REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SEXO

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Transcrição:

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SEXO Sandra Aparecida de Almeida 1 ; Jordana de Almeida Nogueira 2 1 Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal da Paraíba UFPB. Docente do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba. Programa de Pós-Graduação em Saúde da Família, da Faculdade de Enfermagem nova Esperança FACENE. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Família Mestrado Profissional. João Pessoa/Brasil sandraalmeida124@gmail.com 2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba PPGENF/UFPB. João Pessoa/Brasil. jalnogueira31@gmail.com RESUMO Objetivo: analisar as representações sociais sobre sexo construídas por jovens. Método: estudo de base de dados secundários, com abordagem mista, utilizando como aporte teórico a Teoria das Representações Sociais. Os dados originam-se do Teste de Associação Livre de Palavras aplicado com 438 jovens, o qual utilizou a palavra indutora sexo. A análise textual foi mediada pelo uso do software IRAMUTEQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires), que permitiu estudar análise fatorial de correspondência (AFC). Resultados: As análises permitiram conhecer as dimensões subjetivas sobre sexo, enquanto um comportamento socialmente imposto, evidente nas representações sociais como uma preocupação associada à prevenção, família, gravidez e casamento. Conclusão: considerar os jovens enquanto agentes de mudanças nos comportamentos sexuais, pautados em uma nova ordem, em outra ética das relações, significa entender as novas configurações afetivo-sexuais que estamos vivenciando na atualidade. Palavras-Chave: Sexualidade; Jovens; Sexo; Representações Sociais. INTRODUÇÃO Os jovens se posicionam frente ao sexo, de acordo com suas representações comunicando-se e definindo comportamentos frente aos riscos em potenciais. Admite-se que esses posicionamentos não são prémoldados ou pré-estabelecidos, mas podem ser respostas adaptativas que assumem diversos modos, por vezes com características inovadoras e inesperadas. As concepções, crenças e atitudes sobre a sexualidade e as práticas sexuais sofrem influência e interferência de outros contextos tão importantes quanto seus pares, com destaque para a família, a escola e a mídia. Cada sociedade possui um código, com normas relativas à idade apropriada para o exercício da sexualidade, considerando tipos de união conjugal e as atitudes frente às situações (HEILBORN, 2006; PRIORE, 2011). Para os jovens, que já iniciaram suas práticas sexuais ou não, o próprio aprendizado da sexualidade vem sendo permeado por informações e recomendações sobre o uso de preservativo para evitar a infecção pelo HIV. Considerar as possibilidades de compreender o que seja sexo pode vir a contribuir para melhor apreensão e desmistificação do que os jovens acreditam e conheçam sobre tal prática.

As representações sociais enquanto um tipo de saber do senso comum no cotidiano é capaz de orientar o que os indivíduos ou grupos consideram certo e errado, apropriado ou não, em suas vivências da sexualidade e das práticas sexuais. Por ter a capacidade de traduzir a realidade, por meio da interpretação e dos sentidos que os indivíduos ou grupos têm sobre objetos sociais relevantes, construídos em seus cotidianos, viabilizando a comunicação e a organização de comportamentos, em que estas se alimentam não só das teorias científicas como das dimensões culturais, ideológicas formalizadas, experiências e da comunicação cotidiana (VALA, TORRES, 2006). Ao se considerar as dimensões simbólicas associadas ao sexo, especialmente considerando que pensamento e ação estabelecem importantes relações, objetivouse analisar as representações sociais sobre sexo construídas por jovens. METODOLOGIA Trata-se de um estudo exploratório, retrospectivo, de base de dados secundários, do tipo mista, pautado na abordagem da teoria das Representações Sociais. Desenvolvido no ano 2012, em duas escolas públicas da rede estadual de ensino da cidade de João Pessoa- PB, selecionadas por conveniência, levandose em consideração as especificidades do alunado, acessibilidade e interesse das direções em ampliar discussões junto aos jovens sobre temas relacionados a sexo, sexualidade e prevenção de DST s/aids. A população foi composta por jovens, de 11 a 19 anos, de ambos os sexos, matriculados nos três últimos anos do Ensino Fundamental II. O cálculo amostral baseou-se na totalidade de alunos matriculados no Ensino Fundamental das Escolas Estaduais do município (N=32.821)6, o qual admitiu um nível de significância de 5%, um erro amostral (d) de 0,05 sob nível de confiança de 95% e um valor antecipado de proporção (p) igual a 0,50, totalizando 381 jovens. Considerando-se as perdas na captação e outros eventos, utilizou-se a correção para uma perda potencial de 15% o que determinou uma amostra de 438 jovens. Foram investigados 266 jovens na Escola 1 e 172 jovens na Escola 2, correspondendo à totalidade dos alunos das sétima, oitava e nona séries, do Ensino Fundamental II. A seleção dos participantes foi por conveniência (participação voluntária), adotando-se como critérios de inclusão: estar devidamente matriculado(a) no momento da coleta de dados e ter assiduidade escolar em mais de 75%. Os dados secundários utilizados neste estudo originaram-se da aplicação do Teste de Associação Livre de Palavras (TALP) (DE ROSAS, 2005), o qual comtemplou variáveis

sociodemográficas (sexo, idade, escola e série) e a palavra indutora sexo. Cada jovem atribuiu cinco expressões que lhe viessem à mente, relacionadas ao vocábulo. Os dados empíricos conformaram um corpus com 438 questionários, que foram transcritos para o programa word, submetidos a um refinamento para exclusão de repetições vocabulares, agrupamento das palavras por aproximação semântica, e composição de um dicionário. Dois pesquisadores foram acionados para o procedimento de validação do dicionário. Sequencialmente, as informações foram processadas pelo software de Análise Textual IRAMUTEQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires) (CAMARGO, JUSTO, 2013), por permitir análises multivariadas, em especial, Classificação Hierárquica Descendente (CHD), Análise Fatorial de Correspondência (AFC) e Análises de Similitude. Operacionalmente, como primeira etapa de análise do material empírico (CHD), verificou-se que o corpus, constituído por 438 questionários, originou as 438 UCI s (Unidades de Contexto Inicial), com aproveitamento da totalidade do material, o que aponta a pertinência dos dados coletados, ou seja, um aproveitamento superior a 70%. As UCI s foram, em seguida, divididas em 438 segmentos de texto, denominados de UCE s (Unidades de Contexto Elementar). Foram descartadas pelo software IRAMUTEQ as palavras com frequência inferior a 3. Em seguida, considerando-se as formas reduzidas, as palavras passaram a representar um total de 1814 palavras, das quais 116 foram consideradas analisáveis e 1698 palavras instrumentais (artigos e preposições entre outros). A Classificação Hierárquica Descendente (CHD)8 qualificou os segmentos de texto em função dos seus respectivos vocabulários, analisou lexograficamente o texto e categorizou quatro classes de respostas dos jovens associadas ao sexo. Com base nas classes que emergiram do IRAMUTEQ, procedeu-se a Análise Fatorial de Correspondência (AFC), em que graficamente foram representados os segmentos de texto mais característicos de cada classe (corpus em cor). A representação gráfica do plano fatorial, determinada pelas respostas ao estímulo sexo foi definida, contemplando respostas ou imagens, chamadas de modalidades de opinião, presentes no plano, a partir das respostas de maior contribuição para formação dos eixos e variáveis fixas de maior relevância na formação do gráfico. O uso da técnica possibilitou um exame detalhado das ligações entre os perfis das respostas individuais, expressando

conexões e oposições entre as características dos participantes. O presente estudo teve uma pertinência de 75,93% do corpus. O projeto do qual derivam os dados secundários dessa pesquisa, intitulado Representações Sociais como referenciais para orientação contraceptiva de jovens em escolas públicas paraibanas, foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa institucional, sob o (nº 328/09, FR 302185), como regulamente a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, sobre pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 2012). RESULTADOS Participaram do estudo 438 jovens, sendo 60,7% (266) procedentes da Escola 1 e 39,3% (172) da Escola 2. Verificou-se no total da amostra investigada que 50,7% eram do sexo masculino, com média de idade igual a 13,8 anos (dp=1,61). Na Escola 1, foi mais representativa a participação de jovens do sexo feminino (50,4%), de 14 a 16 anos de idade (51,8%) e cursando a oitava série do ensino fundamental. Na Escola 2, houve maior participação de jovens do sexo masculino (52,3%), com idade de 11 a 13 anos (53,5%), cursando a sétima série do ensino fundamental. Na Análise Fatorial, o plano fatorial foi construído pelas oposições advindas das respostas ao estímulo indutor - sexo, no qual apresenta a estrutura mais central de determinados elementos em relação a outros do campo representacional e sua organização cognitiva sobre o seu objeto de representação, ou seja, o sexo. A partir do conjunto de modalidades com as variáveis fixas (de maior contribuição): *id_1; *id_3; *id_2; *esc_2; *esc_1; *ser_2; *sex_1; *sex_2; *ser_3; *ser_1; conformaram-se os dois primeiros fatores. O fator 1, que corresponde ao eixo horizontal, explicou 42,33% da variância total de respostas, com valor próprio de 0,416. O fator 2 que corresponde ao eixo vertical, explicou 33,61%, com valor próprio de 0,330 do total de respostas. Figura 1- Imagens ou campo de representações sociais sobre sexo segundo os jovens. João Pessoa, 2014. Discussão Considerando os dois primeiros eixos fatoriais (Figura 1) extraídos da AFC, o primeiro traduz substancialmente as normas sociais

vigentes, associando o sexo à finalidade de procriação e como condição de risco a enfermidades, expressas nas palavras gravidez e doença que mais contribuíram para a explicação do fator. Opõem-se dois modos de reagir ao sexo: por um lado, moldam-se nas interações sociais tradicionais, concretizado pelas palavras prevenção, casamento, família; por outro, reagindo reflexivamente perante o que traz satisfação afetiva-sexual e prazer através de amor, prazer, paixão, excitação e alegria. O segundo fator mostra a importância do prazer associado ao sexo, concretizado pelas palavras excitação, gostoso, gozar, em oposição às obrigações sociais e a heteronormatividade - o que se deduz pelas expressões mulher, homem, casamento. Ainda, neste fator, verifica-se que o sexo não apresenta vinculação a sentimento e afeto, concretizado pela neutralidade das palavras paixão, amor e alegria. Nas condições modernas da sociedade, o mundo globalizado vem alterando significativamente não somente as relações sociais, como também as relações afetivas. Para Bauman (2004), a sociedade atual está criando uma nova ética do relacionamento, de onde surgiriam novas possiblidades de satisfação, novas buscas e novos modos de amar. A busca pela satisfação pessoal declina o mito do amor romântico e modula-se em configurações mais próximas da amizadeamor. Com tantas opções de vida e grandes transformações no mundo, o amor (romântico) sai de cena, o dilema atual parece se situar entre o desejo de simbiose entre os parceiros e o desejo de liberdade (LINS, 2013). A tendência reveste-se da diluição da intimidade, ausência de compromisso, provisoriedade. Fantasiosamente o amor romântico se baseia na dependência entre os amantes, não satisfazendo mais os anseios daqueles que pretendem se relacionar de maneira autêntica e independente. Nesta conformação, são necessárias novas estratégias, novas táticas para conhecer o outro, num encontro sem idealizações. Abrese a possiblidade de se amar e relacionar-se com mais de uma pessoa (LINS, 2013, p. 390). CONCLUSÕES As análises permitiram conhecer as dimensões subjetivas sobre sexo, enquanto um comportamento socialmente imposto, evidente nas representações sociais como a preocupação destes ao associarem o sexo à prevenção, família, gravidez e casamento. Acredita-se que mesmo com a forte influência cultural a que as pessoas são submetidas e influenciadas, à medida que as gerações avançam, mudam-se também suas representações sociais de determinado comportamento, atitude ou prática sexual. Os

novos contornos e valorações das relações são constituintes de uma nova ordem social de relacionamentos que vem se intensificando e massificando nas sociedades modernas e contrariamente ao modelo tradicional familiar instituído, os jovens buscam relações, mas com pouca intimidade e compromisso. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAUMAN, Z. Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2004. Trad. Carlos Alberto Medeiros. DE ROSA, A.S. A rede associativa: uma técnica para captar a estrutura, os conteúdos, e os índices de polaridade, neutralidade e estereotipia dos campos semânticos relacionados com as representações sociais. In: MOREIRA, A.S.P.; CAMARGO, B.V.; JESUÍNO, J.C.; NÓBREGA, S.M. Perspectivas teórico-metodológicas em representações sociais. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB; 2005. p. 61-127. lexicaux : analyse du Cable-Gate avec IraMuTeQ. In: Actes des 11eme Journées internationales d Analyse statistique des Données Textuelles [Internet]. 2012 [citado em 2015 Abr 13]. p. 835-44. Disponível em: http://lexicometrica.univparis3.fr/jadt/jadt2012/communications/ratin aud,%20pierre%20et%20al.%20-20application%20de%20la%20methode%20 Alceste. VALA, J.; TORRES, A. (Eds.). Contextos e Atitudes Sociais na Europa. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais. 2006. Agradecimentos: Profa. Dra. Antonia Oliveira Silva Profa. Dra. Maria Adelaide Silva Paredes Moreira Profa. Dra. Aline Aparecida Monroe Profa. Dra. Gilka Paiva Oliveira Costa HEILBORN, M.L. Experiência da sexualidade, reprodução e trajetórias biográficas juvenis. In: HEILBORN, M.L.; AQUINO, E.M.L.; BOZON, M.; KNAUTH, D.R. (orgs). O aprendizado da sexualidade: reprodução e trajetórias sociais de jovens brasileiros. Rio de Janeiro: Fiocruz/Garamond; 2006b. p. 30-59. LINS, R.N. A cama na varanda: arejando nossas ideias a respeito de amor e sexo. Rio de Janeiro: Best Seller, 8ª. Ed. 2013. PRIORE, M.D. Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil; 2011. RATINAUD, P.; MARCHAND, P. Application de la méthode ALCESTE à de gros corpus et stabilité des mondes