A ORGANIZAÇÃO TEMPORAL EM ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL: REFLEXÕES INICIAIS.

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Transcrição:

A ORGANIZAÇÃO TEMPORAL EM ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL: REFLEXÕES INICIAIS. Mariana Natal Prieto. Faculdade de Filosofia e Ciência - UNESP/Marília. Elieuza Aparecida de Lima. Faculdade de Filosofia e Ciência - UNESP/Marília. Mariana Sampaio. Faculdade de Filosofia e Ciência - UNESP/Marília. Amanda Valiengo. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Campus JK - UFVJM/MG / Ana Laura Ribeiro da Silva. Faculdade de Filosofia e Ciência/ UNESP/Marília. mazinhaprieto@yahoo.com.br;aelislima@ig.com.br;sampaiom84@gmail.com; ducavaliengo@gmail.com; analaurars@gmail.com. Eixo Temático: Educação Infantil e Ensino Fundamental Resumo: Esta exposição retrata encaminhamentos de pesquisa de mestrado em andamento, com foco em questões da pequena infância de modo especial repensar a organização do tempo em Escolas de Educação Infantil (E.E.I.). Como objetivo central, nossa busca é identificar, sistematizar e analisar aspectos indicativos da organização do tempo em E.E.I.s municipais de uma cidade do interior paulista, focando os impactos dessa organização para o processo de humanização na infância. Para cumprir esse objetivo, serão realizadas ações investigativas bibliográficas e de campo. Temos como fundamentos científicos elaborações da Teoria Histórico-Cultural e de outros autores contemporâneos que possam contribuir com reflexões sobre a temática investigada. Além da pesquisa bibliográfica, haverá produção de dados por meio de entrevistas com cinco professoras de cinco turmas de período integral de crianças de três anos em diferentes Escolas Municipais de Educação Infantil e de sessões de observação em cada uma das turmas. Tais atividades têm como perspectiva confirmar ou refutar a hipótese de que a organização intencional e consciente do tempo na Escola de Educação Infantil pode contribuir efetivamente para expressões e aprendizagens das crianças e, consequentemente, para o seu pleno desenvolvimento psíquico. Palavras-chave: Educação, Educação Infantil, Organização do tempo. 1. Introdução Dentre os inúmeros focos possíveis quando pensamos a educação, a pesquisa ora em desenvolvimento volta-se para o tema: A organização do tempo em Instituições de Educação Infantil. O interesse por esse tema de pesquisa surgiu a partir de Bondioli (2004). Por meio desse livro, apropriamo-nos de detalhamentos de investigação realizada por um grupo de italianos que, após um seminário sobre os diversos tempos infantis, decidiu avaliar de que maneira esse tempo estava sendo distribuído em escolas dedicadas à infância. Essa literatura 1

específica sobre a temática motivou repensar a realidade de Escolas de Educação Infantil (E.E.I.), em especial aquelas que atendem crianças de até três anos de idade. A fim de cumprir o objetivo de identificar, sistematizar e analisar aspectos indicativos da organização do tempo em E.E.I.s municipais de uma cidade do interior paulista, focando os impactos dessa organização para o processo de humanização na infância, o estudo ora em desenvolvimento será realizado em três momentos, como uma investigação de tipo qualitativo, que considera o ambiente natural como fonte de produção de dados (ANDRÉ; LUDKE, 1986). Para tanto, inicialmente, contamos com levantamento bibliográfico e estudo teórico baseado em princípios da Teoria Histórico-Cultural e em outros pesquisadores que possam contribuir com a ampliação dos conhecimentos sobre o tema e, no conjunto, sistematizar fundamentos sobre os conceitos de criança, desenvolvimento infantil, atividade, aprendizagem, tempo na Educação Infantil. Para isso, serão consultadas fontes digitais, como o Catálogo Athenas da Universidade Estadual Paulista Unesp, o Catálago Dédalus da Universidade de São Paulo Usp, o Catálogo Acervus da Universidade de Campinas Unicamp e o Scielo (Brasil) tendo como referências livros e capítulos de livros, artigos, dissertações e teses. Posteriormente, em campo, haverá observação da rotina de cinco Escolas Municipais de Educação Infantil de Avaré (SP). Em cada escola, será observada uma turma de crianças na faixa etária de três anos de idade. De acordo com André e Ludke (1986), a observação é um dos instrumentos de produção de dados em pesquisas qualitativas, ao permitir ao observador uma proximidade maior com os sujeitos da investigação, o que contribui para novas descobertas sobre as hipóteses levantadas no estudo. O registro dessas observações será realizado em diário de campo. Em campo, além das observações, será realizada entrevista semiestruturada com as professoras de cada turma. Na compreensão de André e Ludke (1989), a entrevista proporciona um caráter de interação entre pesquisador e pesquisado o que garante uma melhor apreensão das informações que se deseja captar. Vale ressaltar que as observações e as entrevistas serão realizadas mediante autorização da escola e dos pais das crianças. O terceiro momento da pesquisa consiste em analisar os dados produzidos a partir dos subsídios teóricos escolhidos. 2. Desenvolvimento do tema 2

Como já comentado, a pesquisa ora em andamento tem como foco questões sobre a A organização do tempo em Escolas de Educação Infantil. De acordo com Bondioli (2004), no cotidiano infantil, em Escolas de Educação Infantil, existe uma pedagogia latente, uma pedagogia implícita que ensina muito às crianças e as ajuda em seu desenvolvimento, a qual se expressa já na organização do tempo. No entanto, em dependência dos tipos de relações que essas crianças estabelecem durante o período em que estão na escola, suas vivências podem ser negativas ou positivas ao seu desenvolvimento cultural amplo e harmônico. Isso significa que a maneira como se organizam as ações, o modo como o espaço é planejado para o desenvolvimento das atividades, o papel assumido por cada um (adulto e criança) e o tipo de direção dada às atividades desenvolvidas nesse período, constituem-se como elementos que farão do dia a dia na E.E.I. positivo ou não e propulsor ou não de aprendizagens que promovam o desenvolvimento amplo da personalidade e da inteligência das crianças desde que nascem. Refletir sobre a organização do tempo na E.E.I. implica, assim, pensar outras questões essenciais para uma organização temporal consciente e intencional. Dentre essas questões, refletir sobre o conceito desenvolvimento infantil é necessário, pois esse conceito, atrelado a outros, embasarão a prática dentro da instituição. Nessa perspectiva, a proposta de pesquisa toma por base os conceitos trazidos pela Teoria Histórico-Cultural e seus representantes e estudiosos. Nessa abordagem teórica, o desenvolvimento humano é histórico e social e se dá por meio das relações que o sujeito estabelece, desde o nascimento, com os outros e com o meio a seu redor. O homem não nasce dotado das aquisições históricas da humanidade. Resultando estas do desenvolvimento das gerações humanas, não são incorporadas nem nele, nem nas suas disposições naturais, mas no mundo que o rodeia, nas grandes obras da cultura humana. Só apropriando-se delas no decurso da sua vida ele adquire propriedades e faculdades verdadeiramente humanas. (LEONTIEV, 1978, p. 282). Pelo exposto, o sujeito vai adquirindo, no decorrer de sua vida, as capacidades que o farão homem. Dessa forma, parafraseando Leontiev (1978), podemos dizer que o homem não nasce homem, mas se torna homem ao se apropriar de objetos e outros elementos da cultura produzida pelas gerações anteriores e estabelecer relações com o outro. Nesse processo, ele se humaniza. Para os representantes da Teoria Histórico-Cultural, a educação é o pilar central 3

dessa construção, pois o desenvolvimento se dará a partir do momento que houver aprendizagens (MELLO, 2002). Embasados na ideia de que o desenvolvimento cultural do homem se dá mediante aprendizagens decorrentes da atividade humana, faz-se necessário oferecer a criança um ambiente rico em relações e atividades motivadoras para que seu desenvolvimento seja impulsionado e se dê da maneira mais harmônica e plena possível. Afinal esse ambiente traz estímulos implícitos, para os quais, muitas vezes, não damos valor. É necessário compreender que tudo o que está ao redor da criança, pessoas, objetos, relações, tudo a afeta. Posto que, atualmente, muitas crianças permanecem a maior parte do seu tempo nas Escolas de Educação Infantil, e com isso grande parte dos estímulos e relações necessárias ao seu desenvolvimento são dadas lá, é de grande importância discutirmos acerca da organização temporal nessas instituições. Na Educação Infantil, é possível destacar dois tempos. Segundo Bondioli (2004), existe o tempo institucional que é construído historicamente e determinado pela sociedade, e o tempo subjetivo que é individual da criança. A organização temporal na creche, todavia, não depende somente das exigências institucionais que, como tais, podem, em maior ou menor medida, contrapor-se as exigências individuais, mas constitui, talvez, um dispositivo de socialização e aprendizagem. (BONDIOLI, 2004 p. 44). A citação acima revela que, durante a organização do tempo na E.E.I., não deve se pensar somente no tempo institucional, mas, sobretudo, no tempo individual das crianças, o seu tempo de desenvolvimento e conhecimento do mundo. Na organização do tempo, é essencial que haja oportunidade para a criança agir e se apropriar de capacidades especificamente humanas tais como a atenção voluntária e a memória voluntária, por exemplo, com a garantia de que ela viva a infância como criança que é. Nesse sentido, ao vivenciar o tempo institucional, a criança deve ter a oportunidade de viver o seu tempo, no seu ritmo, que é único. Essa organização consciente do tempo está intimamente ligada com a concepção de criança existente dentro da E.E.I. Mello (2002, p. 1), em seu texto O espaço e a imagem da criança, assinala deforma pontual: [...] podemos conhecer as concepções das pessoas que trabalham nesses espaços: a concepção de criança, de processo de conhecimento, a importância que a criança tem nesse espaço, a importância que os pais merecem nessa instituição... tudo isso é perceptível a partir do olhar do espaço da creche [...] 4

Ainda nesse texto, Mello (2002) destaca a importância de a E.E.I. respeitar a história individual da criança e assim criar novos motivos para que ela se aproprie e desenvolva capacidades tipicamente humanas, continuando a escrever sua história dentro da instituição. Respeitando a história individual da criança esse espaço contribui para a apropriação e o desenvolvimento dessas capacidades. Como já comentado, a educação é a mola propulsora do desenvolvimento da inteligência e da personalidade de homens e mulheres. Com essa defesa, na E.E.I., o professor é o responsável por organizar o tempo institucional pensando em todos os momentos essenciais para um desenvolvimento cultural harmônico em qualquer nível da escolaridade, em especial em turmas de crianças pequenas. Em primeiro lugar, é fundamental que o professor, embasado na premissa de que a criança é sujeito ativo e capaz, planeje, organize e execute situações pedagógicas de forma intencional e conscientemente, possibilitando condições da realização de uma gestão de tempo que possa ser promotora de aprendizagens e, consequentemente, de um amplo desenvolvimento cultural na infância. Nesse sentido, fundamentado em conhecimentos sobre como se dá o desenvolvimento infantil, acercadas atividades principais possíveis de serem apropriadas e vivenciadas nos primeiros anos de vida, o professor tem possibilidades de criar situações motivadoras da apropriação de novas necessidades de conhecimento na criança dentro da E.E.I. Tendo consciência da criança como sujeito capaz e de como ela se desenvolve, o professor poderá pensar melhor sobre a organização e divisão do tempo na creche, do tipo de material oferecido e do tipo de atividades propostas com esses materiais nesses espaços. A função do adulto é de ser leitor das necessidades das crianças e organizador do contexto para garantir que este responda a necessidades das crianças (MELLO, 2002, p. 33). Essas proposições denotam que é preciso que o professor esteja atento a tudo o que acontece e o que favorece as aprendizagens e desenvolvimento na infância, em todos os momentos da rotina educativa. Essa atenção é necessária para que os momentos importantes para o desenvolvimento infantil sejam garantidos. Para ampliar essas discussões, outro ponto parece importante: o educador não está ao lado da criança para realizar as ações por ela, mas para oferecer a ela todas as possibilidades de explorar ativamente o mundo que a rodeia, fazendo, assim, as conexões necessárias para sua aprendizagem positiva e desenvolvimento: O educador não faz pela criança nem para criança, não é controlador, o vigia, mas mediador de sua experiência no mundo (MELLO, 2002). 5

Nessa perspectiva de organização do tempo e de concepção de criança e desenvolvimento, a presença do adulto e as relações que este estabelece com as crianças são essenciais. A intervenção intencional e consciente do professor em todos os momentos da Educação Infantil se faz necessária, considerando o diálogo e a escuta como elementos da prática pedagógica e da própria imagem de criança que a fundamenta. Embasados na ideia de que o desenvolvimento cultural do homem se dá mediante aprendizagens decorrentes da atividade humana, faz-se necessário oferecer a criança um ambiente rico em relações e atividades motivadoras para que seu desenvolvimento seja impulsionado e se dê da maneira mais harmônica e plena possível. Por este motivo a presença do adulto e as relações que ele estabelece com as crianças são essenciais. A intervenção intencional e consciente do professor em todos os momentos da Educação Infantil se faz necessária, considerando o diálogo e a escuta como elementos da prática pedagógica e da própria imagem de criança que a fundamenta. É preciso deixar a criança livre para que possa experimentar e experienciar o mundo a sua volta. Isso significa a proposição de situações, tempos, espaços e materiais provocadores de atividades motivadoras de aprendizagens e de um pleno desenvolvimento cultural da criança na E.E.I. Nesse processo educativo, a figura do professor é primordial e precisa ser continuamente repensada e debatida, por ser o profissional habilitado a, intencionalmente, planejar e desenvolver formas plenas de acesso à cultura mais elaborada, dentre as quais está a organização do tempo institucional e a atenção ao tempo da criança. 3. Resultados Em virtude de a pesquisa estar em andamento, os trabalhos já efetivados de revisão da literatura pertinente à área indicam que não há quantidades expressivas de trabalhos científicos com foco no tema. Para as buscas foram utilizadas fontes digitais, como o Catálogo Athenas da Universidade Estadual Paulista Unesp, o Catálago Dédalus da Universidade de São Paulo Usp, o Catálogo Acervus da Universidade de Campinas Unicamp e o Scielo (Brasil) tendo como referências livros e capítulos de livros, artigos, dissertações e teses. Para a efetivação das buscas foram usadas palavras chaves como: tempo and rotina and espaço ; tempo and Educação Infantil e Educação Infantil and Teoria Histórico-Cultural que nos permitiram 6

refinar as buscas com o propósito de encontrarmos trabalhos relevantes quanto ao tema pesquisado. Os resultados encontrados foram: no Catálogo Acervus da Universidade de Campinas, encontramos um total de 144 títulos, dentre os quais a maior parte fazia referência às áreas da Saúde, Educação Física, Meio Ambiente e Noções espaciais. Dessa forma aproveitamos apenas 7 trabalhos. No Catálogo Athena da Universidade Estadual Paulista, localizamos um total de 75 referências das quais, grande parte tratava sobre Currículo, Formação de professores, Ensino Fundamental, Aquisição da linguagem, Educação Física, Música e Dança, Projeto Político Pedagógico, Educação Especial, Saúde, Noções Matemáticas e Formação de Leitores. Devido ao foco dos nossos estudos aproveitamos 16 trabalhos, cujos títulos eram pertinentes ao tema pesquisado. Quanto ao Catálogo Dédalos da Universidade de São Paulo, encontramos 114 trabalhos. Entre eles apenas 8 eram pertinentes ao nosso tema de pesquisa, os demais abordavam assuntos tais como: Saúde, Linguagem, Nutrição, Educação Especial, Comunicação, Escrita, Matemática, Educação Física, Políticas de Ensino a Distância, Ciências, Formação de Professores e Sociologia da infância. Já no Catálogo Parthenon, também da Universidade Estadual Paulista, identificamos um total de 462 trabalhos, dos quais a maior parte fazia referência às áreas da Saúde, Coordenação, Ensino Fundamental, Informática, Construção de regras, Engenharia, Formação de Professores, Educação Especial, Avaliação, Escrita, Música, Dança, Noção de espacial, Arquitetura, Saúde Bucal, Nutrição, Educação física, Antropologia, Sexualidade, Psicologia e Trabalho Infantil. Por não serem pertinentes ao tema pesquisado aproveitamos apenas 13 trabalhos deste Catálogo. Finalizando nossas buscas, no Scielo identificamos apenas 27 trabalhos. Dos títulos encontrados grande parte tratava de assuntos tais como: Saúde Bucal, Saúde, Linguagem, Ensino Fundamental, Formação de Professores e Linguagem. Sendo assim aproveitamos apenas 1 trabalho. Os dados apresentados confirmam a indicação feita acima de que não há quantidades significativas de trabalhos sobre o tema da pesquisa ora discutida. Entretanto os títulos encontrados nos dão a oportunidade de compreender um pouco mais sobre a organização do tempo e do espaço nas Escolas de Educação Infantil tendo por base o enfoque da Teoria Histórico-Cultural. 7

Esse trabalho de produção de dados mediante a localização, reunião, seleção e sistematização bibliográfica contribuiu efetivamente para, à luz de pressupostos da Teoria Histórico-Cultural, ratificar a ideia da necessidade de organização consciente e intencional do tempo dentro das Escolas de Educação Infantil como elemento e aspecto essenciais para a atuação ativa da criança e do professor, propiciando, potencialmente, aprendizagens motivadoras de desenvolvimento da inteligência e da personalidade de crianças pequenas. 4. Considerações finais Pelo exposto, as ações já empreendidas na investigação ora apresentada são essenciais para refletir sobre o tempo institucional e o tempo da criança a partir das ações docentes, com vistas à promoção do pleno desenvolvimento infantil. Esperamos com os encaminhamentos investigativos contribuir com as discussões acerca da Educação Infantil no que concerne à organização temporal nas Escolas a fim de que o tempo institucional respeite o tempo subjetivo da criança e que suas necessidades possam ser atendidas e se ofereça uma prática educativa de qualidade, onde as relações sociais e a apropriação dos elementos culturais sejam imprescindíveis. Para que a instituição garanta um pleno desenvolvimento da criança na infância, é preciso que compreenda que todos os participantes da prática educativa são importantes e influenciam no desenvolvimento infantil, porque todas as pessoas, adultas ou não, são provocadoras de relações que afetarão as crianças, quer seja de modo positivo ou negativo. Referências ANDRÉ, M. E. D. A.; LUDKE, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, Editora Pedagógica e Universitária, 1986. BONDIOLI, A. (Org.). O tempo no cotidiano infantil: perspectives de pesquisa e estudo de caso. Trad. Fernanda L. Ortale e Ilse Paschoal Moreira. São Paulo: Cortez, 2004. LEONTIEV, A. O homem e a cultura. In:. O desenvolvimento do Psiquismo. Lisboa: Livros Horizontes, 1978.. A educação da criança de zero a três anos. Mímeo. 2002.. O espaço da creche e a imagem da criança. Marília: Unesp, 2002. Mimeografado 8