o transplantio, a planta foi coletada para obtenção do índice de área foliar, massa fresca e seca da raiz e da parte aérea e determinação dos teores de Cl, P, e K, conforme (Malavolta, 1989). Para a obtenção da massa, os diferentes órgãos da planta foram lavados e secos em estufa com circulação forçada de ar a 70 o C, até peso constante, e então determinou-se sua massa seca (Fernandes et al., 2000). Para o diagnóstico do estado nutricional do tomateiro, utilizamos a primeira folha acima do primeiro cacho, de acordo com Ronchi et al., (2001). Após digestão nitroperclórica e sulfúrica, determinaram-se P, colorimetricamente, por método modificado (Braga & Defelipo, 1974); K, por fotometria de chama e Cl por titulometria (Malavolta, 1996).
4 Os dados obtidos de cada variável dependente foram submetidos à análise de variância e de regressão, utilizando-se o programa SAEG (1997). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi observada diferença significativa apenas para a matéria seca das plantas que foram conduzidas em solução nutritiva (Tabelas 1 e 2). Esta diferença significativa para característica de matéria seca na parte aérea não foi conclusiva quando se realizou análise de regressão, não permitindo, nenhuma inferência sobre os tratamentos aplicados. Pela análise de regressão realizada para todas as características, verificou-se diferença significativa para altura de plantas e precocidade de produção de frutos, no cultivo em solo, conforme pode ser visualizado nas Figuras 1 e 2, respectivamente. Pode ser observado na Figura 1 que houve crescimento mais rápido dos frutos de tomate, quando produzido sob condição de estresse, baixas e altas concentrações do nutriente cloro. O inverso pode ser visualizado na Figura 2, em que baixas e altas concentrações de cloro proporcionaram uma tendência à diminuição da altura das plantas, sendo que na concentração considerada normal de aplicação, a planta apresentou maior altura. Em condições de solo foi verificada, após análise de concentração de nutrientes na folha, à medida que se aplicou maiores doses de cloro, maiores concentrações deste nutriente foram encontradas na folha. O mesmo foi observado para potássio, porém para fósforo não foi encontrada diferença significativa. Para condições de solução nutritiva, após análise de concentração de nutrientes na folha, à medida que se aplicou maiores doses de cloro, verificou-se uma maior concentração deste nutriente nas folhas até 13 mg.l -1 de concentração, após isto houve uma tendência de estabilização e/ou queda deste nutriente no tecido foliar. Isto pode ser devido a características presentes em algumas espécies de inibição a absorção exagerada de determinado nutriente até um determinado limite. Constatou-se diferença significativa para característica de matéria seca na parte aérea, porém esta não foi conclusiva de acordo com a análise de regressão observada; Verificouse uma precocidade de crescimento de frutos quando se utilizou doses diferentes da que seria utilizada indiretamente de acordo com a análise de solo necessária; Ocorreu queda na altura de plantas quando se utilizou doses diferentes da que seria utilizada indiretamente de acordo com a análise de solo necessária; Foi observado sintoma típico de deficiência de fósforo na concentração mais alta de cloro em solução nutritiva; Necessidade de se realizar
5 novamente o experimento, aumentando-se as dosagens de cloro tanto em solo quanto para solução nutritiva. LITERATURA CITADA BRAGA, J.M.; DEFELIPO, B.V. Determinação espectrofotométrica de fósforo em extratos de solos e plantas. Revista Ceres, v.21: 73-85, ENGEL, R.E.; BRUEBAKER, L.; EMBORG, T.J. A chloride deficient leaf spot of Durum wheat. Soil Science Society of American Journal, 65: , FERNANDES, AA; SILVA, G.D.; MERTINEZ, H.E.P.; BRUCKNER, C.H.; Sintomatologia das deficiências minerais e quantificação de macronutrientes em mudas de aceroleira. Revista Ceres, v.47: , MALAVOLTA, E. Arquivo do Agrônomo. N.10. Piracicaba, Potafos, 1996, 24p. MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants, 2nd ed. New York, Academic Press, p. MARTINEZ, H.E.P. Hidroponia. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª aproximação. Ribeiro, A.C., Guimarães, P.T.G., Alvarez V., V.H. (Eds) CFSEMG, Viçosa, p. SAEG. Sistema de análise estatística e genética. UFV. Versão 7.1. Viçosa, Fundação Arthur Bernardes, UFV, RONCHI, C.P.; FONTES, P.C.R.; PEREIRA, P.R.G.; NUNES, J.C.S.; MARTINEZ, H.E.P. Índices de nitrogênio e de crescimento do tomateiro em solo e em solução nutritiva. Revista Ceres, 48: , TABELA 1 - Resumo da análise de variância para cultura do tomateiro cultivado em solo sob seis doses de Cl. UFV, Viçosa-MG, Fonte de Altura da total frutos Aspecto frutos Matéria seca g.l. variação planta de folhas (1º cacho) planta frutos (2º cacho) (parte aérea) Dose 5 86,54 ns 0,87 ns 0,34 ns 0,07 ns 2,97 ns 2,87 ns 2,56 ns Resíduo 18 90,57 ns 0,97 ns 0,35 ns 0,08 ns 1,10 ns 4,08 ns 7,76 ns Total 23 C.V. (%) 10,5 6,8 9,0 6,5 119,7 30,7 13,6 Médias 91,0 14,4 6,5 4,4 0,9 6,6 20,5 ns Não significativo
6 TABELA 2 - Resumo da análise de variância para cultura do tomateiro cultivado em solução nutritiva sob seis doses de Cl. UFV, Viçosa-MG, F. V. g.l. Altura planta total folhas frutos (1º cacho) Aspect. planta frutos frutos¹ (2º cacho) Comp. raiz MS² (PA)³ MS (raiz) Relação Raiz/PA Dose 5 369,14 ns 3,34 ns 1,70 ns 0,32 ns 1,50 ns 0,34 ns 180,74 ns 63,89** 1,05 ns 0,003 ns Resíduo ,96 n 6,57 ns 0,97 ns 0,33 ns 0,92 0,56 n 133,01 10,52 0,69 ns 0,006 ns Total 23 C.V. (%) 18,1 16,8 14,1 15,4 63,8 28,0 15,3 9,9 22,7 21,7 Médias 116,0 15,3 7,0 3,7 1,5 7,7 75,2 32,6 3,7 0,11 ns Não significativo; ** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ¹ Dados transformados: ( x 0, 5 ; ² Matéria seca; ³ Parte aérea Altura da planta y = 73,9 + 10,716ºx - 1,3482ºx 2 R 2 = 0, Doses de Cloro (mg ha-¹) FIGURA 1 - Doses de cloro na altura da planta do tomateiro em condições de solo. UFV, Viçosa- MG, ,0 2,5 y = 4,125-2,0312**x + 0,2545**x 2 R² = 0,94 de frutos/p 2,0 1,5 1,0 0,5 0, Doses de Cloro (mg ha-¹) FIGURA 2 Doses de cloro no nº de frutos do tomateiro em condições de solo. UFV, Viçosa, MG, 2003.
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