HIBISCO E O PROCESSO DE EMAGRECIMENTO: UMA REVISÃO DA LITERATURA



Documentos relacionados
EXERCÍCIO E DIABETES

Confira a lista dos 25 melhores alimentos para emagrecer:

5 Alimentos que Queimam Gordura IMPRIMIR PARA UMA MAIS FÁCIL CONSULTA

Aumentar o Consumo dos Hortofrutícolas

Coração Saudável! melhor dele?

Saúde da mulher em idade fértil e de crianças com até 5 anos de idade dados da PNDS 2006

Coach Marcelo Ruas Relatório Grátis do Programa 10 Semanas para Barriga Tanquinho

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

Biomassa de Banana Verde Integral- BBVI

ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR PRESENCIAL

24 Alimentos para Combater a CELULITE

REGISTRO: Isento de Registro no M.S. conforme Resolução RDC n 27/10. CÓDIGO DE BARRAS N : (Frutas vermelhas) (Abacaxi)

RESUMOS SIMPLES...156

azul NOVEMBRO azul Saúde também é coisa de homem. Doenças Cardiovasculares (DCV)

O CENÁRIO As 3 Epidemias: Aterosclerose. Depressão. Neurose

Azul. Novembro. cosbem. Mergulhe nessa onda! A cor da coragem é azul. Mês de Conscientização, Preveção e Combate ao Câncer De Próstata.

MITOS E VERDADES SOBRE ALIMENTOS E SAÚDE

Yerba mate extrato EXTRATO DE MATE PADRONIZADO CAFEÍNA POLIFENÓIS TEOBROMINA

ENFRENTAMENTO DA OBESIDADE ABORDAGEM TERAPÊUTICA

DOENÇAS CARDÍACAS NA INSUFICIÊNCIA RENAL

AÇÕES EDUCATIVAS COM UNIVERSITÁRIOS SOBRE FATORES DE RISCO PARA SÍNDROME METABÓLICA

Os esportistas estão sujeitos a algumas condições que podem ser prevenidas e aliviadas com as frutas

Eliane Petean Arena Nutricionista - CRN Rua Conselheiro Antônio Prado 9-29 Higienópolis Bauru - SP Telefone : (14)

Que tipos de Diabetes existem?

Hipert r en e são ã A rteri r a i l

Alimentos para limpar as artérias e prevenir a aterosclerose

ANÁLISE DAS LANCHEIRAS DE PRÉ-ESCOLARES¹ BOEIRA,

Saiba quais são os diferentes tipos de diabetes

Histórico. O Outubro Rosaéum movimento popular dedicado a alertar as mulheres para a importância da prevenção e da detecção precoce do câncer de mama.

RELATÓRIO PARA A. SOCIEDADE informações sobre recomendações de incorporação de medicamentos e outras tecnologias no SUS

Chá Verde. 25 Razões para começar a tomar agora mesmo. Hacer click para continuar

VI CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM DIABETES DIETOTERAPIA ACADÊMICA LIGA DE DIABETES ÂNGELA MENDONÇA

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CARNE. Profª Sandra Carvalho

10º Congreso Argentino y 5º Latinoamericano de Educación Física y Ciencias

UMA VIDA MAIS SAUDÁVEL PEDE AUTOCONHECIMENTO. PAINEL GENÔMICO DE NUTRIÇÃO E RESPOSTA AO EXERCÍCIO

Élsio Paiva Nº 11 Rui Gomes Nº 20 Tiago Santos Nº21. Disciplina : Área de Projecto Professora : Sandra Vitória Escola Básica e Secundária de Fajões

GOMAGEM CORPORAL COM BANHO DE ÁGUA TERMAL SULFUROSA

VALOR NUTRITIVO E COMPOSIÇÃO FITOQUÍMICA DE VARIEDADES DE MAÇÃ DE ALCOBAÇA

Abra as portas da sua empresa para a saúde entrar. Programa Viva Melhor

Entendendo a lipodistrofia

Ômega 3: a gordura aliada do cérebro e do coração

Autores: Cristina Somariva Leandro Jacson Schacht. SESI Serviço Social da Indústria Cidade: Concórdia Estado: Santa Catarina 27/10/2015

4. Câncer no Estado do Paraná

à diabetes? As complicações resultam da de açúcar no sangue. São frequentes e graves podendo (hiperglicemia).

Julia Hoçoya Sassaki

07 Sucos Para Sua Dieta

HIPERTENSÃO ARTERIAL Que conseqüências a pressão alta pode trazer? O que é hipertensão arterial ou pressão alta?

HIPERTENSÃO ARTERIAL

Congresso do Desporto Desporto, Saúde e Segurança

Ingredientes: Óleo de castanha do pará e vitamina E. Cápsula: gelatina (gelificante) e glicerina (umectante).

COMPLETE R. Redução da Celulite. Informações Técnicas

APRENDER A APRENDER EDUCAÇÃO FÍSICA DINÂMICA LOCAL INTERATIVA CONTEÚDO E HABILIDADES HOJE EU APRENDI. AULA: 5.2 Conteúdo: Atividade Física e Saúde

Programa Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) Campanha de Prevenção e Controle de Hipertensão e Diabetes

A SAÚDE DO OBESO Equipe CETOM

O que é O que é. colesterol?

Colesterol O que é Isso? Trabalhamos pela vida

DIABETES MELLITUS. Ricardo Rodrigues Cardoso Educação Física e Ciências do DesportoPUC-RS

PREFEITURA MUNICIPAL DE CHOPINZINHO PR SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE GESTÃO

Panorama Nutricional da População da América Latina, Europa e Brasil. Maria Rita Marques de Oliveira

Ingredientes: Óleo de açaí e vitamina E. Cápsula: gelatina (gelificante) e glicerina (umectante).

Nutrientes. E suas funções no organismo humano

1. O que é gordura trans?

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE MENINAS DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO Uyeda, Mari*

Nestas últimas aulas irei abordar acerca das vitaminas. Acompanhe!

Convivendo bem com a doença renal. Guia de Nutrição e Diabetes Você é capaz, alimente-se bem!

O resultado de uma boa causa. Apresentação de resultados da campanha pela Obesidade do programa Saúde mais Próxima

Comunicado 08/ ALIMENTAÇÃO NÃO DÁ CANCER

Tipos de Diabetes e 10 Super Alimentos Para Controlar a Diabetes

Jornada. primeiros. dias. de vida. Passaporte

Rua Antônia Lara de Resende, 325 Centro CEP: Fone: (0xx32) / 2151 Fax: (0xx32)

Conheça 30 superalimentos para mulheres Dom, 02 de Dezembro de :28 - Última atualização Dom, 02 de Dezembro de :35

PROMOVENDO A REEDUCAÇÃO ALIMENTAR EM ESCOLAS NOS MUNICÍPIOS DE UBÁ E TOCANTINS-MG RESUMO

Obesidade Infantil. O que é a obesidade

Jornal Especial Fevereiro 2013


Intestino delgado. Intestino grosso (cólon)

NUTRIÇÃO DE GATOS. DUTRA, Lara S. 1 ; CENTENARO, Vanessa B. 2 ; ARALDI, Daniele Furian 3. Palavras-chave: Nutrição. Gatos. Alimentação.

Conheça o lado bom e o lado ruim desse assunto. Colesterol

Menos calorias com alimentação termogenica

Este nível de insulina baixo também o ajuda a controlar a sua fome pois é o nível de insulina que diz ao seu cérebro que está na hora de comer.

O QUE SÃO ALIMENTOS FUNCIONAIS?

O que é diabetes mellitus tipo 2?

Alimentos de Soja - Uma Fonte de Proteína de Alta Qualidade

DOSSIER INFORMATIVO ANTIOXIDANTES

Conheça mais sobre. Diabetes

PNAD - Segurança Alimentar Insegurança alimentar diminui, mas ainda atinge 30,2% dos domicílios brasileiros

Prevalência, Conhecimento, Tratamento e Controle da Hipertensão em Adultos dos Estados Unidos, 1999 a 2004.

Diminua seu tempo total de treino e queime mais gordura

Saúde e Desporto. Manuel Teixeira Veríssimo Hospitais da Universidade de Coimbra. Relação do Desporto com a Saúde

NUTRIÇÃO INFANTIL E AS CONSEQUENCIAS NOS CICLOS DA VIDA. Profª Ms. Ana Carolina L. Ottoni Gothardo

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DE DEFESA DA SAÚDE CESAU

ÓLEO DE CHIA REGISTRO:

Ficha Informativa da Área dos Conhecimentos

Incorporação da curvas de crescimento da Organização Mundial da Saúde de 2006 e 2007 no SISVAN

Cefaleia crónica diária

Campanha da Rede Asbran alerta este mês sobre consumo de açúcar

VIVER BEM OS RINS DO SEU FABRÍCIO AGENOR DOENÇAS RENAIS

JUSTIFICATIVA OBJETIV OS:

Transcrição:

HIBISCO E O PROCESSO DE EMAGRECIMENTO: UMA REVISÃO DA LITERATURA UYEDA, Mari RESUMO O hibisco ( Hibiscus sabdariffa) é uma flor e seu chá é rico em substâncias antioxidantes como os flavonoides e ácidos orgânicos que contribuem ativamente para a saúde e está sendo utilizado no auxílio do processo de emagreciemto. Esse trabalho teve como objetivo realizar avaliação de mulheres adultas consideradas acima do peso antes da introdução do chá de hibisco na sua alimentação diária, durante o tratamento com o chá associado a massagem redutora e modeladora e, após 15 semanas de tratamento. Palavras-chave: Hibisco, Emagrecimento, Antioxidante 82

1 INTRODUÇÃO Desde a pré-história, as plantas têm sido utilizadas como produtos terapêuticos. O chá é utilizado por infusão, que é a forma mais popular dos diferentes produtos de origem vegetal. Conhecido popularmente como vinagreira, rosela, caruru-azedo, azedinha, caruru-da-guiné, azedada-guiné, quiabo-azedo, quiabo-róseo, quiabo-roxo, rosela, rosélia, groselha, quiabo-deangola, groselheira6, o hibisco é uma espécie vegetal da família Malvaceae, proveniente da África Oriental (Martins et al, 1994), e foi introduzido no Brasil pelos escravos (Panizza, 1997) Existem dados que dão suporte à idéia de que beber chá de hibisco em quantidades prontamente incorporadas à dieta pode desempenhar papel no controle da pressão sanguínea e auxiliar no emagrecimento devido ao grande poder antioxidante dessa planta. Nos últimos anos, um grande interesse no estudo de compostos bioativos e de antioxidantes tem ocorrido devido, principalmente, às descobertas sobre o efeito indesejável dos radicais livres e outros agentes oxidantes no organismo (Pinheiro, 2002). Estes nutrientes proporcionam diversos efeitos benéficos, entre eles, a ação diurética, impedindo a retenção de líquidos e a capacidade de evitar o acúmulo de gorduras, principalmente na região abdominal e quadril (Akindahunsi, Olaleye, 2003). Este último ocorre porque o chá reduz a adipogênese, processo no qual ocorre a maturação de células pré adipócitas que se convertem em adipócitos maduros, capazes de acumular gordura no corpo. Outros estudos apontam que alguns flavonoides presentes na bebida possuem um efeito cardioprotetor e vasodilatador. Assim, as substâncias ajudam a aumentar o HDL c e diminuir o LDL c, triglicerídeos e pressão arterial (Embrapa, 2011). O cálice da flor utilizado para elaborar o chá de hibisco é rico em vitamina B2 (riboflavina), que auxilia na saúde da pele, ossos e cabelos, e a vitamina B1 (tiamina), contém polissacarídeos em boas quantidades, açúcares como a glicose e a frutose, além de ser rico em cálcio, magnésio, niacina, riboflavina, ferro, ácidos como o tartárico, succínico, málico, oxálico, cítrico, além de quantidade significativa de fibras alimentares Todas vitaminas pertencentes ao complexo B ajudam na captação de energia nas células, principalmente ao auxiliar no metabolismo do oxigênio e da glicose (Embrapa, 2011). O chá ainda possui boas quantidades de ferro, que atua no transporte de oxigênio no organismo e previne problemas como anemia, dor de cabeça e cansaço. A vitamina A, é necessária para a visão, sistema imunológico, pele e saúde óssea, e a vitamina C, que protege o organismo contra a baixa imunidade, doenças cardiovasculares, doenças relacionadas à visão e até envelhecimento da pele. 83

Alguns componentes antioxidantes foram encontrados no cálice de Hibiscus sabdariffa L, como as antocianinas delfinidina 3-xilosilglucosídio, cianidina 3-xilosilglucosídio, cianidina 3- glicosídeo e a delfinidina 3-glicosídeo. A hibiscetina, sabdaretina, gossipetina, quercetina, ácido ascórbico (teores mais elevados do que na laranja e na manga), ácido protocateico e taninos, também foram identificados e sugeridos como possíveis substâncias responsáveis pelas atividades benéficas à saúde (Brummitt, 1992). Os Benefícios do Chá de Hibisco: Evita o acúmulo de gordura: Pesquisas concluem que o chá de hibisco é capaz de reduzir a adipogênese. Este processo consiste na maturação celular no qual as células préadipócitas se convertem em adipócitos maduros capazes de acumular gordura no corpo. Ao diminuir este processo, o chá de hibisco contribui para que menos gordura fique acumulada na região do abdômen e nos quadris. Ainda não está claro qual é a substância presente na bebida que é responsável pelo benefício. Porém, acredita-se que a ação antioxidantes dos flavonoides antocianina e quercetina contribuem para reduzir o depósito de gordura. Ação diurética: O chá de hibisco tem efeito diurético, por isso é um aliado para evitar a retenção de líquidos. Estudos observaram que o flavonoide quercetina presente na bebida é um dos nutrientes que ajuda a proporcionar esta ação. Outras pesquisas concluem que o chá age na aldosterona, hormônio secretado pelas suprarrenais que regulam o balanço eletrolítico do organismo favorecendo a ação diurética. Ainda não foram identificados quais os nutrientes que proporcionam o benefício. Controla o colesterol: Estudos concluiram que o consumo do chá de hibisco contribui para a diminuição do colesterol ruim, LDL, e aumento do colesterol bom, HDL. A bebida diminuiu o colesterol LDL em 8% e aumentou o HDL em 16,7%. Comparando o chá de hibisco com o chá preto e observou que o primeiro é mais eficiente para o combate do colesterol do que o segundo. Isto porque o preto apenas aumentou o HDL, mas diminuiu o LDL. O chá de hibisco é tão interessante para pessoas que possuem problemas com os níveis de colesterol por ser rica em substâncias com ação antioxidante. Controla a pressão arterial: Estudos concluem que o chá de hibisco ajuda a baixar a pressão arterial. Os estúdios mostram que alguns flavonoides presentes na bebida proporcionariam este benefício ao diminuir uma enzima que atua sobre a pressão arterial. Bom para o cérebro: O chá de hibisco conta com boas quantidades de vitaminas B1 e B2. Todas as vitaminas pertencentes ao complexo B ajudam o nosso corpo na captação de 84

energia nas células, principalmente ao auxiliar no metabolismo do oxigênio e da glicose, as principais fontes de combustível celular. A B1, ainda por cima, tem essa ação principalmente nos neurônios, células que formam nosso cérebro. Obesidade: A obesidade é um distúrbio do estado nutricional que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, sendo um resultado do desequilíbrio prolongado do balanço energético (quanto maior o balanço energético, maiores são as chances de se desenvolver a obesidade). Tem sua etiologia envolvendo uma diversidade de fatores genéticos, biológicos, ambientais e de estilo de vida, entre outros. Com relação à sua repercussão para a saúde, também são inúmeras como fator de risco para uma série de enfermidades ou agravos, que podem surgir desde cedo, na infância ou adolescência (Francischi et al, 2000; Costa et al, 2002; Mello et al, 2004; Mendonça e Anjos, 2004). Esse problema tem aumentado consideravelmente com as mudanças ocorridas no tipo de dieta e estilo de vida adotado pela população contemporânea. Uma das suas conseqüências é o desenvolvimento de alimentos modificados, que prometem não influenciar no ganho de peso, e de medicamentos produzidos com a finalidade de diminuí-lo. A obesidade caracteriza-se por uma elevada concentração de gordura corporal em relação à massa muscular. É considerada uma doença metabólica crônica, associada a fatores genéticos e ambientais. O Índice de Massa Corporal (IMC) tem sido usado internacionalmente para o diagnóstico de sobrepeso e obesidade, sendo obtido através da divisão do peso em quilogramas pela estatura em metros ao quadrado. Independente do gênero ou da idade, adultos que apresentam IMC igual ou superior a 25 Kg/m² ou 30 Kg/m² é considerado com sobrepeso ou obeso, respectivamente (Abrantes et al, 2002; Costa et al, 2002; Oliveira et al, 2003). Além do IMC, a razão entre as circunferências da cintura e do quadril é também usado na avaliação da obesidade, permitindo classificá-la, quanto a sua localização ou distribuição da gordura, em: obesidade na forma ginóide (pêra), localizada na região inferior ou do quadril, com prevalência maior em mulheres; e a obesidade andróide (maçã ou visceral), localizada na região central ou abdominal, com maiores proporções entre os homens (Coca, 2002; Pinheiro et al, 2004). O tratamento da obesidade deve ser cuidadoso e responsável em respeito à ocorrência de complicações. Seu principal objetivo é a redução da gordura corporal, exigindo-se o estabelecimento de balanço energético negativo. Os principais métodos utilizados são a adequação alimentar e o estímulo à atividade física, que também podem associar -se ao apoio 85

psicológico. Outros recursos incluem o uso de fármacos e as intervenções cirúrgicas. No entanto, os métodos terapêuticos disponíveis ainda são considerados limitados e com baixos índices de sucesso, o que credencia a prevenção como o melhor recurso para o combate e tratamento da obesidade. Além disso, há registros de efeitos adversos relacionados a determinados tratamentos e circunstâncias (Coca, 2002; Costa et al, 2002; Damiani, Damiani e Oliveira, 2002). Desde a década de 60 do último século, tem ocorrido um aumento na prevalência de obesidade nas populações em geral, um fato que se correlaciona com o aumento da taxa de óbitos por doenças cardiovasculares e por câncer. Há indícios de que países que emergem da pobreza possuem uma tendência crescente à obesidade. Nas últimas duas décadas, tem sido apontada uma interação entre nível educacional, local de residência (rural ou urbana) e nível sócio-econômico com a ocorrência da obesidade (Damiani, Damiani e Oliveira, 2002). Francischi et al (2000) estimaram que 10% da população dos países desenvolvidos e mais de um terço da população norte-americana estejam acima do peso desejável, já que a incidência da obesidade está aumentando em todo o mundo. Todavia, nos países da África e da Ásia, este problema ainda não é tão comum, com prevalência mais elevada na população urbana em relação à rural, segundo Pinheiro, Freitas e Corso (2004). No Brasil, os resultados de estudos diversos têm demonstrado uma diminuição da desnutrição e o aumento da obesidade em diferentes segmentos etários, com destaque para o aumento da freqüência desse evento em indivíduos considerados de baixa renda (Monteiro e colaboradores, 1995, citado por Francischi e colaboradores, 2000). De acordo com a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN), realizada em 1989, 32% dos adultos brasileiros tinham excesso de peso. Destes, 8% eram obesos, sendo que as mulheres representavam 70% dessa prevalência (Pinheiro et al, 2004). 2 MATERIAIS E MÉTODOS O presente estudo foi uma revisão da literatura existente afim de definir quais métodos são aplicados para verificar a interferência do chá de hibisco como um auxílio no processo de emagrecimento na população do Brasil como um todo. Segundo Balbachas (1963), a ciência terapêutica data da remota antiguidade. Assim que começaram a aparecer enfermidades, o homem passou a combatê-las com o poder curativo das plantas. Estas foram os primeiros remédios utilizados pelo homem, onde todas as doenças possuem cura através das plantas, mas muitas delas ainda não foram descobertas. Além disso, os produtos químicos não podem 86

ser considerados remédios, mas sim as plantas, já que elas curam e purificam o corpo. O hibisco é indicado para facilitar a digestão e a função intestinal. É usado, também, como diurético suave, em curas de emagrecimento, contra ansiedade, insônia, resfriados e gripes, hipertensão, varizes e fragilidade capilar. Um estudo realizado com adolescentes brasileiros mostrou que mais de 54% dos alunos estavam insatisfeitos com o seu peso por conta de estarem acima do seu peso. Desta maneira, verifica-se a necessidade de uma abordagem mais profunda sobre os benefícios do chá de hibisco associado ao processo de emagrecimento, assim como a redução da pressão arterial, diminuição do colesterol circulante, bem como dos triglicerídeos. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos através da análise criteriosa dos artigos estudados mostraram que o uso de chás como auxiliadores no processo de emagrecimento está presente em cerca de mais de 8% da população estudada, como mostra o gráfico abaixo. Gráfico 01: Distribuição dos tipos de tratamentos utilizados no processo de emagrecimento Ainda segundo estudos podemos verificar que muitas mulheres acima de 30 anos consomem chás como forma de tratamento no combate ao sobrepeso ou obesidade, como mostra a tabela 01. 87

Tabela 01: Distribuição das formas de tratamento no combate ao sobrepeso ou obesidade em mulheres acima de 30 anos Tipo de chá Nº % Sene 06 25% Verde 06 25% Hibisco 03 12,5% 7 ervas 02 8,33% Quebra pedra 02 8,33% Preto 01 4,17% Chá emagrecedor 01 4,17% Jamelão 01 4,17% Bugre 01 4,17% Carqueja 01 4,17% Total 24 100% 4 CONCLUSÃO Com esse estudo pude verificar que a porcentagem de adolescentes que fazem uso de chás para combater o sobrepeso ou a obesidade ainda nãoé tão elevado visto a outras formas de tratamento existentes, mas com relação às mulheres acima de 30 anos, a porcentagem que faz uso de chás, principalmente o de Hibisco passa a ser acima de 12%, estando em terceiro lugar como medida de tratamento. Desta maneira, verifica-se a importância em se realizar estudos mais profundos com relação a eficiência do chá de hibisco como antioxidante em redução de vários níveis, assim como orientar mulheres para o uso correto da flor que dá origem ao chá de hibisco. 88

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abrantes, M.M.; lamounier, J.A.; colosimo, E.A. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes das regiões sudeste e nordeste. Jornal de Pediatria, V.78, N.4, P.335-340, 2002. Akindahunsi, A. A., Olaleye, M. T. Toxicological investigation of aqueousmethanolic extract of the calyces of hibiscus sabdariffa l. Journal of ethnopharmacology 89, 161 164p. 2003 Balbachas, A. As Plantas Curam. São Paulo. Ed. Missionária 1ed. 1963. Brummitt, R. K. Vascular plant families and genera. Kew: Royal Botanic Gardens, 1992. 804 p. Coca, F.D.C. Obesidade. Revista qualidade em Alimentação Nutrição, São Paulo, n.12, p.18-19, abr. 2002. Costa, M.C.O.; Leão, I.S.C.S.; Werutsky, C.A. Obesidade. In: Costa, M.C.O.E.; Souza, R.P. de (org.). Adolescência: Aspectos Clínicos e Psicossociais. Porto Alegre: Artmed, 2002, cap.4, p.45-58. Damiani, D.; Damiani, D.; Oliveira, R.G. DE. Obesidade Fatores Genéticos ou Ambientais? Pediatria Moderna, v.38, n.3, p.57-79, mar. 2002. Embrapa clima temperado: hibisco: do uso ornamental ao medicinal disponível em: <http://www.embrapa.com.br>. Acesso em 09 ago. 2015. 89

Francischi, R.P.P.; et al. Obesidade: atualização sobre sua etiologia, morbidade e tratamento. Rev. Nutr., v.13, n.1, p.17-26, jan./abr. 2000. Martins ER, Castro DM, Castellano DC, Dias JE. Plantas medicinais. Viçosa (MG): Universidade Federal de Viçosa; 1994. Mello, E.D. de; Luft, V.C.; Meyer, F. Obesidade infantil: como podemos ser eficazes? Jornal de Pediatria, v.80, n.3, p.173182, maio/jun. 2004. Mendonça, C.P.; Anjos, L.A. dos. Aspectos das práticas alimentares e da atividade física como determinantes do crescimento do sobrepeso/obesidade no Brasil. Cad. Saúde pública, v.20, n.3, p.698-709, maio/jun. 2004 Oliveira, A.M.A. de; Cerqueira, e. De M.M.; Oliveira, A.C. de. Prevalência de sobrepeso e obesidade infantil na cidade de feira de santana-ba: detecção na família x diagnóstico clínico. Jornal de pediatria, v.79, n.4, p.325-28, 2003. Panizza S. Plantas que curam: cheiro de mato. 2. ed. São Paulo (SP): IBRASA; 1997. Pinheiro, C. U. B. Extrativismo, cultivo e privatização do jaborandi (pilocarpusn microphyllus stapf ex holm; rutaceae) no maranhão, Brasil. Acta bot. Bras., v. 16, n. 2, 141-150, 2002. Pinheiro, A.R. de O.; Freitas, S.F.T. de; Corso, A.C.T. Uma abordagem epidemiológica da obesidade. Rev. Nutr., v.17, n.4, p.523-533, out./dez. 2004. 90