Como os administradores podem atravessar a turbulência de uma crise social, política e econômica. NA PRÁTICA A gestão na saúde e seus remédios



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Julho/2013 Ano 36 - nº 325 NA PRÁTICA A gestão na saúde e seus remédios CONHECIMENTO Quem precisa de caixa para pensar? Como os administradores podem atravessar a turbulência de uma crise social, política e econômica

visão global, a marca da administração facebook.com/ oficial.crasp twitter.com/ cra_sp www.crasp.gov.br/

Editorial Quem não esquece constrói um País melhor O Brasil vive um dos momentos mais ricos de sua história. Depois de décadas deitado no berço nem tão esplendido do conformismo, foi necessário que a população acordasse e ganhasse as ruas. Estamos presenciando um espetáculo que marcará nosso tempo, resultado de um esgotamento vindo de várias direções. Porém, cada um de nós sabe que sensibilizar políticos e autoridades não é tarefa fácil. Por isso, de forma alguma podemos permitir que o trem da mudança passe sem que algumas coisas sejam definitivamente conquistadas. Mudar este quadro é um desafio colossal. Vai exigir coragem. Contudo, é inescapável deixar de alterar, de alguma forma, o cenário político. Estudantes, trabalhadores e outros agentes sociais sabem disso e levantaram-se com uma vasta e indispensável relação de exigências, procedimentos e processos mais claros, éticos e eficazes da administração pública em todos os seus aspectos. Ainda que o passar dos dias indique algo menos promissor ou até uma certa acomodação não há mais como cair no esquecimento. Em outras palavras: quem não esquece constrói um País melhor! Não devemos esmorecer em relação àquilo que ainda não foi conquistado, por exemplo, a Reforma Política independente da realização ou não de um plebiscito não podemos perder o foco e o entendimento de que é, sim, fundamental. O debate em torno do tema deve prosseguir. Da mesma forma como se devem estabelecer padrões de conduta aos nossos homens públicos. A pressão popular, dentro dos limites democráticos, será fundamental para que esse verdadeiro processo de educação política funcione de verdade. Importante também é saber que a mesma retidão ética que exigimos dos políticos, deve ser aplicada no cotidiano de cada trabalhador, em cada ambiente profissional e familiar. Vamos continuar a construção de um País diferente com trabalho, competência e memória. Acredito que o primeiro passo seja o de manter o olho aberto, a vigilância sobre cada aspecto da nossa política e economia. E cabe a cada um de nós influenciar decisões através de contribuições substantivas para aqueles que elegemos como nossos representantes no governo, nossos vereadores e deputados. É hora de exigir e convergir. No antigo mundo grego, a palavra convergência podia ser traduzida como o caminho seguro para evitar o caos e conquistar o êxito. No Brasil dos dias atuais, as circunstâncias renovam a abordagem: chegou a hora das forças vivas da sociedade buscarem o entendimento alicerçado nos pontos de convergência que levem a uma efetiva mudança. Cada um de nós sabe que sensibilizar políticos e autoridades não é tarefa fácil MARCELO MARQUES Adm. Walter Sígollo Presidente do Conselho Regional de Administração de São Paulo - CRA-SP 3

facebook.com/ oficial.crasp twitter.com/ cra_sp Presidente Administrador Walter Sigollo Diretoria Adm. José Alfredo Machado de Assis Vice-presidente Administrativo Adm. Milton Luiz Milioni Vice-presidente de Relações Externas Adm. Alberto Emmanuel de Carvalho Whitaker Vice-presidente de Planejamento Adm. Hamilton Luiz Corrêa Vice-presidente para Assuntos Acadêmicos Adm. Teresinha Covas Lisboa 1ª Secretária Adm. Roberto Carvalho Cardoso 2ª Secretário Adm. Antonio Geraldo Wolff 1º Tesoureiro Adm. Álvaro Augusto Araújo Mello 2º Tesoureiro Conselheiros Arlindo Vicente Junior, Carlos Antonio Monteiro, Edgar Kanemoto, Luiz Carlos Marques Ricardo, Luiz Carlos Vendramini, Marco Antônio Sampaio de Jesus, Nelson Reinaldo Pratti, Rogério Góes, e Silvio Pires de Paula (representante do CRA-SP no CFA) Conselho Editorial Coordenador: José Alfredo Machado de Assis. Integrantes: Hamilton Luiz Corrêa, Luiz Carlos Marques Ricardo, Luiz Carlos Vendramini, Milton Luiz Milioni, Roberto Carvalho Cardoso, Teresinha Covas Lisboa e Maria Cecilia Stroka Redação Editora-chefe Maria Cecilia Stroka (Mtb 18.357) Editor Gilberto Amendola Repórteres Marcos Yamamoto Katia Carmo Estagiária de arte Raissa Penha Publicidade Publicidade Nominal Representações Diagramação e arte Propagare Comercial Ltda. Impressão Plural Editora e Gráfica Ltda. Tiragem 45.000 exemplares A RAP é uma publicação mensal do Conselho Regional de Administração de São Paulo (CRA-SP), órgão regulamentador da profissão de administrador, sob a responsabilidade do seu Conselho Editorial. As reportagens não refletem necessariamente a opinião do CRA-SP. Rua Estados Unidos, 889 Jd. América 01427-001 SP Tel.: (11) 3087-3200 atendimento@crasp.gov.br www.crasp.gov.br SÃO JOSÉ DO RIO PRETO PRESIDENTE PRUDENTE BAURU SOROCABA RIBEIRÃO PRETO CAMPINAS SANTOS GRANDE SÃO PAULO SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Seccionais CRA-SP Seccional de Bauru Delegado: Adm. William Lisboa Simas Coordenador Regional: Adm. Carlos Eduardo Sperança Rua Rio Branco, 15-15, sala 31, Centro 17015-311 - Bauru - SP Tel.: (14) 3223-1857 seccional.bauru@crasp.gov.br Seccional de Campinas Coord. Regional: Adm. Elcio Eidi Itida Rua Maria Monteiro, 830, cj. 53, Cambuí 13025-151 Campinas SP Tel.: (19) 3307-8555 seccional.campinas@crasp.gov.br Seccional de Presidente Prudente Analista responsável: Adm. Manoel Barreto de Souza Av. Cel. José Soares Marcondes, 871, sala 132, Bosque 19010-080 - Presidente Prudente - SP Tel.: (18) 3916-7544 seccional.prudente@crasp.gov.br Seccional de Ribeirão Preto Delegado: Adm. Marcos Silveira Aguiar Coordenadora Regional: Adm. Fátima Angélica R. Moura Av. Braz Oláia Acosta, 727, cj. 109 - Jardim Califórnia 14026-040 - Ribeirão Preto - SP Tel.: (16) 3621-1061 seccional.ribeiraopreto@crasp.gov.br Seccional de Santos (Baixada Santista e Vale do Ribeira) Coordenadora Regional: Adm. Renata Farias Pizarro Busch Av. Ana Costa, 296, sala 14, Campo Grande 11060-000 - Santos - SP Tel.: (13) 3221-9357 seccional.baixadasantista@crasp.gov.br Seccional de São José do Rio Preto Coordenador Regional: Adm. Eduardo Gomes de Azevedo Junior Rua Imperial, 59, salas 1 e 2, Vila Imperial 15015-610 - São José do Rio Preto - SP Tel.: (17) 3305-1765 seccional.riopreto@crasp.gov.br Seccional de São José dos Campos (Vale do Paraíba e Litoral Norte) Coordenador Regional: Adm. Dejair Dutra de Souza Rua Euclides Miragaia, 700, sala 25, Centro 12245-820 - São José dos Campos - SP Tel.: (12) 3923-9954 seccional.valedoparaiba@crasp.gov.br Seccional de Sorocaba Delegado: Adm.Edson Conceição Júnior Coordenadora Regional: Adm. Aida Rodrigues Avenida Antônio Carlos Comitre, 510, sala 86, Parque Campolim 18047-620 - Sorocaba - SP Tel.: (15) 3233-8565 seccional.sorocaba@crasp.gov.br

A importância de uma gestão profissional na área da saúde em Na Prática getty images Administração hospitalar no rumo certo Sumário 3 Editorial 6 Perfil Administrador Guilherme Rossi, presidente da GR Properties getty images Pensar fora da caixa pode ser muito mais do que um clichê em Conhecimento 10 Capa Olho do furacão Quais os reflexos das incertezas políticas e econômicas no cotidiano da administração 16 Conhecimento Dentro ou fora? Pensar fora da caixa pode não ser suficiente Momento de crise exige administrador forte em Capa GETTY IMAGES 22 Na Prática Administração na saúde A gestão de hospitais no rumo certo 26 Estilo Tempo perdido Redes sociais como vilãs da produtividade 30 Notícias Administrador Emérito e pesquisa 34 Opinião Adm. Roberto Araújo da Silva

Perfil por Gilberto Amendola MARIA CECILIA STROKA O administrador homenageado Guilherme Rossi ao lado de seus pais, Hilda Maria Rossi e o empresário João Rossi A marca da juventude Homenageado com a distinção Administrador Destaque, concedida pelo CRA-SP, Guilherme Rossi, sócio-fundador da GR Properties, fala nesta entrevista sobre o momento do País e a distância entre os cursos de administração e a realidade profissional Guilherme Rossi nunca esperou que o seu sucesso fosse entregue de bandeja ou emoldurado pelo peso do sobrenome. Filho de João Rossi, e herdeiro da Rossi, uma das maiores construtoras do País, decidiu abrir seu próprio negócio, a GR Properties, incorporadora e administradora de galpões de logística. Eu podia ter o mesmo padrão trabalhando com o meu pai. Eu estou aqui pelas realizações, por participar da economia do País e pelas coisas que importam de verdade. Aos 33 anos, as coisas que importam de verdade na vida de Rossi passam pelo prazer do trabalho e o desafio de novos objetivos. Embora não se considere um workaholic, ele diz nunca tirar mais de 10 dias de férias. Faz parte do meu estilo de vida. 6

Mas acredito em tempo livre, em tempo para oxigenar o cérebro e ter novas ideias. Entre os seus sonhos está a criação de um curso universitário voltado ao mercado imobiliário. Esse profissional tem que conhecer arquitetura, engenharia, administração, finanças, direito... Falta esse profissional no mercado. Acho que essa seria a minha forma de contribuir com a sociedade. Aliás, a questão acadêmica é um tema de grande relevância para Rossi: Os cursos de administração estão antiquados. A vida real é muito mais espinhosa. Em linhas gerais, o curso de administração não te ensina a trabalhar. Ensina coisas técnicas, mas não ensina o cotidiano. Como empresário, se diz preocupado com o futuro do País, mas garante que o seu jeito de manifestar indignação é bastante diferente do que se tem visto nos últimos meses: Eu me manifesto trabalhando, pagando meus impostos e estando dentro da lei. Meu jeito de me manifestar é dando um bom exemplo, garante. RAP: Qual a sua opinião sobre esse período de turbulência política e social do País? Guilherme Rossi: Acredito que mais eficiente do que esses protestos seria uma fiscalização minuciosa da administração pública. Hoje, por exemplo, as pessoas precisam exigir que os orçamentos de suas cidades permaneçam totalmente acessíveis na internet. O tempo inteiro. Acho que a fiscalização é a arma mais importante contra vários desses problemas que estão sendo colocados pela sociedade. Eu também me manifesto. Só que o meu modo de me manifestar é outro. É trabalhando, pagando meus impostos e estando dentro da lei. É, basicamente, dando exemplo. RAP: Mas esse clima de instabilidade tem prejudicado os negócios? Guilherme Rossi: Preocupa. Afugenta novos investidores, novos inquilinos para os nossos galpões. Tem outro ponto: atrapalha um pouco nossa logística interna. Digo isso em relação às manifestações de rua e os bloqueios em estradas. Fica mais difícil marcar reuniões, atender clientes, visitar obras... Isso tudo só complica os nossos já existentes gargalos de infraestrutura. Por exemplo, os preços dos galpões perto de São Paulo são altos porque temos pouca infraestrutura de acesso. Para compensar os custos do terreno, por exemplo, temos que verticalizar os galpões. RAP: Neste contexto de alta do dólar, queda do PIB e outros indicadores econômicos preocupantes, você se sente pessimista? Guilherme Rossi: Não. Como trabalhamos com aluguel de galpões para logística, atendemos muito e-commerce. Um mercado que tem crescido de 20 a 30% ao ano. Ele não é tão sensível ao dólar ou, por exemplo, a taxa Selic. O fato é que quem vende pela internet precisa alugar um galpão. Existe uma demanda por novos galpões, por armazenagem e distribuição daquilo que é vendido pela internet. Hoje, só 5% da venda do varejo no Brasil é feita pela Internet. Nos EUA, são quase 10%. Temos um caminho para crescer. No futuro, os shoppings serão totalmente voltados aos serviços, praças de alimentação, cinemas. Ou seja, no futuro, o comércio será online. O meu tipo de negócio pode responder as questões de como realizar essas entregas e como entregar esses produtos. Além dos galpões, também estamos no mercado imobiliário. Pense comigo, todas as atividades do mundo estão conectadas ao mercado imobiliário... RAP: Se tudo depende do mercado imobiliário, o fantasma de uma bolha no setor pode tirar o sono do empresariado? Guilherme Rossi: Não acredito em uma bolha especulativa no Brasil. Aqui, os juros ainda são razoavelmente altos. Nos Estados Unidos e na Europa, os juros são baixos e as pessoas tentam ganhar dinheiro de outro jeito. Especulando com imóvel, por exemplo. Além disso, lá é mais fácil comprar um imóvel para especular. Aqui, você precisa comprovar crédito, dar uma entrada grande... No Brasil, as pessoas compram imóveis realmente para morar ou, talvez, um imóvel comercial para alugar. Na Europa, a população é envelhecida. Não tem tanta compra de imóvel. Aqui, a população é jovem. Tem muita gente querendo comprar seu primeiro imóvel. Quando tem demanda real, não tem bolha. RAP: Ao entrar no mercado imobiliário, você não se tornou um concorrente direto do seu pai? Guilherme Rossi: O mercado é muito grande. Em São Paulo são cerca de 300 empreendimentos por ano. Eu faço dois. O mercado só compete de fato com produtos que são lançados no mesmo dia, na mesma região e com as mesmas características. Ainda assim, tem cliente para todo mundo. 7

Perfil para a empresa engrenar, gerar receitas e as contas se equilibrarem. "Montei a empresa para responder a seguinte pergunta: o que quero da minha vida?" RAP: Você poderia trabalhar com o seu pai, em uma empresa já consolidada. Como foi a decisão de montar a GR Properties? Guilherme Rossi: Tem a ver com meu estilo de vida. Eu não montei a empresa para os outros, montei pra mim. Montei a empresa para responder a pergunta que me faço todos os dias: o que eu quero da minha vida? RAP: E o que você quer da sua vida? Guilherme Rossi: Não é só dinheiro. Eu podia ter o mesmo padrão trabalhando com o meu pai. Eu estou aqui pelas realizações, por participar da economia do País, pelas coisas que importam de verdade. RAP: Hoje, a GR Properties está com 5 anos de mercado. Como foi o seu começo, o primeiro ano? Guilherme Rossi: Tive que ter muita fé. Tive que acreditar que eu estava posicionado, que eu tinha uma boa formação, conhecia pessoas, tinha capital e podia correr alguns riscos. Eu tinha um plano e segui esse plano, sem muita mudança. Demorou um ano e meio MARIA CECILIA STROKA RAP: Como um administrador tão jovem pode deixar sua marca no mercado? Guilherme Rossi: Em empresas maiores, você só alcança um cargo importante depois dos 40 anos. Antes disso, como foi o meu caso, você tem demontar sua empresa do zero. E tentar entrar num ramo em expansão. Se você fizer mais do mesmo, não adianta. Tem de ser mais ágil, melhor, mais correto, inteligente, trazer custo benefício aos seus clientes. A questão não é inventar a roda. Fazer um trabalho bem feito em um ramo que já existe, com demanda, investimento e mercado pode ser mais interessante. Por a mão na massa é o jeito de ter sucesso e deixar sua marca. RAP: Seu estilo é muito diferente do estilo de administração da geração do seu pai? Guilherme Rossi: Enxergo diferenças. Minha geração mexe com computadores desde criança. Minha geração faz mais coisas com menos tempo e com menos recursos. A geração anterior de administradores não utiliza todas as ferramentas possíveis. Eles ainda têm uma desconfiança. Ainda pensam em empresas nos moldes antigos. Antigamente, só os mais velhos tinham cargos altos, existia um plano de carreira mais definido... Você tinha que ficar 5 anos como analista, depois virar gerente, pra depois virar diretor, virar vice-presidente e por aí vai. Não que eu ache ruim. Mas o mundo hoje não é assim. A mobilidade das pessoas nas empresas precisa ser mais dinâmica. Nisso, nossa geração é bastante diferente. Hoje, por exemplo, as pessoas não precisam só se pautar por trabalhar em grandes corporações. Elas podem abrir seus próprios negócios ou atuar em empresas mais enxutas. Claro, desde que estejam dispostas a correr riscos, perder tudo e trabalhar muito mais do que um funcionário padrão. Eu pessoalmente acredito que as empresas pequenas e médias precisam ser mais criativas do que as grandes. Não podem errar. Tem que conhecer o mercado, atender bem os clientes. São lugares bons de trabalhar por isso. RAP: Você enxerga uma distância muito grande entre o que é ensinado nas faculdades de administração e a realidade do trabalho? 8

Guilherme Rossi: Os cursos de administração estão antiquados. A vida real é muito mais espinhosa. Em linhas gerais, o curso de administração não te ensina a trabalhar. Ensina coisas técnicas, mas não ensina o cotidiano. Acho que muita coisa poderia ser apresentada na prática. Desde como você deve encaminhar uma reunião, como se apresentar, como organizar uma agenda, resolver problemas, lidar com pessoas. Sim, aprender psicologia e contabilidade é necessário. Mas as aulas precisam ser mais práticas e menos teóricas. Hoje, as aulas são 90% teóricas. Um grande exercício seria incentivar os alunos a montar uma empresa. RAP: Essa diferença entre teoria e prática afeta a qualidade do profissional que está chegando ao mercado? Guilherme Rossi: Tenho amigos que chegam aqui com uma ideia, mostram fotos, power points... Mas aí eu pergunto: esse negócio vai faturar quanto, quanto você vai ter que investir, qual o tamanho da equipe que você vai precisar ter, quanto tem que treinar, quanto está disposto a perder e por quanto tempo para manter a sua empresa em pé? Olha, as pessoas vão embora daqui chateadas, passam por um terremoto. Mas é assim que tem que ser... RAP: Você é do tipo centralizador ou mais um distribuidor de tarefas? Guilherme Rossi: Os dois. Tem momentos que você precisa olhar o pingo do i. No outro, precisa delegar e dar liberdade. Tenho que saber dosar. Não existe um só perfil. O administrador tem que se moldar ao momento da empresa e a cada circunstância. Na minha empresa, o que é que eu faço? Um dia por semana, eu dedico ao controle e planejamento interno. Toda segunda-feira, reviso todas as áreas e falo com seus gestores, defino missões e delego tarefas. Tento ter o maior tempo livre possível. Tempo livre para atender clientes especiais, ver terrenos, pesquisar e... não fazer nada. Almoçar tranquilo, fazer esportes... RAP: Você não é um workaholic? Guilherme Rossi: Olha, eu gosto de trabalhar. Não tiro mais de 10 dias de férias, mas não sou um workaholic. Isso não dá certo. Tem que trabalhar 8 horas por dia, ir embora, ter momentos livres. Isso melhora o ambiente de trabalho, oxigena o corpo e a mente. RAP: Sua empresa aplica processos de inovação com regularidade? Guilherme Rossi: É um tema constante. Nós acompanhamos as concorrentes do mercado - até em outros setores. Tem um ditado americano que diz que varejo é detalhe. Meu ramo não é varejo, mas o conceito também é aplicável. RAP: Como você enxerga as questões ligadas a economia verde e o seu negócio? Guilherme Rossi: Meus galpões são certificados ou estão em processo de certificação pelo selo Leed, da U.S Green Building Council, uma ONG que promove a construção e manutenção de edifícios sustentáveis. Hoje, as empresas que vão alugar estão preocupadas com essa questão. Um galpão sustentável é um investimento. Se o imóvel está dentro de padrões de sustentabilidade, você pode recuperar o seu investimento na operação do imóvel, gastando menos água, luz e energia. RAP: Os galpões são uma saída para quem quer investir? Guilherme Rossi: Sim. O galpão tem demanda mais firme do que os escritórios. Um escritório pode ser alugado e desalugado em momentos de crise. Galpões, não. Com ele, você tem o lastro imobiliário e a renda do aluguel. A demanda por galpões de logística é maior que o crescimento do País. RAP: Como Você imagina o futuro da sua empresa? Guilherme Rossi: Além dos galpões, vamos investir em empreendimentos de alto padrão e bem localizados. Também quero incrementar nossa parte de serviços e administrar condomínios. Acredito que a terceirização imobiliária é uma alternativa para diversificar nossos negócios. Não me proponho a ser a maior empresa, mas me proponho a ser a melhor. RAP: Tem algum outro sonho além daqueles que você pode realizar na GR Properties? Guilherme Rossi: Ainda quero criar uma universidade específica para o mercado imobiliário. Gostaria de ajudar na formação de profissionais que trabalhassem em incorporações imobiliárias. Esse profissional tem que conhecer arquitetura, engenharia, administração, finanças, direito... Falta esse profissional no mercado. Acho que essa seria a minha forma de contribuir com a sociedade. 9

Capa por Gilberto Amendola As manifestações nas principais cidades do Brasil e uma série de incertezas econômicas e políticas criaram novos desafios às empresas e administradores 10

Os protestos que se espalharam pelo País nos últimos meses tiveram como estopim o preço das passagens do transporte público. Mas, em pouco tempo, o coro dos descontentes foi ganhando novas vozes. Na pauta, a deficiência dos nossos serviços, problemas na educação, saúde e um basta na corrupção. Durante as manifestações, a linha entre indignação e vandalismo foi cruzada diversas vezes. As principais capitais ficaram em polvorosa, bem como os seus respectivos governantes. Em cadeia de rádio e TV, a presidente Dilma Rousseff propôs uma reforma política, falou-se em plebiscito e austeridade com os gastos públicos. Ao mesmo tempo, o noticiário econômico falava em queda do PIB, aumento da taxa básica de juros e de uma alta expressiva do dólar que chegou a custar 2,27 reais (a maior alta em 4 anos). Ou seja, até o mais otimista e menos alarmista de todos sabe que o País está vivendo um momento turbulento. Ninguém (e nenhuma categoria profissional) vai passar ao largo desta história. A RAP aprofundou-se no tema e foi buscar indícios de quais serão os impactos e reflexos para os administradores neste delicado cenário social e político. Mais do que isso: qual deve ser a postura do administrador em uma época de incertezas? Cautela e pressão Para o administrador Alfredo Setúbal, vice-presidente executivo e diretor de Relações com Investidores do Itaú/Unibanco, o momento é de cautela. Você vai encontrar variáveis que irão afetar o câmbio. Aliás, a volatilidade do câmbio veio para ficar. As empresas precisam estar atentas a essa mudança de patamar, diz. Setúbal prevê dificuldades para o mercado financeiro e prega o cuidado no planejamento de vendas e gestão de caixa. O ambiente político e econômico pode continuar complicado por muito tempo. Não podemos esquecer "O ambiente político e econômico pode continuar complicado por muito tempo" Administrador Alfredo Setúbal, vice-presidente executivo e diretor de relações com investidores do Itaú/Unibanco que ano que vem é um ano de eleição... E, além das questões nacionais, ainda temos o quadro de incertezas na China, Europa e no próprio Estados Unidos. Agora, é a hora de repensarmos toda a nossa gestão de caixa e investimentos. A inflação subiu muito. A sociedade está se sentindo pressionada com ela. Isso ainda pode gerar muitos protestos pelo País. Já o sócio- -diretor da consultoria KPMG, administrador Sidney Ito, afirma que o País vive um momento de antagonismo em relação às expectativas externas e a percepção interna. No exterior, ainda somos vistos como um País que pode atender a demanda de crescimento mundial isso porque ainda se acredita que países como o Brasil, o México, a Coréia do Sul, a Rússia e a Índia compensariam a falta de crescimento dos EUA, da Europa e da China. Agora, internamente, nossa percepção é DIVULGAÇÃO 11

Capa Administrador Sidney Ito, sócio-diretor da consultoria KPMG diferente: a queda do PIB, as turbulências sociais e econômicas criaram um campo de desconfiança. Essa diferença de percepções pode, segundo Ito, gerar uma série de problemas em termos administrativos. Para ele, quem administra grandes empresas (multinacionais) pode enfrentar pres- "O administrador não pode cair na armadilha dos números maquiados" DIVULGAÇÃO sões da matriz para compensar o crescimento tímido de seus países de origem. É nessa hora que o administrador não pode cair na armadilha dos números maquiados e informações fraudulentas. A pressão por decisões ousadas podem levar ao erro, diz Ito. Gerenciamento de risco A expressão que não deve sair da cabeça dos administradores em momentos como esse é gerenciamento de risco. Como manter o fluxo de caixa, o poder de inovação e os parâmetros de uma boa administração em um período de tantas incertezas. Cortar custo também é cortar conhecimento. Muitos cortes podem levar ao colapso de uma empresa. Felizmente, existem outros fatores que podem ser controlados, como encontrar e investir em suas vantagens competitivas, buscar novos mercados e, é claro, continuar perseguindo inovações dentro da própria empresa, afirma Ito. Basicamente, o administrador precisa se adaptar a qualquer circunstância, completa. O especialista em Planejamento Estratégico, administrador Marcos Morita, pede atenção ao ambiente externo e às estratégias: O administrador deve estar atento ao momento, verificando de que maneira isto pode afetar o ambiente de negócios no qual está inserido. Há que se tomar cuidado também para não tentar pegar carona, o que poderia soar falso à imagem da empresa. Em suma, o administrador neste momento deve ter em mente a máxima de que: o ambiente é quem dirige a estratégia, que, por sua vez, molda a organização. A voz das ruas Não são apenas os problemas econômicos que podem refletir dentro das empresas. Os protestos de rua também trazem grande impacto para o cotidiano dos administradores. Sim, eles (os protestos) podem atrapalhar as empresas no curto e médio prazo, seja devido à queda de pro- 12

Você é a favor ou contra um plebiscito sobre reforma política? Em resposta às manifestações, a presidente Dilma Rousseff sugeriu a realização de um plebiscito sobre reforma política. Dilma colocou em pauta cinco temas: Financiamento de campanha, sistema eleitoral, suplência no Senado, coligações partidárias e voto secreto no Senado. Embora o Congresso tenha rejeitado a proposta do plebiscito, o CRA-SP perguntou aos seus registrados se eles seriam contra ou a favor da consulta popular. Perguntamos também quais tópicos sugeridos pela presidente (mais a possibilidade ou não de reeleição) seriam apoiados pelos registrados: Contra ou a favor do plebiscito? 49 % 51 % A FAVOR CONTRA 16 % 19 % 19 % 16 % Quais temas deveriam fazer parte do plebiscito? (Entre os que se declararam a favor de um plebiscito) 16 % FINANCIAMENTO DE CAMPANHA SISTEMA ELEITORAL MANUTENÇÃO DA SUPLÊNCIA PARA SENADOR FIM DO VOTO SECRETO EM DELIBERAÇÕES DO CONGRESSO MANUTENÇÃO DE COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS PROPORCIONAIS FIM DA REELEIÇÃO 14 % Relatório da ONG Transparência Internacional aponta que os brasileiros: 81 % 72 % 70 % 55 % 50 % ACREDITAM QUE OS PARTIDOS POLÍTICOS SÃO CORRUPTOS ACREDITAM QUE O CONGRESSO É MAIS CORRUPTO ACHAM QUE A POLÍCIA É A INSTITUIÇÃO MAIS CORRUPTA ENXERGAM CORRUPÇÃO NOS SERVIÇOS MÉDICOS E DE SAÚDE PENSAM QUE O JUDICIÁRIO É MAIS CORRUPTO 13

Capa PESQUISA REALIZADA PELA PWC CONSULTORIA Até que ponto a sua organização está bempreparada para lidar com os seguintes cenários, se eles ocorrerem nos próximos 12 meses? Qual deles teria um o maior impacto negativo nos negócios: O que mudou depois dos protestos 1 A passagem dos transportes públicos diminui de preço em várias cidades. ATAQUE CIBERNÉTICO OU OUTRA INTERRUPÇÃO IMPORTANTE DA INTERNET RECESSÃO DOS ESTADOS UNIDOS O CRESCIMENTO DO PIB DA CHINA FICAR ABAIXO DE 7,5% POR ANO AGITAÇÃO SOCIAL IMPORTANTE NO PAÍS EM QUE VOCÊ ESTÁ SEDIADO TENSÕES MILITARES OU COMERCIAIS AFETAREM O ACESSO A RECURSOS NATURAIS UMA RUPTURA NA ZONA DO EURO 71 % 64 % 53 % 62 % 53 % 58 % 2 A Câmara rejeitou a PEC 37 proposta de emenda a constituição que reduzia os poderes de investigação do Ministério Público. 3 O Senado aprovou projeto que transforma corrupção em crime hediondo. Solicitação de informações 4 sobre todos os voos da FAB desde 2010 (políticos estavam usando os voos da FAB para assuntos particulares). 5 Mesmo sem plebiscito, a Reforma Política entrou na pauta do Congresso. Um debate mais aprofundado sobre a possível 6 destinação de 75% dos royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde. UM DESASTRE NATURAL DESATIVAR UM CENTRO COMERCIAL/DE PRODUÇÃO IMPORTANTE CRISE DE SAÚDE 51 % 51 % 7 Em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad cancelou licitação de 45 bilhões de reais para renovar concessões de empresas de ônibus; e o governador Geraldo Alckmin elevou o auxílio pago a famílias que aguardam moradia popular. 14

DIVULGAÇÃO "As manifestações trouxeram esperança de que algo pode ser mudado" Administrador Marcos Morita, especialista em planejamento estratégico dutividade pelos dias dispensados mais cedo, depredações e insegurança... Tudo isso também pode reduzir o consumo. Um empresário que tenha tido prejuízos com as manifestações pode retardar as contratações, por exemplo. Um profissional liberal pode ter prejuízos por pacientes e clientes que desmarquem seus horários..., enumera o professor Morita. Ainda assim, Morita não acredita que o profissional deva se colocar contra as manifestações: As manifestações trouxeram esperança de que algo ainda possa ser melhorado - apesar de todas as mazelas a que somos submetidos diariamente. Os jovens colocaram a boca no trombone, como há décadas não se via. Foi bonito de ver. Apesar, é claro, dos vândalos de plantão e dos congestionamentos que tiram o sono das grandes cidades. Sobre possíveis resultados, o professor é um pouco mais cético: Como tudo no governo, acredito que ainda demorará muito para termos algum retorno, porém menos mudanças e mais transparência nas regras podem ajudar a melhorar a confiança nos pilares da economia. Mestre em administração pela FGV-EA- ESP e PhD em Business Administration pela Manchester Business School, Rafael Alcadipani alerta para o fato de que as manifestações não são apenas contra o governo. Bancos e concessionárias também foram depredadas. Existe uma insatisfação com o mundo corporativo. A sociedade tem uma percepção que governo e empresariado são uma coisa só principalmente no que diz respeito à corrupção, afirma. Para Alcadipani, uma espécie de caixa de pandora foi aberta pelo grito das ruas. Os altos salários dos executivos, a centralização de decisões na mão de certos grupos de poder, a exclusão da maioria, distribuição de renda...tudo isso está em jogo. Existe uma janela de mudanças, mas não é possível afirmar se vamos aproveitar esse momento, diz. Além disso, a sociedade precisa ficar atenta para quebrar aquela máxima de que algumas mudanças são feitas apenas para que tudo permaneça no mesmo lugar. Nada de diferente acontecer na sociedade também é uma hipótese. Hoje, honestamente, nós temos mais perguntas que respostas, completa. O presidente da Rossi Residencial, João Rossi, acredita que a resposta, que muitos estão buscando, está justamente no trabalho do administrador. Estamos passando por um problema de gestão pública. O País precisa de administradores em postos chaves, em agências reguladoras e ministérios. Precisamos de administradores na vida pública, profissionais com a carteirinha de boas universidades e com boa formação intelectual. O que temos hoje é muita gente com carteirinha de partidos. Precisamos de técnicos, afirma. 15

Conhecimento por Gilberto Amendola A verdade está lá fora (da caixa)? A expressão pensar fora da caixa virou moda no mundo empresarial. Muita gente tem repetido esse conceito em palestras, cursos e encontros de negócio. Mas qual é o seu sentido? É realmente importante sair da caixa para pensar melhor? 16 CREDITO

"Você pode pensar dentro ou fora da caixa. Só depende do que está procurando" Alice Coutinho, diretora executiva do CEMEC Se toda vez que alguém diz que o importante é pensar fora da caixa, você revira os olhos de desconfiança e tédio, não se preocupe. A ideia por trás desta expressão foi tão repetida que se transformou em um desgastado clichê. Agora, o que é realmente pensar dentro ou fora da caixa? Aliás, existe essa tal caixa? A RAP ouviu especialistas em marketing e administração sobre a importância de ser criativo no mundo dos negócios. Autor de livros sobre marketing e criatividade e professor do curso de Administração de Empresas do ISCA Faculdades (Instituto Superior de Ciências Aplicadas) e do MBA de Gestão de Empresas de Tecnologia de Informação e Internet da Uninove, Mario Persona, abre o debate propondo substituir a caixa por uma garrafa: Nem todos que usam a expressão pensar fora da caixa estão cientes do que isso significa. Para muitos, o fato de ter uma ideia nova é pensar fora da caixa. Mas essa é uma definição muito pobre. A expressão pode ser melhor explorada e seu significado ficar mais evidente quando associada ao ditado: quem está dentro da garrafa não consegue ler o rótulo. No caso de quem insiste na ideia de pensar fora da caixa, Persona também faz uma pequena advertência: Não basta ficar fora. É preciso também ficar de costas para a caixa em que você está inserido para enxergar o horizonte e as possibilidades. Só assim será possível detectar oportunidades que teriam ficado ocultas ou turvadas à visão de quem está preso aos paradigmas de sua situação. Ainda assim, o professor sugere que os administradores, mesmo fora, não se afastem tanto de suas caixas. É importante pensar fora da caixa, mas nem sempre é prudente afastar-se muito dela para não perdê-la de vista. Como diziam os soldados de antigamente, quando as pontes eram de madeira: Nunca queime as pontes. Você pode precisar voltar por elas ao bater em retirada. Já para o administrador e diretor-executivo da Simplez (empresa que promove mecanismos para inovações empresariais), Rodrigo Polydora Oliva, os administradores não precisam ficar fora da caixa para atuarem de forma inovadora. O que eles precisam é encontrar uma nova caixa. No meio empresarial, a inovação precisa representar resultados, trazer algo concreto. A criatividade não vem das nuvens. É preciso conhecer muito bem a cultura da empresa em que se está trabalhando para conseguir mudá-la ou atingir bons resultados dentro daquela estrutura. Nem toda empresa precisa ser parecida com o Google para ser criativa, afirma. Divulgação JULIA GRIEBEL 17

Conhecimento "Pensar fora da caixa é uma idéia muito pobre. Melhor é pensar fora da garrafa" Especial Mario Persona, professor de administração de empresas do ISCA DIVULGAÇÃO Para a diretora-executiva do Cemec (polo independente de promoção e valorização de criatividade no mercado cultural e da indústria), Alice Coutinho, o conceito da caixa se perde com muita frequência. Você pode pensar fora da caixa para encontrar algumas soluções e pensar dentro para encontrar outras. Alice acredita que todo o mercado está se reconfigurando e reconhecer essas mudanças já é um passo em direção à criatividade empresarial. O ambiente corporativo de grandes empresas é muito apegado à tradição. Trazer esse conceito, essa linguagem, para quem as administra é algo difícil, mas nunca impossível. Em pequenas empresas, as mudanças são mais bem aceitas. Apesar do clichê, uma das criadoras do site Jovem Gerente, Jéssica Fleckner Robles, acredita que pensar fora da caixa resume a essência de toda boa ideia ou bom negócio. Pensar e fazer diferente é o que realmente importa num mercado cada vez mais acirrado, diz. Como ser criativo Seria a criatividade uma habilidade nata? Alguém nasce criativo e, portanto, mais adaptável às mudanças do mercado? O professor Persona tem uma teoria: Criatividade é uma postura. Pessoas habituadas a fazer sempre o que sempre fizeram não irão querer se dar ao trabalho de buscar por novas ideias, pois isto as tiraria de sua zona de conforto. O mesmo se pode dizer dos tímidos e medrosos, pois novas ideias exigem coragem para enfrentar a oposição e até gerar conflitos, diz. Obviamente há pessoas que são mais criativas do que outras, mas sempre existe uma possibilidade de se fomentar a DIVULGAÇÃO 18

Alain Iny, especialista global em criatividade e cenários do Boston Consulting Group (BCG), empresa líder mundial em consultoria de estratégia, fala sobre pensar dentro ou fora da caixa: Por que pensar fora da caixa não é suficiente no mundo empresarial? Pensar fora da caixa é útil, mas não suficiente. Nem sempre pensar fora da caixa é prático. O passo mais importante é identificar o que suas caixas atuais são e, depois, desconfiar delas. Para ser útil e prático, o processo criativo precisa resolver uma questão ou problema que está bem definido com antecedência, deve respeitar os critérios e restrições específicas para garantir que as soluções sejam práticas e de implementação factível. Pensar em novas caixas pode ser mais prático do que ficar fora da caixa? O processo de pensar em novas caixas pode ajudá-lo a ser mais criativo. Isso porque vai torná-lo consciente de seus preconceitos invisíveis aqueles que te puxam para a direção errada. Pensar em novas caixas exige um método. Este tipo de criatividade focada aumenta drasticamente as chances de você chegar a algo útil. E como criar essas novas caixas de pensamento? Você precisa se perguntar: como eu poderia descrever a minha empresa para outra pessoa? Como eu descreveria para alguém com 7 ou 95 anos de idade? Se eu tivesse que olhar para os meus clientes de forma diferente, como eu olharia? Se eu fosse forçado a definir meus concorrentes de forma diferente, como eu faria isso? Questionando seus pressupostos desta forma, você vai identificar fraquezas competitivas, encontrar novas oportunidades, tendências emergentes e também vai poder se reinventar e reinventar seu negócio. Quais são os maiores obstáculos para a criatividade dentro das empresas? O nosso maior inimigo somos nós mesmos. Ou seja, preconceitos e pressupostos da nossa maneira de ver o mundo. Um preconceito ou conceito ultrapassado pode ser tão incorporado em seu pensamento que você nem sequer percebe que eles estão lá. Pressupostos como, "essa é a forma como fazemos as coisas por aqui", ou "estes são os nossos clientes", ou "nós fazemos esses produtos, são os maiores obstáculos para quem quer atingir algo novo. Como as pessoas podem ser mais criativas? Você pode se esforçar para ver o mundo de forma diferente, pensar diferente e agir de forma diferente. Por exemplo, tente olhar as coisas a partir da perspectiva de uma criança ou de uma avó, ou alguém que não está ao seu redor. Tente desafiar as suas perspectivas e olhe para as coisas de maneira nova, através dos olhos de outra pessoa. Em segundo lugar, pense de forma diferente, forçando-se a avançar com novas possibilidades e novos modelos mentais que podem substituir os seus velhos preconceitos. Em terceiro lugar, agir de forma diferente. Deliberadamente quebrar algumas das rotinas, como a de almoçar todos os dias no mesmo lugar, tomar o mesmo caminho para o trabalho... Revise seus hábitos e tente coisas novas. Serviço ALAIN INY SERÁ UM DOS PALES- TRANTES DO FÓRUM HSM DE INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE DATA 27 E 28 DE AGOSTO LOCAL TEATRO ALFA HOTEL TRANSA- MÉRICA: RUA BENTO DE ANDRA- DE FILHO, 722 SANTO AMARO, SÃO PAULO - SP INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES SOBRE PREÇO TELEFONE (11) 4689 6666 E-MAIL EVENTOS@HSM.COM.BR 19

Conhecimento Na mesma linha de pensamento, Jéssica acredita que as pessoas mais criativas em seus ambientes de trabalho são aquelas que podem imaginar sem medo e sem repressão. Um dos principais vilões da criatividade é a rejeição. Por isso ensinar alguém a ser criativo é basicamente libertá-lo da vergonha de suas ideias e estimular seus sentidos. O importante é que a ideia de excepcionalidade do criativo caia por terra. Antigamente, o criativo era o gênio. A pessoa que era acima da média. Hoje, esse conceito mudou. Todo mundo pode ser criativo, pode ter boas ideias e encontrar boas soluções para o seu negócio ou forma de administração, comenta Oliva. A questão é saber encontrar a criacriatividade, até naqueles que parecem ter nascido sem um grama sequer dela. O segredo está na disposição em correr risco, completa. "As empresas precisam fazer a roda da inovação girar constantemente" Rodrigo Polydora Oliva, diretor-executivo da consultoria Simplez Dicas COMO PENSAR FORA DA CAIXA Tenha sempre um bloco de anotações por perto. Você nunca sabe quando uma boa ideia pode aparecer. Ouça pessoas de outras áreas e de outras culturas. Exercite a capacidade de enxergar através do ponto de vista de outras pessoas. Livre-se de preconceitos. Leia livros, jornais, vá ao cinema, exposições e peças de teatro. A origem do termo "Fora da Caixa" A origem do termo é controversa, mas tudo leva a crer que foi utilizada pela primeira vez com a conotação de pensar livre das amarras convencionais pelo consultor americano John Adair em 1969. Outra versão é que a expressão teria sido criada pelo consultor Mike Vance. Segundo ele, a expressão foi utilizada em um treinamento realizado para o Grupo Disney durante a resolução de um dos mais famosos quebra-cabeças corporativos: o de passar o lápis em todos os pontos de um quadrado sem tirar o lápis do papel. tividade dentro de você. O empreendedor já é um ser criativo por natureza. É preciso muita criatividade para pensar um modelo de negócio, uma estrutura e suas estratégias, completa Alice. A melhor hora Ser criativo e obter resultados está associado ao timing. Ou seja, aproveitar o momento certo para apresentar, defender ou implementar uma nova ideia 20

em seu ambiente de trabalho. O arrojo é sempre importante para que a criatividade seja transformada em inovação, porque este é o segundo passo "Um dos principais vilões da criatividade é o medo da rejeição" Jéssica Fleckner Robles, criadora do site Jovem Gerente do processo criativo. Primeiro é preciso ter a ideia, e isto envolve criatividade, mas depois é preciso colocar a ideia em prática, o que se traduz em inovação. Por isso, cada um deve ter bem claro em sua mente o tamanho de sua perna para saber aonde é capaz de chegar com o seu salto - sem cair sentado ou acabar no buraco, brinca Persona. Para a criadora do site Jovem Gerente existem dois cenários: Quando tudo está ótimo para as companhias a criatividade deve ser utilizada de forma aguçada, para se criar novas formas de aperfeiçoar os processos e gestão, dando um salto vantajoso perante aos concorrentes. Em cenários negativos de mercado é necessário toda cautela para gerir crises e tomar as soluções de forma eficiente. Em suma, não se deve ser audacioso sem fundamento, mas criativo com certeza. Oliva, da Simplez, não acredita que exista um melhor momento para ser criativo. O mercado é dinâmico. As empresas precisam fazer a roda da inovação e da criatividade girar constantemente, afirma. Exemplos práticos do mundo moderno para implantação de técnicas de gestão Gestão da Produção e Logística apresenta, de forma clara e sucinta, os temas mais relevantes da área, trazendo exemplos práticos do mundo moderno, o que permite a implantação das técnicas apresentadas, funcionando como um manual técnico. A obra é subdividida em duas grandes partes. Uma tem por enfoque a gestão da produção, e a outra, a gestão da logística nas organizações modernas. No entanto, uma abordagem integrada faz que as partes se relacionem e, em conjunto, evidenciem a importância da gestão das operações. Gestão da Produção e Logística David Garcia Penof Edson Correia de Melo Org.: Nelson Ludovico @Saraivauni /Saraivauni LANÇAMENTO JÁ NAS LIVRARIAS www.saraivauni.com.br A Editora Saraiva tem um mundo de possibilidades em livros. São títulos de todas as áreas, 21com a marca da tradição e da qualidade Saraiva.

Na Prática por Marcos Yamamoto Administração hospitalar no rumo certo GETTY IMAGES Os profissionais de administração ganham mais importância na gestão dos sistemas de saúde 22

O brasileiro gasta cada vez mais com a saúde. De acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto de pesquisa Data Popular, os gastos da família brasileira com a saúde aumentaram 54% em uma década. As despesas totalizaram 110 bilhões de reais em 2002 e chegaram a 169 bilhões de reais no ano passado. Tal indicador reflete mais que o fortalecimento do setor na sociedade, também reforça a necessidade de liderança, controle, transparência, planejamento e estratégia em hospitais, laboratórios, clínicas, órgãos regulatórios, indústrias e em todos os processos ligados ao cliente final, o paciente. A natureza assistencial do setor exige não apenas atenção às novas tecnologias, mas o desenvolvimento de serviços mais humanizados, mais eficientes e menos traumáticos aos pacientes. Assim, o papel do gestor, na inovação do setor de saúde, está intimamente relacionado à obtenção de uma visão ampliada e atualizada sobre os principais movimentos dos participantes da cadeia de valor do setor, com foco em melhorias para o cliente final, tais como otimização de qualidade assistencial, acesso, produtividade e controle de custos, afirma André Cascardo Toledo, gerente sênior de Estratégia e Novos Negócios do Grupo Fleury Medicina e Saúde. Neste mês, junto com as comemorações do Dia Nacional do Administrador Hospitalar, em 14 de julho, a RAP apresenta o cenário do profissional da saúde que transforma a gestão eficaz e transparente em uma ferramenta capaz de salvar vidas e melhorar o bem estar da população. Profissionalização Existem mais de 250 mil serviços públicos e privados cadastrados no Ministério da Saúde. Por integrar um segmento muito importante para a economia do país, todos eles deveriam ser geridos por um profissional com conhecimento em gestão de saúde, analisa o administrador Paulo Roberto Segatelli Câmara, presidente da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares, entidade focada no desenvolvimento do profissional de gestão do setor. Segundo ele, a realidade já se mostra mais próxima do ideal. Tivemos grandes avanços nos últimos 30 anos, quando não tínhamos muitos profissionais administradores na área. Atualmente, cerca de 55% dos principais hospitais filantrópicos do país são conduzidos por um profissional formado em Administração Hospitalar ou Administração de Empresas, relata. Gargalos E não faltam problemas a solucionar. Pesquisa do CNI-Ibope apontou que 66% dos brasileiros se dizem insatisfeitos com as políticas no setor. Relatório do Ministério da Saúde mostra que, em todo o território nacional, existem cerca de 32 mil leitos para a internação de pessoas com transtornos mentais e psiquiátricos graves, sendo que, se cumpríssemos a recomendação da Organização Mundial da Saúde, teríamos que contar com 950 mil leitos. A Administração da Associação Nacional de Hospitais Privados revela um outro gargalo do sistema de saúde, a insatisfação com a falta ou insuficiência de informações nos serviços de triagem e a demora no tempo de espera nos prontos-atendimentos. As redes hospitalares não cresceram na mesma medida que os planos de saúde, explica Francisco Balestrin, presidente da Anahp. Mesmo com os cuidados que os hospitais tiveram com o crescimento da demanda e com a qualidade do atendimento, ainda Toledo: "A natureza do nosso trabalho exige serviços mais humanizados" DIVULGAÇÃO 23

Na Prática GETTY IMAGES MERCADO DE TRABALHO O administrador hospitalar pode atuar em cargos de gestão em hospitais, clínicas, prontos-socorros, centros, postos e unidades básicas de saúde, unidades de apoio e terapia, consultórios, serviços de atendimento domiciliar (home care), centros de atenção em hemoterapia/hematologia, centros de atenção psicossocial, centros de apoio à saúde da família, saúde suplementar, centrais de regulação e secretarias de saúde. Além disso, ainda tem a possibilidade de empreender seu próprio negócio na área da saúde, na organização e gerenciamento de hospitais, clínicas e laboratórios. Modelos de Negócios na Área da Saúde Serviços de Assistência e Apoio ao Paciente Gestão de Contratos e Convênios Gestão da Qualidade e Programas de Acreditação Gestão de Políticas e Sistemas de Saúde Marketing de Serviços Hospitalares Fonte: Centro São Camilo e Guia do Estudante há o que fazer para garantir índices de satisfação maiores. De fato, a gestão do setor passa por um processo de profissionalização de seus processos e de maior preocupação com a qualidade. A Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou em abril um projeto de submeter os prestadores de serviços médicos, públicos e privados, a um processo periódico de avaliação e certificação de qualidade a fim de assegurar um padrão internacional de transparência e profissionalismo. No mesmo mês, a Agência Nacional de Saúde Suplementar determinou que as operadoras de planos de saúde devem criar ouvidorias vinculadas às suas estruturas. A expectativa é que o funcionamento regular dessas estruturas gere subsídios para melhoria de processos de trabalho nas operadoras, em especial no que diz respeito ao relacionamento com o público, e na racionalização do fluxo de demandas encaminhadas à ANS. Nesse contexto, quem possui formação acadêmica em administração encontra na área de saúde um mercado consolidado, em expansão e de evidente interesse da sociedade, com a atuação regulamentada pelo Sistema CFA/CRAs. As empresas estrangeiras passaram a ter maior interesse no setor e as nacionais também conseguiram condições de influenciar mercados externos, tornando o cenário ainda mais interessante para administradores profissionais. Atualmente, as grandes empresas do setor de saúde atraem profissionais disputados pelo mercado de trabalho, em condições semelhantes a setores tradicionais em ofertas a executivos, como em bens de consumo, por exemplo. Além de demandarem profissionais competentes em áreas de suporte como finanças, marketing, Câmara: "55% dos principais hospitais filantrópicos são conduzidos por administradores" 24 DIVULGAÇÃO

Coordenador de Administração Hospitalar 4.882,25 Supervisor de Administração Hospitalar 3.765,36 Analista de Administração Hospitalar Sênior 2.866,64 Farmacêutico Hospitalar 2.784,15 Analista de Administração Hospitalar Pleno 2.744,73 REMUNERAÇÃO CONFIRA A MÉDIA DE SALÁRIOS DOS ADMINISTRADORES HOSPITALARES (R) Diretor de Administração Hospitalar 19.399,18 Gerente de Administração Hospitalar 8.089,52 Administrador Hospitalar 6.989,99 Analista de Administração Hospitalar Júnior 1.940,06 Assistente de Administração Hospitalar 1.444,32 Auxiliar de Administração Hospitalar 1.189,88 Atendente Hospitalar 998,16 Estagiário de Administração Hospitalar 557,12 TI e suprimentos, as empresas do segmento de saúde também têm o desafio de atraírem profissionais conhecedores de ferramentas de gestão modernas, explica Toledo, do Grupo Fleury, empresa que adota as práticas Fonte: Catho Online de Governança Corporativa com a adesão ao Novo Mercado da BM&FBovespa, em 2009, e obteve prêmios de gestão como o Guia Exame de Sustentabilidade 2012 e o Prêmio de Qualidade no Atendimento, entre outros. Ação conjunta O caminho do fortalecimento dos sistemas de saúde passa também pela adequação dos expertises dos profissionais de saúde e os de gestão. Os médicos possuem seus conhecimentos específicos, muitas vezes com alta qualificação, mas é muito difícil tocar um negócio sem um conhecimento gerencial e generalista, características mais próximas dos administradores, explica o administrador Edison Aurélio da Silva, coordenador do MBA em Gestão Hospitalar e Sistemas de Saúde do Grupo Oswaldo Cruz. É importante que o médico atue ao lado do administrador, já que propiciamos condições para a pesquisa, o desenvolvimento e utilização de tecnologias, junto com a mensuração dos resultados, argumenta a administradora Solange Amora Aliandro, coordenadora do Grupo de Excelência de Administração em Saúde do CRA-SP. Tal foco no profissionalismo beneficia outro campo essencial no progresso do país, a maior quantidade de trabalhos científicos preocupados em compreender e conciliar as questões médicas com as de administração. Percebo a ocorrência de muitas produções sobre a gestão em saúde nos aspectos financeiros, logística, recursos humanos em aspectos como liderança, motivação de times heterogêneos e também a relação das éticas médica, empresarial e profissional, como, por exemplo, o dilema da economia de custos com a manutenção e aprimoramento da qualidade no atendimento. São questões importantes no debate pela melhoria da saúde no Brasil e para torná-la globalizada, afirma Aurélio. 25