CONSERVAÇÃO DE CORRENTE ELÉTRICA NUM CIRCUITO ELEMENTAR: O QUE OS ALUNOS PENSAM A RESPEITO?

Documentos relacionados
Aprendizagem em Física

Domínio Específico ( X ) Domínio Conexo ( ) Natureza:EAC. N o de Créditos: 08 (04 por semestre)

Plano de Ensino. Curso. Identificação UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO. Câmpus de Bauru Física. Ênfase

A CONSERVAÇÃO DA CORRENTE ELÉTRICA EM CIRCUITOS SIMPLES A DEMONSTRAÇÃO DE AMPÈRE

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso Física. Ênfase. Disciplina A - Metodologia e Prática de Ensino de Física I

CONCEPÇÕES NÃO-CIENTÍFICAS NO ENSINO DE FÍSICA: UM ESTUDO DOS MODELOS DE DESENVOLVIMENTO CONCEITUAL PRESENTES EM PESQUISAS ACADÊMICAS

Formulário para criação, alteração e extinção de disciplinas. Universidade Federal do ABC Pró-Reitoria de Graduação

RESULTADOS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DESENVOLVIDO NA LICENCIATURA EM FÍSICA 1

As Três Caixas Magnéticas

APLICAÇÃO DA FÍSICA EXPERIMENTAL NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO JOSÉ GONÇALVES DE QUEIROZ

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DOS PROFESSORES DE FÍSICA DO ENSINO MÉDIO EM PORTO ALEGRE*

DESENVOLVIMENTO DE UM MANUAL PARA O LABORATÓRIO DE FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO

FORÇA NO MOVIMENTO DE PROJÉTEIS

Concepções espontâneas de estudantes de Ensino Médio em problemas envolvendo circuitos elétricos

Pró-Reitoria de Graduação. Plano de Ensino XX Quadrimestre de 20XX

Concepções Alternativas no Ensino de Biologia: uma revisão dos resumos de 40 anos de dissertações e teses brasileiras ( ).

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS E CONCEITOS INTUITIVOS 1

Informações gerais. Aprendizagem em Física. Aprendizagem em Física II. Aula 1 03 / 03 / 2009

Universidade Federal do ABC Pró-Reitoria de Graduação FORMULÁRIO PARA CRIAÇÃO, ALTERAÇÃO E EXTINÇÃO DE DISCIPLINAS

Aprendizagem em Física Avaliação final 2008/1 (Prof. Marta e Susana)

A FÍSICA ALÉM DO QUADRO NEGRO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA ATRAVÉS DA GESTALT NO ENSINO DE FÍSICA

Uma experiência sobre Galileu em um Curso de Licenciatura em Física na Modalidade à Distância

Associação de resistores Módulo FE.07 (página 52 à 56) Apostila 2

ASSOCIAÇÃO DE PILHAS NOVAS E USADAS EM PARALELO: UMA ANÁLISE QUALITATIVA PARA OENSINOMÉDIO+*

MODELO DIDÁTICO PARA CIÊNCIAS FÍSICAS NOS ENSINOS FUNDAMENTAL E MÉDIO. Model for teaching physical science in elementary and secondary

Modelos de Ação Didática

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

VI JOPEMAT II ENCONTRO NACIONAL DO PIBID/MATEMÁTICA/FACCAT, I CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA MOVIMENTO CIRCULAR E FORÇA CENTRÍPETA

EM AULA LÂMPADAS +* Francisco Catelli Carine dos Reis. Caxias RS. Resumo

CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS DOS CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS: ELEMENTOS PARA A DETERMINAÇÃO DE SUA GÊNESE

INVESTIGAÇÃO DA CONCEPÇÃO DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS SOBRE CIRCUITOS ELÉTRICOS

APLICAÇÃO DO MÉTODO DE GOWIN NO APRENDIZADO DE CONCEITOS FÍSICOS

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO. SEMESTRE ou ANO DA TURMA: 2 ano EMENTA

Um teste para verificar se o respondente possui concepções científicas sobre corrente elétrica em circuitos simples

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

PRODUÇÃO DE VÍDEO AULAS DE MATEMÁTICA

Associação de Resistores

OS ALUNOS PODEM APRENDER MAIS DO QUE O PLANEJADO PELO PROFESSOR 1

A VISÃO DA DISCIPLINA DE FÍSICA PELA ÓTICA DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DO IFPI Apresentação: Pôster

Aprendizagem em Física

Astronomia no currículo nacional do Ensino Básico

Utilização da electricidade. Maria do Anjo Albuquerque

Métodos ativos de ensino

Professora Bruna CADERNO 3. Capítulo 11 Intensidade da Corrente Elétrica. Página - 228

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DOS CONCEITOS DE MECÂNICA NUMA PERSPECTIVA CONSTRUTIVISTA

Grupo:... (nomes completos) Prof(a).:... Diurno ( ) Noturno ( ) Data : / / Experiência 1 CIRCUITOS ELÉTRICOS SIMPLES

Aula 6.1 Conteúdo: Eletrodinâmica corrente elétrica e seus efeitos, corrente contínua e alternada, relacionados a com a cultura indígena.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO PLANO DE ENSINO. Semestre letivo Primeiro

O ENSINAR NA VISÃO DE LICENCIANDOS EM FÍSICA: O PAPEL DO APRENDIZ, ABORDAGEM COMUNICATIVA E CONTEXTOS DE ENSINO

A PRÁTICA ARGUMENTATIVA DOS PROFESSORES NAS AULAS DE QUÍMICA

Os problemas de método de pesquisa em psicologia apontados por Vygotsky e os testes sobre conceitos relacionados a circuitos elétricos

Aula 2 Ensino de Zoologia: do senso comum ao conhecimento científico

O MOVIMENTO DE PROJÉTEIS E A SOLUÇÃO MECÂNICA DE PROBLEMAS

ATIVIDADES DIGITAIS, A TEORIA DOS CAMPOS CONCEITUAIS E O DESENVOLVIMENTO DOS CONCEITOS DE PROPORCIONALIDADE

IMAGENS DENTRO DE LÂMPADAS *

A UTILIZAÇÃO DO CICLO DA EXPERIÊNCIA DE KELLY EM ATIVIDADE PRÁTICA PARA A FORMAÇÃO DE CONCEITOS SOBRE CIRCUITOS ELÉTRICOS

INFLUÊNCIA DO INSTRUMENTO NA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DECORRENTE DO ENSINO DE LABORATÓRIO EM FÍSICA

Programa Analítico de Disciplina FIF313 Instrumentação para o Ensino de Física II

Palavras-chaves: Ensino, Experimentos, Newton, Física. 1. INTRODUÇÃO

Importância do estudo de McKinnon e Renner

CADERNO DE LABORATÓRIO

A IMPORTÂNCIA DAS DISCIPLINAS BÁSICAS. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Vida Universitária e Cidadania

NIVELAMENTO EM MATEMÁTICA PARA OS CURSOS DE ENGENHARIA DO UNICENP

Validação de instrumentos de medida aplicados à pesquisa em ensino de Física

BACHARELADO EM FÍSICA DIURNO

LABORATÓRIO PROBLEMATIZADOR COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DE FÍSICA: DA ONÇA AO QUILOGRAMA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA NO TRILHO DE BIODIVERSIDADE NA ESCOLA

PLANO DE CURSO (Res. CEPE nº 146/07) Anual Semestral

Experimento: Circuitos Elétricos

INFORMAÇÃO PEDAGÓGICA

HORÁRIO DO CURSO DE BACHARELADO EM FÍSICA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

ESTRATÉGIAS PARA UTILIZAR O PROGRAMA PROMETEUS NA ALTERAÇÃO DAS

Aprendizagem em Física

Professor Ventura Ensina Tecnologia

APLICAÇÃO DO LED NO ENSINO DE FÍSICA

Laboratório de Física Experimental 2. Programação, Procedimentos e Segurança

PALAVRAS-CHAVE Ensino de Física. Equipamentos Didáticos. Condução de Calor.

Programa Ciência Vai à Escola

PLANO DE ENSINO. Disciplina: FÍSICA Série: 3ª série. Professor Responsável: Nemésio Augusto Álvares Silva. Carga horária Anual: 90 horas

SIMULAÇÃO E MODELAGEM COMPUTACIONAIS COMO AUXÍLIO À APRENDIZAGEM DE GRÁFICOS DA CINEMÁTICA

LEVANTAMENTO SOBRE A SITUAÇÃO DO ENSINO DE FÍSICA NAS ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO DE JOINVILLE

CONCEITOS DE MOMENTO LINEAR E ENERGIA DISCUTIDOS ATRAVÉS DE UMA PARTIDA HIPOTÉTICA DE FUTEBOL

(T.1) Física I reof.- Somente poderá matricular-se o aluno reprovado por nota > 3,0 e não por freqüência.

PERFIS CONCEITUAIS DE ALUNOS INGRESSOS EM UM CURSO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS SOBRE O TEMA ENERGIA

ph do Solo: Determinação com Indicadores Ácido-Base no Ensino Médio Bolsista: Maria Da Guia da Silva

O USO DO SIMULADOR PhET PARA O ENSINO DE ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES. Leonardo Dantas Vieira

PLATAFORMA DIGITAL DO PROFESSOR

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

UMA CONTRIBUIÇÃO DIDÁTICA AO ESTUDO EXPERIMENTAL DA ACELERAÇÃO DEVIDO À GRAVIDADE LOCAL

FAP0376 ELEMENTOS E ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DE FÍSICA SEMINÁRIO RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Aula 2 Ensino de Zoologia: do senso comum ao conhecimento científico

Entropia e a Segunda Lei da Termodinâmica Manual para o Professor. Marcos Moura & Carlos Eduardo Aguiar

Aula 5 OFÍCINA TEMÁTICA NO ENSINO DE QUÍMICA

O ENSINO DE FÍSICA COM EXPERIMENTOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. Apresentação: Pôster

4ª Prova de Física do 1º Semestre 3º Ano 15/6/18 Prof. Reinaldo

Transcrição:

CONSERVAÇÃO DE CORRENTE ELÉTRICA NUM CIRCUITO ELEMENTAR: O QUE OS ALUNOS PENSAM A RESPEITO? Jairo S. Vieira Jorge A. Quillfeldt Liége F. Selistre Luiz H. R. Rios Silvia R. Schmitz M. Helena Steffani Departamento de Física Porto Alegre RS UFRGS Introdução Verifica-seatualmentenaliteraturadepesquisaeducacional um crescente interesse na discussão de conceitos intuitivos (l).emparticular, no ensino de ciências, a estrutura cognitiva intuitiva dos alunos freqüentemente é incompatível com os conceitos científicos formais introduzidos em sala de aula e, portanto, exerce fundamental influência no processo de aprendizagem. Os novos conceitos discutidos em aula são geralmente u- sados pelos estudantes em soluções de questões propostas pelo professor nas quais o aluno deve recorrer ao equacionamento matemático. Entretanto, apesar de o aluno apresentar a resposta correta, é muito comum que não tenha havido uma real substituição do conceito intuitivo, no caso deste ser conflitante com o conceito científico formal, por ele. Isto pode ser detectado submetendo os alunos a um conjunto de questões conceituais que não necessariamente, envolvam o uso de equações em sua solução. Correntes ligadas à teoria de Piaget levam à identificação de duas situações distintas (2) no processo de aprendizagem: assimilação, quando o aluno usa a estrutura conceitual existente, intuitiva ou formal, para explicar um novo fenômeno e acomodação, quando ele substitui ou reorganiza sua estrutura conceitual. Conceito intuitivo de corrente elétrica Cad. Cat. Ens. Fis., Florianópolis, 3(1): 12-16, abr. 1986 12

Alguns trabalhos recentes têm tratado de conceitos intuitivos sobre as leis de movimento de Newton (3,4,5). No ensino de Física certamente há muitos desses conceitos não coerentes com a concepção científica. No tocante à conservação de corrente elétrica, por exemplo, é freqüente a idéia alternativa de que esta é gasta na produção de calor e luz (6,7).Este trabalho relata uma experiência realizada em uma aula de avaliação do curso de extensão universitária Física para Secundaristas II (8), durante a qual se constatou a existência dessa idéia a respeito do conceito de corrente elétrica. O curso, tendo como conteúdo eletricidade, magnetismo, ótica e física moderna, é dirigido a alunos de Ensino Médio que acorrem à Universidade, e cujas aulas são ministradas por estudantes do 8º semestre de Licenciatura em Física, sob supervisão de um professor. As atividades de aula são de experimentação e os secundaristas as desenvolvem em grupo. No processo de avaliação dos conteúdos abordados em eletricidade, fornecemos aos grupos algumas pilhas, fios e lâmpadas. Foi-lhes solicitado que montassem alguns circuitos. Deveriam observar, para o mesmo número de pilhas no circuito, em que associação (em série ou em paralelo) havia maior brilho nas lâmpadas, relacionar o brilho com a corrente elétrica que passa nas lâmpadas e justificar suas respostas. Numa questão posterior, propusemos uma associação mista, solicitando que montassem o seguinte circuito: Elaboramos as seguintes questões: a) As lâmpadas B e C estão desligadas?; b) Passa corrente pelas lâmpadas B e C?; Cad. Cat. Ens. Fis., Florianópolis, 3(1): 12-16, abr. 1986. 13

c) Explique o que está acontecendo nas lâmpadas A, B e C; d) O que acontece com a corrente quando chega em 1? Usando-se duas pilhas comuns (1,5V cada) e lâmpadas de lanterna (Phillips 7135 D-C) observa-se que apenas a lâmpada A brilha. As correntes elétricas que passam pelas lâmpadas B e C são insuficientes para aquecer seus filamentos a ponto de brilhar. Com essa questão nos foi possível verificar a existência de conceito intuitivo em desacordo com a conservação de corrente elétrica. Convém ressaltar que a avaliação foi desenvolvida em grupo, o que fez com que a atividade de experimentação, aliada ao intenso diálogo entre os alunos e ao forte empenho destes, pela própria natureza da atividade, transformasse esse trabalho em mais uma importante tarefa no processo de aprendizagem. Como não há um número significativo de estudantes e/ou turmas, não é possível fazer um tratamento estatístico do número daqueles cujo conceito intuitivo diverge do formal. Apesar disso, os resultados ora apresentados são o consenso das discussões de grupos de alunos, o que de certa forma compensa a ausência de tratamento estatístico e/ou clínico mais apurado como usualmente feito na pesquisa educacional. Comentários das respostas dos grupos Dos quatro grupos (com 6 alunos cada), um (que chamaremos grupo I) afirmou que as lâmpadas B e C estavam desligadas e que não passava corrente elétrica por elas. Outrossim, nas respostas às questões c e d afirmaram que a lâmpada A sozinha recebe maior corrente e que em 1 a corrente divide-se igualmente, que são respostas conflitantes com as de a e b. No chamado grupo II não houve consenso, a priori, sobre a interpretação do experimento. Para testar as idéias intensamente discutidas, os alunos incluíram outra lâmpada no circuito, montando-o da seguinte maneira: O fato de a lâmpada D brilhar com a mesma intensidade da lâmpada A fez com que a equipe reorganizasse suas idéias e apresentasse a solução correta ao problema proposto. Os outros dois grupos discutiram as questões e as responderam adequadamente à luz da conservação de corrente elétrica. Cad. Cat. Ens. Fis., Florianópolis, 3(1): 12-16, abr. 1986 14

Conclusões A análise das respostas do grupo I parece indicar que os alunos usaram os novos conceitos formais discutidos em aula para responder as questões c e d. Contudo, aparentemente persiste o conflito entre a concepção intuitiva e formal com respeito ao fluxo de corrente elétrica no circuito. Já no segundo grupo a observação de que a lâmpada D também brilhava causou um forte desconforto com a idéia intuitiva de que toda corrente elétrica era gasta em A. Nesse caso, os próprios membros da equipe criaram uma anomalia que os obrigou a reorganizarem suas concepções de fluxo de corrente elétrica, pois o fato de a lâmpada D brilhar era inesperado para alguns, para os quais também conflitava com a idéia de que por B e C não passava corrente. Para estes, certamente, houve um a- proveitamento positivo do trabalho em grupo, enriquecido pela presença de um dispositivo experimental. Este trabalho abrange um pequeno grupo de estudantes secundaristas que provêm de varias escolas, cursam diferentes séries, com ênfases distintas. Apesar dessa heterogeneidade, acreditamos que a estrutura do curso, fundamentada no uso e exploração do laboratório como recurso essencial na aprendizagem de Física, e no trabalho em grupo, com focalização nas discussões entre os alunos e entre os mesmos com seus profes- Cad. Cat. Ens. Fis., Florianópolis, 3(1): 12-16, abr. 1986. 15

sores, favorece a criação de situações que levem os alunos a reorganizarem seus conceitos intuitivos. Esse último aspecto das discussões entre os secundaristas vem ao encontro da recomendação prática proposta por Clough e Driver (9) de discussões não somente com toda classe, mas também em pequenos grupos. A quem tiver curiosidade em saber como seus alunos pensam a respeito de corrente elétrica, sugerimos a aplicação dessas questões, inclusive na forma proposta neste trabalho. Agradecimentos Os autores agradecem ao Prof. Rolando Axt pelo incentivo e revisão crítica desse trabalho. Referências bibliográficas 1. VIENNOT, L. Spontaneous reasoning in elementary dynamics. European Journal of Science Education, 1(2), p. 205-21, 1979. 2. POSNER, G.J., STRIKE, K.A., HEWSON, P.W. e GERZOG, W.A. Accommodation of a scientific conception: toward a theory of conceptual change. Science Education, 66(2), p. 211-27, 1982. 3. AXT, R. Conceitos intuitivos em questões objetivas aplicadas no concurso vestibular unificado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ciência e Cultura, 38(3), p. 444-52, 1986. 4. ZYLBERSZTAJN, A. Concepções espontâneas em Física: exemplos em dinâmica e implicações para o ensino. Revista de Ensino de Física, 5(2), p. 3-16, 1983. 5. PEDUZZI, L.O.Q. e PEDUZZI, S.S. O conceito intuitivo de força no movimento e as duas primeiras leis de Newton. Caderno Catarinense de Ensino de Física, 1(2), p. 6-11, 1985. 6. EVANS, J. Teaching electricity with batteries and bulbs. The Physics Teacher, 16(1), p. 15-22, 1978. 7. DOMÍNGUES, M.E. Detecção de alguns conceitos intuitivos em eletricidade através de entrevistas clinicas. Dissertação de Mestrado. Instituto de Física da UFRGS, Porto Alegre, 1985. 8. AXT, R., BRISTOTTI, A. e HERSCOVITZ, V.E. Um laboratório de ensino para preparação de professores de física. Revista Brasileira de Física, 3(2), p. 389-95, 1973. 9. CLOUGH, E.E. e DRIVER, R. Secondary students' conceptions of the conduction of the heat: bringing together scientific and personal views. Physics Education, 20, p. 176-82, 1985. Cad. Cat. Ens. Fis., Florianópolis, 3(1): 12-16, abr. 1986 16