IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO USO IRREGULAR DE DEJETOS DE SUÍNOS NO SOLO Rodrigo de Almeida Silva (1) ; Rita Maria de Souza (2) ; Érica Nacif Rufino Vieira (3) ; (1) Graduando do curso de Gestão Ambiental, Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Viçosa, MG, CEP: 36570-000, eg42681@yahoo.com.br; (2) Graduanda do curso de Gestão Ambiental, Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Viçosa, MG, CEP: 36570-000, rsouza136@hotmail.com; (3) Professora do Curso de Gestão Ambiental, Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Viçosa, MG, CEP: 36570-000, ericanrv@yahoo.com.br. Resumo A suinocultura norte-americana destaca-se no contexto mundial pelo desenvolvimento e aplicação de tecnologias para otimizar a cadeia produtiva da suinocultura, porém enfrenta o mesmo problema de suinocultores de outros países, em relação à questão do descarte e acúmulo excessivo dos dejetos dos suínos em suas instalações. Este fato ocorre devido à adoção de práticas irregulares para descarte desses resíduos. Podemos citar como exemplo o uso direto destes dejetos no solo, sem qualquer tratamento. Este estudo tem por objetivo mostrar que os dejetos de suínos, mesmo contendo componentes químicos necessários e/ou benéficos para o solo, podem provocar grande impacto ambiental. O uso destes dejetos no solo deve ser realizado de forma adequada, mediante análise do solo e dos dejetos, considerando que o solo possui características físicas e químicas diferentes de um local para outro. É necessário que se faça um estudo detalhado do solo e também um tratamento dos dejetos antes que sejam utilizados nas lavouras. Palavras-chave: suinocultura norte-americana; resíduos sólidos e efluentes; contaminação do solo. Introdução Uma das atividades que se desenvolve cada vez mais é a suinocultura, por ser uma das carnes mais consumidas mundialmente, porém a atividade de suinocultura é considerada um dos grandes produtores de poluição, devido ao risco de contaminação do ar, solo e água. O problema crucial na criação de suínos reside no apreciável volume de dejetos produzido e na sustentabilidade da sua produção. O lançamento indiscriminado de dejetos não tratados em rios, lagos e no solo pode provocar diversas doenças (verminoses, alergias, hepatite), desconforto à população (proliferação de insetos e mau cheiro) e impactos no meio ambiente (morte de peixes e animais, toxicidade em plantas e eutrofização dos cursos d água) constituindo, dessa forma, um risco à sustentabilidade e expansão da suinocultura como atividade econômica (BLEY JUNIOR, 1997). Os dejetos de suínos são resíduos orgânicos constituídos de elementos químicos que, adicionados ao solo, podem fornecer nutrientes para o desenvolvimento de plantas, o que favorece a cultura de diversos alimentos, entre eles o milho (COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO RS/SC, 1995). O impacto ambiental ocasionado por estes dejetos é decorrente da utilização do insumo em grande quantidade, por um longo período de tempo, ocasionando excessivo 1
acúmulo de nutrientes no solo (BURTON, 1997) gerando, conseqüentemente, desequilíbrios químicos, físicos e biológicos no solo, além da poluição dos recursos hídricos (BLEY JUNIOR, 1997). Entende-se por impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais (CONAMA, 1986). Metodologia Este estudo foi realizado em uma fazenda no estado de Minnesota nos Estados Unidos (Figura 1), no período de abril de 2006 à novembro de 2008. A fazenda possui maternidade com 1.200 matrizes e 42 barracões de engorda, contendo 650 porcos cada unidade. A fazenda possui também 1.500 hectares de terras onde é plantado milho para fabricação de ração para alimentação dos suínos. Figura 1. Vista parcial da fazenda. Para obtenção das informações necessárias à realização do estudo, foram realizadas entrevistas com alguns funcionários da fazenda e visitas técnicas em áreas de plantio de milho, onde são utilizados os dejetos de suínos em períodos que variam entre 2 a 9 anos. Resultados e Discussão Os funcionários entrevistados relataram que em média são produzidos 21 milhões de litros de dejetos de suínos por ano. O descarte destes dejetos acumulados em grande quantidade nos barracões é utilizado como fertilizante agrícola, nas lavouras de milho sem qualquer tipo de tratamento. Como se pode observar na Figura 2, os dejetos são agitados dentro dos próprios barracões de suínos, depois retirados e colocados nos tanques (com capacidade para 21.600 litros) dos tratores (Case International, modelo 7240). Em seguida são lançados diretamente nas lavouras de milho, sem qualquer tipo de tratamento. Este processo já é realizado durante alguns anos. O trator ara o solo ao mesmo tempo em que irriga o solo com dejetos. A 2
coloração do solo torna-se muito escura, devido aos componentes químicos presentes nos dejetos. O odor é muito forte, principalmente próximo aos pontos de lançamento. Figura 2. Processo de destinação dos dejetos de suínos da fazenda. Os funcionários responsáveis pelo controle do plantio e colheita do milho relataram, que nas lavouras que recebem os dejetos há mais de 9 anos ocorreu uma diminuição no seu desenvolvimento. No início elas apresentavam grande desenvolvimento, mas, devido ao excesso de nutrientes no solo, é notório que comecem a sofrer as conseqüências, diminuindo 3
assim a sua qualidade e produtividade. Isto ocorre devido ao uso irregular dos dejetos lançados diretamente no solo (Figura 3). Figura 3. Lavoura de milho com 2 anos de plantio. Na área A, onde estão sendo utilizados dejetos de suínos há 2 anos, a quantidade de milho colhido foi em torno de 11.700 kg/ha e a altura em torno de 1,80 m, já na área B onde já se usam estes dejetos por aproximadamente 9 anos a média de milho colhido foi de 8.120 kg/ha, com altura de 0,70m, sendo que os dois solos possuem as mesmas características físicas e químicas (Figura 4). Figura 3. Lavoura de milho com 9 anos de plantio. Conclusão A solução para este problema seria, portanto, tratar os desejos a serem lançados ao solo, observando principalmente a concentração dos componentes químicos e físicos. Após este controle estes dejetos poderiam ser utilizados como fertilizantes nas lavouras de milho, pois os dejetos apresentam quantidades desproporcionais destes componentes, ao contrário 4
dos fertilizantes que possuem os componentes químicos e físicos necessários para cada tipo de solo e cultura, evitando assim um impacto ambiental do solo e recursos hídricos. Bibliografia BLEY JUNIOR, C. Instalações para tratamento de dejetos. In: Ciclo de Palestras sobre dejetos de Suínos, Manejo e Utilização do Sudeste Goiano, 1, 1997, Rio Verde. Anais... Rio Verde: Fundação do Ensino Superior de Rio Verde, ESUCARV. 1997. p. 48-68. BURTON, C.H. Manure management; treatment and strategies for sustainable agriculture. Wrest Park: Silsoe Research Institute, 1997. 181 p. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO-RS/SC. Recomendações de adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 3.ed. Passo Fundo: SBCS Núcleo Regional/Embrapa-CNPT, 1995. 223p. CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente. Legislação Ambiental, Resolução n 0 001, de 23 de janeiro de 1986. 5