CONDIÇÕES DE ACESSIBILIDADE PARA INDIVÍDUOS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA EM SERVIÇOS PARTICULARES DE SAÚDE DO ESTADO DO AMAPÁ. Aline Silva Ramos¹ Alexander Viana de Almeida Santos² Bruna Catriele Façanha Almeida² Saimom Almeida da Silva² RESUMO Essa pesquisa buscou identificar as condições de acessibilidade aos indivíduos com deficiência auditiva em unidades privadas de saúde do estado do Amapá, além das qualificações dos profissionais destes serviços para prestar uma assistência adequada a esses pacientes. A pesquisa foi de campo, exploratória e quantitativa que tem como objetivo avaliar as condições de acessibilidade e comunicação dos profissionais para com indivíduos com deficiência auditiva. O universo pesquisado foi os serviços privados de saúde do Amapá, no entanto, apenas um serviço aceitou participar da pesquisa, passando a compor o total do universo. A coleta foi feita por meio de entrevista semiestruturada a profissionais do serviço, os quais foram: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e auxiliares de serviços gerais. O formulário aplicado foi baseado na NBR 9050:2015 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e na Lei 13.146, de 6 de julho de 2015, que trata do Estatuto da Pessoa com Deficiência. O resultado da pesquisa mostrou que os profissionais pesquisados não tem qualificação em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e o serviço não possui o Símbolo Internacional de Surdez, nem informativos com sinais em LIBRAS, expostos visivelmente em nenhuma área do serviço. Os profissionais referiram sentirem-se desconfortáveis ao atender deficientes auditivos sem que haja um acompanhante para ajudar na comunicação. A pesquisa objetiva incentivar os profissionais, acadêmicos e gestores de instituições privadas e publicas a desenvolver mais pesquisas e políticas públicas que possam beneficiar os indivíduos com necessidades especiais e garantir os direitos dos mesmos. Palavras-chave: Acessibilidade. Deficiência Auditiva. Surdez. LIBRAS. Língua Brasileira de Sinais. Saúde. INTRODUÇÃO Em 2015 foi instituído a lei Nº 13.146 de 6 de julho que é desrespeito ao estatuto da pessoa com deficiência que assegura as condições de igualdades, direitos e liberdade a pessoa com deficiência visando sua inclusão a sociedade (BRASIL, 2015). ¹Professora Mestre do Curso de Enfermagem da Faculdade Madre Tereza. ²Acadêmicos do Curso de Bacharelado de Enfermagem da Faculdade Madre Tereza.
Os portadores de deficiência não são pessoas indiferentes é sim pessoas com necessidades especiais que precisam de acesso a saúde não necessariamente relacionada à deficiência, é esse tipo de visão que o ser humano tem que ter. É assegurada atenção integral à saúde da pessoa com deficiência em todos os níveis de complexidade (BRASIL, 2015). Esta pesquisa visou identificar as condições de acessibilidade a pessoas com deficiência auditiva em serviços privados de saúde do Estado Amapá (AP) e o nível de preparo dos profissionais que ali trabalham para comunicar-se com qualidade e eficiência com esses pacientes. Acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida (BRASIL, 2015). Não há caminho fácil na construção e elaboração de novas ideias por isso e importante desde já incentiva a criação de programas que sejam amplos na educação que incentive os profissionais da saúde a prestarem uma assistência diferenciada aos deficientes auditivos e mostrando que eles não são menos importante do quer outras pessoas. METODOLOGIA Foi realizada pesquisa de campo, exploratória e quantitativa. O universo pesquisado foi os serviços de saúde privados do estado do Amapá. Foram procurados para realização desta pesquisa o Hospital São Camilo e a UNIMED, de Macapá, e o Hospital Vila Amazonas, de Santana. Porém, destes, dois serviços negaram-se a participar da pesquisa, tendo o serviço restante composto o total do universo da pesquisa, o qual não será identificado por motivos éticos. Pode-se supor como justificativa de não participação o receio das instituições de serem expostos os problemas de acessibilidade nos seus respectivos estabelecimentos. A coleta de dados foi realizada por meio de observações sistemáticas e entrevistas semiestruturada, a partir do formulário construído pelos próprios pesquisadores, tendo como referência teórica as normas da NBR 9050:2015 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que trata do Estatuto da Pessoa
com Deficiência. Foram entrevistados 10 profissionais, dentre os quais estavam: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e auxiliares de serviços gerais. RESULTADOS As perguntas que compuseram o formulário de entrevista constam no Quadro 1, a seguir, bem como o quantitativo de respostas obtidas para cada pergunta. Como alguns profissionais não souberam responder a algumas perguntas sobre o espaço físico do serviço, algumas perguntas possuem quantitativo total de respostas inferior a 10.
Quadro 1 Condições de Acessibilidade para indivíduos com deficiência auditiva em um serviço Fonte: Dados primários, 2015. privado de saúde do Amapá Através desse método de avalição foi possível identificar que o serviço não oferece as condições mínimas de acessibilidade relacionadas ao serviço: não há símbolo internacional de surdez visível em nenhum espaço, nem qualquer recurso informativo com sinas em LIBRAS exposto ao público em nenhum espaço da unidade (áreas públicas, consultórios, sala de procedimento, apartamentos, urgência e emergência ou Unidade de Terapia Intensiva), conforme os profissionais e a observação realizada. Quanto à capacidade de comunicação dos profissionais na Língua Brasileira de Sinais, 01 dos 10 profissionais disse que consegue compreender, porém pouco, sobre os sinais da LIBRAS relacionados a todos os aspectos avaliados (entender ao ver alguém usar a LIBRAS, falar em LIBRAS, conhecer sinais de letras, cumprimentos, lugares do Amapá, condições de saúde, doenças, sentimentos e emoções, alimentação), enquanto os outros 09 profissionais relataram não possuir nenhum conhecimento sobre estes quesitos. Destes 09 profissionais, 1 referiu possuir conhecimento, apesar de pouco, apenas sobre sinais em LIBRAS referentes a membros da família. 7 dos 10 profissionais referiram que sentem-se totalmente desconfortáveis ao atender um surdo sem a presença de um intérprete, enquanto os outros 3 referiram sentir-se muito desconfortáveis. Nenhum dos profissionais teve, durante sua formação profissional, nenhuma disciplina voltada para a LIBRAS; e somente 1 relatou ter sido abordada a LIBRAS em algum momento de sua formação profissional, o que indica a grande falha dos cursos de formação profissional de nível técnico e superior para capacitação para o atendimento aos indivíduos com deficiência auditiva. Além disso, somente 1 profissional relatou ter participado de algum tipo de capacitação sobre LIBRAS fora da sua formação profissional básica, na condição de um curso de extensão com mais de 20h, o qual foi de cunho apenas teórico e realizado em função de ter sido uma formação continuada do seu trabalho. Tudo isso justifica que apenas 1 profissional sabia o mínimo a respeito da LIBRAS na maioria das questões abordadas e indica a falta de interesse dos profissionais em capacitarem-se nessa área, e de investimento dos serviços, mesmo os privados, em prepararem seu corpo técnico para esse atendimento, mesmo que 8 dos 10 profissionais tenham relatado já terem precisado atender de 1 a 5 pacientes surdos durante seu tempo de serviço no local.
Dos 10 profissionais, apenas 1 relatou já ter convivido por mais de 1 dia com uma pessoa surda, o que também justifica a falta de interesse e preparo. Comumente, só passamos a nos preocupar com a resolução de um problema quando ele se faz presente perto de nós ou afeta a pessoas com quem temos proximidade. Caso contrário, costumamos nos manter omissos a ele. O resultado mostrou que os pacientes tem uma dificuldade de acesso aos serviços de saúde pela falta de capacitação dos profissionais, consequentemente favorecendo o processo de exclusão, produzindo dessa forma uma dependência maior de auxilio de familiares, amigos e outros para acessar a instituição de saúde e ser atendido em suas necessidades, enfraquecendo sua autonomia e independência de acesso a serviços de saúde. CONCLUSÃO Através dos dados coletados, foi possível identificar que o serviço de saúde pesquisado não possui profissionais capacitados em LIBRAS e nem estimula a capacitação para proporcionar um atendimento adequado a pessoas com deficiência auditiva. É importante lembrar que respeitar os deficientes é ter uma série de cuidados para que eles não sejam excluídos do convívio da sociedade, em todos os seus aspectos, e a acessibilidade faz parte desse respeito e da garantia de seus direitos como cidadãos. Ela significa dar a essas pessoas o acesso aos mesmos bens e serviços disponíveis para os demais cidadãos. E é de nossa responsabilidade, enquanto profissionais da saúde, identificar estas problemáticas e lutar pela garantia destes direitos e pelas transformações do olhar da sociedade para com essas pessoas. É urgente fazer entender que é a sociedade que tem que se adaptar às necessidades especiais das pessoas, e não o contrário. Esperamos que pesquisas com essas metas sejam realizadas, gerando dados epidemiológicos que passam contribuir com melhorias nas redes de saúde e na qualificação dos profissionais que estão se formando. REFERÊNCIAS 1 - SILVA, Luzia Poliana Anjos da; QUEIROS, Fernanda; LIMA, Isabela. Fatores etiológicos da deficiência auditiva em crianças e adolescentes de um centro de referência APADA em Salvador-BA. Rev Bras Otorrinolaringol, v. 72, n. 1, p. 33-6, 2006. 2 - FREIRE, Daniela Buchrieser et al. Acesso de pessoas deficientes auditivas a serviços de saúde em cidade do Sul do Brasil. Cad. saúde pública, v. 25, n. 4, p. 889-897, 2009.
3 - RIO DE JANEIRO. Governo do Rio de Janeiro. Conselho Estadual para política de integração das Pessoas Portadoras de Deficiência CEPDE. Leis de acessibilidade: Leis no âmbito federal, estadual e municipal relativas ao acesso das pessoas portadoras de deficiência aos logradouros, prédios públicos e privados, estabelecimentos comerciais e estacionamentos. Disponível em:<www.cepde.rj.gov.br/leis_acessibilidade.doc>. 4- BRASIL. Presidência da Republica. Lei nº 13.146, de 6 de junho de 2015. Institui a Lei brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da pessoa com Deficiência). Brasília, 6 de junho de 2015.Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>.